Por Bepe Damasco, em seu blog:
Li uma postagem no facebook na qual alguém que não lembro o nome, afinal vivemos em uma época de overdose de informações e não há memória que resista, relativizava o poder manipulador da mídia ao assinalar que ela fora derrotada por Lula e Dilma nas campanhas eleitorais de 2002, 2006, 2010 e 2014. Nessas quatro eleições presidenciais, Serra duas vezes, Alckmin e Aécio não só contaram com o apoio incondicional de Globo, Folha, Veja e Estadão, como os candidatos do do PT foram alvo de toda sorte de mentiras, baixarias e calúnias.
E por que venceram? Simples assim: porque os períodos eleitorais são os únicos nos quais o monopólio da mídia é quebrado pela propaganda eleitoral gratuita de rádio e TV. Durante 30 ou 45 dias - as regras mudam tanto que a gente nem sabe mais - o pensamento único do qual a imprensa é porta-voz e o massacre diário contra a esquerda enfrentam o contraponto da presença midiática dos candidatos do PT e aliados.
Poucos dias têm bastado para esclarecer falsas denúncias, denunciar as táticas e estratégias dos inimigos do povo brasileiro, desnudar os moralistas sem moral e, sobretudo, confrontar projetos mostrando as realizações dos governos do PT e o fiasco dos governos tucanos.
O segundo turno das eleições de 2014 é um exemplo da força dessa comunicação direta com o povo. Formou-se contra a candidatura à reeleição de Dilma um bloco poderoso reunindo todos os candidatos derrotados no primeiro turno, os meios de comunicação, grandes empresários, banqueiros, agronegócio, enfim, praticamente todo o capital.
E já existia a pressão da Lava Jato contra o PT. Mesmo assim, Dilma arrancou uma vitória épica, empurrada de forma decisiva pelos movimentos sociais, juventude, mulheres, negros e LGBT. O grosso de sua votação se concentrou nos segmentos baixos e intermediários da pirâmide social, os quais entenderam o que estava em jogo naquela eleição. Mas é possível cravar que sem o horário eleitoral gratuito, Aécio seria o vencedor.
Enganam-se os que desdenham dos programas eleitorais apontando um hipotético desinteresse da população em relação àquele desfile de candidaturas e propostas em boa medida vazias e oportunistas. No entanto, além de os formadores de opinião se interessarem pelo programa, de uns anos para cá seu grau de importância para o convencimento do eleitor mudou de patamar depois que a lei passou a prever as inserções durante a programação.
Aí não tem jeito, acaba atingindo todo mundo. Seja no intervalo da novela ou do futebol, lá estão os candidatos vendendo seu peixe.
Isso tem contribuído sobremaneira para que o eleitor separe o joio do trigo, reduzindo drasticamente a eficácia da linha editorial dos grupos de mídia, voltada para a destruição de seus adversários e a proteção de seus aliados.
Então, se é verdade que um curto período a cada quatro anos vem sendo suficiente para mostrar que o monopólio midiático sempre esteve do lado oposto às boas causas do povo brasileiro e da democracia, também é inquestionável o estrago que causa quando corre sozinho na raia, nos longos períodos fora das eleições. O golpe contra Dilma é um exemplo extremo do que é capaz a mídia quando reina absoluta na labuta diária para a conquista de corações e mentes.
A situação seria bem pior não fosse a guerra de guerrilha travada pela mídia contra-hegemônica nas redes sociais e na blogosfera. Contudo, ainda é um confronto de um movimento guerrilheiro contra forças armadas regulares. Se é possível derrotar a Globo em eleições, imagina se as plataformas de comunicação do país não fossem controladas por meia dúzia de famílias de bilionários? Imagina se o espectro eletromagnético, que é público, levasse em conta a diversidade política, econômica, social e cultural de um país complexo como o nosso?
Sem a democratização das comunicações, jamais haverá democracia no Brasil.
Li uma postagem no facebook na qual alguém que não lembro o nome, afinal vivemos em uma época de overdose de informações e não há memória que resista, relativizava o poder manipulador da mídia ao assinalar que ela fora derrotada por Lula e Dilma nas campanhas eleitorais de 2002, 2006, 2010 e 2014. Nessas quatro eleições presidenciais, Serra duas vezes, Alckmin e Aécio não só contaram com o apoio incondicional de Globo, Folha, Veja e Estadão, como os candidatos do do PT foram alvo de toda sorte de mentiras, baixarias e calúnias.
E por que venceram? Simples assim: porque os períodos eleitorais são os únicos nos quais o monopólio da mídia é quebrado pela propaganda eleitoral gratuita de rádio e TV. Durante 30 ou 45 dias - as regras mudam tanto que a gente nem sabe mais - o pensamento único do qual a imprensa é porta-voz e o massacre diário contra a esquerda enfrentam o contraponto da presença midiática dos candidatos do PT e aliados.
