Reproduzo manifesto encabeçado pela Via Campensina e MST, intitulado "Vamos eleger Dilma Rousseff presidenta do Brasil":
No início do processo eleitoral deste ano, os movimentos sociais e a Via Campesina Brasil tomaram a decisão política de empenhar esforços para eleger o maior número possível de parlamentares e governadores identificados com as bandeiras populares da classe trabalhadora, com o aprofundamento da democracia e soberania brasileira e com políticas que combatam a concentração da propriedade e da renda em nosso país.
Quanto à eleição presidencial, as organizações populares que compõem a Via Campesina decidiram lutar para que não houvesse a vitória eleitoral de uma proposta neoliberal, representando pela candidatura do tucano José Serra. Passando o primeiro turno dessa campanha eleitoral, realizado em 3 de outubro, queremos, com este comunicado ao povo brasileiro, manifestar nossa decisão política frente às eleições deste ano.
Avaliação do 1º turno
As renovações que aconteceram nas Assembleias estaduais, na Câmara dos Deputados, no Senado Federal, além da eleição e reeleição de governadores progressistas, são alvissareiras. No Senado Federal, especialmente, fomos vitoriosos com a eleição de companheiros e companheiras identificadas com as nossas lutas e com a não eleição de senadores que se notabilizaram pela perseguição aos movimentos sociais, identificados com os interesses do agronegócio.
Destacamos como vitória a derrota eleitoral do governo tucano de Yeda Crusius, no Rio Grande do Sul, que se notabilizou, juntamente com o governo tucano de São Paulo, pelo controle da mídia, criminalização dos movimentos sociais e repressão à luta pela reforma agrária, aos movimentos de moradia e ao movimento dos professores da rede pública estadual.
Em relação às campanhas presidenciais, não transcorreram debates em torno de projetos políticos e dos problemas principais que afetam a população brasileira. A campanha de Dilma Rousseff (PT) buscou apenas, de forma pragmática, divulgar o desenvolvimento econômico e as políticas sociais do governo Lula, apoiando-se na popularidade e nos enorme índices de aprovação do atual governo. Com essa estratégia, obteve quase 47% dos votos, que foram insuficientes para vencer no primeiro turno.
A candidatura de José Serra (PSDB) nos surpreendeu, não por sua identificação com as políticas neoliberais, e sim pelo baixo nível da sua campanha presidencial. Foi agressivo e perseguiu jornalistas em entrevistas, tentou interferir em julgamentos do Supremo Tribunal Federal (STF), espalhou mentiras e acusações infundadas.
Chegou a usar a própria esposa, que percorreu as ruas de Niterói (RJ) dizendo que Dilma Rousseff “é a favor de matar as criancinhas”. Somente uma candidatura sem nenhum compromisso com a ética e com a verdade, contando com o total controle sobre a mídia, pode desenvolver uma campanha de tão baixo nível. A biografia do candidato já é a maior derrotada nestas eleições.
A candidatura de Marina Silva (PV) cumpriu o objetivo a que se propôs: provocar o segundo turno nesta campanha eleitoral. O tempo dirá se o seu êxito serviu para fortalecer a democracia ou simplesmente foi utilizada pelas forças conservadoras, para que retornassem ao governo.
Já as candidaturas identificadas com os partidos de esquerda, que utilizaram o espaço eleitoral para defender os interesses da classe trabalhadora, infelizmente tiveram uma votação inexpressiva.
O descenso social que temos há duas décadas em nosso país, a fragmentação das organizações da classe trabalhadora e a fragilidade da política de comunicação com a sociedade certamente influíram no resultado eleitoral. Cabe uma auto-crítica aos partidos políticos que se limitam apenas às campanhas eleitorais para dialogar com a sociedade. E que não falte daqui pra frente trabalho de base e a formação política permanente.
As eleições deste ano demonstraram o poder nefasto e antidemocrático da mídia. Mas, por outro lado, foi potencializada uma rede de comunicadores independentes, comprometidos com a liberdade de expressão e com o direito à informação, e que enfrentam aguerridamente o monopólio dos meios de comunicação em nosso país. São avanços rumo à democratização da informação e na construção de uma comunicação democrática e plural, com a participação da sociedade.
O 2º turno
Nós reafirmamos nosso compromisso em defesa das bandeiras de lutas da classe trabalhadora e na construção de um país democrático, socialmente justo e soberano. Independentemente do governo eleito, seja ele qual for, iremos lutar de forma intransigente pela expansão das liberdades e dos direitos democráticos oprimidos.
Vamos lutar também por mudanças nas instituições e serviços públicos, em benefício da ampla maioria da população; combater aos monopólios para o desenvolvimento com soberania e distribuição de renda; defender as conquistas trabalhistas, a redução da jornada de trabalho, o direito de greve para os servidores públicos; a Previdência Social pública, de boa qualidade, pelo fim do fator previdenciário
Defendemos também a realização de uma reforma urbana, com moradia, saneamento básico, transporte público e segurança; a construção de serviços de saúde universal e de boa qualidade; reformas na educação pública e promoção da cultura nacional-popular com caráter universal; o fim do latifúndio, limite do capital estrangeiro sobre os nossos recursos naturais e a realização de uma Reforma Agrária anti-latifundiária; a implantação de novas relações da sociedade com o meio ambiente e efetivação uma política externa de autodeterminação, solidariedade aos povos e que priorize a integração dos povos do continente latino-americano e do Caribe.
Infelizmente, os avanços do governo Lula em direção a essas bandeiras democrático-populares foram insuficientes, em que pese o acerto de sua política externa. Também nos preocupa constatar que, no arco de alianças da candidatura de Dilma Rousseff, há forças políticas que se contrapõem a essas demandas sociais.
Porém, temos uma certeza: José Serra, por sua campanha, pelo seu governo no Estado de São Paulo e pelos oito anos de governo FHC, tornou-se o inimigo dessas bandeiras de lutas. Pelo caráter anti-democrático e anti-popular dos partidos que compõem sua aliança eleitoral e por sua personalidade autoritária, estamos convictos que uma possível vitória sua significará um retrocesso para os movimentos sociais e populares em nosso país, para as conquistas democráticas em nosso continente e uma maior subordinação ao império dos Estados Unidos. Esse retrocesso não queremos que aconteça.
Nossa posição nessa conjuntura
Assim, os movimentos sociais e a Via Campesina Brasil afirmam o seu apoio e compromisso de lutar para eleger a candidata Dilma Rousseff para o cargo de presidenta do Brasil. Queremos nos juntar aos movimentos sindicais, populares, estudantis, religiosos e progressistas para promover debates com a sociedade, desmascarar a propaganda enganosa dos neoliberais e autoritários e exigir avanços na democracia, nas políticas públicas que favoreçam a população, no combate aos corruptos e corruptores e na democratização do poder em nosso país.
Precisamos derrotar a candidatura Serra, que representa as forças direitistas e fascistas do país. Devemos seguir organizando o povo para que lute por seus direitos e mudanças sociais, mantendo sempre nossa autonomia política frente aos governos.
Conclamamos a militância de todos os movimentos sociais, os lutadores e lutadoras do povo brasileiro, para se engajarem nessa luta, que é importantíssima para a classe trabalhadora.
Vamos à luta!! Vamos eleger Dilma Rousseff presidenta do Brasil.
- Via Campesina Brasil
- Movimento dos Atingidos por Barragens- MAB
- Movimento das Mulheres Camponesas- MMC
- Movimento dos Pequenos Agricultores - MPA
- Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra- MST
- Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil- FEAB
- Assembléia Popular- PE
- Centro de Estudos Barão de Itararé
- Fórum Brasileiro de Economia Solidária
- Marcha Mundial das Mulheres- MMM
- Movimento Camponês Popular- MCP
- Rede Brasileira de Integração dos Povos- REBRIP
- Rede de Educação Cidadã Sudeste- RECID
- Sindicato dos Engenheiros do Paraná- Senge-PR
- Uniao de Estudantes Afrodescendentes-UNEAFRO
- Projeto Popular
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sábado, 16 de outubro de 2010
O PSTU e a metafísica do absenteísmo
Reproduzo artigo de polêmica enviado pelo professor José Ricardo Figueiredo:
No segundo turno destas eleições, o PSTU recomendou voto nulo a seus militantes e eleitores, como já fizera em 2006. O PSOL estuda a questão, não tendo repetido o intempestivo voto nulo decretado por Heloísa Helena logo no início do segundo turno, e acatado pelo partido. Mas muitos no PSOL se inclinam pela mesma tendência de voto nulo. Acreditam que esta é a postura coerente com seu discurso do primeiro turno, onde buscaram diferenciar-se das principais candidaturas denunciando-as todas como parte de um mesmo “tudo que está aí”.
De fato, nenhuma das principais candidaturas ostentou propostas de enfrentamento das relações capitalistas em geral, nem de redistribuição radical das rendas ou das propriedades. Pelo ângulo dos que defendem um discurso explicitamente socialista, há fundamentos lógicos para a defesa da abstenção.
É fato que, pela complexidade e amplitude das questões políticas, há também fundamentos lógicos para uma postura distinta. Por exemplo, num debate em que Plínio foi perguntado por Serra a respeito das relações Brasil-Irã, ele defendeu, na prática, a atual política brasileira. Em vista da importância da questão da paz mundial, esta aproximação com a atual linha da política brasileira, por si só, justificaria um apoio crítico no segundo turno. Entretanto, a concordância foi pontual, enquanto as falas nos debates e a propaganda do PSOL, como do PSTU, enfatizaram as divergências.
Algumas vezes, as divergências se manifestaram de forma injusta, como quando Plínio foi perguntado por Dilma sobre o ProUni e o ReUni. Respondeu o esperado acerca do ProUni, criticando o financiamento das escolas privadas. Mas também não deu o braço a torcer pelo ReUni, que virou “política do Banco Mundial”. Ora, o Reuni é uma expressiva ampliação das universidades federais, na qual os novos professores vem sendo contratados por meio de concursos públicos, tal como o movimento docente, discente e de funcionários sempre defendeu. Por razões táticas, para marcar diferença e não valorizar a adversária, Plínio passou por cima de uma das bandeiras históricas mais importantes destes movimentos. Nestes pontos, portanto, a defesa do voto nulo é coerente com o erro.
Mas isto não é a essência da questão. A coerência que se busca é a coerência com uma política de explicitação de um projeto socialista. E a que leva tal coerência lógica?
Temos neste segundo turno uma acirrada oposição entre dois campos, o que governou entre 1995 e 2002, e o que governou entre 2003 e 2010. O acirramento se vê, principalmente, pela imprensa, instrumento central da política em situações democráticas. Por mais heterogênea que seja a composição de cada um destes dois campos, toda a grande imprensa defende, sem exceção, o retorno do primeiro campo ao poder. Esta polarização não é nova. Ocorreu nas eleições de 2006, de 2002, e mesmo na de 1989. E lembra muito as polarizações de um passado mais remoto, como a crise de 1954, que levou ao suicídio de Vargas, e a campanha pró-golpe de 1964.
É diante desta luta feroz que PSTU defende, e talvez o PSOL venha a defender, em termos de coerência lógica, o voto nulo. A soma dos votos obtidos por estes dois partidos no primeiro turno foi aproximadamente 1% do total dos votos válidos. Mas a coerência lógica com o discurso que lhes propiciou tal votação é o motivo para lavar as mãos, soberbamente, diante da luta em que se engalfinharão os outros 99% da população.
Evidentemente, esta lógica é profundamente idealista, metafísica, por que parte do discurso, dos projetos idealizados para o futuro, e ignora a realidade material, a luta objetiva que se desenvolve no momento. Supostamente revolucionária, esta lógica nada tem a ver com o marxismo e o leninismo, que reiteradamente insistem na essencialidade da estratégia e da tática políticas se fundarem nas análises concretas das situações concretas. O absenteísmo é antagônico à política como práxis de enfrentamento das contradições reais da sociedade, tal como se manifestam efetivamente, e só se fundamenta em formulações teóricas abstratas.
Entretanto, isto não significa que o absenteísmo não tenha conseqüências concretas. Tem, porque o absenteísmo não é neutro. Não se vê nenhum militante de extrema direita pregar o voto nulo porque, por exemplo, em seu passado, Serra, tal como Dilma, pertenceu a grupo de resistência à ditadura militar. A propaganda absenteísta não tem a pretensão de convencer partidários de Serra a mudarem de idéia e anular seu voto. Seu alvo são eleitores possivelmente simpáticos a Dilma, mas que tenham divergências em relação ao projeto em andamento.
Mas, afinal, o que vale este pequeno detalhe prático para quem tanto valoriza a coerência do discurso na construção do socialismo ideal? Diante de ideais tão sublimes, que importam as conseqüências imediatas? Bem feito para Dilma, para Lula, para todos aqueles que decepcionaram os defensores do socialismo ideal! Bem feito para a população em geral, que ainda não percebeu a magnificência do ideário socialista, e continua a fiar-se no reformismo, aliás, “melhorismo”!
Este ponto de vista tem sua coerência. Pelo menos para quem não depende de bolsa-família, nem do aumento real de salário mínimo. Para quem não valoriza a criação de empregos neste sujo mundo capitalista. Nem a diminuição das desigualdades regionais. Nem a política externa soberana e pacifista, incluindo os esforços de integração latino-americana. Nem a interrupção das privatizações a toque de caixa e a preço de esterco. Nem o aumento dos investimentos em universidades e em pesquisa. Para quem, enfim, defende um socialismo tão lindo, tão distributivista, tão democrático, tão ecológico, tão ideal, que as humildes conquistas do presente são irrelevantes. Abstraindo, evidentemente, um ou outro infiltrado, que defende o voto nulo de esquerda precisamente pelas conseqüências práticas em favor da direita.
*****
Em tempo: O texto de polêmica de José Ricardo Figueiredo foi escrito antes da executiva nacional do PSOL aprovar a resolução "Nenhum voto em Serra", liberando seus militantes para o voto crítico em Dilma ou voto nulo.
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No segundo turno destas eleições, o PSTU recomendou voto nulo a seus militantes e eleitores, como já fizera em 2006. O PSOL estuda a questão, não tendo repetido o intempestivo voto nulo decretado por Heloísa Helena logo no início do segundo turno, e acatado pelo partido. Mas muitos no PSOL se inclinam pela mesma tendência de voto nulo. Acreditam que esta é a postura coerente com seu discurso do primeiro turno, onde buscaram diferenciar-se das principais candidaturas denunciando-as todas como parte de um mesmo “tudo que está aí”.
De fato, nenhuma das principais candidaturas ostentou propostas de enfrentamento das relações capitalistas em geral, nem de redistribuição radical das rendas ou das propriedades. Pelo ângulo dos que defendem um discurso explicitamente socialista, há fundamentos lógicos para a defesa da abstenção.
É fato que, pela complexidade e amplitude das questões políticas, há também fundamentos lógicos para uma postura distinta. Por exemplo, num debate em que Plínio foi perguntado por Serra a respeito das relações Brasil-Irã, ele defendeu, na prática, a atual política brasileira. Em vista da importância da questão da paz mundial, esta aproximação com a atual linha da política brasileira, por si só, justificaria um apoio crítico no segundo turno. Entretanto, a concordância foi pontual, enquanto as falas nos debates e a propaganda do PSOL, como do PSTU, enfatizaram as divergências.
Algumas vezes, as divergências se manifestaram de forma injusta, como quando Plínio foi perguntado por Dilma sobre o ProUni e o ReUni. Respondeu o esperado acerca do ProUni, criticando o financiamento das escolas privadas. Mas também não deu o braço a torcer pelo ReUni, que virou “política do Banco Mundial”. Ora, o Reuni é uma expressiva ampliação das universidades federais, na qual os novos professores vem sendo contratados por meio de concursos públicos, tal como o movimento docente, discente e de funcionários sempre defendeu. Por razões táticas, para marcar diferença e não valorizar a adversária, Plínio passou por cima de uma das bandeiras históricas mais importantes destes movimentos. Nestes pontos, portanto, a defesa do voto nulo é coerente com o erro.
Mas isto não é a essência da questão. A coerência que se busca é a coerência com uma política de explicitação de um projeto socialista. E a que leva tal coerência lógica?
Temos neste segundo turno uma acirrada oposição entre dois campos, o que governou entre 1995 e 2002, e o que governou entre 2003 e 2010. O acirramento se vê, principalmente, pela imprensa, instrumento central da política em situações democráticas. Por mais heterogênea que seja a composição de cada um destes dois campos, toda a grande imprensa defende, sem exceção, o retorno do primeiro campo ao poder. Esta polarização não é nova. Ocorreu nas eleições de 2006, de 2002, e mesmo na de 1989. E lembra muito as polarizações de um passado mais remoto, como a crise de 1954, que levou ao suicídio de Vargas, e a campanha pró-golpe de 1964.
É diante desta luta feroz que PSTU defende, e talvez o PSOL venha a defender, em termos de coerência lógica, o voto nulo. A soma dos votos obtidos por estes dois partidos no primeiro turno foi aproximadamente 1% do total dos votos válidos. Mas a coerência lógica com o discurso que lhes propiciou tal votação é o motivo para lavar as mãos, soberbamente, diante da luta em que se engalfinharão os outros 99% da população.
Evidentemente, esta lógica é profundamente idealista, metafísica, por que parte do discurso, dos projetos idealizados para o futuro, e ignora a realidade material, a luta objetiva que se desenvolve no momento. Supostamente revolucionária, esta lógica nada tem a ver com o marxismo e o leninismo, que reiteradamente insistem na essencialidade da estratégia e da tática políticas se fundarem nas análises concretas das situações concretas. O absenteísmo é antagônico à política como práxis de enfrentamento das contradições reais da sociedade, tal como se manifestam efetivamente, e só se fundamenta em formulações teóricas abstratas.
Entretanto, isto não significa que o absenteísmo não tenha conseqüências concretas. Tem, porque o absenteísmo não é neutro. Não se vê nenhum militante de extrema direita pregar o voto nulo porque, por exemplo, em seu passado, Serra, tal como Dilma, pertenceu a grupo de resistência à ditadura militar. A propaganda absenteísta não tem a pretensão de convencer partidários de Serra a mudarem de idéia e anular seu voto. Seu alvo são eleitores possivelmente simpáticos a Dilma, mas que tenham divergências em relação ao projeto em andamento.
Mas, afinal, o que vale este pequeno detalhe prático para quem tanto valoriza a coerência do discurso na construção do socialismo ideal? Diante de ideais tão sublimes, que importam as conseqüências imediatas? Bem feito para Dilma, para Lula, para todos aqueles que decepcionaram os defensores do socialismo ideal! Bem feito para a população em geral, que ainda não percebeu a magnificência do ideário socialista, e continua a fiar-se no reformismo, aliás, “melhorismo”!
Este ponto de vista tem sua coerência. Pelo menos para quem não depende de bolsa-família, nem do aumento real de salário mínimo. Para quem não valoriza a criação de empregos neste sujo mundo capitalista. Nem a diminuição das desigualdades regionais. Nem a política externa soberana e pacifista, incluindo os esforços de integração latino-americana. Nem a interrupção das privatizações a toque de caixa e a preço de esterco. Nem o aumento dos investimentos em universidades e em pesquisa. Para quem, enfim, defende um socialismo tão lindo, tão distributivista, tão democrático, tão ecológico, tão ideal, que as humildes conquistas do presente são irrelevantes. Abstraindo, evidentemente, um ou outro infiltrado, que defende o voto nulo de esquerda precisamente pelas conseqüências práticas em favor da direita.
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Em tempo: O texto de polêmica de José Ricardo Figueiredo foi escrito antes da executiva nacional do PSOL aprovar a resolução "Nenhum voto em Serra", liberando seus militantes para o voto crítico em Dilma ou voto nulo.
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Docentes universitários: Serra é o atraso
Reproduzo o "manifesto em defesa da educação pública", que já coletou centenas de assinaturas de professores universitários em todo o país:
Nós, professores universitários, consideramos um retrocesso as propostas e os métodos políticos da candidatura Serra. Seu histórico como governante preocupa todos que acreditam que os rumos do sistema educacional e a defesa de princípios democráticos são vitais ao futuro do país.
Sob seu governo, a Universidade de São Paulo foi invadida por policiais armados com metralhadoras, atirando bombas de gás lacrimogêneo. Em seu primeiro ato como governador, assinou decretos que revogavam a relativa autonomia financeira e administrativa das Universidades estaduais paulistas.
Os salários dos professores da USP, Unicamp e Unesp vêm sendo sistematicamente achatados, mesmo com os recordes na arrecadação de impostos. Numa inversão da situação vigente nas últimas décadas, eles se encontram hoje em patamares menores que a remuneração dos docentes das universidades federais.
Esse “choque de gestão” é ainda mais drástico no âmbito do ensino fundamental e médio, convergindo para uma política de sucateamento da Rede Pública. São Paulo foi o único Estado que não apresentou, desde 2007, crescimento no exame do Ideb, índice que avalia o aprendizado desses dois níveis educacionais.
Os salários da rede pública no Estado mais rico da federação são menores que os de Tocantins, Roraima, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Espírito Santo, Acre, entre outros. Somada aos contratos precários e às condições aviltantes de trabalho, a baixa remuneração tende a expelir desse sistema educacional os professores qualificados e a desestimular quem decide se manter na Rede Pública.
