segunda-feira, 6 de junho de 2011

O financiamento de mídia alternativa

Do sítio Vermelho:

A Comissão de Ciência e Tecnologia aprovou por unanimidade, esta semana, a proposta da deputada Luciana Santos (PCdoB-PE) para criação de subcomissão especial para analisar formas de financiamento para a mídia alternativa. Para a deputada, que fará parte do grupo, é preciso aproximar a evolução tecnológica da população e garantir o consumo e a produção de conteúdo como bens culturais da sociedade.

Direito à comunicação: "Fórum" e "Ciranda"

Por Venício Lima, no sítio Carta Maior:

No mesmo dia 27 de maio em que acontecia o “Fórum Internacional Liberdade de Imprensa e Poder Judiciário”, no suntuoso prédio do Supremo Tribunal Federal (STF), na Praça dos Três Poderes, em Brasília, cerca de 50 quilômetros dali, no modesto Centro de Formação Vicente Cañas, distrito Jardim Ingá, na periferia de Luziânia, GO, também se realizava a “IVª Ciranda de Educação Popular”.

Merval Pereira e a “negociata” da ABL

Por Altamiro Borges

Em mais um triste momento da sua história, a Academia Brasileira de Letras (ABL) elegeu o “calunista” da TV Globo, Merval Pereira, como o novo titular da cadeira 31, desocupada com a morte do escritor Moacyr Scliar. A deprimente escolha confirma o servilismo da chamada “elite da literatura” brasileira à ditadura midiática.

Significado da vitória de Ollanta Humala

Por José Dirceu, em seu blog:

A vitória de Ollanta Humala no Peru confirma a tendência histórica de transformações na América do Sul. Mais: consolida na região uma verdadeira mudança de época. Vivemos um momento de emergência popular, nacional democrática, com a reorganização do papel do Estado e a retomada do crescimento econômico com distribuição de renda e democracia.

FHC olha para trás, sempre

Por Maria Izabel Azevedo Noronha:

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) mais uma vez volta à cena (Novos desafios, O Estado de S. Paulo, 05/06) para fazer comentários e dar conselhos ao governo brasileiro.

Peru e a guinada à esquerda na AL

REUTERS/Pilar Olivares
Por Altamiro Borges

A vitória de Ollanta Humala nas eleições deste domingo tem um significado que transcende as fronteiras do Peru. Ela confirma a guinada à esquerda da América Latina – continente que foi laboratório da devastação neoliberal nos anos 1980/1990 e que hoje é a vanguarda mundial na luta pela superação deste modelo destrutivo e regressivo. Tariq Ali, no livro “Piratas do Caribe”, e Emir Sader, na obra “A nova toupeira”, descrevem com maestria esta virada histórica.

Vitória popular no Peru

Minha homenagem a João Nogueira







* João Nogueira - Rio de Janeiro, 12 de novembro de 1941 — 5 de junho de 2000.

domingo, 5 de junho de 2011

"Marcha das Vadias" repudia o CQC

Do blog de Luis Nassif:

Com apoio de mais de 6 mil pessoas na página do Facebook, a Marcha das Vadias levou cerca de mil pessoas, na tarde deste sábado (4), para a Praça do Ciclista, entre a Avenida Paulista e a Rua da Consolação, em São Paulo.

Versão brasileira do "Slut Walk" (movimento mundial que denuncia a violência às mulheres), a manifestação terminou com um protesto contra CQCs em frente ao Comedians — o clube de comédia onde se apresentam Rafinha Bastos e Danilo Gentili, integrantes do programa da Band.

Na porta do clube, mulheres se manifestavam contra uma piada de péssimo gosto em que Rafinha associa a prática estupro a mulheres feias. A piada foi feita pelo integrante do CQC no seu solo de "stand-up" e virou alvo de protestos sobretudo nas redes sociais, como o Twitter e o Facebook.

A organizadora do evento, Madô Lopez, diz em seu blog que já foi insultada pelas roupas que usava, em cantadas e gracinhas feitas por homens. "Chega de sermos recriminadas e discriminadas nas ruas porque usamos saias, leggings, regatas, vestidos justos. Chega de sermos reprimidas e intimidadas porque somos mulheres, porque somos femininas e porque queremos nos sentir sensuais. Bora pras ruas, mulherada! Não é porque uso saia que sou puta!", escreve ela.

Além de São Paulo, o "Slut Walk" já foi realizado em várias cidades dos Estados Unidos, do Canadá e da Austrália. Nesta sábado, a marcha estava prevista também em Copenhague (Dinamarca), Amsterdã (Holanda) e Estocolmo (Suécia). A manifestação será realizada, ainda, em Belo Horizonte (MG), no dia 18, à partir das 13 horas, saindo da Praça da Rodoviária.

