domingo, 15 de maio de 2011

Pressão virtual contra trabalho escravo

Por Bianca Pyl e Maurício Hashizume, no sítio Repórter Brasil:

Foi lançada na Câmara dos Deputados, nesta quinta-feira (12), a comunidade virtual Pela Aprovação da PEC 438 - Contra o Trabalho Escravo. Administrado pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Casa, o novo espaço inaugurado na internet visa incentivar a participação cidadã em rede e aglutina novidades e materiais de referência sobre o tema.

A luta das Mães de Maio por justiça

Por Fabíola Perez, no sítio Vermelho:

Cinco anos dos ataques do PCC em São Paulo se passaram. Na expressão e no discurso das mães que perderam seus filhos, vítimas do confronto entre civis e policiais, a lembrança ainda é recente. Para homenageá-los e reivindicar os direitos que lhes foram tirados, as Mães de Maio se reúnem no lançamento do livro Do Luto à Luta e aproveitam para debater o preconceito social, a impunidade e as ações do Estado em regiões marginalizadas.

O sucesso do "churrascão" em Higienópolis

Por Maíra Kubík Mano, no sítio Carta Maior:

– Eu não imaginava que as redes sociais pudessem mobilizar tanta gente.

– Eu fiquei um tempão na Praça Vilaboim e não tinha ninguém. Pensei que era lá. Ainda bem que quando cheguei aqui encontrei a multidão.

– Eu acho que tem pouca gente. Mais de 50 mil confirmaram pelo Facebook e não vieram. Tem pessoas que se escondem atrás do computador, fazem ativismo só online.

Fotos do "churrascão" em Higienópolis










* Fotos de Conceição Oliveira.

A "gente diferenciada" mostrou seu valor

Por Conceição Oliveira, no blog Maria Frô:

Acabei de chegar da manifestação do churrascão da gente diferenciada.

Manifestação irreverente, criativa, com a cara de uma parcela da juventude paulistana de classe média: bem vestidos, bem-humorados e acima de tudo bem informados e conscientes de que para a cidade melhorar para todos, todos têm de se envolver e lutar por boas causas.

E sim, teve até churrasqueira, carvão, linguiça, carne e abobrinha. O repórter da Globo fazendo inúmeras passagens, descrevendo o cardápio do churrasco me perguntou: Aquilo ali é abobrinha mesmo, né?

Encontrei também muitos moradores do bairro Higienópolis que têm consciência que a cidade é de todos. Conversei com vários deles, uma senhora que vive há 35 anos em Higienópolis, dona Marivone, 80 anos, disse que nunca viu nada igual no bairro e ela estava lá participando da manifestação e se divertindo com a moçada.

O Sindicato dos Metroviários também marcou presença.

A manifestação se autogestionou, ocorriam diferentes performances simultaneamente em frente ao Shopping Higienópolis. Alguns manifestantes mais velhos queriam organizar, concentrar, sem sucesso. Eles ainda não entenderam que esses jovens têm um jeito próprio de se manifestar e o espaço para a brincadeira, para as performances individuais devem ser garantidos.

Para onde se olhava estava acontencendo algo, um fazendo o camelô vendendo DVD pirata do Calcinha Preta, o outro com a capa do LP do Ultrage a rigor – Nós vamos invadir sua praia, outros com cartazes engraçados, enfim tinha de tudo, afinal somos gente diferenciada

Nos discursos assumiam diversos lados como se fossem pró e contra e arrancavam risos ou vaias dos manifestantes.

Até o CQC apareceu, com o repórter Oscar Filho, e foi bem recebido, mas também foi questionado, até eu entrei na brincadeira e disse ao Oscar Filho que ele não era gente diferenciada. E Oscar Filho também brincou teve de tomar a pinga popular oferecida pelos manifestantes. Outros manifestantes perguntaram por que a Band não tinha mandado o Rafinha Bastos ou o Danilo Gantili.

Já participei de muitas manifestações em algumas fui queimada com gás de pimenta. Mas em Higienópolis não houve qualquer violência e vi jovens questionando os policiais de modo bem incisivo que em uma manifestação da periferia os moradores não ousariam fazer. Mas os policiais permaneceram na maior calma, educadíssimos, como gostaríamos de ver toda a polícia. Vou sugerir aos meninos do Passe Livre que façam manifestações em Higienópolis, lá a polícia não bate em manifestante e olhe que teve até churrasqueira ambulante, acesa e tudo!

