Foto: Ricardo Stuckert |
Em editorial publicado nesta segunda-feira (20), o jornal Estado de S. Paulo mostra que não tem o menor pudor em reescrever as leis quando o objetivo é atacar a imagem de Lula.
Em mais uma inovação retórica que subestima a inteligência dos leitores, o diário usa a expressão “suposta inocência” para se referir ao ex-presidente.
O texto, recheado de ataques, é divulgado na esteira da pesquisa Datafolha que confirma o favoritismo de Lula na disputa presidencial de 2022.
Entusiasta da terceira via, Estadão ainda não digeriu a derrota imposta à Lava Jato pela Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal, que declarou Sergio Moro parcial no caso triplex e, em outra frente, confirmou a decisão do ministro Edson Fachin, que retirou todos os processos fabricados contra Lula das mãos da força-tarefa de Curitiba, determinando sua redistribuição para as varas competentes.
Resultado: todos os processos forma arquivados por falta de provas e justa causa, com exceção de um que ainda está em andamento.
Mas sem nenhuma condenação contra si, Lula é inocente. A Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU (1948) garante que toda pessoa é inocente até que se prove o contrário.
O artigo 5º da Constituição de 1988 fala em “presunção de inocência”, não em “suposta inocência”.
O Estadão, lavajatista irreparável, assina mais uma vez embaixo do “código penal do inimigo” ao querer imputar a Lula uma culpa que não existe mais em nenhuma sentença condenatória. Escrever “suposta inocência” é negar os fatos.
E como todo negacionista, Estadão omite informações em seu editorial.
Quando atribui a revisão do caso Lula às “falhas da Justiça”, argumentando que a defesa “contestou os vícios dos processos, não o seu mérito”, e afirmando que “nunca houve explicações convincentes para casos como os do sítio ou do triplex”, o jornal marginaliza dois pontos fundamentais.
Primeiro, que a Vaza Jato – simplesmente ignorada pelo editorial – provou ao País com as mensagens de Telegram que os processos contra Lula foram forjados no lawfare.
Segundo, a defesa do petista apresentou incontáveis provas de que o ex-presidente não é dono de nenhum dos imóveis. Não fossem as delações premiadas – que todos sabemos como foram obtidas – e a miopia de setores da grande mídia, a operação não teria o alcance que teve.
Ainda assim, o Estadão insiste que a Suprema Corte pode até ter limpado a ficha eleitoral de Lula, “mas sua ficha moral segue suja.”
A sentença só mostra novamente que, para o jornal, Lula sempre foi e será corrupto.
O veículo pintou o alvo de depois atirou a flecha, como fez a força-tarefa de Curitiba, que primeiro se convenceu de que havia crime e, depois, correu atrás de qualquer elemento que provasse sua convicção aos olhos do agora suspeito Moro.
Autor do famigerado e inesquecível editorial “Uma escolha muito difícil”, em que, sem honestidade intelectual alguma, faz um falso paralelo entre Jair Bolsonaro (um parlamentar com quase 30 anos de vida pública e nenhum feito marcante) e Fernando Haddad (ex-prefeito de São Paulo premiado internacionalmente e ex-ministro da Educação com heranças como o Prouni), Estadão agora compara o desastre da gestão da pandemia com os resultados econômicos dos governos petistas.
“O negacionismo bolsonarista das ciências médicas não é menos acintoso que o negacionismo lulopetista das ciências econômicas”, adverte o jornal.
O diário vai ainda mais longe: diz que Lula só parece um “moderado” porque a comparação é com um “delinquente político como Bolsonaro”.
Para finalizar, o veículo prega que Lula, se eleito, vai “repetir milimetricamente o que os governos lulopetistas já fizeram e que pavimentou o caminho para o desastre econômico, político e moral no qual o País está metido.”
A candidatura do ex-presidente já tem um rival declarado – não que fosse preciso um novo atestado.
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