Diante das reivindicações por melhores condições de trabalho, Serra costuma afirmar que não passam de manifestação de interesses corporativos e sindicais, de “tró-ló-ló” de grupos políticos que querem desestabilizá-lo. Assim, além de evitar a discussão acerca do conteúdo das reivindicações, desqualifica movimentos organizados da sociedade civil, quando não os recebe com cassetetes.
Serra escolheu como Secretário da Educação Paulo Renato, ministro nos oito anos do governo FHC. Neste período, nenhuma Escola Técnica Federal foi construída e as existentes arruinaram-se. As universidades públicas federais foram sucateadas ao ponto em que faltou dinheiro até mesmo para pagar as contas de luz, como foi o caso na UFRJ. A proibição de novas contratações gerou um déficit de 7.000 professores.
Em contrapartida, sua gestão incentivou a proliferação sem critérios de universidades privadas. Já na Secretaria da Educação de São Paulo, Paulo Renato transferiu, via terceirização, para grandes empresas educacionais privadas a organização dos currículos escolares, o fornecimento de material didático e a formação continuada de professores. O Brasil não pode correr o risco de ter seu sistema educacional dirigido por interesses econômicos privados.
No comando do governo federal, o PSDB inaugurou o cargo de “engavetador geral da república”. Em São Paulo, nos últimos anos, barrou mais de setenta pedidos de CPIs, abafando casos notórios de corrupção que estão sendo julgados em tribunais internacionais. Sua campanha promove uma deseducação política ao imitar práticas da extrema direita norte-americana em que uma orquestração de boatos dissemina dogmas religiosos. A celebração bonapartista de sua pessoa, em detrimento das forças políticas, só encontra paralelo na campanha de 1989, de Fernando Collor.
Fábio Konder Comparato, USP
Carlos Nelson Coutinho, UFRJ
Marilena Chaui, USP
Otávio Velho, UFRJ
Ruy Fausto, USP
João José Reis, UFBA
Joel Birman, UFRJ
Dermeval Saviani, Unicamp
Emilia Viotti da Costa, USP
Renato Ortiz, Unicamp
João Adolfo Hansen, USP
Flora Sussekind, Unirio
Maria Victoria de Mesquita Benevides, USP
Laymert Garcia dos Santos, Unicamp
Franklin Leopoldo e Silva, USP
Ronaldo Vainfas, UFF
Otavio Soares Dulci, UFMG
Theotonio dos Santos, UFF
Wander Melo Miranda, UFMG
Glauco Arbix, USP
Enio Candotti, UFRJ
Luis Fernandes, UFRJ
Ildeu de Castro Moreira, UFRJ
José Castilho de Marques Neto, Unesp
Laura Tavares, UFRJ
Heloisa Fernandes, USP
José Arbex Jr., PUC-SP
Emir Sader, UERJ
Leda Paulani, USP
Luiz Renato Martins, USP
Henrique Carneiro, USP
Antonio Carlos Mazzeo, Unesp
Caio Navarro de Toledo, Unicamp
Celso Frederico, USP
Armando Boito, Unicamp
João Quartim de Moraes, Unicamp
Flavio Aguiar, USP
Wolfgang LeoMaar, UFSCar
Scarlett Marton, USP
Sidney Chalhoub, Unicamp
Léon Kossovitch, USP
Angela Leite Lopes, UFRJ
Benjamin Abdalla Jr., USP
Marcelo Perine, PUC-SP
José Ricardo Ramalho, UFRJ
Celso F. Favaretto, USP
Ivana Bentes, UFRJ
Irene Cardoso, USP
Vladimir Safatle, USP
Peter Pal Pelbart, PUC- SP
Gilberto Bercovici, USP
Consuelo Lins, UFRJ
Afrânio Catani, USP
Liliana Segnini, Unicamp
José Sérgio F. de Carvalho, USP
Eliana Regina de Freitas Dutra, UFMG
Sergio Cardoso, USP
Maria Lygia Quartim de Moraes, Unicamp
Vera da Silva Telles, USP
Juarez Guimarães, UFMG
Ricardo Musse, USP
Sebastião Velasco e Cruz, Unicamp
Maria Ligia Coelho Prado,USP
Federico Neiburg, UFRJ
José Carlos Bruni, USP
Ligia Chiappini, Universidade Livre de Berlim
Sérgio de Carvalho, USP
Marcos Dantas, UFRJ
Luiz Roncari, USP
Giuseppe Cocco, UFRJ
Eleutério Prado, USP
Walquíria Domingues Leão Rego, Unicamp
Marcos Silva, USP
Luís Augusto Fischer, UFRS
Edilson Crema, USP
Rosa Maria Dias, Uerj
José Jeremias de Oliveira Filho, USP
Evando Nascimento, UFJF
Adélia Bezerra de Meneses, Unicamp
Iumna Simon, USP
Elisa Kossovitch, Unicamp
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Lucilia de Almeida Neves, UnB
Bernardo Ricupero, USP
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Lincoln Secco, USP
Jacyntho Lins Brandão, UFMG
Marcio Suzuki, USP
José Camilo Pena, PUC-RJ
Joaquim Alves de Aguiar, USP
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Alessandro Octaviani, USP
Lúcio Flávio Rodrigues de Almeida, PUC-SP
Mauro Zilbovicius, USP
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Jorge Luiz Souto Maior, USP
Francisco Foot Hardman, Unicamp
Paulo Nakatani, UFES
Helder Garmes, USP
Marly de A. G. Vianna, UFSCar
Maria Lúcia Montes, USP
Adriano Codato, UFPR
Ana Fani Alessandri Carlos, USP
Denilson Lopes, UFRJ
Ricardo Nascimento Fabbrini, USP
Paulo Silveira, USP
Ernani Chaves, UFPA
Mario Sergio Salerno, USP
Evelina Dagnino, Unicamp
Zenir Campos Reis, USP
Marcos Siscar, Unicamp
Sean Purdy, USP
Liv Sovik, UFRJ
Christian Ingo Lenz Dunker, USP
João Roberto Martins Filho, UFSCar
Marcus Orione, USP
Carlos Ranulfo, UFMG
Gustavo Venturi, USP
Nelson Cardoso Amaral, UFG
Amaury Cesar Moraes, USP
Silvia de Assis Saes, UFBA
Flavio Campos, USP
Anselmo Pessoa Neto, UFG
Vinicius Berlendis de Figueiredo, UFPR
Marta Maria Chagas de Carvalho, USP
Francisco Rüdiger, UFRS
Maria Augusta da Costa Vieira, USP
Rubem Murilo Leão Rego, Unicamp
Nelson Schapochnik, USP
Maria Helena P. T. Machado, USP
Elyeser Szturm, UnB
Luiz Recaman, USP
Reginaldo Moraes, Unicamp
Iram Jácome Rodrigues, USP
Alysson Mascaro, USP
Roberto Grun, UFSCar
Paulo Benevides Soares, USP
Edson de Sousa, UFRGS
Analice Palombini, UFRS
Márcia Cavalcante Schuback, UFRJ
Luciano Elia, Uerj
Marcia Tosta Dias, Unifesp
Paulo Martins, USP
Julio Ambrozio, UFJF
Salete de Almeida Cara, USP
Oto Araujo Vale, UFSCar
Iris Kantor, USP
João Emanuel, UFRN
Francisco Alambert, USP
José Geraldo Silveira Bueno, PUC-SP
Marta Kawano, USP
José Luiz Vieira, UFF
Paulo Faria, UFRGS
Ricardo Basbaum, Uerj
Fernando Lourenço, Unicamp
Luiz Carlos Soares, UFF
André Carone, Unifesp
Adriano Scatolin, USP
Richard Simanke, UFSCar
Arlenice Almeida, Unifesp
Miriam Avila, UFMG
Sérgio Salomão Shecaira, USP
Carlos Eduardo Martins, UFRJ
Antonio Albino Canelas Rubim, UFBA.
Eduardo Morettin, USP
Claudio Oliveira, UFF
Eduardo Brandão, USP
Jesus Ranieri, Unicamp
Mayra Laudanna, USP
Aldo Duran, UFU
Luiz Hebeche, UFSC
Adma Muhana, USP
Fábio Durão, Unicamp
Amarilio Ferreira Jr., UFSCar
Marlise Matos, UFMG
Jaime Ginzburg, USP
Emiliano José, UFBA
Ianni Regia Scarcelli, USP
Ivo da Silva Júnior, Unifesp
Mauricio Santana Dias, USP
Adalberto Muller, UFF
Cláudio Oliveira, UFF
Ana Paula Pacheco, USP
Sérgio Alcides, UFMG
Heloisa Buarque de Almeida, USP
Romualdo Pessoa Campos Filho, UFG
Suzana Guerra Albornoz, UNISC/RS
Bento Itamar Borges, UFU
Tânia Pellegrini, UFSCar
Sonia Campaner, PUC-SP
Luiz Damon, UFPR
Eduardo Passos, UFF
Horácio Antunes, UFMA
Laurindo Dias Minhoto, USP
Paulo Henrique Martinez, Unesp
Igor Fuser, Faculdade Cásper Líbero
Rodnei Nascimento, Unifesp
José Paulo Guedes Pinto, UFRRJ
Herculano Campos, UFRN
Adriano de Freixo, UFF
Alexandre Fonseca, UFRJ
Raul Vinhas Ribeiro, Unicamp
Carmem Lúcia Negreiros de Figueiredo, Uerj
Carmen Gabriel, UFRJ
Ana Gonçalves Magalhães, USP
Regina Mennin, Unifesp
Regina Pedroza, UnB
Regina Vinhaes Gracindo, UnB
Elina Pessanha, UFRJ
Elisa Maria Vieira, UFMG
Reinaldo Martiniano, UFMG
Freda Indursky, UFRGS
Frederico Carvalho, UFRJ
Renata Paparelli, PUC-SP
Renato Lima Barbosa, UEL
Antonio Prado, Unicamp
Antonio Teixeira, UFMG
Aparecida Neri de Souza, Unicamp
Ricardo Barbosa de Lima, UFG
Ricardo Kosovski, UNIRIO
Ricardo Mayer, UFAL
Rita Diogo, UERJ
Adalberto Paranhos, UFU
Adalton Franciozo Diniz, PUC-SP
Alcides Fernando Gussi, UFC
Aldo Victorino, UERJ
José Guilherme Ramos, Unincor
Alex Fabiano Jardim, Unimontes
Alexandra Epoglou, UFU
Alexandre Henz, Unifesp
Alfredo Cordiviola, UFPE
Alícia Gonçalves, UFPB
Alita Sá Rego, UERJ
Alvaro Luis Nogueira, CEFET/RJ
Amaury Júnior, UFRJ
Amilcar Pereira, UFRJ
Amon Pinho, UFU
Ana Maira Coutinho, PUC-Minas
Ana Maria Araújo Freire, PUC/SP
Ana Maria Chiarini, UFMG
Ana Maria Doimo, UFMG
Ana Maria Medeiros, UERJ
André Daibert, CEFET/RJ
André Figueiredo, UFRRJ
André Leclerc, UFC
André Martins, UFRJ
André Paulo Castanha, Unioeste
Andrea Franco, PUC-Rio
Andrea Macedo, UFMG
Andrea Silva Ponte, UFPB
Angela Prysthon, UFPE
Angelita Matos Souza, Facamp
Angelita Pereira de Lima, UFG
Aníbal Bragança, UFF
Anita Leandro, UFRJ
Anna Carolina Lo Bianco, UFRJ
Antonio Carlos Lima, UFRJ
Antônio Cristian Saraiva Paiva, UFC
Antonio Justino Ruas Madureira, UFU
Antonio Pinheiro de Queiroz, UnB
Armen Mamigonian, USP
Benito Bisso Schmidt, UFRGS
Benjamin Picado, UFF
Branca Jurema Ponce, PUC/SP
Brasilmar Nunes, UFF
Bruna Dantas, Univ. Cruzeiro do Sul
Bruno Guimarães, UFOP
Carla Dias, UFRJ
Carlos Bauer, Uninove
Carlos José Espíndola, UFSC
Carolina Martins Pulici, Centro Universitário Senac
Cauê Alves, PUC-SP
Celia Rocha Calvo, UFU
César Barreira, UFC
César Nigliorin, UFF
Clara Araujo, UERJ
Clarice Mota, UFAL
Claudinei Silva, Unioeste
Claudio Benedito Baptista Leite, Unifesp
Cláudio DeNipoti, UEPG
Cleber Santos Vieira, Unifesp
Custódia Selma Sena do Amaral, UFG
Daniela Frozi, UERJ
Daniela Weber, FURG
Daniele Nilym, UFC
Dau Bastos, UFRJ
Débora Barreto, UCM
Debora Breder, UCM
Débora Diniz, UnB
Denise Golcalves, UFRJ
Diva Maciel, UnB
Doris Accioly, USP
Doris Rinaldi, Uerj
Douglas Barros, PUC-Campinas
Edgar Gandra, UFPel
Edson Arantes Junior, UEG
Eduardo Sterzi, Faap
Elizabeth Maria Azevedo Bilange, UFMS
Emerson Giumbelli, UFRGS
Ercília Cazarin, Univ. Passo Fundo
Ernesto Perini, UFMG
Eugênio Rezende de Carvalho, UFG
Fabiana de Souza, UFG
Fabiele Stockmans, UFPE
Fábio Franzini, Unifesp
Fernanda dos Santos Castelano Rodrigues, UFSCar
Fernando Fragozo, UFRJ
Fernando Freitas, UERJ
Fernando Resende, UFF
Fernando Salis, UFRJ
Filipe Ceppas, UFRJ
Flavio Fogliatto, UFRGS
Geísa Matos, UFC
George Lopes Paulino, UFC
Geovane Jacó, UECE
Geraldo Orthof ,UnB
Geraldo Pontes Jr., UERJ
Gesuína Leclerc, UFC
Gilberto Almeida, UFBA
Gilson Iannini, UFOP
Giselle Martins Venancio, UFF
Gizelia Maria da Silva Freitas, UFPA
Graciela Paveti, UFMG
Gustavo Coelho, UERJ
Gustavo Krause, UERJ
Hélio Carlos Miranda de Oliveira, UFU
Hélio Silva, UFSC
Henri Acselrad, UFRJ
Henrique Antoun, UFRJ
José Carlos Prioste, Uerj
José Carlos Rodrigues, PUC – Rio
José Claudinei Lombardi, Unicamp
Henrique Antoun, UFRJ
Henrique de Paiva, Uninove
Humberto Hermenegildo de Araújo, UFRN
Ianni Scarcelli, USP
Irlys Barreira, UFC
Isaurora Cláudia Martins, UVA
Ivan Rodrigues Martin, Unifesp
Izabela Tamaso, UFG
Jackson Aquino, UFC
Jacqueline Girão Lima, UFRJ
Jacqueline O.L. Zago, UFTM
Janete M. Lins de Azevedo, UFPE
Jania Perla Diógenes de Aquino, UFC
Joana Bahia, UERJ
Joelma Albuquerque, UFAL
John Comerford, UFRRJ
Jorge Valadares, Fund Oswaldo Cruz
José Artur Quilici Gonzalez, UFABC
José Lindomar Albuquerque, UNIFESP
José Luiz Ferreira, UFERSA
José Messias Bastos,UFSC
José Otávio Guimarães, UnB
José Ubiratan Delgado, IRD- CNEN
Joziane Ferraz de Assis, UFV
Kátia Paranhos, UFU
Kelen Christina Leite, UFSCar
Laura Feuerwerker, USP
Leandro Lopes Pereira de Melo, Centro Universitário Senac
Simone Wolff, UEL
Solange Ferraz de Lima, USP
Sônia Maria Rodrigues, UFG
Lena Lavinas, UFRJ
Leonardo Daniato, UniFor
Lia Tomas, Unesp
Liliam Faria Porto Borges, UNIOESTE
Lúcia Maria de Assis, UFG
Lucia Pulino, UnB
Luciana Hartmann, UnB
Luciano Mendes de Faria Filho, UFMG
Luciano Rezende, Instituto Federal de Alagoas
Luciano Simão, UFF
Luís Filipe Silvério Lima, Unifesp
Luis Mattei, UFF
Luiz Fábio Paiva, UFAM
Luiz Paulo Colatto, CEFET-RJ
Luiz Sérgio Duarte da Silva, UFG
Madalena Guasco Peixoto, PUC-SP
Marcelo Carcanholo, UFF
Marcelo de Sena, UFMG
Marcelo Martins de Sena, UFMG
Marcelo Paixão, UFRJ
Marcelo Pinheiro, UFU
Marcia Angela Aguiar, UFPE
Marcia Cristina Consolim, Unifesp
Márcia Maria Menendes Motta, UFF
Marcia Maria Motta, UFF
Marcia Paraquett, UFBA
Marcio Galdman, UFRJ
Marco André Feldman Schneider, UFF
Marcos Aurélio da Silva, UFSC
Marcos Barreto, UFRJ
Marcos Cordeiro Pires, Unesp
Marcos Santana de Souza, UFS
Marcus Wolff , UCM
Maria Amélia Dalvi, UFES
Maria Aparecida Leite Soares, Unifesp
Maria Augusta Fonseca, USP
Maria Cristina Batalha, UERJ
Maria Cristina Giorgi, CEFET- RJ
Maria Cristina Volpi, UFRJ
Mônica de Carvalho, PUC-SP
Natalia Reis, UFF
Neide T. Maia González, USP
Nelson Maravalhas, UnB
Nelson Tomazi, UEL
Maria de Fátima Gomes, UFRJ
Maria Fernanda Fernandes, Unifesp
Maria Jacqueline Lima, UFRJ
Maria José Aviz do Rosário, UFPA
Maria José Vale, Unicastelo
Maria Lúcia Homem, FAAP
Maria Lúcia Seidl, UERJ
Maria Luiza de Oliveira, Unifesp
Maria Luiza Heilborn, UERJ
Maria Neyara de Oliveira Araújo, UFC
Maria Rita Aprile, Uniban
María Zulma M. Kulikowski, USP
Mariana Cavalcanti, FGV-RJ
Marisa Bittar, UFSCar
Markus Lasch, Unifesp
Marlon Salomon, UFG
Marly Vianna, UFSCar
Márnio Pinto, UFSC
Marta Peres, UFRJ
Marta Pinheiro, UFRJ
Mary Castro, UCSal
Miroslav Milovic, UnB
Edson Arantes Jr., UERJ
Moema Rebouças, UFES
Monica Alvim, UFRJ
Monica Bruckmann, UFRJ
Nereide Saviani, Unisantos
Neusa Maria Dal Ri, Unesp
Nina Leite, Unicamp
Nise Jinkings, UFSC
Nora Krawczyk, Unicamp
Olga Cabrera, UFG
Olgamir Amancia Ferreira de Paiva, UnB
Ovídio de Abreu, UFF
Patrícia Reinheimer, UFRRJ
Patrícia Sampaio, UFAM
Paulino José Orso, Unioeste
Paulo Bernardo Ferreira Vaz, UFMG
Paulo Machado, UFSC
Paulo Pinheiro Machado, UFSC
Paulo Roberto de Almeida, UFU
Rafael Haddock-Lobo, UFRJ
Ramón Fernandez, FGV-SP
Raul Pacheco Filho, PUC-SP
Rita Schmidt, UFRGS
Robespierre de Oliveira, UEM
Rodrigo Nobile, UERJ
Rogério Medeiros, UFRJ
Ronaldo Gaspar, Unicastelo
Rosana C. Zanelatto Santos, UFMS
Rosana Costa, UFRJ
Rosemary de Oliveira Almeida, UECE
Sabrina Moehlecke, UFRJ
Sara Rojo, UFMG
Sarita Albagli, UFRJ
Sidnei Casetto, Unifesp
Silviane Barbato, UnB
Silvio Costa, PUC/GO
Simone Michelin, UFRJ
Suzzana Alice Lima Almeida, UNEB
Sylvia Novaes, USP
Tadeu Alencar Arrais, UFG
Tadeu Capistrano, UFRJ
Tania Rivera, UnB
Tatiana Roque, UFRJ
Telma Maria Gonçalves Menicucci, UFMG
Tercio Redondo, USP
Théo Lobarinhas Piñeiro, UFF
Tomaz Aroldo Santos, UFMG
Valdemar Sguissardi, UFSCar
Vera Chuelli, UFPR
Vera Figueiredo, PUC-Rio
Victor Hugo Pereira, UERJ
Viviane Veras, Unicamp
Volnei Garrafa, UnB
Wagner da Silva Teixeira, UFTM
Waldir Beividas, USP
Wilson Correia, UFRB
Adriano de Freixo, Universidade Federal Fluminense
Andre Gunder Frank, UFF
Flávia Nascimento, UNESP
Graziela Serroni Perosa, EACH/USP
Gustavo Caponi, Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC
Helena Esser dos Reis, UFG
Jaime Rodrigues, Universidade Federal de São Paulo/Unifesp
Jaqueline Kalmus, UniFIEO
Joana Ziller – Universidade Federal de Ouro Preto/UFOP
Juliana Tavares, IFF
Luis Guilherme Galeão da Silva, USP
Luiz Mariano Carvalho, UERJ
Maria Margareth de Lima, UFPB
Maria Waldenez de Oliveira, UFSCAR
Nelson Schapochnik, USP
Paulo Rodrigues Belém, PUC/Rio de Janeiro
Rita Fagundes, UFS
Tercio Loureiro Redondo, USP
Valéria Vasconcelos, UNIUBE/MG
Ana Paula Cantelli Castro, Universidade Federal do Piauí/UFP
Hélio Lemos Sôlha – Professor, UNICAMP
Pedro C. Chadarevian, UFSCAR
Ivaldo Pontes Filho, UFPE
Ricardo Summa, UFRRJ
Ernesto Salles, UFF
Sidney Calheiros de Lima, USP
Claudia Moraes de Souza, Unesp/Marília
Estêvão Martins Palitot, Universidade Federal da Paraíba/UFB