Poucos dias têm bastado para esclarecer falsas denúncias, denunciar as táticas e estratégias dos inimigos do povo brasileiro, desnudar os moralistas sem moral e, sobretudo, confrontar projetos mostrando as realizações dos governos do PT e o fiasco dos governos tucanos.
O segundo turno das eleições de 2014 é um exemplo da força dessa comunicação direta com o povo. Formou-se contra a candidatura à reeleição de Dilma um bloco poderoso reunindo todos os candidatos derrotados no primeiro turno, os meios de comunicação, grandes empresários, banqueiros, agronegócio, enfim, praticamente todo o capital.
E já existia a pressão da Lava Jato contra o PT. Mesmo assim, Dilma arrancou uma vitória épica, empurrada de forma decisiva pelos movimentos sociais, juventude, mulheres, negros e LGBT. O grosso de sua votação se concentrou nos segmentos baixos e intermediários da pirâmide social, os quais entenderam o que estava em jogo naquela eleição. Mas é possível cravar que sem o horário eleitoral gratuito, Aécio seria o vencedor.
Enganam-se os que desdenham dos programas eleitorais apontando um hipotético desinteresse da população em relação àquele desfile de candidaturas e propostas em boa medida vazias e oportunistas. No entanto, além de os formadores de opinião se interessarem pelo programa, de uns anos para cá seu grau de importância para o convencimento do eleitor mudou de patamar depois que a lei passou a prever as inserções durante a programação.
Aí não tem jeito, acaba atingindo todo mundo. Seja no intervalo da novela ou do futebol, lá estão os candidatos vendendo seu peixe.
Isso tem contribuído sobremaneira para que o eleitor separe o joio do trigo, reduzindo drasticamente a eficácia da linha editorial dos grupos de mídia, voltada para a destruição de seus adversários e a proteção de seus aliados.
Então, se é verdade que um curto período a cada quatro anos vem sendo suficiente para mostrar que o monopólio midiático sempre esteve do lado oposto às boas causas do povo brasileiro e da democracia, também é inquestionável o estrago que causa quando corre sozinho na raia, nos longos períodos fora das eleições. O golpe contra Dilma é um exemplo extremo do que é capaz a mídia quando reina absoluta na labuta diária para a conquista de corações e mentes.
A situação seria bem pior não fosse a guerra de guerrilha travada pela mídia contra-hegemônica nas redes sociais e na blogosfera. Contudo, ainda é um confronto de um movimento guerrilheiro contra forças armadas regulares. Se é possível derrotar a Globo em eleições, imagina se as plataformas de comunicação do país não fossem controladas por meia dúzia de famílias de bilionários? Imagina se o espectro eletromagnético, que é público, levasse em conta a diversidade política, econômica, social e cultural de um país complexo como o nosso?
Sem a democratização das comunicações, jamais haverá democracia no Brasil.
1 comentários:
Tenho uma visão pessimista quanto à democratização da mídia, ou melhor, quanto à relação de causa e efeito entre a democratização da mídia e a democracia. O colunista, a meu ver, inverte a relação de dependência entre a democracia e a democratização da mídia. Isto ocorre porque a grande maioria da esquerda brasileira continua acreditando que será possível conquistar determinadas reformas passíveis de ir, gradativamente, desconstruindo a democracia liberal, a serviço da plutocracia, para convertê-la em uma democracia popular e participativa, a serviço dos trabalhadores e do povo em geral. Duvido que isso possa ser realizado em um país como o Brasil, com a sua importância geopolítica no âmbito do sistema capitalista mundial. No nosso caso, a luta pela conquista de uma verdadeira democracia terá que conviver com o monopólio da mídia e tenderá a conhecer até mesmo investidas pesadas do grande capital para apear a esquerda e os setores progressistas da própria Internet. Os meios de comunicação, a hegemonia desses meios são fundamentais para o sistema de dominação da burguesia financeira sobre a sociedade, sobre os trabalhadores e o povo. Ela jamais permitirá que ocorra uma democratização dos mesmos; a não ser mudanças cosméticas, como as que ocorreram na Argentina. A mobilização, organização e mobilização das massas, do povo, dependerá da ação dos militantes nas organizações de base, nos movimentos sociais, valendo-se de algumas inovações tecnológicas e de algum espaço no mundo virtual, que configuram condições de luta muito melhores, nesse campo das comunicações , do que as que conheceram Lênin e Marx, por exemplo. Porém, sem jamais pretender uma improvável democratização da mídia sem que a plutocracia tenha sido derrotada (derrubada) do poder. Em resumo: sem democratização do Brasil, jamais haverá democratização da mídia.
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