domingo, 8 de dezembro de 2019

Bolsonaro é o "Senhor da Direita"

Por Fernando Brito, em seu blog:

Os números do Datafolha, pressentidos ontem pela obviedade dos dados iniciais divulgados pela Folha de S. Paulo, corroboram o diagnóstico que aqui se fez de que Jair Bolsonaro segue, como planeja, sendo o “Senhor da Direita” e não dando espaço para que outros possam pretender emergir no campo conservador.

E isso inclui Sergio Moro, que sabe que seus apoiadores são, na maioria, os mesmos do ex-capitão.

Se Bolsonaro conseguirá manter esta hegemonia, como até agora, já são outros quinhentos, dependentes de não haver uma perda do patamar de estagnação econômica em que nos encontramos ou, mas aí em menor grau, por algum dos muitos escândalos que, até agora, contam com a tolerância da maioria.

Bolsonaro trai os seus brothers roqueiros

Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena:

Sete longos anos atrás, eu publiquei neste site um texto que até hoje faz sucesso sobre o fenômeno dos roqueiros reaças, que tinha em Lobão e em Roger Moreira, do Ultraje a Rigor, seus expoentes mais ruidosos. Fui xingada pelos dois e virei alvo das hordas de direitistas que os idolatravam.

Lobão era então capaz de dizer coisas como “arrancavam umas unhazinhas”, sobre os torturadores da ditadura militar. Roger, que virou o líder da “banda do Jô” do Danilo Gentili, tentou justificar a tortura de crianças dizendo que era “culpa dos pais” e atribuiu o desaparecimento do deputado federal Rubens Paiva, pai do escritor Marcelo Rubens Paiva, a estar “fazendo merda” na época. Era natural que ambos declarassem voto em Jair Bolsonaro, e assim foi.

A tentação autoritária: um novo patamar?

Por Diogo Cunha, no site Carta Maior:

Pode a democracia brasileira resistir a Bolsonaro? Desde a sua ascensão ao poder no final de 2018, essa pergunta se tornou onipresente. As opiniões divergem. Para uns, a democracia está suficientemente consolidada; logo, as instituições, se não atenuaram o radicalismo e o autoritarismo de Bolsonaro, ao menos o mantém dentro das regras do jogo. Para outros, entre os quais me incluo, desde meados da crise de 2013 e particularmente da destituição da presidente Dilma Rousseff, a democracia vem atravessando um processo de degradação que se acelerou consideravelmente com a ascensão da extrema direita ao poder em fins de 2018. Os danos sociais, ambientais e institucionais da atual administração levarão décadas para serem revertidos.

O país das falcatruas

Por Flávio Aguiar, no site A terra é redonda:

Fake é uma palavra bonita, não? Tem charme, pois é anglo-saxônica. Traduz-se, normalmente, por “falso”, “fictício”, “enganoso”, “artificial”, palavras que não desfrutam da graça do original. Na verdade ela deveria ser traduzida por uma palavra ainda menos bonita: “falcatrua”, que quer dizer “ação enganosa para prejudicar outrem”.

É o que acontece hoje, em vários universos e níveis. O Brasil está virando uma imensa falcatrua, um imenso fake, se quiserem os mais puristas do prestígio anglo-saxônico das palavras.

Quando escrevo o “Brasil” me refiro a uma imagem que temos deste país que equivale a meio-continente, com 215 milhões de habitantes, seis mil quilômetros de comprimento e outros tantos de largura.

Pesquisa para quem precisa de pesquisa

Por Bepe Damasco, em seu blog:

A quem interessa uma pesquisa como essa, feita por telefone e sem registro na justiça eleitoral, o que deixa o levantamento a salvo de questionamentos legais e ações de fiscalização?

O alvoroço causado em alguns setores da banda democrática da sociedade pela divulgação da pesquisa Veja/FSB, na qual Bolsonaro aparece na frente na corrida presidencial de 2022, me trouxe à cabeça o refrão do famoso rock dos Titãs, mas com uma oportuna troca de palavras.

O meu ponto é o seguinte: a quem interessa uma pesquisa como essa, feita por telefone – o que já reduz sensivelmente seu grau de confiabilidade, pois do contrário os grandes institutos não precisariam contratar milhares de pesquisadores de campo - e sem registro na justiça eleitoral, o que deixa o levantamento a salvo de questionamentos legais e ações de fiscalização?

Caminhoneiros e agronegócio insatisfeitos

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

“Líder dos caminhoneiros autônomos, Marconi França anunciou que, à zero hora da próxima segunda-feira, dia 16, pelo menos 70% dos cerca de 4,5 milhões de profissionais autônomos e celetistas vão parar em todo o país” (Correio Braziliense).

“Seremos muito mais exigentes no trato com o governo. A bancada dá sustentação política e tem de ter o respeito que merece. Certamente, vamos subir o volume da nossa voz para exigir do governo decisões que defendemos” (deputado Alceu Moreira, presidente da frente parlamentar do agronegócio, também conhecida como a bancada do boi, em entrevista ao Estadão).