Lilian Sagio Cezar, USP
Gislene Aparecida dos Santos, EACH – USP
Eliézer Cardoso de Oliveira, Universidade Estadual de Goiás
Luiz Menna-Barreto, EACH/USP
Raquel Alvarenga Sena Venera, UFSC
Aida Marques, Universidade Federal Fluminense
Cleria Botelho da Costa, UnB
Ernestina Gomes de Oliveira, Faculdade de Direito do Instituto Superior de Ciências Aplicadas de Limeira
Kátia Menezes de Sousa, Universidade Federal de Goiás
Aluizio Moreira, UFCG
Luiz Gonzaga Godoi Trigo, EACH/USP
Lucas Bleicher, UFMG
Luiz Carlos Seixas, FMU e UniFIEO
Giane da Silva Mariano Lessa, UFRRJ
George Gomes Coutinho, Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro
Walter Andrade, Fundação Padre Albino
Antonio Torres Montenegro, Universidade Federal de Pernambuco/UFPE
Regina Beatriz Guimarães Neto, Universidade Federal de Pernambuco/UFPE
Enilce Albergaria Rocha, Universidade Federal de Juiz de Fora
Reinaldo Salvitti, USP
Vania Noeli Ferreira de Assunção, PUC/SP
José Arlindo dos Santos, Fundação Universidade do Tocantins/UNITINS
Jose Carlos Vaz, USP
Marisa Midori Deaecto, USP
Luiz Cruz Lima, Universidade Estadual do Ceará/UECE
Maria do Carmo Lessa Guimarães, Universidade Federal da Bahia/UFBA
Ebe Maria de Lima Siqueira, Universidade Estadual de Goiás/UnU
Alexei Alves de Queiroz, UnB
Francisco Mazzeu, Unesp
Cláudia Regina Vargas, UFSCAR
Fábio Ferreira de Almeida, Universidade Federal de Goiás
Celso Kraemer, Universidade Regional de Blumenau
Gladys Rocha, UFMG
Murilo César Ramos, UnB
Deolinda Freire, Universidade Federal do Triângulo Mineiro
Corinta Maria Grisolia Geraldi, UNICAMP
João Wanderley Geraldi, UNICAMP
Durval Muniz de Albuquerque Junior, Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Rafael Sanzio, UnB
Sônia Selene Baçal de Oliveira, Universidade Federal do Amazonas/UFAM
Arlindo da Silva Lourenço, Uniban
Izabel Cristina dos Santos Teixeira, UFT/Araguaína
Glaucíria Mota Brasil, Universiade Estadual do Ceará
Alícia Ferreira Gonçalves, UFPB
Francisco Alves, UFSCar
Luiz Armando Bagolin, USP
Igor Fuser, Faculdade Cásper Líbero
Paula Glenadel, UFF
Lana Ferreira de Lima, Universidade Federal de Goiás/UFG
Karina Chianca Venâncio, Universidade Federal de Pernambuco/UFPE
Surya Aaronovich Pombo de Barros, Universidade Federal da Paraíba/UFPB
Fausto Fuser, USP
Silvia Beatriz Adoue, UNESP/Araraquara
Paulo Henrique Martinez, Unesp
Iram Jácome Rodrigues, USP
Sílvio Camargo, Unicamp
Fernando Nogueira da Costa, Unicamp
Mariana Cassab, UFRJ
Suzana Guerra Albornoz, FURG/Rio Grande e UNISC/RS
Alexandre Abda, FAP/SP
José Edvar Costa de Araújo, Universidade Estadual Vale do Acaraú
Gabriel Almeida Antunes Rossini, PUC/SP
Cláudio Oliveira, Universidade Federal Fluminense/UFF
Aixa Teresinha Melo de Oliveira, CEFET/RJ – UnED/Petrópolis
Flávio Rocha de Oliveira, FESP/SP
Viviane Conceição Antunes Lima, UFRRJ
Rita Maskell Rapold, UNEB
Valter Duarte Ferreira Filho, UERJ e UFRJ
Romeu Adriano da Silva, Universidade Federal de Alfenas
Paulo Cesar Azevedo Ribeiro, Universidade Estácio de Sá
Andréa Lisly Gonçalves, Universidade Federal de Ouro Preto
Álvaro Luis Martins de Almeida Nogueira, Cefet
Welerson Fernandes Kneipp, Cefet
Jarlene Rodrigues Reis, Cefet
André Barcelos Damasceno Daibert, Cefet
Luiz Antonio Mousinho Magalhães, Universidade Federal da Paraíba/UFPB
Maria Cristina Cortez Wissenbach, USP
Denise Helena P.Laranjeira, Universidade Estadual de Feira de Santana
Magnus Roberto de Mello Pereira, Universidade Federal do Paraná/UFPR
Ricardo Cardoso Paschoal, CEFET/RJ
Luciano dos Santos Bersot, UFPR
Sérgio de Paula Machado, Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ
Antônio Alberto Machado, Unesp/Franca-SP
Sérgio Ricardo de Souza, CEFET/MG
Angela Thalassa, Faculdade de Arujá / IESA
Débora C. Piotto, USP
Marcelo Parizzi Marques Fonseca, UFSJ
Carlos Augusto de Castro Bastos, Universidade Federal do Amapá
Carina Inserra Bernini, Centro Universitário FIEO
Marta Costa, USP
Ana Paula Hey, USP
Angela Maria Carneiro Araújo, UNICAMP
Ignacio Godinho Delgado, Universidade Federal de Juiz de Fora
Otávio Luís de Santana, UFCG
Vladmir Agostini, UFSJ
Roberto de Barros Faria, Universidade Federal do Rio de Janeiro
Sônia Maria Rocha Sampaio, UFBA
Anderson Pires, Universidade Federal de Juiz de Fora/UFJF
Wilma Ferreira de Jesus, Faculdade Católica de Uberlândia
Antonio José de Almeida Meirelles, Unicamp
José Ademir Sales de Lima, USP
Ileizi Fiorelli Silva, UEL
Ana Fernandes, UFBA
Léo Carrer Nogueira, Universidade Estadual de Goiás
Regina Ilka Vieira Vasconcelos, UFU
Dilmar Santos de Miranda, UFC
Consiglia Latorre, UFC
Cláudia Maria Ribeiro Viscardi, Universidade Federal de Juiz de Fora
Sérgio Henriques Saraiva, Universidade Federal do Espírito Santo/UFES
Dolores Aronovich Aguero, Universidade Federal do Ceará
Attila Louzada, Universidade Federal do Rio Grande
Rogério Bitarelli Medeiros, Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ
Rodney Werke, Unisul
Bruno Mendonça da Silva, Universidade Católica de Pernambuco
Ricardo Oliveira, UFRRJ
Hudson Costa Gonçalves da Cruz, Universidade Estadual Vale do Acaraú
Maurício Vieira Martins, Universidade Federal Fluminense
Mário Tadeu Siqueira Barros, UECE/Universidade Estadual do Ceará
Flavio Galib, UNICAMP e UNIMEP/SP
Maria Amalia Andery, PUC/SP
Bruno Capanema, USP e UnB
José da Cruz Bispo de Miranda, UESPI
Marcos Olender, Universidade Federal de Juiz de Fora/UFJF
Simone Nacaguma, FACAMP/SP
Sônia Maria Aranha Rodrigues de Andrade, Faculdade Anhanguera
Carlos Eduardo O. Berriel, Unicamp
Yêda Maria da Costa Lima Varlotta, UMC/SP
Flávia de Mattos Motta, Universidade Estadual de Santa Catarina/USC
Maria Conceição Maciel Filgueira, Universidade Est. do Rio Grande do Norte
Robson Laverdi, UNIOESTE
Glícia Pontes, Universidade Federal do Ceará
Sebastião Faustino Pereira Filho, UFRN
Roberto Hugo Bielschowsky, Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Américo Tristão Bernardes, Universidade Federal de Ouro Preto
Telma Ferraz Leal, Universidade Federal de Pernambuco
Cristiane Kerches da Silva Leite, USP
Vivian Urquidi, USP
Adriana Duarte, UFMG
Alexandre Fortes, UFRRJ
Carmelita Brito de Freitas Felício, Universidade Federal de Goiás
Nésio Antônio Moreira Teixeira de Barros, UFRN
Luiz Gustavo Santos Cota, Faculdade de Ciências Humanas do Vale do Piranga/MG
Clóvis Alencar Butzge, Universidade Federal da Fronteira Sul/UFFS/PR
Débora Cristina Morato Pinto, UFSCar
Márcia Marques, UnB
Antonio Carlos Moraes, Universidade Federal do Espírito Santo/UFES
Ricardo Brauer Vigoderis, UFRPE/UAG
Maria Luiza Scher Pereira, UFJF
Terezinha Maria Scher Pereira, UFJF
Débora El-Jaick Andrade, Universidade Federal Fluminense
Clinio de Oliveira Amaral, UFRRJ
Cláudia Regina Andrade dos Santos, UNIRIO/UFRJ
Ulises Simon da Silveira, Univ. Est.Mato Grosso do Sul/UEMS
Fabrizio Guinzani, Unesc/SC
Ana Elizabeth Albuquerque Maia, Universidade Federal do Ceará/UFC
Pedro Germano Leal, UFRN e University of Glasgow
Dimas Enéas Soares Ferreira, FUPAC, IPTAN e EPCAR
Geraldo Moreira Prado, Estácio de Sá e UNIRIO
José Luiz Aidar Prado, PUC/SP
Maria Elaine Kohlsdorf, Universidade de Brasília/UnB
Everaldo Carlos Venâncio, Universidade Federal do ABC/SP
Cláudia Souza Leitão, Universidade Estadual do Ceará/UEC
Lídia Santos, profa. de Literatura Brasileira na Univ. da Cidade de New York, NY, EUA
Sonia Maria Guedes Gondim, Universidade Federal da Bahia/UFBA
José Clécio B. Quesado, Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ
Micheli Dantas Soares, UFBA
Marcelo Milan, University of Wisconsin Parkside
Daniela Canella, Universidade Federal de Goiás/UFG
Elisabete de Sousa Otero, UFRGS
.
Nós, professores universitários, consideramos um retrocesso as propostas e os métodos políticos da candidatura Serra. Seu histórico como governante preocupa todos que acreditam que os rumos do sistema educacional e a defesa de princípios democráticos são vitais ao futuro do país.
Sob seu governo, a Universidade de São Paulo foi invadida por policiais armados com metralhadoras, atirando bombas de gás lacrimogêneo. Em seu primeiro ato como governador, assinou decretos que revogavam a relativa autonomia financeira e administrativa das Universidades estaduais paulistas.
Os salários dos professores da USP, Unicamp e Unesp vêm sendo sistematicamente achatados, mesmo com os recordes na arrecadação de impostos. Numa inversão da situação vigente nas últimas décadas, eles se encontram hoje em patamares menores que a remuneração dos docentes das universidades federais.
Esse “choque de gestão” é ainda mais drástico no âmbito do ensino fundamental e médio, convergindo para uma política de sucateamento da Rede Pública. São Paulo foi o único Estado que não apresentou, desde 2007, crescimento no exame do Ideb, índice que avalia o aprendizado desses dois níveis educacionais.
Os salários da rede pública no Estado mais rico da federação são menores que os de Tocantins, Roraima, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Espírito Santo, Acre, entre outros. Somada aos contratos precários e às condições aviltantes de trabalho, a baixa remuneração tende a expelir desse sistema educacional os professores qualificados e a desestimular quem decide se manter na Rede Pública.
Diante das reivindicações por melhores condições de trabalho, Serra costuma afirmar que não passam de manifestação de interesses corporativos e sindicais, de “tró-ló-ló” de grupos políticos que querem desestabilizá-lo. Assim, além de evitar a discussão acerca do conteúdo das reivindicações, desqualifica movimentos organizados da sociedade civil, quando não os recebe com cassetetes.
Serra escolheu como Secretário da Educação Paulo Renato, ministro nos oito anos do governo FHC. Neste período, nenhuma Escola Técnica Federal foi construída e as existentes arruinaram-se. As universidades públicas federais foram sucateadas ao ponto em que faltou dinheiro até mesmo para pagar as contas de luz, como foi o caso na UFRJ. A proibição de novas contratações gerou um déficit de 7.000 professores.
Em contrapartida, sua gestão incentivou a proliferação sem critérios de universidades privadas. Já na Secretaria da Educação de São Paulo, Paulo Renato transferiu, via terceirização, para grandes empresas educacionais privadas a organização dos currículos escolares, o fornecimento de material didático e a formação continuada de professores. O Brasil não pode correr o risco de ter seu sistema educacional dirigido por interesses econômicos privados.
No comando do governo federal, o PSDB inaugurou o cargo de “engavetador geral da república”. Em São Paulo, nos últimos anos, barrou mais de setenta pedidos de CPIs, abafando casos notórios de corrupção que estão sendo julgados em tribunais internacionais. Sua campanha promove uma deseducação política ao imitar práticas da extrema direita norte-americana em que uma orquestração de boatos dissemina dogmas religiosos. A celebração bonapartista de sua pessoa, em detrimento das forças políticas, só encontra paralelo na campanha de 1989, de Fernando Collor.
Fábio Konder Comparato, USP
Carlos Nelson Coutinho, UFRJ
Marilena Chaui, USP
Otávio Velho, UFRJ
Ruy Fausto, USP
João José Reis, UFBA
Joel Birman, UFRJ
Dermeval Saviani, Unicamp
Emilia Viotti da Costa, USP
Renato Ortiz, Unicamp
João Adolfo Hansen, USP
Flora Sussekind, Unirio
Maria Victoria de Mesquita Benevides, USP
Laymert Garcia dos Santos, Unicamp
Franklin Leopoldo e Silva, USP
Ronaldo Vainfas, UFF
Otavio Soares Dulci, UFMG
Theotonio dos Santos, UFF
Wander Melo Miranda, UFMG
Glauco Arbix, USP
Enio Candotti, UFRJ
Luis Fernandes, UFRJ
Ildeu de Castro Moreira, UFRJ
José Castilho de Marques Neto, Unesp
Laura Tavares, UFRJ
Heloisa Fernandes, USP
José Arbex Jr., PUC-SP
Emir Sader, UERJ
Leda Paulani, USP
Luiz Renato Martins, USP
Henrique Carneiro, USP
Antonio Carlos Mazzeo, Unesp
Caio Navarro de Toledo, Unicamp
Celso Frederico, USP
Armando Boito, Unicamp
João Quartim de Moraes, Unicamp
Flavio Aguiar, USP
Wolfgang LeoMaar, UFSCar
Scarlett Marton, USP
Sidney Chalhoub, Unicamp
Léon Kossovitch, USP
Angela Leite Lopes, UFRJ
Benjamin Abdalla Jr., USP
Marcelo Perine, PUC-SP
José Ricardo Ramalho, UFRJ
Celso F. Favaretto, USP
Ivana Bentes, UFRJ
Irene Cardoso, USP
Vladimir Safatle, USP
Peter Pal Pelbart, PUC- SP
Gilberto Bercovici, USP
Consuelo Lins, UFRJ
Afrânio Catani, USP
Liliana Segnini, Unicamp
José Sérgio F. de Carvalho, USP
Eliana Regina de Freitas Dutra, UFMG
Sergio Cardoso, USP
Maria Lygia Quartim de Moraes, Unicamp
Vera da Silva Telles, USP
Juarez Guimarães, UFMG
Ricardo Musse, USP
Sebastião Velasco e Cruz, Unicamp
Maria Ligia Coelho Prado,USP
Federico Neiburg, UFRJ
José Carlos Bruni, USP
Ligia Chiappini, Universidade Livre de Berlim
Sérgio de Carvalho, USP
Marcos Dantas, UFRJ
Luiz Roncari, USP
Giuseppe Cocco, UFRJ
Eleutério Prado, USP
Walquíria Domingues Leão Rego, Unicamp
Marcos Silva, USP
Luís Augusto Fischer, UFRS
Edilson Crema, USP
Rosa Maria Dias, Uerj
José Jeremias de Oliveira Filho, USP
Evando Nascimento, UFJF
Adélia Bezerra de Meneses, Unicamp
Iumna Simon, USP
Elisa Kossovitch, Unicamp
Cilaine Alves Cunha, USP
Ladislau Dowbor, PUC-SP
Sandra Guardini Teixeira Vasconcelos, USP
Lucilia de Almeida Neves, UnB
Bernardo Ricupero, USP
Gil Vicente Reis de Figueiredo, UFSCar
Lincoln Secco, USP
Jacyntho Lins Brandão, UFMG
Marcio Suzuki, USP
José Camilo Pena, PUC-RJ
Joaquim Alves de Aguiar, USP
Eugenio Maria de França Ramos, Unesp
Alessandro Octaviani, USP
Lúcio Flávio Rodrigues de Almeida, PUC-SP
Mauro Zilbovicius, USP
Rodrigo Duarte, UFMG
Jorge Luiz Souto Maior, USP
Francisco Foot Hardman, Unicamp
Paulo Nakatani, UFES
Helder Garmes, USP
Marly de A. G. Vianna, UFSCar
Maria Lúcia Montes, USP
Adriano Codato, UFPR
Ana Fani Alessandri Carlos, USP
Denilson Lopes, UFRJ
Ricardo Nascimento Fabbrini, USP
Paulo Silveira, USP
Ernani Chaves, UFPA
Mario Sergio Salerno, USP
Evelina Dagnino, Unicamp
Zenir Campos Reis, USP
Marcos Siscar, Unicamp
Sean Purdy, USP
Liv Sovik, UFRJ
Christian Ingo Lenz Dunker, USP
João Roberto Martins Filho, UFSCar
Marcus Orione, USP
Carlos Ranulfo, UFMG
Gustavo Venturi, USP
Nelson Cardoso Amaral, UFG
Amaury Cesar Moraes, USP
Silvia de Assis Saes, UFBA
Flavio Campos, USP
Anselmo Pessoa Neto, UFG
Vinicius Berlendis de Figueiredo, UFPR
Marta Maria Chagas de Carvalho, USP
Francisco Rüdiger, UFRS
Maria Augusta da Costa Vieira, USP
Rubem Murilo Leão Rego, Unicamp
Nelson Schapochnik, USP
Maria Helena P. T. Machado, USP
Elyeser Szturm, UnB
Luiz Recaman, USP
Reginaldo Moraes, Unicamp
Iram Jácome Rodrigues, USP
Alysson Mascaro, USP
Roberto Grun, UFSCar
Paulo Benevides Soares, USP
Edson de Sousa, UFRGS
Analice Palombini, UFRS
Márcia Cavalcante Schuback, UFRJ
Luciano Elia, Uerj
Marcia Tosta Dias, Unifesp
Paulo Martins, USP
Julio Ambrozio, UFJF
Salete de Almeida Cara, USP
Oto Araujo Vale, UFSCar
Iris Kantor, USP
João Emanuel, UFRN
Francisco Alambert, USP
José Geraldo Silveira Bueno, PUC-SP
Marta Kawano, USP
José Luiz Vieira, UFF
Paulo Faria, UFRGS
Ricardo Basbaum, Uerj
Fernando Lourenço, Unicamp
Luiz Carlos Soares, UFF
André Carone, Unifesp
Adriano Scatolin, USP
Richard Simanke, UFSCar
Arlenice Almeida, Unifesp
Miriam Avila, UFMG
Sérgio Salomão Shecaira, USP
Carlos Eduardo Martins, UFRJ
Antonio Albino Canelas Rubim, UFBA.
