Por Esther Vivas, no jornal Brasil de Fato:
Quando pensávamos que já havíamos visto tudo no mundo dos hambúrgueres, uma vez mais a realidade nos surpreende. Se há uns meses, alguns meios de comunicação ecoavam o achado de um hambúrguer do McDonald’s em perfeito estado de conservação quatorze anos depois de ser servido, anteontem (segunda, 5) se difundia o lançamento do hambúrguer de laboratório, ao qual também podíamos chamar de hambúrguer Frankenstein, desenhado, da mesma forma que o "monstro” de Mary Shelley, em provetas.
Um hambúrguer que contém tudo: sua produção não contamina, gasta pouca energia, quase não utiliza solo e, além de tudo, não contém gordura. Sua "carne” é resultado da extração de algumas células-mãe do tecido muscular do traseiro de uma vaca. O que mais podemos pedir? Hambúrguer light. Perfeito para o verão!
Apesar de que seu preço não ser acessível, ainda, para todos os bolsos. Custa apenas uns 248.000 euros. Incluí-lo no Happy Meal, parece, levará algum tempo. Porém, nos dizem que com tal avanço científico, a fome no mundo se acabará. As pessoas querem comer, e querem carne, pois carne lhes daremos, parece ser o raciocínio dos "pais” do dito invento.
Então, vejo duas questões. Primeira: para nos alimentarmos, é necessário comer tanta carne? Antes de produzir mais carne, independentemente de sua origem, não seria melhor fomentar outro tipo de alimentação mais saudável, respeitosa dos direitos dos animais e sustentável? Porém, quem ganha com esse tipo de comida oriunda de gado vacuno e porcino? Smithfield Foods, o maior produtor e processador mundial de carne de porco, é um dos grandes beneficiários. Em seu currículo destaca-se a violação de direitos trabalhistas, a contaminação ambiental, etc. No Estado espanhol, a Smithfield Foods opera através de Campofrío.
Segunda questão: para acabar com a fome é necessário um hambúrguer de laboratório? Segundo a ONU, hoje se produz suficiente comida para alimentar 12 bilhões de pessoas, no planeta há 7 bilhões; e, apesar dessas cifras, quase uma em cada sete pessoas passa fome. Comida há, o que falta é justiça em sua distribuição. Não se trata de aumentar a produção, nem de engendrar hambúrgueres nos laboratórios, nem de mais agricultura transgênica. Trata-se, simplesmente, de que exista democracia na hora de produzir e distribuir os alimentos.
Não existem soluções "milagrosas” à crise alimentar. Os problemas políticos, como a fome, nunca serão solucionados com atalhos técnico-científicos. Não se trata de rechaçar a investigação científica. Ao contrário. Temos que fomentar uma ciência a serviço da maioria social, não subordinado aos interesses comerciais, nem econômicos; e comprometida com a melhoria das condições de vida das pessoas. Porém, da revolução verde aos Organismos Modificados geneticamente, nos prometeram acabar com a fome. A crua realidade, no entanto, assinala seu fracasso. Apesar de que, em geral, seu grande êxito se oculta: benefícios milionários para a indústria agroalimentar e biotecnológica. O hambúrguer Frankenstein não será uma exceção.
* Esther Vivas é militante da Izquierda Anticapitalista. Membro da Rede de Consumo Solidário e da Campanha ‘No te comas el mundo’.
Quando pensávamos que já havíamos visto tudo no mundo dos hambúrgueres, uma vez mais a realidade nos surpreende. Se há uns meses, alguns meios de comunicação ecoavam o achado de um hambúrguer do McDonald’s em perfeito estado de conservação quatorze anos depois de ser servido, anteontem (segunda, 5) se difundia o lançamento do hambúrguer de laboratório, ao qual também podíamos chamar de hambúrguer Frankenstein, desenhado, da mesma forma que o "monstro” de Mary Shelley, em provetas.
Um hambúrguer que contém tudo: sua produção não contamina, gasta pouca energia, quase não utiliza solo e, além de tudo, não contém gordura. Sua "carne” é resultado da extração de algumas células-mãe do tecido muscular do traseiro de uma vaca. O que mais podemos pedir? Hambúrguer light. Perfeito para o verão!
Apesar de que seu preço não ser acessível, ainda, para todos os bolsos. Custa apenas uns 248.000 euros. Incluí-lo no Happy Meal, parece, levará algum tempo. Porém, nos dizem que com tal avanço científico, a fome no mundo se acabará. As pessoas querem comer, e querem carne, pois carne lhes daremos, parece ser o raciocínio dos "pais” do dito invento.
Então, vejo duas questões. Primeira: para nos alimentarmos, é necessário comer tanta carne? Antes de produzir mais carne, independentemente de sua origem, não seria melhor fomentar outro tipo de alimentação mais saudável, respeitosa dos direitos dos animais e sustentável? Porém, quem ganha com esse tipo de comida oriunda de gado vacuno e porcino? Smithfield Foods, o maior produtor e processador mundial de carne de porco, é um dos grandes beneficiários. Em seu currículo destaca-se a violação de direitos trabalhistas, a contaminação ambiental, etc. No Estado espanhol, a Smithfield Foods opera através de Campofrío.
Segunda questão: para acabar com a fome é necessário um hambúrguer de laboratório? Segundo a ONU, hoje se produz suficiente comida para alimentar 12 bilhões de pessoas, no planeta há 7 bilhões; e, apesar dessas cifras, quase uma em cada sete pessoas passa fome. Comida há, o que falta é justiça em sua distribuição. Não se trata de aumentar a produção, nem de engendrar hambúrgueres nos laboratórios, nem de mais agricultura transgênica. Trata-se, simplesmente, de que exista democracia na hora de produzir e distribuir os alimentos.
Não existem soluções "milagrosas” à crise alimentar. Os problemas políticos, como a fome, nunca serão solucionados com atalhos técnico-científicos. Não se trata de rechaçar a investigação científica. Ao contrário. Temos que fomentar uma ciência a serviço da maioria social, não subordinado aos interesses comerciais, nem econômicos; e comprometida com a melhoria das condições de vida das pessoas. Porém, da revolução verde aos Organismos Modificados geneticamente, nos prometeram acabar com a fome. A crua realidade, no entanto, assinala seu fracasso. Apesar de que, em geral, seu grande êxito se oculta: benefícios milionários para a indústria agroalimentar e biotecnológica. O hambúrguer Frankenstein não será uma exceção.
* Esther Vivas é militante da Izquierda Anticapitalista. Membro da Rede de Consumo Solidário e da Campanha ‘No te comas el mundo’.
1 comentários:
desde que os cientistas tiraram a máscara e utilizaram a ciência pra produzir armas de destruição em massa, campos de extermínio "fordistas", genocídio viral através de vacinas, jamais confiei no mito da ciência que vai resolver todos nossos problemas, muito menos no "deus" das religiões intolerantes, acompanhei horrorizado o lançamento dessa substância que simula a carne natural e não me deixa de vir a mente o caso da vaca louca, da aids, da gripe aviária,diabetes, morgelons, e tantos outros horrores criados pela indústria alimentícia genocida capitalista; somente a construção de uma civilização baseada nos valores da pessoa humana, em que o capital não seja o centro de gravidade social, é que vamos solucionar o problema da fome da miséria, da violência e das doenças no mundo, porque a problemática está no capitalismo e na ganância e não na falta de tecnologia. a Liberdade é um bem de todos, não de uma minoria branca e elitizada, não pode ser usada pra promover a destruição da raça humana.Liberdade sem responsabilidade é crime.
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