Por Altamiro Borges
Segundo o jornal, os operários foram “dominados pelo
radicalismo, que os impede de entender as transformações pelas quais passa o mundo
do trabalho”. A culpa, garante, é dos “dirigentes sindicais de São José dos
Campos [que] inviabilizam investimentos na expansão do parque industrial da
região, reduzem as oportunidades de emprego, prejudicam os trabalhadores que
dizem defender... Agindo de modo insensato, afastam-se cada vez mais dos
trabalhadores e se arriscam a perder o direito de se proclamarem seus
representantes”.
O jornal Estadão, que nasceu no século retrasado publicando
anúncios da venda de escravos, não nega o seu passado escravocrata. Na semana
passada, no editorial intitulado “O preço do radicalismo”, o jornalão culpou os
próprios operários pelas ameaças de demissões da montadora GM, em
São José dos Campos (SP). Na ótica da falida e decadente famiglia Mesquita, a
resistência dos trabalhadores à brutal exploração patronal emperrou a multinacional. O
melhor, aconselha, teria sido eles aceitarem o retorno à escravidão!
Na sua visão colonizada, o Estadão chega a defender as práticas
predatórias da multinacional ianque. “Enfrentando concorrência cada vez mais
acirrada, como ocorre com outras empresas industriais instaladas no País, a
montadora de veículos vem procurando reduzir seus custos operacionais, aumentar
sua produtividade e, assim, defender seus mercados e, se possível, ampliá-los.
Isso implica decisões cruciais em diferentes áreas, como a dos investimentos e
a das relações trabalhistas”.
Inimigo da Consolidação das Leis Trabalhistas
(CLT) desde sua introdução no governo de Getúlio Vargas, o jornal aplaude as
propostas regressivas da GM – “como a adoção de jornadas diferenciadas
e a revisão dos padrões de remuneração”. E afirma que estas “mudanças” não
avançam “por causa do radicalismo da direção sindical, dominada pelo PSTU e seu
braço sindical, a Conlutas”. Jogando na divisão dos trabalhadores, o Estadão ainda
elogia a postura mais “flexível” dos sindicalistas do ABC paulista.
O editorial reflete bem o pensamento retrógrado da burguesia.
Para manter os seus altos lucros, o capital reivindica mais subsídios e
isenções do governo – mama nas tetas do Estado – e exige a retirada dos
direitos trabalhistas. Para fazer vingar os seus interesses, ele parte para o
terrorismo, ameaçando desempregar milhares de trabalhadores. Neste esforço, a
burguesia conta com o apoio militante da mídia – o partido do capital na
atualidade. O Estadão é uma das excrescências desta manobra patronal.
2 comentários:
E o que diria o Estadão sobre as demissões e redução da GM nos EUA, sua matriz, durante a crise de 2008???
O papo dos patrões é sempre o mesmo, os caras não mudam, se não radicalizar eles não entendem.
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