Eduardo Morettin, USP
Claudio Oliveira, UFF
Eduardo Brandão, USP
Jesus Ranieri, Unicamp
Mayra Laudanna, USP
Aldo Duran, UFU
Luiz Hebeche, UFSC
Adma Muhana, USP
Fábio Durão, Unicamp
Amarilio Ferreira Jr., UFSCar
Marlise Matos, UFMG
Jaime Ginzburg, USP
Emiliano José, UFBA
Ianni Regia Scarcelli, USP
Ivo da Silva Júnior, Unifesp
Mauricio Santana Dias, USP
Adalberto Muller, UFF
Cláudio Oliveira, UFF
Ana Paula Pacheco, USP
Sérgio Alcides, UFMG
Heloisa Buarque de Almeida, USP
Romualdo Pessoa Campos Filho, UFG
Suzana Guerra Albornoz, UNISC/RS
Bento Itamar Borges, UFU
Tânia Pellegrini, UFSCar
Sonia Campaner, PUC-SP
Luiz Damon, UFPR
Eduardo Passos, UFF
Horácio Antunes, UFMA
Laurindo Dias Minhoto, USP
Paulo Henrique Martinez, Unesp
Igor Fuser, Faculdade Cásper Líbero
Rodnei Nascimento, Unifesp
José Paulo Guedes Pinto, UFRRJ
Herculano Campos, UFRN
Adriano de Freixo, UFF
Alexandre Fonseca, UFRJ
Raul Vinhas Ribeiro, Unicamp
Carmem Lúcia Negreiros de Figueiredo, Uerj
Carmen Gabriel, UFRJ
Ana Gonçalves Magalhães, USP
Regina Mennin, Unifesp
Regina Pedroza, UnB
Regina Vinhaes Gracindo, UnB
Elina Pessanha, UFRJ
Elisa Maria Vieira, UFMG
Reinaldo Martiniano, UFMG
Freda Indursky, UFRGS
Frederico Carvalho, UFRJ
Renata Paparelli, PUC-SP
Renato Lima Barbosa, UEL
Antonio Prado, Unicamp
Antonio Teixeira, UFMG
Aparecida Neri de Souza, Unicamp
Ricardo Barbosa de Lima, UFG
Ricardo Kosovski, UNIRIO
Ricardo Mayer, UFAL
Rita Diogo, UERJ
Adalberto Paranhos, UFU
Adalton Franciozo Diniz, PUC-SP
Alcides Fernando Gussi, UFC
Aldo Victorino, UERJ
José Guilherme Ramos, Unincor
Alex Fabiano Jardim, Unimontes
Alexandra Epoglou, UFU
Alexandre Henz, Unifesp
Alfredo Cordiviola, UFPE
Alícia Gonçalves, UFPB
Alita Sá Rego, UERJ
Alvaro Luis Nogueira, CEFET/RJ
Amaury Júnior, UFRJ
Amilcar Pereira, UFRJ
Amon Pinho, UFU
Ana Maira Coutinho, PUC-Minas
Ana Maria Araújo Freire, PUC/SP
Ana Maria Chiarini, UFMG
Ana Maria Doimo, UFMG
Ana Maria Medeiros, UERJ
André Daibert, CEFET/RJ
André Figueiredo, UFRRJ
André Leclerc, UFC
André Martins, UFRJ
André Paulo Castanha, Unioeste
Andrea Franco, PUC-Rio
Andrea Macedo, UFMG
Andrea Silva Ponte, UFPB
Angela Prysthon, UFPE
Angelita Matos Souza, Facamp
Angelita Pereira de Lima, UFG
Aníbal Bragança, UFF
Anita Leandro, UFRJ
Anna Carolina Lo Bianco, UFRJ
Antonio Carlos Lima, UFRJ
Antônio Cristian Saraiva Paiva, UFC
Antonio Justino Ruas Madureira, UFU
Antonio Pinheiro de Queiroz, UnB
Armen Mamigonian, USP
Benito Bisso Schmidt, UFRGS
Benjamin Picado, UFF
Branca Jurema Ponce, PUC/SP
Brasilmar Nunes, UFF
Bruna Dantas, Univ. Cruzeiro do Sul
Bruno Guimarães, UFOP
Carla Dias, UFRJ
Carlos Bauer, Uninove
Carlos José Espíndola, UFSC
Carolina Martins Pulici, Centro Universitário Senac
Cauê Alves, PUC-SP
Celia Rocha Calvo, UFU
César Barreira, UFC
César Nigliorin, UFF
Clara Araujo, UERJ
Clarice Mota, UFAL
Claudinei Silva, Unioeste
Claudio Benedito Baptista Leite, Unifesp
Cláudio DeNipoti, UEPG
Cleber Santos Vieira, Unifesp
Custódia Selma Sena do Amaral, UFG
Daniela Frozi, UERJ
Daniela Weber, FURG
Daniele Nilym, UFC
Dau Bastos, UFRJ
Débora Barreto, UCM
Debora Breder, UCM
Débora Diniz, UnB
Denise Golcalves, UFRJ
Diva Maciel, UnB
Doris Accioly, USP
Doris Rinaldi, Uerj
Douglas Barros, PUC-Campinas
Edgar Gandra, UFPel
Edson Arantes Junior, UEG
Eduardo Sterzi, Faap
Elizabeth Maria Azevedo Bilange, UFMS
Emerson Giumbelli, UFRGS
Ercília Cazarin, Univ. Passo Fundo
Ernesto Perini, UFMG
Eugênio Rezende de Carvalho, UFG
Fabiana de Souza, UFG
Fabiele Stockmans, UFPE
Fábio Franzini, Unifesp
Fernanda dos Santos Castelano Rodrigues, UFSCar
Fernando Fragozo, UFRJ
Fernando Freitas, UERJ
Fernando Resende, UFF
Fernando Salis, UFRJ
Filipe Ceppas, UFRJ
Flavio Fogliatto, UFRGS
Geísa Matos, UFC
George Lopes Paulino, UFC
Geovane Jacó, UECE
Geraldo Orthof ,UnB
Geraldo Pontes Jr., UERJ
Gesuína Leclerc, UFC
Gilberto Almeida, UFBA
Gilson Iannini, UFOP
Giselle Martins Venancio, UFF
Gizelia Maria da Silva Freitas, UFPA
Graciela Paveti, UFMG
Gustavo Coelho, UERJ
Gustavo Krause, UERJ
Hélio Carlos Miranda de Oliveira, UFU
Hélio Silva, UFSC
Henri Acselrad, UFRJ
Henrique Antoun, UFRJ
José Carlos Prioste, Uerj
José Carlos Rodrigues, PUC – Rio
José Claudinei Lombardi, Unicamp
Henrique Antoun, UFRJ
Henrique de Paiva, Uninove
Humberto Hermenegildo de Araújo, UFRN
Ianni Scarcelli, USP
Irlys Barreira, UFC
Isaurora Cláudia Martins, UVA
Ivan Rodrigues Martin, Unifesp
Izabela Tamaso, UFG
Jackson Aquino, UFC
Jacqueline Girão Lima, UFRJ
Jacqueline O.L. Zago, UFTM
Janete M. Lins de Azevedo, UFPE
Jania Perla Diógenes de Aquino, UFC
Joana Bahia, UERJ
Joelma Albuquerque, UFAL
John Comerford, UFRRJ
Jorge Valadares, Fund Oswaldo Cruz
José Artur Quilici Gonzalez, UFABC
José Lindomar Albuquerque, UNIFESP
José Luiz Ferreira, UFERSA
José Messias Bastos,UFSC
José Otávio Guimarães, UnB
José Ubiratan Delgado, IRD- CNEN
Joziane Ferraz de Assis, UFV
Kátia Paranhos, UFU
Kelen Christina Leite, UFSCar
Laura Feuerwerker, USP
Leandro Lopes Pereira de Melo, Centro Universitário Senac
Simone Wolff, UEL
Solange Ferraz de Lima, USP
Sônia Maria Rodrigues, UFG
Lena Lavinas, UFRJ
Leonardo Daniato, UniFor
Lia Tomas, Unesp
Liliam Faria Porto Borges, UNIOESTE
Lúcia Maria de Assis, UFG
Lucia Pulino, UnB
Luciana Hartmann, UnB
Luciano Mendes de Faria Filho, UFMG
Luciano Rezende, Instituto Federal de Alagoas
Luciano Simão, UFF
Luís Filipe Silvério Lima, Unifesp
Luis Mattei, UFF
Luiz Fábio Paiva, UFAM
Luiz Paulo Colatto, CEFET-RJ
Luiz Sérgio Duarte da Silva, UFG
Madalena Guasco Peixoto, PUC-SP
Marcelo Carcanholo, UFF
Marcelo de Sena, UFMG
Marcelo Martins de Sena, UFMG
Marcelo Paixão, UFRJ
Marcelo Pinheiro, UFU
Marcia Angela Aguiar, UFPE
Marcia Cristina Consolim, Unifesp
Márcia Maria Menendes Motta, UFF
Marcia Maria Motta, UFF
Marcia Paraquett, UFBA
Marcio Galdman, UFRJ
Marco André Feldman Schneider, UFF
Marcos Aurélio da Silva, UFSC
Marcos Barreto, UFRJ
Marcos Cordeiro Pires, Unesp
Marcos Santana de Souza, UFS
Marcus Wolff , UCM
Maria Amélia Dalvi, UFES
Maria Aparecida Leite Soares, Unifesp
Maria Augusta Fonseca, USP
Maria Cristina Batalha, UERJ
Maria Cristina Giorgi, CEFET- RJ
Maria Cristina Volpi, UFRJ
Mônica de Carvalho, PUC-SP
Natalia Reis, UFF
Neide T. Maia González, USP
Nelson Maravalhas, UnB
Nelson Tomazi, UEL
Maria de Fátima Gomes, UFRJ
Maria Fernanda Fernandes, Unifesp
Maria Jacqueline Lima, UFRJ
Maria José Aviz do Rosário, UFPA
Maria José Vale, Unicastelo
Maria Lúcia Homem, FAAP
Maria Lúcia Seidl, UERJ
Maria Luiza de Oliveira, Unifesp
Maria Luiza Heilborn, UERJ
Maria Neyara de Oliveira Araújo, UFC
Maria Rita Aprile, Uniban
María Zulma M. Kulikowski, USP
Mariana Cavalcanti, FGV-RJ
Marisa Bittar, UFSCar
Markus Lasch, Unifesp
Marlon Salomon, UFG
Marly Vianna, UFSCar
Márnio Pinto, UFSC
Marta Peres, UFRJ
Marta Pinheiro, UFRJ
Mary Castro, UCSal
Miroslav Milovic, UnB
Edson Arantes Jr., UERJ
Moema Rebouças, UFES
Monica Alvim, UFRJ
Monica Bruckmann, UFRJ
Nereide Saviani, Unisantos
Neusa Maria Dal Ri, Unesp
Nina Leite, Unicamp
Nise Jinkings, UFSC
Nora Krawczyk, Unicamp
Olga Cabrera, UFG
Olgamir Amancia Ferreira de Paiva, UnB
Ovídio de Abreu, UFF
Patrícia Reinheimer, UFRRJ
Patrícia Sampaio, UFAM
Paulino José Orso, Unioeste
Paulo Bernardo Ferreira Vaz, UFMG
Paulo Machado, UFSC
Paulo Pinheiro Machado, UFSC
Paulo Roberto de Almeida, UFU
Rafael Haddock-Lobo, UFRJ
Ramón Fernandez, FGV-SP
Raul Pacheco Filho, PUC-SP
Rita Schmidt, UFRGS
Robespierre de Oliveira, UEM
Rodrigo Nobile, UERJ
Rogério Medeiros, UFRJ
Ronaldo Gaspar, Unicastelo
Rosana C. Zanelatto Santos, UFMS
Rosana Costa, UFRJ
Rosemary de Oliveira Almeida, UECE
Sabrina Moehlecke, UFRJ
Sara Rojo, UFMG
Sarita Albagli, UFRJ
Sidnei Casetto, Unifesp
Silviane Barbato, UnB
Silvio Costa, PUC/GO
Simone Michelin, UFRJ
Suzzana Alice Lima Almeida, UNEB
Sylvia Novaes, USP
Tadeu Alencar Arrais, UFG
Tadeu Capistrano, UFRJ
Tania Rivera, UnB
Tatiana Roque, UFRJ
Telma Maria Gonçalves Menicucci, UFMG
Tercio Redondo, USP
Théo Lobarinhas Piñeiro, UFF
Tomaz Aroldo Santos, UFMG
Valdemar Sguissardi, UFSCar
Vera Chuelli, UFPR
Vera Figueiredo, PUC-Rio
Victor Hugo Pereira, UERJ
Viviane Veras, Unicamp
Volnei Garrafa, UnB
Wagner da Silva Teixeira, UFTM
Waldir Beividas, USP
Wilson Correia, UFRB
Adriano de Freixo, Universidade Federal Fluminense
Andre Gunder Frank, UFF
Flávia Nascimento, UNESP
Graziela Serroni Perosa, EACH/USP
Gustavo Caponi, Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC
Helena Esser dos Reis, UFG
Jaime Rodrigues, Universidade Federal de São Paulo/Unifesp
Jaqueline Kalmus, UniFIEO
Joana Ziller – Universidade Federal de Ouro Preto/UFOP
Juliana Tavares, IFF
Luis Guilherme Galeão da Silva, USP
Luiz Mariano Carvalho, UERJ
Maria Margareth de Lima, UFPB
Maria Waldenez de Oliveira, UFSCAR
Nelson Schapochnik, USP
Paulo Rodrigues Belém, PUC/Rio de Janeiro
Rita Fagundes, UFS
Tercio Loureiro Redondo, USP
Valéria Vasconcelos, UNIUBE/MG
Ana Paula Cantelli Castro, Universidade Federal do Piauí/UFP
Hélio Lemos Sôlha – Professor, UNICAMP
Pedro C. Chadarevian, UFSCAR
Ivaldo Pontes Filho, UFPE
Ricardo Summa, UFRRJ
Ernesto Salles, UFF
Sidney Calheiros de Lima, USP
Claudia Moraes de Souza, Unesp/Marília
Estêvão Martins Palitot, Universidade Federal da Paraíba/UFB
Lilian Sagio Cezar, USP
Gislene Aparecida dos Santos, EACH – USP
Eliézer Cardoso de Oliveira, Universidade Estadual de Goiás
Luiz Menna-Barreto, EACH/USP
Raquel Alvarenga Sena Venera, UFSC
Aida Marques, Universidade Federal Fluminense
Cleria Botelho da Costa, UnB
Ernestina Gomes de Oliveira, Faculdade de Direito do Instituto Superior de Ciências Aplicadas de Limeira
Kátia Menezes de Sousa, Universidade Federal de Goiás
Aluizio Moreira, UFCG
Luiz Gonzaga Godoi Trigo, EACH/USP
Lucas Bleicher, UFMG
Luiz Carlos Seixas, FMU e UniFIEO
Giane da Silva Mariano Lessa, UFRRJ
George Gomes Coutinho, Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro
Walter Andrade, Fundação Padre Albino
Antonio Torres Montenegro, Universidade Federal de Pernambuco/UFPE
Regina Beatriz Guimarães Neto, Universidade Federal de Pernambuco/UFPE
Enilce Albergaria Rocha, Universidade Federal de Juiz de Fora
Reinaldo Salvitti, USP
Vania Noeli Ferreira de Assunção, PUC/SP
José Arlindo dos Santos, Fundação Universidade do Tocantins/UNITINS
Jose Carlos Vaz, USP
Marisa Midori Deaecto, USP
Luiz Cruz Lima, Universidade Estadual do Ceará/UECE
Maria do Carmo Lessa Guimarães, Universidade Federal da Bahia/UFBA
Ebe Maria de Lima Siqueira, Universidade Estadual de Goiás/UnU
Alexei Alves de Queiroz, UnB
Francisco Mazzeu, Unesp
Cláudia Regina Vargas, UFSCAR
Fábio Ferreira de Almeida, Universidade Federal de Goiás
Celso Kraemer, Universidade Regional de Blumenau
Gladys Rocha, UFMG
Murilo César Ramos, UnB
Deolinda Freire, Universidade Federal do Triângulo Mineiro
Corinta Maria Grisolia Geraldi, UNICAMP
João Wanderley Geraldi, UNICAMP
Durval Muniz de Albuquerque Junior, Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Rafael Sanzio, UnB
Sônia Selene Baçal de Oliveira, Universidade Federal do Amazonas/UFAM
Arlindo da Silva Lourenço, Uniban
Izabel Cristina dos Santos Teixeira, UFT/Araguaína
Glaucíria Mota Brasil, Universiade Estadual do Ceará
Alícia Ferreira Gonçalves, UFPB
Francisco Alves, UFSCar
Luiz Armando Bagolin, USP
Igor Fuser, Faculdade Cásper Líbero
Paula Glenadel, UFF
Lana Ferreira de Lima, Universidade Federal de Goiás/UFG
Karina Chianca Venâncio, Universidade Federal de Pernambuco/UFPE
Surya Aaronovich Pombo de Barros, Universidade Federal da Paraíba/UFPB
Fausto Fuser, USP
Silvia Beatriz Adoue, UNESP/Araraquara
Paulo Henrique Martinez, Unesp
Iram Jácome Rodrigues, USP
Sílvio Camargo, Unicamp
Fernando Nogueira da Costa, Unicamp
Mariana Cassab, UFRJ
Suzana Guerra Albornoz, FURG/Rio Grande e UNISC/RS
Alexandre Abda, FAP/SP
José Edvar Costa de Araújo, Universidade Estadual Vale do Acaraú
Gabriel Almeida Antunes Rossini, PUC/SP
Cláudio Oliveira, Universidade Federal Fluminense/UFF
Aixa Teresinha Melo de Oliveira, CEFET/RJ – UnED/Petrópolis
Flávio Rocha de Oliveira, FESP/SP
Viviane Conceição Antunes Lima, UFRRJ
Rita Maskell Rapold, UNEB
Valter Duarte Ferreira Filho, UERJ e UFRJ
Romeu Adriano da Silva, Universidade Federal de Alfenas
Paulo Cesar Azevedo Ribeiro, Universidade Estácio de Sá
Andréa Lisly Gonçalves, Universidade Federal de Ouro Preto
Álvaro Luis Martins de Almeida Nogueira, Cefet
Welerson Fernandes Kneipp, Cefet
Jarlene Rodrigues Reis, Cefet
André Barcelos Damasceno Daibert, Cefet
Luiz Antonio Mousinho Magalhães, Universidade Federal da Paraíba/UFPB
Maria Cristina Cortez Wissenbach, USP
Denise Helena P.Laranjeira, Universidade Estadual de Feira de Santana
Magnus Roberto de Mello Pereira, Universidade Federal do Paraná/UFPR
Ricardo Cardoso Paschoal, CEFET/RJ
Luciano dos Santos Bersot, UFPR
Sérgio de Paula Machado, Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ
Antônio Alberto Machado, Unesp/Franca-SP
Sérgio Ricardo de Souza, CEFET/MG
Angela Thalassa, Faculdade de Arujá / IESA
Débora C. Piotto, USP
Marcelo Parizzi Marques Fonseca, UFSJ
Carlos Augusto de Castro Bastos, Universidade Federal do Amapá
Carina Inserra Bernini, Centro Universitário FIEO
Marta Costa, USP
Ana Paula Hey, USP
Angela Maria Carneiro Araújo, UNICAMP
Ignacio Godinho Delgado, Universidade Federal de Juiz de Fora
Otávio Luís de Santana, UFCG
Vladmir Agostini, UFSJ
Roberto de Barros Faria, Universidade Federal do Rio de Janeiro
Sônia Maria Rocha Sampaio, UFBA
Anderson Pires, Universidade Federal de Juiz de Fora/UFJF
Wilma Ferreira de Jesus, Faculdade Católica de Uberlândia
Antonio José de Almeida Meirelles, Unicamp
José Ademir Sales de Lima, USP
Ileizi Fiorelli Silva, UEL
Ana Fernandes, UFBA
Léo Carrer Nogueira, Universidade Estadual de Goiás
Regina Ilka Vieira Vasconcelos, UFU
Dilmar Santos de Miranda, UFC
Consiglia Latorre, UFC
Cláudia Maria Ribeiro Viscardi, Universidade Federal de Juiz de Fora
Sérgio Henriques Saraiva, Universidade Federal do Espírito Santo/UFES
Dolores Aronovich Aguero, Universidade Federal do Ceará
Attila Louzada, Universidade Federal do Rio Grande
Rogério Bitarelli Medeiros, Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ
Rodney Werke, Unisul
Bruno Mendonça da Silva, Universidade Católica de Pernambuco
Ricardo Oliveira, UFRRJ
Hudson Costa Gonçalves da Cruz, Universidade Estadual Vale do Acaraú
Maurício Vieira Martins, Universidade Federal Fluminense
Mário Tadeu Siqueira Barros, UECE/Universidade Estadual do Ceará
Flavio Galib, UNICAMP e UNIMEP/SP
Maria Amalia Andery, PUC/SP
Bruno Capanema, USP e UnB
José da Cruz Bispo de Miranda, UESPI
Marcos Olender, Universidade Federal de Juiz de Fora/UFJF
Simone Nacaguma, FACAMP/SP
Sônia Maria Aranha Rodrigues de Andrade, Faculdade Anhanguera
Carlos Eduardo O. Berriel, Unicamp
Yêda Maria da Costa Lima Varlotta, UMC/SP
Flávia de Mattos Motta, Universidade Estadual de Santa Catarina/USC
Maria Conceição Maciel Filgueira, Universidade Est. do Rio Grande do Norte
Robson Laverdi, UNIOESTE
Glícia Pontes, Universidade Federal do Ceará
Sebastião Faustino Pereira Filho, UFRN
Roberto Hugo Bielschowsky, Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Américo Tristão Bernardes, Universidade Federal de Ouro Preto
Telma Ferraz Leal, Universidade Federal de Pernambuco
Cristiane Kerches da Silva Leite, USP
Vivian Urquidi, USP
Adriana Duarte, UFMG
Alexandre Fortes, UFRRJ
Carmelita Brito de Freitas Felício, Universidade Federal de Goiás
Nésio Antônio Moreira Teixeira de Barros, UFRN
Luiz Gustavo Santos Cota, Faculdade de Ciências Humanas do Vale do Piranga/MG
Clóvis Alencar Butzge, Universidade Federal da Fronteira Sul/UFFS/PR
Débora Cristina Morato Pinto, UFSCar
Márcia Marques, UnB
Antonio Carlos Moraes, Universidade Federal do Espírito Santo/UFES
Ricardo Brauer Vigoderis, UFRPE/UAG
Maria Luiza Scher Pereira, UFJF
Terezinha Maria Scher Pereira, UFJF
Débora El-Jaick Andrade, Universidade Federal Fluminense
Clinio de Oliveira Amaral, UFRRJ
Cláudia Regina Andrade dos Santos, UNIRIO/UFRJ
Ulises Simon da Silveira, Univ. Est.Mato Grosso do Sul/UEMS
Fabrizio Guinzani, Unesc/SC
Ana Elizabeth Albuquerque Maia, Universidade Federal do Ceará/UFC
Pedro Germano Leal, UFRN e University of Glasgow
Dimas Enéas Soares Ferreira, FUPAC, IPTAN e EPCAR
Geraldo Moreira Prado, Estácio de Sá e UNIRIO
José Luiz Aidar Prado, PUC/SP
Maria Elaine Kohlsdorf, Universidade de Brasília/UnB
Everaldo Carlos Venâncio, Universidade Federal do ABC/SP
Cláudia Souza Leitão, Universidade Estadual do Ceará/UEC
Lídia Santos, profa. de Literatura Brasileira na Univ. da Cidade de New York, NY, EUA
Sonia Maria Guedes Gondim, Universidade Federal da Bahia/UFBA
José Clécio B. Quesado, Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ
Micheli Dantas Soares, UFBA
Marcelo Milan, University of Wisconsin Parkside
Daniela Canella, Universidade Federal de Goiás/UFG
Elisabete de Sousa Otero, UFRGS
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A força dos movimentos sociais
Reproduzo reportagem de João Peres, publicada na Rede Brasil Atual:
São Paulo – A candidatura governista à Presidência da República somou importantes apoios nesta reta final de campanha. Após diversos setores acadêmicos declararem que não querem o retorno das políticas neoliberais, linha representada pelo candidato José Serra (PSDB), foi a vez de trabalhadores, líderes religiosos, estudantes e movimentos sociais mostrarem que desejam a continuidade.