O evento foi criado após um representante da polícia do Canadá ter declarado que as mulheres deveriam evitar se vestir como prostitutas para não serem vítimas de estupro. As declarações causaram revolta e geraram um grande movimento organizado na internet, que começou no início de abril com o protesto de Toronto e já aconteceu até agora em mais de 20 cidades norte-americanas e australianas.

"Não é culpa dos nossos vestidos, salto alto, regatas, saias e afins que todos os dias mulheres são desrespeitadas e agredidas sexualmente. Isso é culpa do machismo ainda muito presente na nossa sociedade. As mulheres do mundo estão se unindo", diz a apresentação do evento no site Slut Walk Toronto.

Segundo o site oficial do “Slut Walk”, o termo slut (puta, vagabunda ou vadia, em português) tem, historicamente, conotação negativa e se tornou ferramenta de acusação grave de caráter. "Estamos cansadas de sermos oprimidas pela palavra 'vagabunda'; de sermos julgadas por nossa sexualidade e de nos sentirmos inseguras como resultado disso”, assinalam as integrantes do movimento.

“Ter o controle das nossas vidas sexuais não significa que estamos abertas à violência e ao abuso, mesmo que façamos sexo por prazer ou trabalho”, acrescentam elas, na página oficial. “Ninguém deveria comparar gostar de sexo com atrair abuso sexual."

Eduardo Galeano e o "mundo de merda"



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Marcelo Tas ameaça blogueira

Por Rogério Tomas, no blog Conexão Brasília-Maranhão:

O CQC tem algumas pouquíssimas coisas interessantes. A maior parte é dispensável e desprezível.

A exemplo do programa, o seu apresentador, Marcelo Tas, não se define entre jornalista ou comediante, o que é uma opção legítima, porém comodamente cínica, já que apenas se “adequa” à necessidade de unir a credibilidade do jornalismo e o entretenimento do humor que o mercado da TV lhe demanda.

Ou seja, digam o que quiser, mas ele não passa de uma engrenagem para mover o sistema que lhe remunera muito bem e garante a exposição necessária para abarcar o seu ego gigantesco.

O careca da Band também já mostrou ser um sujeito invejoso que não tem pudor de mentir publicamente, como já escrevi antes:

A lógica do Marcelo Tas: “atire primeiro, pergunte depois” - 01/11/2010

Para atacar Lula, Marcelo Tas mente sem pudor - 14/09/2010

A última peça dele é ameaçar uma blogueira de processo judicial pelo fato de ela ter criticado o seu programa por outra bizarrice daquelas que geram indignação em muita gente.

A bizarrice da vez, a exemplo de quase todas as outras, se encaixa naquela categoria que os cínicos usam como escudo para dizerem e defenderem as maiores imbelicidades: a dos “politicamente incorretos”, que, segundo os cínicos, é uma reação à “patrulha” da turma do “politicamente correto”, porque, afinal de contas, para estes cínicos, humor é só para fazer rir e não tem problema nenhum contar piadas racistas, machistas e preconceituosas em geral.

O desprezo ao “politicamente correto” é a desculpa que os canalhas usam para poder destilar todo tipo de preconceito.

A blogueira em questão é a Lola Aronovich, que tive o prazer de conhecer no I Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas, em agosto do ano passado, em São Paulo (SP).

O Tas escreveu à Lola, por e-mail, o seguinte:

“Você vai aprender através de um processo por calúnia e difamação a ser mais responsável com o que publica, esta troca de e-mails documenta a minha tentativa de dialogo com voce antes de tomar o caminho da Justiça”.

Como se vê, o jornalista cede fácil o lugar para o pop star que não atura mortais lhe criticando.

Fortíssimo candidato ao Troféu Corvo 2011!

Ou seja, ele, a celebridade, pode mentir ao dizer que o Lula queria “extirpar a oposição” (quando ele se referia, num discurso público, precisamente ao Democratas/PFL/PDS/Arena) e a Lola não pode criticá-lo porque isso é “calúnia”?

Ressalto que defendo convictamente a ideia de que qualquer pessoa tem todo o direito de buscar na Justiça a reparação do que considera violação dos seus direitos.

Entretanto, paciência para cinismo tem limite.

Portanto, Marcelo Tas, vá para o raio que o parta com a sua hipocrisia!

Toda a solidariedade à Lola diante dessa truculenta tentativa de intimidação travestida de indignação.

E desde já indico o Marcelo Tas ao Troféu Corvo 2011, a ser definido no II Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas, que acontecerá em Brasília, de 17 a 19 de junho próximo.

O texto que gerou a ameaça do Tas é esse:

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01/06/2011

CQC Anti-amamentação, vai pra pqp

E o texto onde ela relata a ameaça é esse:

02/06/2011

Liberdade relativa: Marcelo Tas quer me processar

E muita gente na web já tem manifestado apoio à Lola.