Gente ‘diferenciada’ como a psicóloga Guiomar se referiu para não dizer gente pobre era a minoria, mas foi bem representada com criatividade e originalidade, nas performances e nos slogans. Aliás Guiomar foi bem lembrada no coro: O Guiomar, cadê você, eu vim aqui só pra te ver!

Depois da concentração no shopping os manifestantes caminharam até onde deve ser a futura estação do metrô na esquina da Sergipe com a Angélica, ao caminharmos pela Angélica agora fechada pra que os manifestantes pudessem caminhar os moradores dos edifícios nos acenavam tiravam fotos, funcionárias das lojas foram para a porta e gritavam queremos metrô, chamávamos os moradores pra se unir a nós, alguns desceram.

A classe média paulistana usa e quer mais metrô e mostrou para a minoria de Guiomares de Higienópolis que ela não precisa ter medo de gente diferenciada, que a gente diferenciada trouxe beleza e alegria para o bairro. Será muito bacana uma estação em Higienópolis, conseguiremos juntar a Brasilândia aos moradores que tem um parque como a Praça Buenos Aires que tem playground para cachorros.

Crônica de um churrascão diferenciado

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

Puta que pariu / é a elite/ mais tosca do Brasil!

O verso acima era declamado por mais de mil pessoas que se espremiam diante do shopping no meio da tarde de um sábado nublado – e esfriando – depois do sol que dera palhinha por volta das 12 horas, quando cheguei ao local do Churrascão da Gente Diferenciada e não encontrei ninguém que me parecesse que participaria de algo assim tão “popular”.

No boulevard que precede os corredores tomados por brilhos, luzes, cheiros e sons que embriagam o endinheirado consumidor do asséptico e verdejante bairro paulistano de Higienópolis para depois depená-lo, senhores maduros, gordos e engravatados riem em duas, três mesas, fazendo-me pensar por que estariam vestidos assim num sábado. Outras mesas eram ocupadas por casais, senhoras e até crianças e adolescentes, mas os maduros predominavam.

Olho para um lado, para o outro, e nada. Ninguém diferenciado. Eram todos iguais na cor da pele, nos perfumes fortes, na aparência bem-nutrida, enfim. Não posso negar que, por alguns momentos, senti-me em Paris. Lembrei-me de um café em Saint Germains des Pres…

Pensei na internet. Deve ter informação. Só que não uso esses telefones que, além de tudo, fazem até chamadas e nos quais se pode navegar na rede. Mas estava em um shopping e todo shopping tem lan-houses… Certo? Errado. Nesse não tem. E por que teria, ora, se todos, ali, andam pelos corredores do shopping e nas ruas olhando seus aparelhinhos mágicos?

Contudo, estava na República de Higienópolis e, ali, até os balcões de informações são… diferenciados – ou seriam iguais aos dos países que aquele bairro-estado emula? Enfim, sei que a garota me disse que NÃO havia lan-houses no shopping ou naquela região (?!), mas que a uns MIL metros dali, na rua Maria Antonia, encontraria. E imprimiu o mapa para mim (!).

É um bairro mais igual, entendem? É o contrário do conceito de “diferenciado”.

Fui até lá e, assim que entro no Twitter, o Luis Nassif me manda uma mensagem dizendo que estava ali “com as menininhas” e doido pra comer churrasco, mas não tinha nada. Deixo-lhe uma mensagem pedindo que me ligue. Ele liga e diz que tem compromisso, lamentando não ter encontrado o churrasco.

Penso que está na hora de voltar. Ficarei até duas e meia e, se não aparecer ninguém, vou ao Sujinho comer bisteca de boi e tomar uma cachacinha Seleta, que as mais famosas não cabem no meu bolso. Saio a passos largos, já suando e maldizendo o blazer que vesti no começo da manhã, quando fazia frio e saí de casa para ir ao Churrascão.

Alvíssaras!, tem gente lá na frente falando com a imprensa. Estão ao lado de um carro da RedeTV! Aproximo-me e algumas pessoas vêm falar comigo. Alguns membros do Movimento dos Sem Mídia, leitores que conheço e várias pessoas simpáticas que não conhecia. A maioria, porém, não conheço. Todos ainda muito tímidos. Eu, inclusive.