Nesta sexta-feira (15), a candidata Dilma Rousseff (PT) recebeu, primeiramente, o apoio de profissionais da área de educação. O incentivo mais forte, no entanto, veio mais tarde, durante comício em São Miguel Paulista, na zona leste de São Paulo. O multitudinário evento marcou o início de uma série de ações que tentam frear o crescimento do adversário do PSDB, e mostrar que a vitória tucana significaria o retorno às políticas dos anos 1990.
Trabalhadores e estudantes, além de reafirmarem o desejo de continuidade, entregaram à candidata os compromissos que esperam ver cumpridos ao longo dos próximos quatro anos. Para as centrais sindicais, os pontos principais são a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais e a manutenção da política de valorização do salário mínimo – este último ponto já acordado.
Artur Henrique, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), pontuou que querem transformar em derrota a vitória de Dilma no primeiro turno e convocou a militância a conquistar, nas ruas, os votos necessários para triunfar no dia 31 de outubro. “Essa proposta de salário mínimo de R$ 600 é para acabar com a política de valorização, que acertamos com o governo até 2023”, afirmou, a respeito da promessa eleitoral de Serra. Artur e outros discursantes da noite lembraram que, no período FHC, não houve uma política para o mínimo, que acabou defasado. O deputado Paulo Pereira da Silva, da Força Sindical, classificou de demagogia a proposta do tucano.
Religião
O ato ocorreu em meio à tentativa da campanha de reverter o estrago gerado pelos boatos em torno da candidata, em especial a questão do aborto. Por isso, as falas foram abertas por líderes religiosos, que lembraram a importância de o país seguir no caminho da redução das injustiças.
O discurso mais enfático foi do Padre Júlio Lancelotti, fortemente aplaudido ao afirmar que é preciso afastar o “demônio da injustiça”. “Queremos escolher o caminho que defenda os pobres, que livre as pessoas da escravidão. Não usamos a palavra de Deus para fazer acordo com a mentira e com a maldade.” Com um público bastante receptivo, o padre pediu que se orasse o Pai Nosso, no que foi prontamente atendido pela multidão.
Mulheres pioneiras
Movimentos sociais apoiam candidatura de Dilma (Foto: Gerardo Lazzari) Outra que aumentou a empolgação dos presentes foi a deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP). A parlamentar fez um discurso inflamado em que lembrou que São Miguel tem bastante “cabeça chata e pescoço curto”, referência a nordestinos como ela e o presidente Lula.
Erundina lembrou que foi a zona leste paulistana que a elegeu prefeita no fim da década de 1980. “Adivinha quem derrotei?”, perguntava a deputada, que recebia das massas a resposta em uníssono: “Maluf”. “E quem mais eu derrotei? Derrotei Serra. Derrotei Serra. Derrotei Serra”, vibrava, afirmando que agora chegou mais uma “desaforada para a desforra”.
Para Erundina, é a hora da segunda grande revolução neste país, que em 2002 elegeu um “cabeça chata” para a Presidência.
– Fez ou não fez um bom governo?
– Fez – clamava a massa.
– Vocês querem continuar?
– Sim.
– Vamos eleger a primeira mulher para presidente. Vamos ou não vamos?
– Vamos.
– Quem é essa mulher?
– Dilma, Dilma, Dilma – era o grito que se ouvia da multidão.
Os oradores do comício deixaram claro que não se pode perder de vista que Serra, apesar de não ser próximo das massas, tem a seu favor a velha mídia. Wagner Gomes, da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, considera que há uma campanha “dia e noite” a favor do tucano. “Quero saber que apoio popular tem José Serra. Queria que a imprensa mostrasse algum comício do Serra.”
O presidente Lula também chamou atenção, de maneira indireta, para o tema. “Queria dizer, para a imprensa anotar, que é uma vergonha a campanha do nosso adversário em ataques à companheira Dilma Rousseff. É uma vergonha o preconceito contra a mulher.”
Professor
O comício voltou a reunir os candidatos da base aliada em São Paulo, vencedores ou não das eleições de 3 de outubro. Aloizio Mercadante, que se candidatou ao governo paulista, elencou problemas da gestão de Serra no estado, focando especialmente na questão da educação devido ao Dia do Professor, celebrado nesta sexta.
“Como tratou o professor no governo deles? 100 mil professores sem concurso. E quando foram reivindicar, receberam cacetete e borrachada”, destacou, lembrando da repressão policial aos docentes da rede pública estadual que fizeram greve este ano. “Não vem agora fazer demagogia e prometer porque você nunca respeitou o professor”.
O vereador paulistano Netinho (PCdoB), derrotado na disputa ao Senado, lembrou que aqueles que “abriram as portas” das universidades para os negros foram Dilma e Lula. De acordo com dados divulgados recentemente pelo IBGE, o acesso de “pretos” (nomenclatura do instituto) ao ensino superior quadruplicou no período.
Marta Suplicy, eleita para o Senado pelo PT, lamentou a campanha de difamação contra a ex-ministra, a quem classificou de “uma mulher de garra”. “Quem passa pelo que essa mulher passou enfrenta tudo.”
A noite foi de estreia do novo jingle de campanha. Em tom de música popular brasileira, a música apresenta um homem que comemora a mudança vista em sua vida nos últimos anos: trabalho, comida na mesa, lazer. O evento terminou ao som de "Hoje posso sonhar / Meu Brasil tá querendo Dilma / Meu Brasil tá querendo continuar."
Fotos: Gerardo Lazzari.
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Os jornalistas e a volta da Santa Inquisição
Reproduzo artigo de Leonardo Sakamoto, publicado em seu blog:
No dia 10 de maio de 1933, montanhas de livros foram criadas nas praças de diversas cidades da Alemanha. O regime nazista queria fazer uma limpeza da literatura e de todos os escritos que desviassem dos padrões impostos. Centenas de milhares queimaram até as cinzas.
Einstein, Mann, Freud, entre outros, foram perseguidos por ousarem pensar diferente da maioria. A Alemanha “purificou pelo fogo” as idéias imundas deles, da mesma forma que, durante a Contra-Reforma, a Santa Inquisição purificou com fogo a carne, o sangue e os ossos daqueles que ousaram não concordar com suas idéias. A opinião pública e parte dos intelectuais alemães se acovardaram ou acharam pertinente o fogaréu nazista, levado a cabo por estudantes que apoiavam o regime. Deu no que deu.
Hoje, colegas da imprensa me contam histórias de membros de igrejas e templos do interior pedindo a seus fiéis que destruam livros que tratem de direitos humanos – agindo, provavelmente, sem o aval das cúpulas de suas denominações. Que se livrem de tudo o que não tenha a ver com a visão violenta e, portanto, errada que eles têm do amor. Demorou, mas veio. O pessoal que sente saudades da Idade Média saiu do armário.
Será que, no afã de contestar propostas presentes no III Programa Nacional de Direitos Humanos, parte da imprensa conseguiu finalmente cristalizar a imagem idiota que “direitos humanos” é coisa de defender bandido, matar crianças e proibir as pessoas de terem fé?
Direitos humanos diz respeito exatamente ao contrário. Considerando que todas as pessoas nasçam iguais e livres, por todas compartilharem da raça humana, elas merecem ser tratadas com dignidade e respeito.
Se pegarem todos os Programas Nacionais dos Direitos Humanos, de FHC a Lula, verão que eles tratam de liberdade religiosa e de associação, do direito à saude, à educação, à cultura, a ter uma identidade, a andar livremente, de falar e defender posições sem ser agredido, de não ter medo de passar fome ou de viver na miséria, de poder participar do processo político, de eleger e ser eleito, do direito a não ser expulso de sua casa, do direito à segurança, à integridade do seu corpo, a um julgamento justo, de não ser tratado como animal. De encontrar no outro um semelhante e tratá-lo como tal.
Não importa em quem você vote, não importa quem você queira no poder. Mas não deixe os mesmos ventos que sopraram em 1933 se espalharem pelo Brasil do início do século 21. Estratégias eleitorais acordaram um monstro - algumas pessoas das próprias campanhas já perceberam a besteira que fizeram, mas a espiral negativa agora gira por si e só uma ação combinada dos dois lados faria ela parar.
Esse monstro, a Intolerância, continua sendo alimentado a cada dia, pelo ódio, pelo irracional. Argumentos já não fazem efeito. O problema é que ele não vai parar no dia 31 de outubro, e quando tiver devorado o pouco de dignidade que conseguimos garantir às minorias, virá atrás das míseras liberdades individuais de todos, que não corresponderem à fé professada por alguns. Nós, como jornalistas, temos um dever de evitar alimentá-lo, sob o risco de sermos, ao final, cúmplices de tudo isso.
Estamos vivendo algo que não tem cara de eleições e sim de Contra-Reforma, agora com a participação de setores Protestantes e de grupos Católicos que foram perseguidos e torturados séculos atrás. Quem diria.
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No dia 10 de maio de 1933, montanhas de livros foram criadas nas praças de diversas cidades da Alemanha. O regime nazista queria fazer uma limpeza da literatura e de todos os escritos que desviassem dos padrões impostos. Centenas de milhares queimaram até as cinzas.
Einstein, Mann, Freud, entre outros, foram perseguidos por ousarem pensar diferente da maioria. A Alemanha “purificou pelo fogo” as idéias imundas deles, da mesma forma que, durante a Contra-Reforma, a Santa Inquisição purificou com fogo a carne, o sangue e os ossos daqueles que ousaram não concordar com suas idéias. A opinião pública e parte dos intelectuais alemães se acovardaram ou acharam pertinente o fogaréu nazista, levado a cabo por estudantes que apoiavam o regime. Deu no que deu.
Hoje, colegas da imprensa me contam histórias de membros de igrejas e templos do interior pedindo a seus fiéis que destruam livros que tratem de direitos humanos – agindo, provavelmente, sem o aval das cúpulas de suas denominações. Que se livrem de tudo o que não tenha a ver com a visão violenta e, portanto, errada que eles têm do amor. Demorou, mas veio. O pessoal que sente saudades da Idade Média saiu do armário.
Será que, no afã de contestar propostas presentes no III Programa Nacional de Direitos Humanos, parte da imprensa conseguiu finalmente cristalizar a imagem idiota que “direitos humanos” é coisa de defender bandido, matar crianças e proibir as pessoas de terem fé?
Direitos humanos diz respeito exatamente ao contrário. Considerando que todas as pessoas nasçam iguais e livres, por todas compartilharem da raça humana, elas merecem ser tratadas com dignidade e respeito.
Se pegarem todos os Programas Nacionais dos Direitos Humanos, de FHC a Lula, verão que eles tratam de liberdade religiosa e de associação, do direito à saude, à educação, à cultura, a ter uma identidade, a andar livremente, de falar e defender posições sem ser agredido, de não ter medo de passar fome ou de viver na miséria, de poder participar do processo político, de eleger e ser eleito, do direito a não ser expulso de sua casa, do direito à segurança, à integridade do seu corpo, a um julgamento justo, de não ser tratado como animal. De encontrar no outro um semelhante e tratá-lo como tal.
Não importa em quem você vote, não importa quem você queira no poder. Mas não deixe os mesmos ventos que sopraram em 1933 se espalharem pelo Brasil do início do século 21. Estratégias eleitorais acordaram um monstro - algumas pessoas das próprias campanhas já perceberam a besteira que fizeram, mas a espiral negativa agora gira por si e só uma ação combinada dos dois lados faria ela parar.
Esse monstro, a Intolerância, continua sendo alimentado a cada dia, pelo ódio, pelo irracional. Argumentos já não fazem efeito. O problema é que ele não vai parar no dia 31 de outubro, e quando tiver devorado o pouco de dignidade que conseguimos garantir às minorias, virá atrás das míseras liberdades individuais de todos, que não corresponderem à fé professada por alguns. Nós, como jornalistas, temos um dever de evitar alimentá-lo, sob o risco de sermos, ao final, cúmplices de tudo isso.
Estamos vivendo algo que não tem cara de eleições e sim de Contra-Reforma, agora com a participação de setores Protestantes e de grupos Católicos que foram perseguidos e torturados séculos atrás. Quem diria.
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Maria Rita Kehl e a campanha fascistóide
Reproduzo entrevista concedida ao jornalista Celso Marcondes, publicado no sítio da revista CartaCapital:
O fim da coluna da psicanalista Maria Rita Kehl no O Estado de S.Paulo foi um dos assuntos da semana, em particular na internet. Seu artigo “Dois Pesos” foi pesado demais para os donos do diário paulista. Neste espaço, publicamos vários artigos a respeito. A repercussão enorme gerou até um abaixo-assinado que corre pela rede em sua defesa. Passado o impacto, Rita Kehl conversou com CartaCapital a respeito das eleições presidenciais, que ela acompanha de perto, com o olhar da profissional conceituada em sua área e também com a visão de cidadã e jornalista, carreira que seguiu nos tempos da ditadura. Ela se diz escandalizada com os temas que tomaram conta do debate eleitoral e responsabilizou a campanha do PSDB por isso.
Teu artigo no Estadão discutia a disseminação de um grave preconceito através da rede. Essa parece ter sido uma característica do uso do veículo nestas eleições, em particular entre a chamada classe média. Você acredita que a internet, pelas suas especificidades, ajuda a este tipo de comportamento?
Ajuda de fato. A internet, pela facilidade de acesso, pelas características que só ela tem, apresenta este potencial terrível de ser lugar da fofoca, de blábláblá. Mesmo quando não é um uso irresponsável, como são os casos destes tuites para dizer ”olha, eu estou aqui”, “eu existo”, “olha a foto do meu filho”, “do aniversário do fulano”. Mas tem também um potencial incrível, como a possibilidade de convocar uma passeata da manhã para a tarde, como aconteceu antes da guerra do Iraque, em vários países do mundo, e reunir milhões de pessoas. Então, eu não condenaria a internet, ela tem grande potencial, é um veiculo que dá justamente a possibilidade de você se incluir, de você escrever, pelo menos para quem é da classe média ou que tem acesso a uma lan house. Ela serve a essas duas coisas. Talvez com o tempo os leitores comecem a criar sua própria capacidade de discriminar.
O preconceito que você identifica no teu artigo, este incomodo com a ascensão dos mais pobres, e por consequência com um governo mais identificado com eles, não é uma marca das nossas elites que aparece muito na rede?
Veja, a internet divulgou essas correntes preconceituosas, apócrifas, que sempre começavam assim: “uma prima minha”, “um parente meu”, “um amigo da minha empregada”, sempre assim. Mas por outro lado, o que tem de legal, é que, por exemplo, este meu artigo foi mais lido que qualquer outra coisa que eu jamais tenha escrito. Se ele tivesse ficado apenas no Estadão, ele teria sido lido, mas jamais deste jeito. Isso é uma coisa muito legal.
Falemos de ética: você acha que o caso Erenice atingiu eleitoralmente esta classe média?
Eu acho que sim. Eu li um artigo dizendo que o caso Erenice foi mais decisivo para exigir o segundo turno que essa “fofocaiada” toda sobre o aborto. E, infelizmente, está certo. O governo para o qual eu voto e continuo votando tem uma leniência com a questão da corrupção, que deixa até difícil um petista defender, tenho que dizer isso. Lula naturalizou a corrupção, como sendo parte do jogo político. E aí, está bom, quando fica mais escandaloso, demite. Mas “deixa acontecer”, entendeu? Renan Calheiros, Sarney, são vergonhas que a gente tem que engolir, fica parecendo que é culpa da oposição agitar isso. Claro que ela vai agitar. Nós agitaríamos isso se aparecesse uma coisa tão escandalosa na outra campanha.
A diferença aí – que é a favor da atitude do governo Lula, mas que ao mesmo tempo não o torna vítima – é que o governo Lula não consegue blindar a imprensa como o governo do PSDB consegue, porque tem a imprensa na mão. Então, quando surge alguma coisa, surge como fofoca que desaparece no dia seguinte. Como a coisa do Paulo Preto, que o Serra não respondeu no debate e ficou por isso mesmo. A gente sabe que é um governo que blinda. O Alckmin, como a candidatura dele estava bem, teve a campanha toda em céu de brigadeiro, do começo ao fim, não tinha ninguém que pudesse pegar alguma coisa e contestar. E se pegasse, não ia sair na imprensa. De fato, a grande imprensa se encarrega de censurar quaisquer denúncias sobre os governos que ela apoia. Mas mesmo que a imprensa seja parcial ao denunciar um caso como o da Erenice, o caso em si está errado, não poderia aparecer.
O governo não poderia ficar surpreso com a “escandalização” feita pela grande imprensa, certo?
Claro! Ele sabe qual é o jogo e não era para ter corrupção deste jeito. Uma coisa ou outra você não controla, uma coisa pequena, mas para mim é difícil responder quando as pessoas dizem: “mas, como? Estava no nariz dela! Era uma coisa que estava a família inteira metendo a mão”. Coloca os petistas numa situação difícil.
Esta eleição está sendo marcada também pela discussão de temas no campo da moral: aborto, religião. O que te parece isso?
Eu acho que isso mostra o atraso da sociedade brasileira. Porque, claro, nenhum candidato vai ser eleito se estiver em descompasso com a maioria da sociedade. O Plínio foi um exemplo ótimo, de um cara que falava tudo o que tinha na cabeça, tudo o que ele pensa de verdade, de uma forma consistente, porque ele não tinha compromisso de se eleger. O que me espanta é o atraso da sociedade brasileira. E a ignorância aí é apoiada pelo Serra de misturar questões religiosas com questões políticas. Como é que as igrejas começam a pautar a lei agora? Uma coisa é eles decidirem o que é pecado e o que não é, outra coisa é eles decidirem o que é ilegal e o que não é.
E isso acabou virando pauta de campanha presidencial, não é?
Vira pauta e vira motivo de constrangimento. A campanha do PSDB tem responsabilidades sim, de acirrar esta intolerância religiosa neste momento da campanha. A Dilma respondeu duas vezes no debate da Band que neste País não tem intolerância religiosa. Fica esta irresponsabilidade feia do PSDB estar acirrando isso, mas ao mesmo tempo a sociedade mostra neste ponto como é atrasada. Aparecem comentários de que a Dilma é a favor do aborto como se ela tivesse o poder de decidir, se ela apoia o aborto, vai ter aborto. Como se isso não tivesse que passar pelo Congresso. Além de tudo joga muito com a ignorância do povo.
E os candidatos chegam a “endireitar”, fazer campanha nas igrejas e citarem Deus à exaustão. Não acha que isso tem um papel deseducador, em particular para crianças e adolescentes?
Isso é o pior. Por um lado, eu acho que o problema da corrupção não é da responsabilidade do PSDB, eles vão extrair o máximo de vantagens que puderem arrancar deste caso da Casa Civil. Por outro lado, é responsabilidade sim, do PSDB e da campanha Serra o tom fascistóide que estas coisas estão adquirindo. É horrível que os candidatos tenham que aparecer ajoelhados comungando, dizendo que são a favor da vida… claro que são a favor da vida, quem é que não é?
