quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Ruralista vota em Serra. E agora Marina?

Por Altamiro Borges

Reportagem da Folha de terça-feira (5) serve de alerta aos ambientalistas que votaram em Marina Silva no primeiro turno. Caso queiram evitar um grave desastre ecológico, eles devem desde já cerrar fileiras contra José Serra. Com base no mapa eleitoral, a matéria mostra que o tucano foi o mais bem votado entre os ruralistas. A sua maior votação no país ocorreu em Marcelândia (MT), com 75,1% dos votos. “O município é reduto pecuarista e tem altos índices de desmatamento”.

Como já alertou Flávio Aguiar, correspondente da Agência Carta Maior, numa mensagem “aos meus amigos verdes”, há uma “distância de anos-luz” entre os demotucanos e a causa ambiental. “É bom lembrar que Serra ganhou nos estados do chamado ‘espinhaço do agro-business’, que vai de Santa Catarina a Rondônia. Isso permite uma bela previsão do que vai ser seu governo, muito mais do que as suas frases sem cabeça nem pé”, adverte o jornalista.

O ódio de classe dos latifundiários

A exemplo do que ocorreu na eleição de 2006, os barões do agronegócios investiram pesado para evitar a continuidade do atual governo – não pelo que ele teve de limitação na reforma agrária ou na política ambiental, mas sim pelo pouco que avançou nestas áreas. Naquela época, os ruralistas imprimiram milhares de adesivos com o slogan “Lula é a praga da agricultura”. Agora, no pleito de 2010, eles fizeram coletas escancaradas de recursos financeiros para a campanha de Serra.

Numa ação ilegal, a senadora Kátia Abreu, presidente da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), enviou ofícios aos latifundiários de todo o país solicitando doações para os candidatos “comprometidos com o setor”. Em anexo, a demo enviou também um boleto bancário para depósito na conta do Diretório Estadual do DEM. A campanha financeira, que visa ajudar José Serra e os candidatos ruralistas, faz parte do movimento batizado de “Agricultura Forte”.

Recursos suspeitos do agronegócio

Como relatou o Portal Terra, a legislação eleitoral obriga a abertura de conta bancária específica para doações a candidatos e “proíbe que sejam feitas em contas preexistentes, como é o caso”. No final de setembro, liminar expedida pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE/TO) tirou do ar o site www.agriculturaforte.com.br, usado para coletar doações, solicitou o bloqueio dos recursos arrecadados pelo DEM e exigiu informações sobre o volume de dinheiro arrecadado. A liminar acatou ação da coligação Força do Povo, que acusou a senadora de realizar “caixa dois”.

É essa grana, bastante suspeita, que serve à campanha de José Serra. É o dinheiro dos ruralistas – parte dele extraído da exploração do trabalho escravo e infantil ou da devastação ilegal de nossas florestas – que turbina o candidato demotucano. Os barões do agronegócio têm consciência de classe. Sabem que uma vitória de Serra permitiria retroceder no pouco que se avançou nos temas agrário e ambiental, inclusive abortando o diálogo com os movimentos sociais e ecológicos.

Kátia será ministra do Meio Ambiente?

A demo Kátia Abreu, que se tornou o símbolo maior do atraso e da devastação do campo, está no comando de finanças do presidenciável tucano. Ela coleta e distribui o dinheiro. A senadora, que chegou a ser cogitada para ser vice de José Serra, talvez sonhe agora em virar ministra. Poderá ser da Agricultura, do Desenvolvimento Agrário ou até do Meio Ambiente. Como se observa, o risco é enorme e não há tempo a perder. É urgente cerrar fileiras para evitar o desastre ecológico!

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Serra estréia na TV no segundo turno



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quarta-feira, 6 de outubro de 2010

TV Globo esconde vaias a Serra




Na terça-feira (5), José Serra visitou as obras do Rodoanel na zona leste de capital paulista. A TV Globo fez campanha aberta: mostrou as estrada e disse que o candidato foi "abraçado" pelo povo. Atendeu ao pedido do seu candidato: "Eu quero me mostrar".