Destaco a Maria Frô e o pessoal do Mobiliza BR:

Marcelo Tas ameaçou a blogueira Lola (@lolaescreva) de processo devido a um texto no qual ela analisa um programa do CQC comentando a amamentação em público. Após ser ameaçada, Lola não se intimidou e escreveu mais este post aqui. Hoje o Comunique-se deu voz a Tas e sequer fez uma pergunta a Lola, como ela relata aqui. Um jornalismo bastante ‘imparcial’ este como podemos notar.

Em minha opinião a ameaça de Tas em processar Lola faz parte da mesma estratégia que a Folha usou contra o blog da Falha e contra o Arles. Na prática tal estratégia impede, nega aos alvos de processos o poder de se expressar livremente.

(Maria Frô – Toda nossa solidariedade à blogueira Lola que está peitando Marcelo Tas)

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Custe o que custar é o nome do programa do Marcelo Tas. E é mais ou menos o modo como ele e sua trupe agem para tentar fazer humor e arrancar o riso, já que ali falta um pouco de talento e muito de bom senso. Custe o que custar, eles vão diminuindo pessoas, vomintando preconceitos e abusando dos lugares comum, na incasável busca pelo riso. Tem gente que gosta. Eu estou no grupo dos que não gostam e, logo, não assistem.

Mas toda terça-feira, acordo com um friozinho na barriga imaginando qual foi a pataquada da última noite. Fiquei sabendo pela blogosfera, mais especificamente pelo blog Escreva, Lola, Escreva, da oposição de Rafinha Bastos – aquele que abraça estuprador – em relação ao mamaço, movimento realizado por mães que querem ter o direito de amamentar os filhos quando eles sentirem fome, sem serem obrigadas a se constranger por serem mães.

(Mobiliza BR – Marcelo Tas quer calar, custe o que custar.

Boca de urna: Humala vence no Peru

Do sítio Carta Maior:

O Peru que foi às urnas neste domingo rejeitar a continuidade da política neoliberal personificada em Keiko Fujimori, registrou a maior taxa de crescimento da América Latina no ano passado: 9%. A média de expansão do seu PIB tem sido elevada, da ordem de 7%; em 2010, o Peru atraiu mais investimentos estrangeiros do que a Argentina. O presidente Alan García, no entanto, deixou o cargo com uma das taxas de popularidade mais baixas das Américas: cerca de 26% - inferior à de George Bush, por exemplo, que encerrou o mandato em meio a uma hecatombe financeira e desacreditado pela guerra do Iraque.

A explicação para o paradoxo julgado pelas urnas com a vitoria de Ollanta Humala, segundo a boca de urma, é o modelo de crescimento adotado pelo país nos últimos anos: o Peru cresceu sem políticas públicas para redistribuir a riqueza em benefício da sociedade, sobretudo de sua vasta maioria pobre constituída de indígenas, que formam 45% da população (brancos são 15%), de onde vieram os votos decisivos à prevista vitória da candidatura de centro-esquerda.

Basicamente exportadora de minérios, a economia peruana beneficiou-se fartamente da valorização dos preços das commodities nos últimos anos. Optou, porém, por um modelo de crescimento de recorte neoliberal extremado feito de desregulação máxima e direitos sociais mínimos. A riqueza gerada nessa engrenagem não circulou na sociedade, concentrando-se numa órbita restrita de beneficiados que gostariam de ver Keiko na sucessão de García. A ausência de carga fiscal sancionou e acentuou as polarizações daí decorrentes.

A receita do Estado peruano é de 15% do PIB, inferior até mesmo à média latinoamericana e caribenha que já é desprezível e oscila em torno de 18% do PIB, contra 39,8% da União Europeia, onde a rede de contrapesos sociais já está consolidada. O governo Alan García poupou as mineradoras peruanas de uma taxação correspondente aos lucros fabulosos acumulados no atual ciclo de alta das matérias-primas. O mercado naturalmente cuidou de seus próprios interesses e o Estado não reuniu fundos para investir em educação, saúde, habitação e segurança alimentar. A renda per capita depois do fastígio neoliberal é de US$ 5.196, bem inferior a de outros países da região, como é o caso do Uruguai (US$ 12.130), do Chile (US$ 11.587), Brasil (US$ 10.470) e México (US$ 9.243).

Mas a verdade é pior que isso. Não há estrutura de direitos trabalhistas: 2/3 da mão de obra peruana trabalha na informalidade; a população rural vegeta; uma professora ganha cerca de R$ 200,00 por mês. É esse modelo de crescimento que ao gerar riqueza amplifica a desigualdade - e racha a sociedade em termos econômicos e políticos - que foi rejeitado hoje nas urnas. O simbolismo do veredito popular extrapola as fronteiras peruanas e fortalece a integração soberanba de governos progressistas da América LAtina sob a âncora do Brasil.