sábado, 16 de outubro de 2010
Bergamo e o aborto de Monica Serra
Reproduzo reportagem de Mônica Bergamo, publicada sem maior destaque na Folha de S.Paulo de hoje com o título "Monica Serra contou ter feito aborto, diz ex-aluna":
O discurso do candidato à Presidência José Serra (PSDB) de que é contra o aborto por "valores cristãos", que impedem a interrupção da gravidez em quaisquer circunstâncias, é questionado por ex-alunas de sua mulher, Monica Serra.
Num evento no Rio, há um mês, a psicóloga teria dito a um evangélico, segundo a Agência Estado, que a candidata Dilma Rousseff (PT), que já defendeu a descriminalização do aborto, é a favor de "matar criancinhas".
Segundo relato feito à Folha por ex-alunas de Monica no curso de dança da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), a então professora lhes contou em uma aula, em 1992, que fez um aborto quando estava no exílio com o marido.
Depois do golpe militar no Brasil, Serra se mudou para o Chile, onde conheceu a mulher. Em 1973, com o golpe que levou Augusto Pinochet ao poder, o casal se mudou para os Estados Unidos.
Outro lado
A Folha tentou falar com Monica Serra durante dois dias para comentar o relato das ex-alunas, sem sucesso. Um dia depois do debate da TV Bandeirantes, no domingo, 10, a bailarina Sheila Canevacci Ribeiro, 37, postou uma mensagem em seu Facebook para "deixar a minha indignação pelo posicionamento escorregadio de José Serra" em relação ao tema.
Ela escreveu que Serra não respeitava "tantas mulheres, começando pela sua própria mulher. Sim, Monica Serra já fez um aborto". A mensagem foi replicada em outras páginas do site e em blogs.
"Com todo respeito que devo a essa minha professora, gostaria de revelar publicamente que muitas de nossas aulas foram regadas a discussões sobre o seu aborto traumático", escreveu Sheila no Facebook. "Devemos prender Monica Serra caso seu marido fosse [sic] eleito presidente?"
À Folha a bailarina diz que "confirma cem por cento" tudo o que escreveu. Sheila afirma que não é filiada a partido político. Diz ter votado em Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) no primeiro turno. No segundo, estará no Líbano, onde participará de performance de arte.
Se estivesse no Brasil, optaria por Dilma Rousseff (PT). Sheila é filha da socióloga Majô Ribeiro, que foi aluna de mestrado na USP de Eva Blay, suplente de Fernando Henrique Cardoso no Senado em 1993. Majô foi pesquisadora do Núcleo de Estudos da Mulher e Relações Sociais de Gênero da USP, fundado pela primeira-dama Ruth Cardoso (1930-2008).
Militante feminista, Majô foi candidata derrotada a vereadora e a vice-prefeita em Osasco pelo PSDB. A socióloga disse à Folha estar "preocupada" com a filha, mas afirma que a criou para "ser uma mulher livre" e que ela "agiu como cidadã".
Sheila é casada com o antropólogo italiano Massimo Canevacci, que foi professor de antropologia cultural na Universidade La Sapienza, em Roma, e hoje dirige pesquisas no Brasil.
A Folha localizou uma colega de classe de Sheila pelo Facebook. Professora de dança em Brasília, ela concordou em falar sob a condição de anonimato. Contou que, nas aulas, as alunas se sentavam em círculos, criando uma situação de intimidade. Enquanto fazia gestos de dança, Monica explicava como marcas e traumas da vida alteram movimentos do corpo e se refletem na vida cotidiana.
Segundo a ex-estudante, as pessoas compartilhavam suas histórias, algo comum em uma aula de psicologia. Nesse contexto, afirmou, Monica compartilhou sua história com o grupo de alunas. Disse ter feito o aborto por causa da ditadura.
Ainda de acordo com a ex-aluna, Monica disse que o futuro dela e do marido, José Serra, era muito incerto. Quando engravidou, teria relatado Monica à então aluna, o casal se viu numa situação muito vulnerável.
"Ela não confessou. Ela contou", diz Sheila Canevacci. "Não sou uma pessoa denunciando coisas. Mas [ela é] uma pessoa pública, que fala em público que é contra o aborto, é errado. Ela tem uma responsabilidade ética."
Assessoria da psicólogo não responde à Folha
A assessoria da psicóloga Monica Serra, mulher de José Serra, não respondeu aos questionamentos feitos pela Folha a respeito do relato de suas ex-alunas.
A Folha procurou Monica Serra pela primeira vez na manhã de anteontem. Segundo sua assessoria, ela havia viajado para o Chile e não seria possível localizá-la naquele momento.
Entre quinta-feira e ontem, a reportagem telefonou seis vezes e enviou cinco e-mails para a assessoria. Recebeu uma mensagem com a seguinte afirmação: "Não há como responder".
.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
5 comentários:
kkkkkkkkkkk,kkkkkkkkkkk,kkkkkkkkkkk. com qual moral a monica vai atacar a dilma pt
Estou chocada com a mídia brasileira. Quando é para caluniar,a Dilma, Lula e PT não medem esforços. Publicam qualquer coisa! Mas quando é para dizer a verdade, simplesmente ignoram o fato. Meu Deus quanta hipocrisia! Se fosse a Dilma a fazer um aborto, a notícia estaria em todos os meios de comunicação. ATÉ QUANDO TEMOS QUE AGUENTAR ISSO? Temos o direito de saber a verdade!
A IMPRENSA BRASILEIRA É DIGNA DE VERGONHA!
E daí se a esposa do SERRA fez aborto?
Depois vcs reclamam q o pessoal do lado de lá publiquem fotos de Dilma ao lodo de fuzil.
Tô quase votando contra a Dilma!
É verdade. Se fosse a Dilma dessa maneira tão hipócrita e sem ética, Todos os meios de comunicação, especialmente os jornais das televisões, estariam pegando pesado, mostrando o tempo todo. Esta é a nossa imprensinha tendenciosa direitista-golpista.
¨¨¨¨¨¨¨Paulo
Teremos todos perdido o bom senso e a mais elementar lógica?
Nao interessa se Monica Serra fez ou nao fez um aborto. Ela pode ter feito e hoje ser contra o aborto, como acontece com muitas pessoas. Pode nunca ter feito um e hoje ser a favor.
Aliás, a posiçao contra ou a favor do aborto de um candidato a presidente nao tem tanta relevancia, visto que em país algum um presidente legisla, nem decide em ultima instancia sobre este assunto...
Isto parece um circo, e me envergonha...
Aliás muito oportuna a 'indignaçao" da moça bem as vésperas do anuncio de Marina sobre seu apoio a um candidato.
Triste...
Postar um comentário