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Essas notícias não estão nas manchetes, mas deveriam, porque a ordem unida da imprensa agora é dizer que a economia desencalhou e o pior já passou, o Natal vai ser uma beleza.

Brasil desce a ladeira e atropela o povo

Editorial do site Vermelho:

A economia brasileira vai mal das pernas até em comparação com os “emergentes”, a categoria dos países em desenvolvimento. Dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) dizem que o Brasil seguirá crescendo abaixo de seus pares nos próximos anos. Suas projeções são de um crescimento, em média, de 2,3% ao ano entre 2021 e 2024. No mesmo período, os “emergentes” como um todo avançariam 4,8% ao ano.

"Centro progressista" não é alternativa

Por Marcelo Zero

Emergindo das brumas higiênicas do quase anonimato, FHC, em seu twitter, afirma que Dória, Huck e Eduardo Leite “expressam o reformismo e a moderação do Centro Progressista. Radicalismos aguçam polarizações e não resolvem os problemas populares do país”.

O recado é claro. Bolsonarismo e petismo seriam “radicalismos” com sinais ideológicos inversos. Ambos comprometeriam, com sua polarização, a democracia e a capacidade do Brasil resolver os “problemas populares”.

A má-fé intelectual da, assim digamos, “tese” é inacreditável, mesmo levando em consideração o padrão extremamente rebaixado do debate político recente.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

Conservadores e malucos dominam a Cultura

Por Mauro Donato, no Diário do Centro do Mundo:

A mais nova dupla de integrantes do governo biroliro não desaponta o eleitorado raiz.

Amalucados e com fortes indícios de transtorno mental grave, Rafael Nogueira e Dante Mantovani foram nomeados para os cargos de presidentes da Biblioteca Nacional e da Funarte, respectivamente.

A falta de currículo, como já se sabe desde que Bolsonaro foi eleito, não conta. Os dois novos membros do time são youtubers de pouca expressão.

Na entrega do prêmio Jabuti (um dos mais importantes da literatura) ocorrida a semana passada, absolutamente ninguém nunca tinha ouvido falar em Rafael Nogueira que, na verdade, chama-se Rafael Alves da Silva.

Um processo golpista está em curso

Por Cid Benjamin, na revista Fórum:

“Se as pessoas más fossem mortas, ficariam apenas as boas, não?”. A pergunta foi feita a Mafalda, o genial personagem do cartunista argentino Quino, por Manolito, um amiguinho dela. Mafalda respondeu com uma lucidez cortante: “Não. Ficariam apenas os assassinos”.

Pois a sugestão de Manolito parece estar sendo posta em prática pelos bolsonaristas: matar as pessoas supostamente más. Só que os alvos são os pobres, negros e jovens, moradores de favelas ou periferias das grandes cidades. Entre janeiro e agosto, só no Rio de Janeiro, cinco pessoas foram mortas a cada dia pela polícia. A fonte dessa informação impressionante é a Secretaria de Segurança Pública.

A pressão dos EUA sobre o TRF-4

Por José Reinaldo Carvalho, no site da Fundação Maurício Grabois:

A visita nesta terça-feira (3) do conselheiro para Assuntos Políticos da Embaixada dos EUA em Brasília, Willard Smith, ao Tribunal da Lava Jato, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), onde foi recebido pelo presidente da corte, o desembargador Victor Luiz dos Santos Laus, é um inadmissível ato intervencionista nos assuntos internos do Brasil.

Insurgências e reações na América Latina

Ilustração: Pedripol
Por Jonnefer Francisco Barbosa, no site Outras Palavras:

Insurgência e contrainsurgência, em tempos de neocolonialismo explícito e da acumulação predatória como prática habitual de governo, deixam de expressar anomalias ou excepcionalidades e passam a ser o cotidiano político de territórios ocupados – como a América Latina conflagrada – dado que o próprio mundo hoje pode ser novamente dividido entre impérios e áreas de ocupação colonial.

Esta hipótese necessitaria de uma digressão histórica mais ampla, que aqui apenas resumirei: se o capitalismo no séc. XIX até a primeira metade do séc. XX estava baseado na mercadoria, e se a partir de 1970 passa a se ancorar na concorrência e no capital humano, vide a interpretação foucaultiana, o capitalismo cibernético contemporâneo, sob o terreno de quatro décadas de prevalência da governamentalidade neoliberal, tem a acumulação predatória ou primitiva (ursprüngliche Akkumulation), tal como chamada por Marx, como vetor principal de sua disseminação e gestão.

Agrotóxicos podem prejudicar exportações

Da Rede Brasil Atual:

A autora do Atlas Geografia do Uso de Agrotóxicos no Brasil e Conexões com a União Europeia, professora Larissa Mies Bombardi, avalia que o governo Bolsonaro pode estar dando “um tiro no pé” com a liberação descontrolada do uso de agrotóxicos no país. Apenas este ano foram autorizados 382, maior quantidade desde o início da série histórica, em 2004. Ela teme que isso possa prejudicar a exportação para países que têm regras rígidas quanto à presença de resíduos de agrotóxicos nos alimentos, caso da União Europeia (UE).