Agora, é a Igreja que não é a favor da vida. Aí é uma opinião minha. A ONG Católicas pelo Direito de Decidir me convidou para debater e elas pensam assim: a criminalização do aborto é uma questão contra a liberdade sexual da mulher, ponto. Não pode usar camisinha, porque a Igreja também é contra. Então é uma questão de dizer: sexo só dentro do casamento e só para ter filho. É isso, que não está escrito assim, mas é o que está dito. Se não pode usar preservativo, não pode evitar filho, não pode nem evitar infecções, epidemias como o HIV que mata milhões na África, que “a favor da vida” é esse?
O Dafolha divulgou uma pesquisa que diz que a posição contra o aborto na sociedade aumentou depois destas semanas de discussão na campanha, veja o efeito nocivo.
Claro, porque o que circula é uma desinformação, “coitadinha da criancinha”, “eu poderia ter sido abortado” e “porque eu não fui abortado eu estou aqui”, não é neste grau. E a Marina tem responsabilidade nisso. Mesmo que a Dilma ganhe, a sociedade retrocedeu muito e isso é responsabilidade da campanha. É terrível.
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O fim da coluna da psicanalista Maria Rita Kehl no O Estado de S.Paulo foi um dos assuntos da semana, em particular na internet. Seu artigo “Dois Pesos” foi pesado demais para os donos do diário paulista. Neste espaço, publicamos vários artigos a respeito. A repercussão enorme gerou até um abaixo-assinado que corre pela rede em sua defesa. Passado o impacto, Rita Kehl conversou com CartaCapital a respeito das eleições presidenciais, que ela acompanha de perto, com o olhar da profissional conceituada em sua área e também com a visão de cidadã e jornalista, carreira que seguiu nos tempos da ditadura. Ela se diz escandalizada com os temas que tomaram conta do debate eleitoral e responsabilizou a campanha do PSDB por isso.
Teu artigo no Estadão discutia a disseminação de um grave preconceito através da rede. Essa parece ter sido uma característica do uso do veículo nestas eleições, em particular entre a chamada classe média. Você acredita que a internet, pelas suas especificidades, ajuda a este tipo de comportamento?
Ajuda de fato. A internet, pela facilidade de acesso, pelas características que só ela tem, apresenta este potencial terrível de ser lugar da fofoca, de blábláblá. Mesmo quando não é um uso irresponsável, como são os casos destes tuites para dizer ”olha, eu estou aqui”, “eu existo”, “olha a foto do meu filho”, “do aniversário do fulano”. Mas tem também um potencial incrível, como a possibilidade de convocar uma passeata da manhã para a tarde, como aconteceu antes da guerra do Iraque, em vários países do mundo, e reunir milhões de pessoas. Então, eu não condenaria a internet, ela tem grande potencial, é um veiculo que dá justamente a possibilidade de você se incluir, de você escrever, pelo menos para quem é da classe média ou que tem acesso a uma lan house. Ela serve a essas duas coisas. Talvez com o tempo os leitores comecem a criar sua própria capacidade de discriminar.
O preconceito que você identifica no teu artigo, este incomodo com a ascensão dos mais pobres, e por consequência com um governo mais identificado com eles, não é uma marca das nossas elites que aparece muito na rede?
Veja, a internet divulgou essas correntes preconceituosas, apócrifas, que sempre começavam assim: “uma prima minha”, “um parente meu”, “um amigo da minha empregada”, sempre assim. Mas por outro lado, o que tem de legal, é que, por exemplo, este meu artigo foi mais lido que qualquer outra coisa que eu jamais tenha escrito. Se ele tivesse ficado apenas no Estadão, ele teria sido lido, mas jamais deste jeito. Isso é uma coisa muito legal.
Falemos de ética: você acha que o caso Erenice atingiu eleitoralmente esta classe média?
Eu acho que sim. Eu li um artigo dizendo que o caso Erenice foi mais decisivo para exigir o segundo turno que essa “fofocaiada” toda sobre o aborto. E, infelizmente, está certo. O governo para o qual eu voto e continuo votando tem uma leniência com a questão da corrupção, que deixa até difícil um petista defender, tenho que dizer isso. Lula naturalizou a corrupção, como sendo parte do jogo político. E aí, está bom, quando fica mais escandaloso, demite. Mas “deixa acontecer”, entendeu? Renan Calheiros, Sarney, são vergonhas que a gente tem que engolir, fica parecendo que é culpa da oposição agitar isso. Claro que ela vai agitar. Nós agitaríamos isso se aparecesse uma coisa tão escandalosa na outra campanha.
A diferença aí – que é a favor da atitude do governo Lula, mas que ao mesmo tempo não o torna vítima – é que o governo Lula não consegue blindar a imprensa como o governo do PSDB consegue, porque tem a imprensa na mão. Então, quando surge alguma coisa, surge como fofoca que desaparece no dia seguinte. Como a coisa do Paulo Preto, que o Serra não respondeu no debate e ficou por isso mesmo. A gente sabe que é um governo que blinda. O Alckmin, como a candidatura dele estava bem, teve a campanha toda em céu de brigadeiro, do começo ao fim, não tinha ninguém que pudesse pegar alguma coisa e contestar. E se pegasse, não ia sair na imprensa. De fato, a grande imprensa se encarrega de censurar quaisquer denúncias sobre os governos que ela apoia. Mas mesmo que a imprensa seja parcial ao denunciar um caso como o da Erenice, o caso em si está errado, não poderia aparecer.
O governo não poderia ficar surpreso com a “escandalização” feita pela grande imprensa, certo?
Claro! Ele sabe qual é o jogo e não era para ter corrupção deste jeito. Uma coisa ou outra você não controla, uma coisa pequena, mas para mim é difícil responder quando as pessoas dizem: “mas, como? Estava no nariz dela! Era uma coisa que estava a família inteira metendo a mão”. Coloca os petistas numa situação difícil.
Esta eleição está sendo marcada também pela discussão de temas no campo da moral: aborto, religião. O que te parece isso?
Eu acho que isso mostra o atraso da sociedade brasileira. Porque, claro, nenhum candidato vai ser eleito se estiver em descompasso com a maioria da sociedade. O Plínio foi um exemplo ótimo, de um cara que falava tudo o que tinha na cabeça, tudo o que ele pensa de verdade, de uma forma consistente, porque ele não tinha compromisso de se eleger. O que me espanta é o atraso da sociedade brasileira. E a ignorância aí é apoiada pelo Serra de misturar questões religiosas com questões políticas. Como é que as igrejas começam a pautar a lei agora? Uma coisa é eles decidirem o que é pecado e o que não é, outra coisa é eles decidirem o que é ilegal e o que não é.
E isso acabou virando pauta de campanha presidencial, não é?
Vira pauta e vira motivo de constrangimento. A campanha do PSDB tem responsabilidades sim, de acirrar esta intolerância religiosa neste momento da campanha. A Dilma respondeu duas vezes no debate da Band que neste País não tem intolerância religiosa. Fica esta irresponsabilidade feia do PSDB estar acirrando isso, mas ao mesmo tempo a sociedade mostra neste ponto como é atrasada. Aparecem comentários de que a Dilma é a favor do aborto como se ela tivesse o poder de decidir, se ela apoia o aborto, vai ter aborto. Como se isso não tivesse que passar pelo Congresso. Além de tudo joga muito com a ignorância do povo.
E os candidatos chegam a “endireitar”, fazer campanha nas igrejas e citarem Deus à exaustão. Não acha que isso tem um papel deseducador, em particular para crianças e adolescentes?
Isso é o pior. Por um lado, eu acho que o problema da corrupção não é da responsabilidade do PSDB, eles vão extrair o máximo de vantagens que puderem arrancar deste caso da Casa Civil. Por outro lado, é responsabilidade sim, do PSDB e da campanha Serra o tom fascistóide que estas coisas estão adquirindo. É horrível que os candidatos tenham que aparecer ajoelhados comungando, dizendo que são a favor da vida… claro que são a favor da vida, quem é que não é?
Agora, é a Igreja que não é a favor da vida. Aí é uma opinião minha. A ONG Católicas pelo Direito de Decidir me convidou para debater e elas pensam assim: a criminalização do aborto é uma questão contra a liberdade sexual da mulher, ponto. Não pode usar camisinha, porque a Igreja também é contra. Então é uma questão de dizer: sexo só dentro do casamento e só para ter filho. É isso, que não está escrito assim, mas é o que está dito. Se não pode usar preservativo, não pode evitar filho, não pode nem evitar infecções, epidemias como o HIV que mata milhões na África, que “a favor da vida” é esse?
O Dafolha divulgou uma pesquisa que diz que a posição contra o aborto na sociedade aumentou depois destas semanas de discussão na campanha, veja o efeito nocivo.
Claro, porque o que circula é uma desinformação, “coitadinha da criancinha”, “eu poderia ter sido abortado” e “porque eu não fui abortado eu estou aqui”, não é neste grau. E a Marina tem responsabilidade nisso. Mesmo que a Dilma ganhe, a sociedade retrocedeu muito e isso é responsabilidade da campanha. É terrível.
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Bergamo e o aborto de Monica Serra
Reproduzo reportagem de Mônica Bergamo, publicada sem maior destaque na Folha de S.Paulo de hoje com o título "Monica Serra contou ter feito aborto, diz ex-aluna":
O discurso do candidato à Presidência José Serra (PSDB) de que é contra o aborto por "valores cristãos", que impedem a interrupção da gravidez em quaisquer circunstâncias, é questionado por ex-alunas de sua mulher, Monica Serra.
Num evento no Rio, há um mês, a psicóloga teria dito a um evangélico, segundo a Agência Estado, que a candidata Dilma Rousseff (PT), que já defendeu a descriminalização do aborto, é a favor de "matar criancinhas".
Segundo relato feito à Folha por ex-alunas de Monica no curso de dança da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), a então professora lhes contou em uma aula, em 1992, que fez um aborto quando estava no exílio com o marido.
Depois do golpe militar no Brasil, Serra se mudou para o Chile, onde conheceu a mulher. Em 1973, com o golpe que levou Augusto Pinochet ao poder, o casal se mudou para os Estados Unidos.
Outro lado
A Folha tentou falar com Monica Serra durante dois dias para comentar o relato das ex-alunas, sem sucesso. Um dia depois do debate da TV Bandeirantes, no domingo, 10, a bailarina Sheila Canevacci Ribeiro, 37, postou uma mensagem em seu Facebook para "deixar a minha indignação pelo posicionamento escorregadio de José Serra" em relação ao tema.
Ela escreveu que Serra não respeitava "tantas mulheres, começando pela sua própria mulher. Sim, Monica Serra já fez um aborto". A mensagem foi replicada em outras páginas do site e em blogs.
"Com todo respeito que devo a essa minha professora, gostaria de revelar publicamente que muitas de nossas aulas foram regadas a discussões sobre o seu aborto traumático", escreveu Sheila no Facebook. "Devemos prender Monica Serra caso seu marido fosse [sic] eleito presidente?"
À Folha a bailarina diz que "confirma cem por cento" tudo o que escreveu. Sheila afirma que não é filiada a partido político. Diz ter votado em Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) no primeiro turno. No segundo, estará no Líbano, onde participará de performance de arte.
Se estivesse no Brasil, optaria por Dilma Rousseff (PT). Sheila é filha da socióloga Majô Ribeiro, que foi aluna de mestrado na USP de Eva Blay, suplente de Fernando Henrique Cardoso no Senado em 1993. Majô foi pesquisadora do Núcleo de Estudos da Mulher e Relações Sociais de Gênero da USP, fundado pela primeira-dama Ruth Cardoso (1930-2008).
Militante feminista, Majô foi candidata derrotada a vereadora e a vice-prefeita em Osasco pelo PSDB. A socióloga disse à Folha estar "preocupada" com a filha, mas afirma que a criou para "ser uma mulher livre" e que ela "agiu como cidadã".
Sheila é casada com o antropólogo italiano Massimo Canevacci, que foi professor de antropologia cultural na Universidade La Sapienza, em Roma, e hoje dirige pesquisas no Brasil.
A Folha localizou uma colega de classe de Sheila pelo Facebook. Professora de dança em Brasília, ela concordou em falar sob a condição de anonimato. Contou que, nas aulas, as alunas se sentavam em círculos, criando uma situação de intimidade. Enquanto fazia gestos de dança, Monica explicava como marcas e traumas da vida alteram movimentos do corpo e se refletem na vida cotidiana.
Segundo a ex-estudante, as pessoas compartilhavam suas histórias, algo comum em uma aula de psicologia. Nesse contexto, afirmou, Monica compartilhou sua história com o grupo de alunas. Disse ter feito o aborto por causa da ditadura.
Ainda de acordo com a ex-aluna, Monica disse que o futuro dela e do marido, José Serra, era muito incerto. Quando engravidou, teria relatado Monica à então aluna, o casal se viu numa situação muito vulnerável.
"Ela não confessou. Ela contou", diz Sheila Canevacci. "Não sou uma pessoa denunciando coisas. Mas [ela é] uma pessoa pública, que fala em público que é contra o aborto, é errado. Ela tem uma responsabilidade ética."
Assessoria da psicólogo não responde à Folha
A assessoria da psicóloga Monica Serra, mulher de José Serra, não respondeu aos questionamentos feitos pela Folha a respeito do relato de suas ex-alunas.
A Folha procurou Monica Serra pela primeira vez na manhã de anteontem. Segundo sua assessoria, ela havia viajado para o Chile e não seria possível localizá-la naquele momento.
Entre quinta-feira e ontem, a reportagem telefonou seis vezes e enviou cinco e-mails para a assessoria. Recebeu uma mensagem com a seguinte afirmação: "Não há como responder".
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CUT conclama militância às ruas
Reproduzo manifesto da Central Única dos Trabalhadores (CUT):
A CUT reafirma o voto em Dilma no 2º turno pelas reivindicações dos trabalhadores e das trabalhadoras e do povo brasileiro.
Os resultados das eleições do 1º turno em 3 de outubro não deixam dúvidas: o povo brasileiro não quer a volta do PSDB.
Em luta por suas legítimas reivindicações de redução da jornada para 40 horas, de reforma agrária, por um salário mínimo valorizado, por melhores aposentadorias e em defesa dos serviços públicos, os trabalhadores e o povo colocaram Dilma em 1º lugar com aproximadamente 48 milhões de votos (47%), e ao mesmo tempo elegeram uma Câmara de Deputados e um Senado onde as bancadas privatistas do PSDB-DEM foram reduzidas.
Nesta reta final, nossa militância deve fortalecer sua presença nas ruas e locais de trabalho, ampliando a articulação junto ao conjunto dos movimentos sociais, para barrar a possibilidade de retrocesso, expresso na candidatura do PSDB/DEM, vinculada ao passado de privatização e entrega das empresas públicas, desmonte do serviço público e ataque aos direitos sociais e trabalhistas. Tentaram acabar com as férias, o 13º salário, a licença-maternidade, entre outras conquistas, ao mesmo tempo em que ampliaram o arrocho salarial e bateram recordes de desemprego.
É hora de massificar a denúncia da proposta expressa por Serra de realizar uma violenta reforma da Previdência, destruindo direitos históricos dos trabalhadores e o próprio sistema previdenciário, começando com a elevação da idade mínima para a aposentadoria. Nossa batalha é para acabar com a herança neoliberal, a exemplo do fator previdenciário.
Da mesma forma, é preciso desmascarar a mentira de que foi o candidato do PSDB/DEM o criador do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e do seguro desemprego; e relembrar a repressão e truculência contra os movimentos sociais, como a agressão covarde aos professores paulistas, funcionários de escola e policiais civis.
Como já apontado pela nossa central no primeiro turno, a candidatura que expressa a continuidade do processo de transformações em curso no país, das quais a política de valorização do salário mínimo é uma das principais expressões, é a de Dilma Rousseff. A política permanente de valorização do salário mínimo, acordada até 2023, negociada pelas centrais sindicais com o governo, tem sido essencial para o combate às desigualdades sociais e regionais e não pode ser reduzida ao vale tudo da demagogia eleitoral, como vem fazendo o candidato da direita.
Tal como na disputa de 2006, quando Lula desmascarou os tucanos e sua política de privatizar e retirar direitos dos trabalhadores, neste segundo turno de 2010 novamente enfrentamos uma forte disputa de projetos de sociedade e de Estado.
Não será o herdeiro de FHC que vai avançar na reforma agrária, na recuperação do petróleo para a nação ou na integração soberana da América Latina!
A CUT reafirma que é a mobilização da classe trabalhadora que garantirá a vitória no 2º turno, que significará a continuidade do projeto democrático e popular expresso em nossa Plataforma da Classe Trabalhadora, de defesa de um projeto nacional de desenvolvimento sustentável, com valorização do trabalho; igualdade, distribuição de renda e inclusão social e do Estado democrático com caráter público e participação ativa da sociedade.
Finalmente, conclamamos a todos os trabalhadores e trabalhadoras, independentemente da opção feita no primeiro turno – o voto em Marina, Plínio, Zé Maria e os demais candidatos - a refletirem sobre a importância do seu voto e também dos seus amigos e familiares para derrotar a candidatura da direita e avançarmos na consolidação de um Brasil, justo, democrático e soberano.
Direção executiva nacional da CUT.
Quintino Severo - secretário-geral
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A CUT reafirma o voto em Dilma no 2º turno pelas reivindicações dos trabalhadores e das trabalhadoras e do povo brasileiro.
Os resultados das eleições do 1º turno em 3 de outubro não deixam dúvidas: o povo brasileiro não quer a volta do PSDB.
Em luta por suas legítimas reivindicações de redução da jornada para 40 horas, de reforma agrária, por um salário mínimo valorizado, por melhores aposentadorias e em defesa dos serviços públicos, os trabalhadores e o povo colocaram Dilma em 1º lugar com aproximadamente 48 milhões de votos (47%), e ao mesmo tempo elegeram uma Câmara de Deputados e um Senado onde as bancadas privatistas do PSDB-DEM foram reduzidas.
Nesta reta final, nossa militância deve fortalecer sua presença nas ruas e locais de trabalho, ampliando a articulação junto ao conjunto dos movimentos sociais, para barrar a possibilidade de retrocesso, expresso na candidatura do PSDB/DEM, vinculada ao passado de privatização e entrega das empresas públicas, desmonte do serviço público e ataque aos direitos sociais e trabalhistas. Tentaram acabar com as férias, o 13º salário, a licença-maternidade, entre outras conquistas, ao mesmo tempo em que ampliaram o arrocho salarial e bateram recordes de desemprego.
É hora de massificar a denúncia da proposta expressa por Serra de realizar uma violenta reforma da Previdência, destruindo direitos históricos dos trabalhadores e o próprio sistema previdenciário, começando com a elevação da idade mínima para a aposentadoria. Nossa batalha é para acabar com a herança neoliberal, a exemplo do fator previdenciário.
Da mesma forma, é preciso desmascarar a mentira de que foi o candidato do PSDB/DEM o criador do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e do seguro desemprego; e relembrar a repressão e truculência contra os movimentos sociais, como a agressão covarde aos professores paulistas, funcionários de escola e policiais civis.
Como já apontado pela nossa central no primeiro turno, a candidatura que expressa a continuidade do processo de transformações em curso no país, das quais a política de valorização do salário mínimo é uma das principais expressões, é a de Dilma Rousseff. A política permanente de valorização do salário mínimo, acordada até 2023, negociada pelas centrais sindicais com o governo, tem sido essencial para o combate às desigualdades sociais e regionais e não pode ser reduzida ao vale tudo da demagogia eleitoral, como vem fazendo o candidato da direita.
Tal como na disputa de 2006, quando Lula desmascarou os tucanos e sua política de privatizar e retirar direitos dos trabalhadores, neste segundo turno de 2010 novamente enfrentamos uma forte disputa de projetos de sociedade e de Estado.
Não será o herdeiro de FHC que vai avançar na reforma agrária, na recuperação do petróleo para a nação ou na integração soberana da América Latina!
A CUT reafirma que é a mobilização da classe trabalhadora que garantirá a vitória no 2º turno, que significará a continuidade do projeto democrático e popular expresso em nossa Plataforma da Classe Trabalhadora, de defesa de um projeto nacional de desenvolvimento sustentável, com valorização do trabalho; igualdade, distribuição de renda e inclusão social e do Estado democrático com caráter público e participação ativa da sociedade.
Finalmente, conclamamos a todos os trabalhadores e trabalhadoras, independentemente da opção feita no primeiro turno – o voto em Marina, Plínio, Zé Maria e os demais candidatos - a refletirem sobre a importância do seu voto e também dos seus amigos e familiares para derrotar a candidatura da direita e avançarmos na consolidação de um Brasil, justo, democrático e soberano.
Direção executiva nacional da CUT.
Quintino Severo - secretário-geral
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Ivan Valente defende voto crítico em Dilma
Reproduzo matéria publicada no sítio oficial do deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP):
Reunida em São Paulo nesta sexta-feira (15/10), a Executiva Nacional do PSOL definiu sua posição para o 2º turno das eleições presidenciais: nenhum voto a Serra, reconhecendo a possibilidade de voto nulo ou voto crítico a Dilma por parte da militância. O deputado federal Ivan Valente, assim como toda a bancada federal do partido na Câmara, declarou voto crítico na candidata Dilma Rousseff.
