Por Jair de Souza
Queria dar início a este singelo texto trazendo de volta à memória excertos dos pensamentos de dois grandes filósofos contemporâneos que, pelo prestimoso papel que prestaram a certos setores sociais são por estes muito reverenciados. Em razão da grandiosidade de suas figuras e por serem muito conhecidos e amados nos círculos já referidos, não será preciso explicitar seus nomes, os quais, de todos modos, serão imediatamente reconhecidos.
O primeiro desses pensadores, por ter se consagrado como um ilibado e justo perseguidor da verdade e da justiça, ao justificar suas ações visando aplicar merecida condenação a um certo vilão, exibiu um PowerPoint e proferiu uma sentença que dizia mais ou menos o seguinte: “Não disponho de provas para corroborar a justeza da condenação dessa pessoa, mas tenho convicção mais do que suficiente para garantir sua validade”. E, como deveria ter sido, suas convicções foram plenamente aceitas, pelo menos no seio da grande mídia corporativa de nosso país.
O outro grandioso filósofo a quem vamos recorrer era um sábio, grande conhecedor das leis e, mais ainda, um certeiro aplicador da justiça. E, certa vez, ao saber que o nome de um conhecido figurão tinha sido detectado em coisas não muito lícitas, não vacilou em fazer uso de toda sua sapiência jurídica e externar o seguinte pensamento: “Em razão de que a tal pessoa flagrada em atividades condenáveis é, na verdade, um potencial aliado para nossas causas, não convém que melindremos com a mesma”.