A TV Globo só não relatou que o demotucano foi vaiado por populares e que fugiu com a sua comitiva. A TV Record mostrou o incidente (veja abaixo). Como se observa, a TV Globo continua tentando manipular a opinião pública. É preciso ficar esperto!





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Seita fascista (TFP) apóia Serra

Reproduzo matéria publicada no sítio Vermelho:

A candidatura presidencial de José Serra (PSDB-DEM-PPS) tornou-se um porto seguro para os setores mais reacionários da sociedade. Líderes religiosos obtusos, direitistas que enaltecem a ditadura militar, elitistas que disseminam preconceito contra a população pobre, além de racistas e machistas de todos os matizes correm para manifestar apoio ao candidato tucano.

Esta gente, que costuma ser apontada como os "4%" de brasileiros que não toleram o governo Lula, está ganhando espaço cada vez maior nas hostes serristas e pode acabar afastando de Serra o eleitor progressista, sem vínculos pártidários, que optou por Marina no primeiro turno e agora está em dúvida sobre em quem votar.

Panfleto circula em reunião de cúpula tucana

Demonstração clara desta aproximação com a extrema-direita foi relatada pelo jornalista Fernando Rodrigues, em seu blog. Segundo ele, um texto que incita militantes a divulgar na web que plano de Dilma inclui perseguir cristãos, legalizar aborto e prostituição circulou hoje na reunião de cúpula da campanha de José Serra, em Brasília,

Os tucanos distribuíram entre si um panfleto com instruções sobre como propagar uma campanha anti-Dilma na internet. Num dos trechos, recomenda aos militantes visitarem o site do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, um dos fundadores da TFP ( Sociedade Brasileira de Defesa de Tradição, Família e Propriedade), uma das mais conservadores agremiações do país.

Esta organização prega, entre outras coisas, que seja proibido o uso de camisinha, que seja revogada a lei do divórcio, que só seja praticado sexo para fins reprodutivos, que as mulheres sejam submissas ao homem por lei, que cultos religiosos de origem africana sejam proibidos no Brasil. A TFP também dissemina preconceito contra as demais religiões não católicas, defende que o ensino religioso seja obrigatório no ensino público.

Em 1985, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) declarou que em razão das "características esotéricas e fanáticas, e da idolatria ao seu fundador" a TFP não estava em comunhão com a Igreja Católica. Os bispos pediram aos católicos que não se juntem ou colaborem com essa organização.

No campo econômico-social a TFP defende abertamente a desigualdade de classes. Eles consideram as questões quilombola, indígena e ambiental como ataques ao direito de propriedade.

Calúnias x direitos humanos

O panfleto da TFP que foi distribuído na reunião tucana basicamente se refere ao PNDH-3 (Programa Nacional de Direitos Humanos), lançado pelo governo Lula no final do ano passado. Eis um dos trechos do panfleto divulgado na reunião tucana:

“O PNDH-3 é um projeto de lei que tem por objetivo implantar em nossas leis a legalização do aborto, acabar com o direito da propriedade privada, limitar a liberdade religiosa, perseguir cristãos, legalizar a prostituição (e onde fica a dignidade dessas mulheres?), manipular e controlar os meios de comunicação, acabar com a liberdade de imprensa, taxas sobre fortunas o que afastará investimentos, dentre outros. É um decreto preparatório para um regime ditatorial”.

O blog estava dentro da sala do centro de convenções Brasil 21 na qual se realizou o encontro tucano. Por volta das 16h10, antes de a imprensa ser admitida no recinto, uma mulher com adesivo de Serra colado no peito distribuiu o bilhete. “Pega e passa”, dizia.

Era do tamanho de um papel A4 dividido ao meio. Mais tarde, uma pequena pilha (cerca de 3 cm de altura) com esses panfletos foi deixada ao lado do local onde era servido café –e a imprensa teve livre acesso. Ao final, o texto recomenda: “Divulgue esta informação através das redes sociais da internet (blogs, Orkut...)”.