Ivan Valente discorda da visão que iguala as candidaturas Serra e Dilma. “A eleição de Serra será um desastre para o debate político na América Latina, significará o avanço ainda maior das privatizações, como vimos na atuação da bancada do PSDB/DEM no debate sobre o pré-sal, e uma repressão sem tréguas aos movimentos sociais, além de abrir espaço para o fundamentalismo religioso carregado de ódio e preconceito”, avaliou. “O voto crítico em Dilma representa um diálogo com setores da sociedade que devemos seguir buscando. Isso engrandece e não diminui o PSOL”, completou.
A nota do PSOL reafirma uma posição de independência em relação às candidaturas, fundamentada no fato de que não há por parte destas nenhum compromisso com pontos programáticos defendidos pelo partido. Sendo assim, independentemente de quem seja o próximo governo, o PSOL fará oposição de esquerda e programática, defendendo a seguinte agenda: auditoria da dívida pública, mudança da política econômica, prioridade para saúde e educação, redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, defesa do meio ambiente, contra a revisão do código florestal, defesa dos direitos humanos segundo os pressupostos do PNDH-3, reforma agrária e urbana ecológica e ampla reforma política – fim do financiamento privado e em favor do financiamento público exclusivo de campanha, como forma de combater a corrupção na política.
“Não precisamos provar que somos oposição programática de esquerda ao governo Lula. Isso foi materializado em nossa prática cotidiana no Congresso Nacional nestes últimos anos. Portanto, dar voto crítico a Dilma não significa fazer aliança ou subir no palanque do PT. O PSOL está maduro para deixar claro que não vamos nos comprometer com nenhum governo. Mantemos nossa independência. Mas é hora de barrar o tucanato. Por isso, nosso veto total ao Serra”, disse Ivan Valente.
Contra o preconceito e o fundamentalismo religioso
O PSOL também manifestou preocupação com a crescente pauta conservadora introduzida pela aliança PSDB-DEM no processo eleitoral, que quer reduzir o debate a temas religiosos e falsos moralismos, bloqueando assim os grandes temas de interesse do país.
“Esta pauta leva a candidatura de Dilma a assumir posição ainda mais conservadora, abrindo mão de pontos progressivos de seu programa de governo e reagindo dentro do campo de idéias conservadoras e não contra ele”, diz a nota do partido. Para o PSOL, a única forma de combater o retrocesso é manter o partido firme na defesa de bandeiras que elevem a consciência de nosso povo e o nível do debate político na sociedade brasileira.
Leia abaixo a íntegra da nota da Executiva Nacional do PSOL e a carta assinada por Ivan Valente, pela bancada federal do partido eleita para a Câmara e por militantes do PSOL que defendem o voto crítico em Dilma.
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Nenhum voto a Serra
O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) mereceu a confiança de mais de um milhão de brasileiros que votaram nas eleições de 2010. Nossa aguerrida militância foi decisiva ao defender nossas propostas para o país e sobre ela assentou-se um vitorioso resultado.
Nos sentimos honrados por termos tido Plínio de Arruda Sampaio e Hamilton Assis como candidatos à presidência da República e a vice, que de forma digna foram porta vozes de nosso projeto de transformações sociais para o Brasil. Comemoramos a eleição de três deputados federais (Ivan Valente/SP, Chico Alencar/RJ e Jean Wyllys/RJ), quatro deputados estaduais (Marcelo Freixo/RJ, Janira Rocha/RJ, Carlos Giannazi/SP e Edmilson Rodrigues/PA) e dois senadores (Randolfe Rodrigues/AP e Marinor Brito/PA). Lamentamos a não eleição de Heloísa Helena para o Senado em Alagoas e a não reeleição de nossa deputada federal Luciana Genro no Rio Grande do Sul, bem como do companheiro Raul Marcelo, atual deputado estadual do PSOL em São Paulo.
Em 2010 quis o povo novamente um segundo turno entre PSDB e PT. Nossa posição de independência não apoiando nenhuma das duas candidaturas está fundamentada no fato de que não há por parte destas nenhum compromisso com pontos programáticos defendidos pelo PSOL. Sendo assim, independentemente de quem seja o próximo governo, seremos oposição de esquerda e programática, defendendo a seguinte agenda: auditoria da dívida pública, mudança da política econômica, prioridade para saúde e educação, redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, defesa do meio ambiente, contra a revisão do código florestal, defesa dos direitos humanos segundo os pressupostos do PNDH3, reforma agrária e urbana ecológica e ampla reforma política – fim do financiamento privado e em favor do financiamento público exclusivo, como forma de combater a corrupção na política.
No entanto, o PSOL se preocupa com a crescente pauta conservadora introduzida pela aliança PSDB-DEM, querendo reduzir o debate a temas religiosos e falsos moralismos, bloqueando assim os grandes temas de interesse do país. Por outro lado, esta pauta leva a candidatura de Dilma a assumir posição ainda mais conservadora, abrindo mão de pontos progressivos de seu programa de governo e reagindo dentro do campo de idéias conservadoras e não contra ele. Para o PSOL, a única forma de combatermos o retrocesso é nos mantermos firmes na defesa de bandeiras que elevem a consciência de nosso povo e o nível do debate político na sociedade brasileira.
As eleições de 2002, ao conferir vitória a Lula, traziam nas urnas um recado do povo em favor de mudanças profundas. Hoje é sabido que Lula não o honrou, não cumpriu suas promessas de campanha e governou para os banqueiros, em aliança com oligarquias reacionárias como Sarney, Collor e Renan Calheiros. Mas aquele sentimento popular por mudanças de 2002 era também o de rejeição às políticas neoliberais com suas conseqüentes privatizações, criminalização dos movimentos sociais – que continuou no governo Lula -, revogação de direitos trabalhistas e sociais.
Por isso, o PSOL reafirma seu compromisso com as reivindicações dos movimentos sociais e as necessidades do povo brasileiro. Somos um partido independente e faremos oposição programática a quem quer que vença. Neste segundo turno, mantemos firme a oposição frontal à candidatura Serra, declarando unitariamente “NENHUM VOTO EM SERRA”, por considerarmos que ele representa o retrocesso a uma ofensiva neoliberal, de direita e conservadora no País. Ao mesmo tempo, não aderimos à campanha Dilma, que se recusou sistematicamente ao longo do primeiro turno a assumir os compromissos com as bandeiras defendidas pela candidatura do PSOL e manteve compromissos com os banqueiros e as políticas neoliberais. Diante do voto e na atual conjuntura, duas posições são reconhecidas pela Executiva Nacional de nosso partido como opções legítimas existentes em nossa militância: voto crítico em Dilma e voto nulo/branco. O mais importante, portanto, é nos prepararmos para as lutas que virão no próximo período para defender os direitos dos trabalhadores e do povo oprimido do nosso País.
Executiva Nacional do PSOL – 15 de outubro de 2010.
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Entre dois projetos (Dilma X Serra)
Os 776.601 eleitores que votaram em candidatos do PSOL aos governos estaduais, 886.816 teclaram, convictamente, Plínio 50, os mais de 1 milhão que votaram em candidatos a deputado do PSOL e os mais de 3 milhões que escolheram candidatos ao Senado pelo PSOL não precisam de ‘tutores’: são livres, têm espírito crítico e votam, sempre, de acordo com sua consciência.
Os nossos mandatos, daí derivados, serão exercidos, portanto, com total independência em relação aos Executivos e na defesa radical dos interesses populares, sem adesismos e sem negação de fronteiras éticas e ideológicas. Aos poucos, o PSOL, ainda incipiente, se afirma como partido com visão singular, combinando o embate eleitoral com a valorização dos movimentos sociais, dentro de sua definição estratégica de ressignificação do socialismo.
1. Partido Político digno do nome também deve se posicionar sobre momentos conjunturais, dando assim sua contribuição para a análise da situação e para a definição de voto da cidadania. Quando a manifestação política for emergencial, limitando, por questão de tempo, o processo democrático de discussões desde a base, que ela seja tomada pela Direção, por óbvio sem qualquer caráter impositivo, até pelas razões apresentadas no item 1.
2. O 2º turno das eleições presidenciais, a ser realizado no dia 31 próximo, coloca em confronto dois projetos com muitos pontos de aproximação: o representado por Dilma (PT/PMDB e aliados) e o representando por Serra (PSDB/DEM e aliados).
3. As classes dominantes no Brasil – que exercem sua hegemonia nos planos econômico, político e de produção do imaginário social – não se sentem incomodadas por nenhum dos dois, mas preferem, clara e reiteradamente, o retorno do controle demotucano: a elas interessa mais o Estado mínimo e a privatização máxima da Era FHC do que a despolitização máxima e o Estado minimamente regulador do lulismo.
4. PSDB e DEM – para além da campanha ‘medieval’ coordenada pelo vice de Serra, que anuncia o ‘fim da liberdade de culto’ com a vitória da ‘terrorista’ candidata petista – reprimem abertamente movimentos populares e não aceitam política externa que saia dos marcos do Império. Todo o setor de oligarquias patrimonialistas ou ‘neopentescostais’ que hoje gravita em torno de Lula rapidamente se bandeará para o lado de um eventual governo Serra, assim como os banqueiros, apesar de seus lucros extraordinários e inéditos no período recente. Serra presidente é o ‘sonho de consumo político’ do conservadorismo total, uma de suas principais bases de sustentação.
5. Por tudo isso, a indicação do voto crítico em Dilma como a opção que o PSOL valoriza, respeitando porém aqueles que não quiserem ir além do “Serra não”, e afirmando desde já nossa forte cobrança programática [*] sobre o futuro governo nacional, qualquer que ele seja, parece a mais razoável neste momento.
[*] Reforma Política com Participação Popular, Auditoria da dívida, Reforma Agrária, Reforma Urbana, 10% do PIB na Educação, mais recursos para a saúde, forte combate à corrupção, garantia e ampliação dos direitos trabalhistas, política ambiental questionadora de transgênicos, privatização da gestão de florestas, Belo Monte, transposição do São Francisco etc.
Assinam: Chico Alencar, Jean Wyllys, Ivan Valente, Randolfe Rodrigues, Marcelo Freixo, Milton Temer, Eliomar Coelho, Jefferson Moura, Carlos Nelson Coutinho, Leandro Konder, José Luiz Fevereiro, Rodrigo Pereira, Miguel Carvalho e Edson Miagusko.
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Reunida em São Paulo nesta sexta-feira (15/10), a Executiva Nacional do PSOL definiu sua posição para o 2º turno das eleições presidenciais: nenhum voto a Serra, reconhecendo a possibilidade de voto nulo ou voto crítico a Dilma por parte da militância. O deputado federal Ivan Valente, assim como toda a bancada federal do partido na Câmara, declarou voto crítico na candidata Dilma Rousseff.
Ivan Valente discorda da visão que iguala as candidaturas Serra e Dilma. “A eleição de Serra será um desastre para o debate político na América Latina, significará o avanço ainda maior das privatizações, como vimos na atuação da bancada do PSDB/DEM no debate sobre o pré-sal, e uma repressão sem tréguas aos movimentos sociais, além de abrir espaço para o fundamentalismo religioso carregado de ódio e preconceito”, avaliou. “O voto crítico em Dilma representa um diálogo com setores da sociedade que devemos seguir buscando. Isso engrandece e não diminui o PSOL”, completou.
A nota do PSOL reafirma uma posição de independência em relação às candidaturas, fundamentada no fato de que não há por parte destas nenhum compromisso com pontos programáticos defendidos pelo partido. Sendo assim, independentemente de quem seja o próximo governo, o PSOL fará oposição de esquerda e programática, defendendo a seguinte agenda: auditoria da dívida pública, mudança da política econômica, prioridade para saúde e educação, redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, defesa do meio ambiente, contra a revisão do código florestal, defesa dos direitos humanos segundo os pressupostos do PNDH-3, reforma agrária e urbana ecológica e ampla reforma política – fim do financiamento privado e em favor do financiamento público exclusivo de campanha, como forma de combater a corrupção na política.
“Não precisamos provar que somos oposição programática de esquerda ao governo Lula. Isso foi materializado em nossa prática cotidiana no Congresso Nacional nestes últimos anos. Portanto, dar voto crítico a Dilma não significa fazer aliança ou subir no palanque do PT. O PSOL está maduro para deixar claro que não vamos nos comprometer com nenhum governo. Mantemos nossa independência. Mas é hora de barrar o tucanato. Por isso, nosso veto total ao Serra”, disse Ivan Valente.
Contra o preconceito e o fundamentalismo religioso
O PSOL também manifestou preocupação com a crescente pauta conservadora introduzida pela aliança PSDB-DEM no processo eleitoral, que quer reduzir o debate a temas religiosos e falsos moralismos, bloqueando assim os grandes temas de interesse do país.
“Esta pauta leva a candidatura de Dilma a assumir posição ainda mais conservadora, abrindo mão de pontos progressivos de seu programa de governo e reagindo dentro do campo de idéias conservadoras e não contra ele”, diz a nota do partido. Para o PSOL, a única forma de combater o retrocesso é manter o partido firme na defesa de bandeiras que elevem a consciência de nosso povo e o nível do debate político na sociedade brasileira.
Leia abaixo a íntegra da nota da Executiva Nacional do PSOL e a carta assinada por Ivan Valente, pela bancada federal do partido eleita para a Câmara e por militantes do PSOL que defendem o voto crítico em Dilma.
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Nenhum voto a Serra
O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) mereceu a confiança de mais de um milhão de brasileiros que votaram nas eleições de 2010. Nossa aguerrida militância foi decisiva ao defender nossas propostas para o país e sobre ela assentou-se um vitorioso resultado.
Nos sentimos honrados por termos tido Plínio de Arruda Sampaio e Hamilton Assis como candidatos à presidência da República e a vice, que de forma digna foram porta vozes de nosso projeto de transformações sociais para o Brasil. Comemoramos a eleição de três deputados federais (Ivan Valente/SP, Chico Alencar/RJ e Jean Wyllys/RJ), quatro deputados estaduais (Marcelo Freixo/RJ, Janira Rocha/RJ, Carlos Giannazi/SP e Edmilson Rodrigues/PA) e dois senadores (Randolfe Rodrigues/AP e Marinor Brito/PA). Lamentamos a não eleição de Heloísa Helena para o Senado em Alagoas e a não reeleição de nossa deputada federal Luciana Genro no Rio Grande do Sul, bem como do companheiro Raul Marcelo, atual deputado estadual do PSOL em São Paulo.
Em 2010 quis o povo novamente um segundo turno entre PSDB e PT. Nossa posição de independência não apoiando nenhuma das duas candidaturas está fundamentada no fato de que não há por parte destas nenhum compromisso com pontos programáticos defendidos pelo PSOL. Sendo assim, independentemente de quem seja o próximo governo, seremos oposição de esquerda e programática, defendendo a seguinte agenda: auditoria da dívida pública, mudança da política econômica, prioridade para saúde e educação, redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, defesa do meio ambiente, contra a revisão do código florestal, defesa dos direitos humanos segundo os pressupostos do PNDH3, reforma agrária e urbana ecológica e ampla reforma política – fim do financiamento privado e em favor do financiamento público exclusivo, como forma de combater a corrupção na política.
No entanto, o PSOL se preocupa com a crescente pauta conservadora introduzida pela aliança PSDB-DEM, querendo reduzir o debate a temas religiosos e falsos moralismos, bloqueando assim os grandes temas de interesse do país. Por outro lado, esta pauta leva a candidatura de Dilma a assumir posição ainda mais conservadora, abrindo mão de pontos progressivos de seu programa de governo e reagindo dentro do campo de idéias conservadoras e não contra ele. Para o PSOL, a única forma de combatermos o retrocesso é nos mantermos firmes na defesa de bandeiras que elevem a consciência de nosso povo e o nível do debate político na sociedade brasileira.
As eleições de 2002, ao conferir vitória a Lula, traziam nas urnas um recado do povo em favor de mudanças profundas. Hoje é sabido que Lula não o honrou, não cumpriu suas promessas de campanha e governou para os banqueiros, em aliança com oligarquias reacionárias como Sarney, Collor e Renan Calheiros. Mas aquele sentimento popular por mudanças de 2002 era também o de rejeição às políticas neoliberais com suas conseqüentes privatizações, criminalização dos movimentos sociais – que continuou no governo Lula -, revogação de direitos trabalhistas e sociais.
Por isso, o PSOL reafirma seu compromisso com as reivindicações dos movimentos sociais e as necessidades do povo brasileiro. Somos um partido independente e faremos oposição programática a quem quer que vença. Neste segundo turno, mantemos firme a oposição frontal à candidatura Serra, declarando unitariamente “NENHUM VOTO EM SERRA”, por considerarmos que ele representa o retrocesso a uma ofensiva neoliberal, de direita e conservadora no País. Ao mesmo tempo, não aderimos à campanha Dilma, que se recusou sistematicamente ao longo do primeiro turno a assumir os compromissos com as bandeiras defendidas pela candidatura do PSOL e manteve compromissos com os banqueiros e as políticas neoliberais. Diante do voto e na atual conjuntura, duas posições são reconhecidas pela Executiva Nacional de nosso partido como opções legítimas existentes em nossa militância: voto crítico em Dilma e voto nulo/branco. O mais importante, portanto, é nos prepararmos para as lutas que virão no próximo período para defender os direitos dos trabalhadores e do povo oprimido do nosso País.
Executiva Nacional do PSOL – 15 de outubro de 2010.
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Entre dois projetos (Dilma X Serra)
Os 776.601 eleitores que votaram em candidatos do PSOL aos governos estaduais, 886.816 teclaram, convictamente, Plínio 50, os mais de 1 milhão que votaram em candidatos a deputado do PSOL e os mais de 3 milhões que escolheram candidatos ao Senado pelo PSOL não precisam de ‘tutores’: são livres, têm espírito crítico e votam, sempre, de acordo com sua consciência.
Os nossos mandatos, daí derivados, serão exercidos, portanto, com total independência em relação aos Executivos e na defesa radical dos interesses populares, sem adesismos e sem negação de fronteiras éticas e ideológicas. Aos poucos, o PSOL, ainda incipiente, se afirma como partido com visão singular, combinando o embate eleitoral com a valorização dos movimentos sociais, dentro de sua definição estratégica de ressignificação do socialismo.
1. Partido Político digno do nome também deve se posicionar sobre momentos conjunturais, dando assim sua contribuição para a análise da situação e para a definição de voto da cidadania. Quando a manifestação política for emergencial, limitando, por questão de tempo, o processo democrático de discussões desde a base, que ela seja tomada pela Direção, por óbvio sem qualquer caráter impositivo, até pelas razões apresentadas no item 1.
2. O 2º turno das eleições presidenciais, a ser realizado no dia 31 próximo, coloca em confronto dois projetos com muitos pontos de aproximação: o representado por Dilma (PT/PMDB e aliados) e o representando por Serra (PSDB/DEM e aliados).
3. As classes dominantes no Brasil – que exercem sua hegemonia nos planos econômico, político e de produção do imaginário social – não se sentem incomodadas por nenhum dos dois, mas preferem, clara e reiteradamente, o retorno do controle demotucano: a elas interessa mais o Estado mínimo e a privatização máxima da Era FHC do que a despolitização máxima e o Estado minimamente regulador do lulismo.
4. PSDB e DEM – para além da campanha ‘medieval’ coordenada pelo vice de Serra, que anuncia o ‘fim da liberdade de culto’ com a vitória da ‘terrorista’ candidata petista – reprimem abertamente movimentos populares e não aceitam política externa que saia dos marcos do Império. Todo o setor de oligarquias patrimonialistas ou ‘neopentescostais’ que hoje gravita em torno de Lula rapidamente se bandeará para o lado de um eventual governo Serra, assim como os banqueiros, apesar de seus lucros extraordinários e inéditos no período recente. Serra presidente é o ‘sonho de consumo político’ do conservadorismo total, uma de suas principais bases de sustentação.
5. Por tudo isso, a indicação do voto crítico em Dilma como a opção que o PSOL valoriza, respeitando porém aqueles que não quiserem ir além do “Serra não”, e afirmando desde já nossa forte cobrança programática [*] sobre o futuro governo nacional, qualquer que ele seja, parece a mais razoável neste momento.
[*] Reforma Política com Participação Popular, Auditoria da dívida, Reforma Agrária, Reforma Urbana, 10% do PIB na Educação, mais recursos para a saúde, forte combate à corrupção, garantia e ampliação dos direitos trabalhistas, política ambiental questionadora de transgênicos, privatização da gestão de florestas, Belo Monte, transposição do São Francisco etc.
Assinam: Chico Alencar, Jean Wyllys, Ivan Valente, Randolfe Rodrigues, Marcelo Freixo, Milton Temer, Eliomar Coelho, Jefferson Moura, Carlos Nelson Coutinho, Leandro Konder, José Luiz Fevereiro, Rodrigo Pereira, Miguel Carvalho e Edson Miagusko.
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A santíssima trindade dos homens de bem
Reproduzo artigo de Gilson Caroni Filho, publicado no sítio Carta Maior:
A canalhice eleitoral também pode ser cruel e humilhante, quando adiciona à degradação do corpo político a desordem das idéias. Às vezes, para sorte dos náufragos, o processo é lento, de se medir em anos. Outras vezes, tem a perversão da rapidez e produz em suas vítimas súbita metamorfose. Esta velhice, a mais sofrida para quem dela padece e a mais chocante para quem a vê, abateu-se sobre a candidatura Serra.