Fiquei pensando, naquele momento: como faremos isso aqui? Esse pessoal tão… civilizado e fleumático vai se “horrorizar”.

Ando entre os grupos de pessoas conversando. Vai chegando cada vez mais gente. Uma rede de tevê me pára e pede para dar entrevista, como fazia sem parar. Não guardei o nome porque o afluxo crescente de pessoas começou a surpreender. Daqui a pouco chegam a Band e o SBT. Já havia quase umas duzentas pessoas, no local.

Aí a polícia apareceu, bem como o CET. Chegam manifestantes, chega polícia, chega imprensa… E vão chegando.

Mas os grupos de pessoas só dão entrevista e mais entrevista. Ouço um engraçadinho que não quis se misturar dizer que tinha mais jornalista que manifestante. O sangue sobe. Vou ao centro dos manifestantes e grito: Quem quer metrô, aqui?! Aquela massa crescente acorda e brada: Nós! E ficaram esperando eu dizer mais.

As câmeras se voltam e começo a discursar, com as mãos ao lado da boca numa tentativa de amplificar a voz. Surpreendentemente, ecoou forte. A repórter enfia o microfone na cara e começa a fazer perguntas que respondo não para ela, mas para as pessoas, que assoviam, gritam frases bem-humoradas.

Paro de falar e a manifestação amaina. Em alguns segundos, porém, mais alguém começa a falar. Daí chega o humorista Celso Mim com um capacete de obras “reprimindo” a manifestação como se fosse um funcionário do metrô, dando bronca nos manifestantes. Alguns parecem acreditar, de início.

Quando os discursos e palavras de ordem já proliferavam, ouve-se a batucada lá longe, mas avançando pela avenida Higienópolis. Parecia que jogavam confete. Sambavam, cantavam. Um dos cânticos era mais ou menos assim, se me lembro:

Se esta rua fosse minha / Eu mandava ladrilhar / Com Pedrinhas de Brilhante / Para o meu metrô passar

Alguém aparece com churrasco. Agora está cheio de jovens bem-humorados. Maduros, idosos e até crianças diferenciados. Somos muitos. A avenida Higienópolis está tomada. Não passam mais carros. Das imensas sacadas dos prédios, moradores do bairro, imóveis e aparentemente em silêncio, observam a tudo.

Passo a me esgueirar entre a multidão. Encontro gente que conheço e que não conheço e me conhece e eis que, de repente, vejo, diante de mim, dois colunistas da Folha de São Paulo.

São Fernando de Barros e Silva e Sergio Malbergier, aquele que andou escrevendo sobre o direito dos ricos de não quererem metrô na porta deles. Abro-lhes um sorriso como se fossem velhos amigos e, para minha surpresa, percebo que me reconhecem, apesar de jamais termos nos visto pessoalmente.

– Eu conheeeço você – digo a Barros e Silva, em tom jocoso –, e você também – estendo o cumprimento a Malbergier.

Digo que li o texto de Malbergier e que estava “um primor”. Ele sorri, simpático, como se não ligasse para a ironia. Barros e Silva, porém, fecha a cara, aproxima-se e diz:

– Olha, eu respeito você, Eduardo, mas as suas posições são primárias…

Respondo:

– Eu acredito que você pensa assim, mas não são as minhas posições que são primárias, são as suas que são muito avançadas, próprias para Londres, Paris, Amsterdam…

Barros e Silva franze ainda mais o cenho, percebo os dentes trincando, dá-me as costas, empina o queixo e diz, sem se voltar: “Está vendo como você é primário?”. E sai andando.

Comento com Malbergier: “Ele está zangado, né?”. E ele, sorridente: “Está zangado”.

Bato no braço dele, despedindo-me, e dizendo que acho positivo que tenham ido até lá. E caio no meio da galera.

Dali, a manifestação começa a se mover com batucadas e jovens à frente. Avançam em direção à avenida Angélica. Dobram à direita e começam a subi-la. Ocupam as duas pistas. Olho para a avenida e, diante de nós, está vazia de veículos até onde a vista enxerga. Nos prédios em volta as pessoas se debruçam nas janelas e sacadas. Policiais e agentes da CET parecem nervosos…

Peço ao comandante da operação que me diga o número estimado de manifestantes. Ele tasca 600. Digo que ele só pode estar brincando. Havia mais de mil pessoas fácil, ali. Saio meio zangado, batendo o pé, e nem agradeço. Depois reflito que o oficial não teve culpa. Estava cumprindo ordens.