Segundo as assessorias do PSDB nacional e do candidato José Serra, a confecção do panfleto não tem relação com o partido nem com a campanha tucana. Ainda assim, o papel ficou à disposição de quem tivesse interesse em pegar. Os panfletos só foram retirados um pouco depois de o Blog ter perguntado à cúpula tucana a respeito do assunto.

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Bullying eleitoral e fascismo tucano

Reproduzo revoltante relato de Eduardo Guimarães, publicado no Blog da Cidadania:

Estou impressionado com um caso relatado pelo amigo Arnóbio Rocha, tuiteiro com quem dividi os corredores do hospital em que minha filha Victória e Letícia, uma das filhas dele, estiveram internadas ao mesmo tempo há alguns meses.

Esse caso dá uma idéia das barbaridades que estão sendo praticados nesta campanha eleitoral, que pode passar à história como uma das mais sujas que este país já viu depois da redemocratização.

Vale relatar que tudo se deve ao candidato da mídia, bem como a própria, não estarem aceitando limites sobre o que usar para vencer a eleição presidencial.

Arnóbio relata, via Twitter, bullying que uma de suas filhas sofreu na escola em que estuda devido aos seus pais serem eleitores declarados de Dilma Rousseff.

O caso me parece extremamente grave. Inaceitável numa democracia. Este é o primeiro relato de dois que pretendo fazer hoje sobre o clima que o candidato José Serra, o jornal Folha de São Paulo, a Rede Globo, o Estadão e a revista Veja, entre outros, estão impondo ao país.

Arnóbio começa seu relato explicando o que é bullying: “Termo em inglês utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo (bully – «tiranete» ou «valentão») ou grupo de indivíduos com o objetivo de intimidar ou agredir outro indivíduo (ou grupo de indivíduos) incapaz(es) de se defender”.

Segundo Arnóbio, sua filha de 9 anos estuda em uma escola cristã de classe média de São Paulo e foi vítima de “bulliyng pesado” por “defender Dilma”. Teria sido importunada por coleguinhas cujos pais votaram em Serra, que debochavam dela alegando que o tucano teria “vencido” o primeiro turno e Dilma, “perdido”.

A garota, segundo o relato, teria revidado dizendo que havia “mais eleição” pela frente – bela resposta para uma criança de nove anos. Todavia, naquele momento os coleguinhas começaram a gritar “Dilma Assassina”, e que ela “foi presa”, que “roubava” e que “mata crianças”.

Agora a parte mais revoltante e assustadora: a filha de Arnóbio diz ter sido caçada, encurralada e recebido socos e pontapés, além de os agressores terem pisado na mochila dela enquanto gritavam insultos e deboches.

Quando a mãe da menina foi buscá-la na escola, encontrou a filha aos prantos tentando relatar a agressão que sofrera.

Ainda segundo meu companheiro de hospital – alguém que tem a filha primogênita, de doze anos, sofrendo de leucemia -, este é o perfil dos pais dos alunos da tal escola: curso superior e salários, em média, de R$12 a 15 mil.

Arnóbio ainda assevera que “Nem em 1989 Collor ousou pregar o ódio de forma tão aberta” e que “Transformaram as eleições num inferno, em São Paulo”. E conclui dizendo que “não dá mais para ficar calado”.

Na classe da vítima dessa nova forma de bullying inventada pela campanha de Serra, o “bullying eleitoral”, dos 21 alunos 4 dizem que os pais votam em Dilma e todos estão sendo vítimas dos demais.

Arnóbio não quer revelar o nome da escola, no que julgo que está certo. Mas só até o ponto em que essa instituição tomar providências. Se tal não ocorrer, penso que ele deve tomar uma atitude. Não denunciar essa barbaridade equivale a aceitar ter a sua liberdade de expressão e de opinião desrespeitada.

Aguardemos…

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