A versão global-carismática da desmodernização brasileira parece não conhecer limites. Na disputa política, o “iluminismo tucano" tem levado o candidato do PSDB a ficar muito parecido com tudo que ele, em seu passado como homem de esquerda, rejeitava como lixo. Os dois fenômenos, o da fé mercantilizada e o da política dessecularizada, tornaram-se imbricados, um aprendendo a usar os recursos do outro para alavancar os seus projetos que guardam inequívoca afinidade eletiva. É assim que a oposição fabrica um ”homem de bem".
Se acrescentarmos ao quadro dantesco a Justiça Eleitoral usada como instrumento de poder, veremos o quanto está ameaçada a legitimidade da representação popular, sem a qual não existe democracia. Estaríamos assistindo à implantação no país de uma justiça de gabinete, considerada pelo pensamento jurídico mundial a forma mais infame de prepotência principesca? Este é o projeto demotucano? Oremos todos.
A temperatura da campanha, agitada com os debates entre os candidatos e a demonização do Programa Nacional dos Direitos Humanos (PNDH), nos obriga a retroceder no tempo para lembrar ao eleitor de classe média a tessitura do retrocesso em andamento. É interessante retornar a 2001, para aquilatarmos alguns dados e falas esquecidas.
Há nove anos, Márcio Pochmann, fazia uma precisa radiografia do desemprego e da precarização do trabalho, que assolava a economia brasileira (1). O autor apresentava quais os principais elementos que asseguravam a (triste) presença do Brasil no pódio, como um dos campeões do desemprego em escala mundial. Em suas palavras: “Em 1999, por exemplo, o Brasil ocupou o terceiro lugar no mundo em desemprego aberto, representando 5,61% do total do desemprego mundial, apesar de contribuir com 3,12% na PEA global. Em contrapartida, no ano de 1986, a colocação do Brasil no ranking mundial foi a décima terceira, com participação de 2,75% e representação de 1,68% do desempenho mundial".
O economista alertava que o perfil ocupacional do trabalhador brasileiro o deixava exposto aos efeitos deletérios da globalização, decorrentes da liberalização comercial e da desregulamentação do mercado de trabalho, sem constrangimento por parte das políticas macroeconômicas e sociais nacionais. Para quem acredita que Lula nada mais fez senão dar continuidade ao governo FHC, é legítimo indagar sobre as bases em que está assentada esta crença.
O descontentamento com a crise energética influía negativamente na avaliação do governo FHC, de acordo com pesquisa do Instituto Vox Populi, feita em junho de 2001. O percentual de ruim e péssimo saltava de 34 para 42%. A taxa de ótimo/bom refluía de 22% para 17%. Os entrevistados apontavam como piores áreas do governo: a saúde (29%), a energia elétrica (23%) e a segurança (17%). Ou seja, a gestão do “melhor ministro da Saúde que o país já teve", como alardeia a propaganda tucana, era a que apresentava a pior avaliação. Os tempos eram duros para o “homem de bem" dos púlpitos do Opus Dei.
Em 2002, aliados e estrategistas dos principais candidatos à Presidência acreditavam que o fechamento de um acordo com o FMI aliviaria o clima da campanha eleitoral por trazer mais estabilidade à economia e afastar a "argentinização" do Brasil.
O candidato do PSDB, José Serra, pretendia faturar o momento, apresentando-se como o único capaz de repetir o feito de fechar, se necessário, um novo acordo. Seu raciocínio era contestado por outro ”homem de bem". O presidente do PPS, senador Roberto Freire, conhecido como “líder do governo na oposição", reagia com ironia aos prognósticos do tucano.
“Isso é uma besteira, algo risível. Esse acordo está sendo fechado para corrigir os equívocos da equipe econômica, totalmente subordinada ao FMI. Porque reduziram o estrago, agora querem virar os salvadores da pátria". Freire, como se sabe, viria a apoiar Alckmin em 2006 e está na coligação tucana em 2010. Sua trajetória, como político de esquerda, é conhecida. Desde os tempos do velho PCB, o oportunismo açoita-o em direção da direita, em nome de evitar a vitória da direita pior. Sempre aderiu ao blablablá de combater o "inimigo de dentro" - o que, na linguagem cristalina da política, significa descolar uns empreguinhos no governo. E, quem sabe, um dinheirinho para a campanha. Esta sempre foi sua interpretação sobre o conceito gramsciano de "guerra de posição"
O DEM completa a tríade da santidade oposicionista. Nunca foi capaz de matricular-se num curso intensivo sobre como fazer campanhas eleitorais sem recursos do Orçamento da União, que fosse só na base do palanque, aqui entendido como discurso de identificação com a sociedade. Para tal, precisaria arrumar um projeto de país, coisa que jamais passou pela cabeça do seu ex-presidente, Jorge Bornhausen, conhecido pelo apelido de “Alemão", por conta do temperamento gélido e da ascendência genética.
Serra, Freire, Borhausen. Eis a santíssima trindade. Por ela, as redações rezam em editoriais e colunas: “dai-me sempre guarida, tende de mim piedade" O Estado laico não pode dizer amém.
(1) Pochman, Márcio. O Emprego na Globalização. SP, Boitempo, 2001
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A canalhice eleitoral também pode ser cruel e humilhante, quando adiciona à degradação do corpo político a desordem das idéias. Às vezes, para sorte dos náufragos, o processo é lento, de se medir em anos. Outras vezes, tem a perversão da rapidez e produz em suas vítimas súbita metamorfose. Esta velhice, a mais sofrida para quem dela padece e a mais chocante para quem a vê, abateu-se sobre a candidatura Serra.
A versão global-carismática da desmodernização brasileira parece não conhecer limites. Na disputa política, o “iluminismo tucano" tem levado o candidato do PSDB a ficar muito parecido com tudo que ele, em seu passado como homem de esquerda, rejeitava como lixo. Os dois fenômenos, o da fé mercantilizada e o da política dessecularizada, tornaram-se imbricados, um aprendendo a usar os recursos do outro para alavancar os seus projetos que guardam inequívoca afinidade eletiva. É assim que a oposição fabrica um ”homem de bem".
Se acrescentarmos ao quadro dantesco a Justiça Eleitoral usada como instrumento de poder, veremos o quanto está ameaçada a legitimidade da representação popular, sem a qual não existe democracia. Estaríamos assistindo à implantação no país de uma justiça de gabinete, considerada pelo pensamento jurídico mundial a forma mais infame de prepotência principesca? Este é o projeto demotucano? Oremos todos.
A temperatura da campanha, agitada com os debates entre os candidatos e a demonização do Programa Nacional dos Direitos Humanos (PNDH), nos obriga a retroceder no tempo para lembrar ao eleitor de classe média a tessitura do retrocesso em andamento. É interessante retornar a 2001, para aquilatarmos alguns dados e falas esquecidas.
Há nove anos, Márcio Pochmann, fazia uma precisa radiografia do desemprego e da precarização do trabalho, que assolava a economia brasileira (1). O autor apresentava quais os principais elementos que asseguravam a (triste) presença do Brasil no pódio, como um dos campeões do desemprego em escala mundial. Em suas palavras: “Em 1999, por exemplo, o Brasil ocupou o terceiro lugar no mundo em desemprego aberto, representando 5,61% do total do desemprego mundial, apesar de contribuir com 3,12% na PEA global. Em contrapartida, no ano de 1986, a colocação do Brasil no ranking mundial foi a décima terceira, com participação de 2,75% e representação de 1,68% do desempenho mundial".
O economista alertava que o perfil ocupacional do trabalhador brasileiro o deixava exposto aos efeitos deletérios da globalização, decorrentes da liberalização comercial e da desregulamentação do mercado de trabalho, sem constrangimento por parte das políticas macroeconômicas e sociais nacionais. Para quem acredita que Lula nada mais fez senão dar continuidade ao governo FHC, é legítimo indagar sobre as bases em que está assentada esta crença.
O descontentamento com a crise energética influía negativamente na avaliação do governo FHC, de acordo com pesquisa do Instituto Vox Populi, feita em junho de 2001. O percentual de ruim e péssimo saltava de 34 para 42%. A taxa de ótimo/bom refluía de 22% para 17%. Os entrevistados apontavam como piores áreas do governo: a saúde (29%), a energia elétrica (23%) e a segurança (17%). Ou seja, a gestão do “melhor ministro da Saúde que o país já teve", como alardeia a propaganda tucana, era a que apresentava a pior avaliação. Os tempos eram duros para o “homem de bem" dos púlpitos do Opus Dei.
Em 2002, aliados e estrategistas dos principais candidatos à Presidência acreditavam que o fechamento de um acordo com o FMI aliviaria o clima da campanha eleitoral por trazer mais estabilidade à economia e afastar a "argentinização" do Brasil.
O candidato do PSDB, José Serra, pretendia faturar o momento, apresentando-se como o único capaz de repetir o feito de fechar, se necessário, um novo acordo. Seu raciocínio era contestado por outro ”homem de bem". O presidente do PPS, senador Roberto Freire, conhecido como “líder do governo na oposição", reagia com ironia aos prognósticos do tucano.
“Isso é uma besteira, algo risível. Esse acordo está sendo fechado para corrigir os equívocos da equipe econômica, totalmente subordinada ao FMI. Porque reduziram o estrago, agora querem virar os salvadores da pátria". Freire, como se sabe, viria a apoiar Alckmin em 2006 e está na coligação tucana em 2010. Sua trajetória, como político de esquerda, é conhecida. Desde os tempos do velho PCB, o oportunismo açoita-o em direção da direita, em nome de evitar a vitória da direita pior. Sempre aderiu ao blablablá de combater o "inimigo de dentro" - o que, na linguagem cristalina da política, significa descolar uns empreguinhos no governo. E, quem sabe, um dinheirinho para a campanha. Esta sempre foi sua interpretação sobre o conceito gramsciano de "guerra de posição"
O DEM completa a tríade da santidade oposicionista. Nunca foi capaz de matricular-se num curso intensivo sobre como fazer campanhas eleitorais sem recursos do Orçamento da União, que fosse só na base do palanque, aqui entendido como discurso de identificação com a sociedade. Para tal, precisaria arrumar um projeto de país, coisa que jamais passou pela cabeça do seu ex-presidente, Jorge Bornhausen, conhecido pelo apelido de “Alemão", por conta do temperamento gélido e da ascendência genética.
Serra, Freire, Borhausen. Eis a santíssima trindade. Por ela, as redações rezam em editoriais e colunas: “dai-me sempre guarida, tende de mim piedade" O Estado laico não pode dizer amém.
(1) Pochman, Márcio. O Emprego na Globalização. SP, Boitempo, 2001
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Eleições: A velha e boa militância
Reproduzo artigo de Selvino Heck, integrante da coordenação nacional do Movimento Fé e Política, publicado no sítio da Adital:
Domingo de eleição, primeiro turno, vou votar no Instituto de Educação, Bairro Bomfim, quase centro de Porto Alegre. Converso com o fiscal da candidatura Dilma, Eduardo Mancuso, companheiro das antigas. Fala da calma absoluta que é esta eleição. Não há agito, poucas bandeiras na rua, quase nenhuma militância. Até aquele momento, umas nove horas da manhã, sequer fiscal da candidatura Serra tinha aparecido. Muito diferente de outras eleições, diz o Mancuso, quando o barulho era grande, uns acusavam os outros de boca de urna, a mobilização era geral e total.
Chego em Venâncio Aires, minha terra, perto do meio dia. Os apoiadores de Tarso Genro e Dilma andam correndo por todos os lugares, postados em pontos estratégicos, levando a última palavra, bandeira às costas, alegria pela certeza da vitória.
Em outros tempos, especialmente anos oitenta, a militância de partidos de esquerda e de movimentos sociais era um fenômeno temido pela direita, pela garra, pelo entusiasmo, pelo amor à camiseta e à causa, pela disposição de luta. Não tinha hora nem lugar. Porta de fábrica nas madrugadas, caminhadas nos sábados e domingos, ocupações urbanas e rurais, greves e mobilizações: todos tiravam dinheiro do bolso sem qualquer dúvida se ia faltar no dia seguinte ou se alguém iria repor, se o carro ia estragar ou iria ter hora para comer.
Fazia parte do processo, essa palavra quase mágica que passou a freqüentar qualquer discurso. A urgência do tempo era maior que qualquer compromisso pessoal ou necessidade outra imediata. Era tempo de mudança, de transformações estruturais. Quem podia fazê-los era o trabalho de base, a organização popular de baixo para cima, a consciência de que, coletiva e solidariamente, ninguém superava o povo em sua capacidade de determinar o futuro e a democracia.
O neoliberalismo dos anos noventa, junto com o crescimento das organizações e sua conseqüente burocratização, abafou essa militância ruidosa e alegre. São menos os que vão às ruas, os que tiram dinheiro do bolso, os que têm tempo para o sonho e a utopia, com as exceções conhecidas e de sempre. Nas últimas eleições, em especial, os militantes pagos começaram a proliferar em todos os cantos e comitês, o que era apenas prática, condenadíssima, da política conservadora. Muitas vezes mal sabem o que estão fazendo, o que e a quem estão defendendo. Ou, um dia estão com a situação, no dia seguinte com a oposição, dependendo de quem ofereça mais.
Perdeu-se boa parte do encanto e da mística. Frei Betto em "Dez Conselhos a todos os Militantes de Esquerda" escreveu e falava por todo Brasil: "Saiba a diferença entre militante e ‘militonto’. "Militonto’ é aquele que se gaba de estar em tudo, participar de todos os eventos e movimentos, atuar em todas as frentes. Sua linguagem é repleta de chavões e os efeitos de sua ação são superficiais. O militante aprofunda seus vínculos com o povo, estuda, reflete, medita; qualifica determinada forma e área de atuação ou atividade, valoriza os vínculos orgânicos e projetos comunitários."
Não se trata, hoje, fundamentalmente, de discutir a diferença entre militante e militonto, e sim recuperar o militante e a militância, dar de novo sentido à coragem de se doar, à liberdade generosa de se engajar sem esperar nada em troca, ao sentimento de saber que o novo virá se cada um e cada uma forem capazes de fazer o novo, envolver-se no sonho, construir a utopia com quem está do seu lado e marcha junto. Nenhum direito foi conquistado por nenhum trabalhador deste país sem mobilização e luta.
Há espaço para recuperar a velha e boa militância. A Rede Talher de Educação Cidadã e o Programa Escolas-Irmãs, por exemplo, coordenados a partir do Gabinete Pessoal do Presidente da República, que não são eleitorais mas de vida, com muitos outros atores e protagonistas Brasil afora, estão no esforço, não de ressuscitar o que eventualmente está morto, mas reviver, à luz dos tempos de hoje, o que está vivo, o que anima, o que mexe com corações e mentes, o que faz brilhar os olhos e a alma, o que apaixona e faz extravazar o amor, a coragem, a entrega da vida para os outros e outras, especialmente os mais pobres entre os pobres, a sonhar com um mundo diferente e uma sociedade justa e igualitária, de direitos garantidos para todos e todas.
Pepe Mujica, presidente do Uruguai, ex-tupamaro e militante, falou em um discurso: "Que seria deste mundo sem militantes? Como seria a condição humana se não houvesse militantes? Não porque os militantes sejam perfeitos, porque tenham sempre a razão, porque sejam super-homens e super-mulheres e não se equivoquem. Não é isso. É que os militantes não vêm para buscar o seu. Vêm entregar a alma por um punhado de sonhos. Ao fim e ao cabo, o progresso da condição humana depende fundamentalmente de que exista gente que se sinta feliz em gastar sua vida a serviço do progresso humano. Ser militante não é carregar uma cruz de sacrifício. É viver a glória interior de lutar pela liberdade em seu sentido transcendente".
A vitória de Dilma no segundo turno, a primeira mulher presidenta do Brasil, depende muito do que a velha, a boa e a nova militância será capaz de fazer (re)viver e pulsar no coração de brasileiras e brasileiros.
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Domingo de eleição, primeiro turno, vou votar no Instituto de Educação, Bairro Bomfim, quase centro de Porto Alegre. Converso com o fiscal da candidatura Dilma, Eduardo Mancuso, companheiro das antigas. Fala da calma absoluta que é esta eleição. Não há agito, poucas bandeiras na rua, quase nenhuma militância. Até aquele momento, umas nove horas da manhã, sequer fiscal da candidatura Serra tinha aparecido. Muito diferente de outras eleições, diz o Mancuso, quando o barulho era grande, uns acusavam os outros de boca de urna, a mobilização era geral e total.
Chego em Venâncio Aires, minha terra, perto do meio dia. Os apoiadores de Tarso Genro e Dilma andam correndo por todos os lugares, postados em pontos estratégicos, levando a última palavra, bandeira às costas, alegria pela certeza da vitória.
Em outros tempos, especialmente anos oitenta, a militância de partidos de esquerda e de movimentos sociais era um fenômeno temido pela direita, pela garra, pelo entusiasmo, pelo amor à camiseta e à causa, pela disposição de luta. Não tinha hora nem lugar. Porta de fábrica nas madrugadas, caminhadas nos sábados e domingos, ocupações urbanas e rurais, greves e mobilizações: todos tiravam dinheiro do bolso sem qualquer dúvida se ia faltar no dia seguinte ou se alguém iria repor, se o carro ia estragar ou iria ter hora para comer.
Fazia parte do processo, essa palavra quase mágica que passou a freqüentar qualquer discurso. A urgência do tempo era maior que qualquer compromisso pessoal ou necessidade outra imediata. Era tempo de mudança, de transformações estruturais. Quem podia fazê-los era o trabalho de base, a organização popular de baixo para cima, a consciência de que, coletiva e solidariamente, ninguém superava o povo em sua capacidade de determinar o futuro e a democracia.
O neoliberalismo dos anos noventa, junto com o crescimento das organizações e sua conseqüente burocratização, abafou essa militância ruidosa e alegre. São menos os que vão às ruas, os que tiram dinheiro do bolso, os que têm tempo para o sonho e a utopia, com as exceções conhecidas e de sempre. Nas últimas eleições, em especial, os militantes pagos começaram a proliferar em todos os cantos e comitês, o que era apenas prática, condenadíssima, da política conservadora. Muitas vezes mal sabem o que estão fazendo, o que e a quem estão defendendo. Ou, um dia estão com a situação, no dia seguinte com a oposição, dependendo de quem ofereça mais.
Perdeu-se boa parte do encanto e da mística. Frei Betto em "Dez Conselhos a todos os Militantes de Esquerda" escreveu e falava por todo Brasil: "Saiba a diferença entre militante e ‘militonto’. "Militonto’ é aquele que se gaba de estar em tudo, participar de todos os eventos e movimentos, atuar em todas as frentes. Sua linguagem é repleta de chavões e os efeitos de sua ação são superficiais. O militante aprofunda seus vínculos com o povo, estuda, reflete, medita; qualifica determinada forma e área de atuação ou atividade, valoriza os vínculos orgânicos e projetos comunitários."
Não se trata, hoje, fundamentalmente, de discutir a diferença entre militante e militonto, e sim recuperar o militante e a militância, dar de novo sentido à coragem de se doar, à liberdade generosa de se engajar sem esperar nada em troca, ao sentimento de saber que o novo virá se cada um e cada uma forem capazes de fazer o novo, envolver-se no sonho, construir a utopia com quem está do seu lado e marcha junto. Nenhum direito foi conquistado por nenhum trabalhador deste país sem mobilização e luta.
Há espaço para recuperar a velha e boa militância. A Rede Talher de Educação Cidadã e o Programa Escolas-Irmãs, por exemplo, coordenados a partir do Gabinete Pessoal do Presidente da República, que não são eleitorais mas de vida, com muitos outros atores e protagonistas Brasil afora, estão no esforço, não de ressuscitar o que eventualmente está morto, mas reviver, à luz dos tempos de hoje, o que está vivo, o que anima, o que mexe com corações e mentes, o que faz brilhar os olhos e a alma, o que apaixona e faz extravazar o amor, a coragem, a entrega da vida para os outros e outras, especialmente os mais pobres entre os pobres, a sonhar com um mundo diferente e uma sociedade justa e igualitária, de direitos garantidos para todos e todas.
Pepe Mujica, presidente do Uruguai, ex-tupamaro e militante, falou em um discurso: "Que seria deste mundo sem militantes? Como seria a condição humana se não houvesse militantes? Não porque os militantes sejam perfeitos, porque tenham sempre a razão, porque sejam super-homens e super-mulheres e não se equivoquem. Não é isso. É que os militantes não vêm para buscar o seu. Vêm entregar a alma por um punhado de sonhos. Ao fim e ao cabo, o progresso da condição humana depende fundamentalmente de que exista gente que se sinta feliz em gastar sua vida a serviço do progresso humano. Ser militante não é carregar uma cruz de sacrifício. É viver a glória interior de lutar pela liberdade em seu sentido transcendente".
A vitória de Dilma no segundo turno, a primeira mulher presidenta do Brasil, depende muito do que a velha, a boa e a nova militância será capaz de fazer (re)viver e pulsar no coração de brasileiras e brasileiros.
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