Por Rosane Pavan, na revista CartaCapital:
Herivelto Martins não queria criticar Getúlio Vargas. Pelo menos, não ao compor Palhaço. A música mirava um desafeto pessoal.
Havia muitos anos se resolviam assim as coisas naquele Brasil sem polícia, Justiça ou governo confiáveis. A palavra era a bala e o gatilho, a canção. Sem revólver, portanto, apenas com samba, Herivelto se vingava de quem discordava dele sobre uma questão de direito autoral. Quem gargalha demais, sem pensar no que faz, quase nunca termina em paz, musicou. O sucesso foi sem igual naquele 1946, mas o povo entendeu a canção errado. O sorriso insidioso descrito nos versos mortais passou a pertencer ao presidente destituído pela redemocratização. Palhaço seria Vargas e ponto final.
Havia muitos anos se resolviam assim as coisas naquele Brasil sem polícia, Justiça ou governo confiáveis. A palavra era a bala e o gatilho, a canção. Sem revólver, portanto, apenas com samba, Herivelto se vingava de quem discordava dele sobre uma questão de direito autoral. Quem gargalha demais, sem pensar no que faz, quase nunca termina em paz, musicou. O sucesso foi sem igual naquele 1946, mas o povo entendeu a canção errado. O sorriso insidioso descrito nos versos mortais passou a pertencer ao presidente destituído pela redemocratização. Palhaço seria Vargas e ponto final.