terça-feira, 21 de maio de 2013

Financial Times: panfleto da oposição

Por José Dirceu, em seu blog:

A imprensa britânica há muito tempo virou um alto-falante da oposição brasileira. Dessa vez quem vem nessa linha é o velho Financial Times (FT). Reincidente, aliás. Semana sim e a outra também, dá uma matéria ou editorial puxando para baixo nossa economia. Ontem foi um editorial. Com os mesmos argumentos falhos sobre o Brasil e nosso desempenho econômico.

No editorial publicado nesta 2ª feira, o jornalão inglês diz que a sensação de bem-estar no Brasil é de "fachada" e aconselha o país a correr para aproveitar o capital internacional existente, atualmente barato e abundante, para aumentar o investimento na economia. O texto critica ainda a escolha do governo: em vez de reformas amplas, apoia setores “mimados”, como as montadoras.

Em seguida, o tom apocalíptico. O Brasil, diz o FT “corre o risco, mais uma vez, de frustrar imensas expectativas”. Registra que "o crescimento da economia no ano passado foi de menos de 1%, pouco melhor que a zona do euro. Este ano, o Brasil está crescendo menos que o Japão. A inflação está corroendo a confiança do consumidor e há uma sensação de mal-estar. A causa é o abrandamento do investimento, tendência iniciada em meados de 2011 e que continua. Mais investimento é exatamente o que o Brasil precisa para manter os empregos e tornar-se a potência global a que aspira ser.”

Diagnóstico do jornal: problemas são investimento e infraestrutura

O texto do FT lembra que o investimento brasileiro equivale a 18% do PIB, bem menos que os 24% dos vizinhos latino-americanos e os quase 30% dos países da Ásia. A culpa, diz o jornalão, é dos governantes e o problema não vem de hoje. “Brasília deve ter grande parte dessa culpa. A extravagância do modelo econômico do ex-presidente Lula, impulsionado pelo consumo, se esgotou. O modelo Dilma, apesar dos primeiros sinais promissores, está provando (apenas) ser um pouco melhor”, diz o texto.

FT diz que essa falta de foco do governo brasileiro está, principalmente, na infraestrutura. “O Brasil quer captar bilhões de dólares para a construção de novos portos, aeroportos, viadutos e estradas. Existe o interesse e o compromisso firme dos investidores. No entanto, surpreendentemente, o marco regulatório em vigor não é apropriado para permitir a construção dessa nova infraestrutura. O dinheiro está sendo deixado sobre a mesa desnecessariamente”, diz o texto.

Ora, FT, a economia brasileira vem crescendo nesse 1º semestre o equivalente a 4% ao ano. Na infraestrutura o marco regulatório dos portos já foi mudado com a aprovação da Medida Provisória (semana passada) e dos outros setores também. Não há mais esse clima que o jornalão inglês tenta transmitir, de não investimento na América Latina e de que o capital estaria dando preferência a outros países vizinhos no continente.

Uma análise econômica completamente defasada

O fato é que em termos de investimentos, todos são afetados pela crise europeia. Soluções para a crise da Grã-Bretanha e da União Europeia (UE) o FT não dá e não tem, a não ser apoiar as políticas de austeridade impostas ao velho continente e que não deram certo até agora.

E o jornalão britânico está atrasado, também, com relação à inflação e à confiança do consumidor, já que o comércio calcula um crescimento de 5% a 6% este ano, um número fantástico se comparado com os da Grã-Bretanha e da Europa. E entre nós a inflação já está em queda mês a mês. Os empregos aqui é que estão em alta, FT!

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