Enfim, foi mágico para este coração cinqüentão de um homem que cresceu em um país em que fazer um ato daquele significava ser espancado e até preso e torturado, quando não assassinado. E o mais lindo foi ver os jovens exigindo direitos, pregando igualdade com calma, bom humor, pacificamente.

Pena que a grande imprensa não contará direito o que aconteceu em São Paulo nesta tarde fria de maio, mas a internet contará a verdade. Fotos, vídeos e relatos, não faltarão. Não carecia, portanto, que me prendesse a isso. Queria passar ao meu leitor as “primárias” impressões deste “primário” blogueiro sobre essa incrível festa da democracia.

sábado, 14 de maio de 2011

Imposto sobre Fortunas é civilidade

Por Leonardo Sakamoto, em seu blog:

O secretário executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, declarou que a criação do Imposto sobre Grandes Fortunas não está em discussão no governo federal. Segundo a Agência Brasil, ele afirmou que “esse imposto cria mais distorções que receitas e acaba levando à transferência de riquezas para fora do país” durante seminário para discutir a reforma tributária na Câmara dos Deputados. Defendeu a tributação de heranças e de transferências de bens como forma de contribuir com a transferência de recursos dos mais ricos aos mais pobres.

A dura vida dos trabalhadores nos EUA

Por Mike Whitney, no sítio Carta Maior:

Protesto em Wall Street reúne mais de20 mil pessoas
Na semana passada, o Gallup informava que “mais da metade dos estadunidenses diz que a economia está em recessão apesar dos dados oficiais, empenhados em mostrar uma recuperação moderada. A pesquisa Gallup de 20-23 de abril descobriu que só 27% diz que a economia cresce. Outros 29% dizem que a economia encontra-se em depressão, 26% que se trata de uma recessão, enquanto 16% acreditam que ela está em desaceleração”.

A hora dos trabalhadores no Egito

Por Olga Rodríguez, no sítio Opera Mundi:

Dezenas de milhares de trabalhadores egípcios realizaram uma manifestação na Praça Tahrir, no Cairo, para celebrar o 1º de Maio, pela primeira vez em liberdade e com sindicatos independentes. Algumas das canções mais entoadas foram dirigidas contra as políticas do FMI ou o Banco Mundial e a favor da justiça social e dos direitos dos trabalhadores. Também houve críticas à única federação de sindicatos existente durante o regime, cujo líder, Hussein Megawer, está sendo investigado por corrupção.

Grécia à beira do segundo round

Por Luís F. C. Nagao, no sítio Outras Palavras:

Um ano após sofrerem rebaixamentos de salários, redução de direitos previdenciários e aumento de impostos, milhares de manifestantes gregos voltaram às ruas quarta-feira (11/5). A ameaça de uma nova onda de medidas de “austeridade” levou-os a marchar até o parlamento. Além das centrais sindicais, participaram docentes, equipes médicas e paramédicas, trabalhadores dos transportes públicos e jornalistas. Estava no país uma missão composta por integrantes do FMI, Comissão Europeia e Banco Central Europeu (BCE). O plano de “resgate” da Grécia adotado há doze meses, com base em ataque aos serviços públicos e direito sociais, está à beira naufragar – o que reacende os riscos de contágio na Europa.

Higienópolis e o pensamento escravocrata

Por Brizola Neto, no blog Tijolaço:

Como gaúcho-carioca, não quis dar muito palpite nessa polêmica em torno da estação do Metrô no bairro rico de Higienópolis, onde, aliás, reside o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Mas hoje, lendo a matéria sobre a declaração do também ex-presidente Lula, classificando de “absurda” e “inadmissível” a reação que fez o governo do Estado desistir de abrir uma estação na avenida Angélica, não posso deixar de entrar no assunto e reproduzir suas palavras.

O império da mídia ou o Brasil

Por Luiz Carlos Antero, no blog Conversa Afiada:

Ao longo das últimas décadas, obedecendo ao lado conservador da trajetória republicana, manteve-se naturalmente intocada a “liberdade” das concessões dos meios de comunicação e cresceu a ascendência do império da mídia e de seu PIG (Partido da Imprensa Golpista, na lúcida definição difundida por Paulo Henrique Amorim) sobre a informação — manipulada, moldada e deformada como mercadoria, em favor dos seus interesses.