Reproduzo artigo de Gilson Caroni Filho, publicado no sítio Carta Maior:
Quando entrou nos estúdios da Rede Bandeirantes para o segundo confronto com Dilma Rousseff, Serra parecia confiante. Afinal, pesquisas recentes indicavam que sua candidatura registrava uma curva ascendente. Amparado pelo confortável clima de terror criado por demotucanos, com auxílio inestimável do oportunismo de grupos religiosos partidários da teologia da prosperidade, "in nomine Dei”, o massacre da adversária era tratado como favas contadas. Mas, como costuma acontecer na luta política, o açodamento voraz aumenta a voltagem de fracassos inesperados.
A adversária se mostrava surpreendentemente bem mais preparada do que no encontro anterior, disparando alguns petardos para os quais o PSDB - e a mídia corporativa que lhe apóia - não encontraria proteção adequada nem mesmo no dia seguinte. Do assessor que fugiu com R$ 4 milhões da campanha a uma possível privatização do pré-sal em um caso de vitória tucana, Serra manteve a fisionomia tensa, perdendo-se nas respostas, sem conseguir esboçar contra-ataques com os detalhes que a televisão exige. O desempenho do personagem preocupou assessores e a base social que lhe dá sustentação.
Quando perguntado sobre fatos provados, respondia com evasivas. Nem mesmo a mulher, Mônica Serra, foi capaz de defender. Foge como o diabo da cruz quando são feitas comparações entre os governos FHC e Lula. Quem tirou 14 milhões da miséria, levou 32 milhões para a classe média, criando 13 milhões de empregos? Que governo fez o Brasil crescer como nunca, libertando o país dos ditames do FMI? Quem proporcionou acesso de um enorme contingente popular às universidades, mudando a fisionomia e as expectativas educacionais de uma formação social marcada pela exclusão? Sob o manto das redações que o protegem, Serra é poupado de contraditórios incômodos. Quando exposto ao confronto, sobram o sorriso nervoso e as mãos trêmulas no ar.
Ficou claro, no debate de ontem, que Serra promete coisas sem base e silencia sobre como vai cumpri-las. Chegou o momento de mostrar, às claras, quem é o ex-governador que paga os piores salários do Brasil para os professores e policiais de São Paulo, recusando qualquer possibilidade de diálogo com representantes das duas categorias. Serra envereda pela ficção quando diz que criou os genéricos e o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). E mente quando diz que tirou do papel o Seguro-Desemprego.
Nos próximos encontros, Dilma deve mostrar ao país o perigo de ter religiosos fundamentalistas dando palpite na administração pública. Precisa alertar que nas regiões metropolitanas, em comunidades carentes, além da crônica falta do Estado, os poderes conferidos a seitas e outros espertalhões, aliados a uma polícia medíocre e corrupta, acabam facilitando a vida de milicianos e traficantes. O que faz soar, no mínimo, ridícula a proposta tucana de criação de um Ministério da Segurança.
É importante indicar ao eleitor que um eventual governo Serra representará um mergulho nas trevas, com direito a TFPs, Opus Dei, Carismáticos e outras denominações legislando o nascimento de um poder assentado em bases teocráticas. Sobre isso deveria refletir uma parcela da classe média. Aquela mais apegada ao consumo que à cidadania, sócia despreocupada do rentismo e do poder nos tempos neoliberais.
Acostumada, desde a ditadura militar, à apropriação dos recursos que o mercado ou o Estado lhe ofereciam para a melhoria de seu poder aquisitivo e seu bem-estar material, ainda conserva vícios de origem, reagindo negativamente ao aumento da participação e da inclusão política de novos setores. Instalada em um desencanto abrangente, como estamento arraigado, abriga forças que não ameaçam apenas o processo democrático. O perigo vai bem além. Por tudo que vimos nessa campanha, a candidatura de Serra é incompatível com os valores mais caros à modernidade.
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terça-feira, 12 de outubro de 2010
Uma lembrança para Marina Silva
Reproduzo mensagem enviada por Paulo Maldos, ex-assessor do Conselho Indigenista Missionário (CIMI):
Acho que é o caso de lembrar a Marina de onde ela estava em abril do ano 2.000.
No dia 22 de abril de 2.000 ela estava na estrada que liga Santa Cruz de Cabrália a Porto Seguro, junto com 3.600 indígenas, de mais de 180 povos, militantes do movimento negro, quilombolas, militantes do MST, estudantes, mulheres, militantes de inúmeros movimentos populares e sindicais, talvez mais de 10 mil ao todo, de todo o Brasil.
Ela tinha falado no Quilombo, que era o acampamento coletivo, no dia anterior, para alguns destes milhares de militantes.
No dia 22 de abril, logo pela manhã, foi desatada a repressão sobre todos e todas.
O Fernando Henrique estava na Cidade Alta de Porto Seguro, comemorando com o Presidente de Portugal.
Na estrada, a policia do Antonio Carlos Magalhães e as tropas do FHC jogavam bombas de gás, arrastavam negros pelos cabelos, espancavam indígenas e prendiam estudantes. Havia helicópteros e lanchas da Marinha no cerco.
Um indígena se jogou no chão da estrada, em frente dos soldados, que passaram por cima dele.
Encontrei a Marina com sua assessora Áurea, perdidas na estrada, escutando bombas e tiros próximos.
Coloquei as duas no meu carro, para escapar dali protegendo-as. Dentro do carro, a Marina falou calmamente que, se respirasse aquele gás, poderia morrer. Virei o carro para pegar um caminho de terra e ir em direção da praia. Ela pediu que não fosse, porque tinha visto soldados irem para a praia perseguindo estudantes.
Voltei com o carro prá estrada e levei a Marina até local seguro, longe da repressão e das bombas. Emocionado porque, segundo a nossa Senadora, eu talvez tivesse acabado de salvar sua vida.
Acho bom ela lembrar deste episódio neste momento, para pensar de que lado ela sempre esteve, e de que lado deve estar agora.
Um abraço fraterno
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Acho que é o caso de lembrar a Marina de onde ela estava em abril do ano 2.000.
No dia 22 de abril de 2.000 ela estava na estrada que liga Santa Cruz de Cabrália a Porto Seguro, junto com 3.600 indígenas, de mais de 180 povos, militantes do movimento negro, quilombolas, militantes do MST, estudantes, mulheres, militantes de inúmeros movimentos populares e sindicais, talvez mais de 10 mil ao todo, de todo o Brasil.
Ela tinha falado no Quilombo, que era o acampamento coletivo, no dia anterior, para alguns destes milhares de militantes.
No dia 22 de abril, logo pela manhã, foi desatada a repressão sobre todos e todas.
O Fernando Henrique estava na Cidade Alta de Porto Seguro, comemorando com o Presidente de Portugal.
Na estrada, a policia do Antonio Carlos Magalhães e as tropas do FHC jogavam bombas de gás, arrastavam negros pelos cabelos, espancavam indígenas e prendiam estudantes. Havia helicópteros e lanchas da Marinha no cerco.
Um indígena se jogou no chão da estrada, em frente dos soldados, que passaram por cima dele.
Encontrei a Marina com sua assessora Áurea, perdidas na estrada, escutando bombas e tiros próximos.
Coloquei as duas no meu carro, para escapar dali protegendo-as. Dentro do carro, a Marina falou calmamente que, se respirasse aquele gás, poderia morrer. Virei o carro para pegar um caminho de terra e ir em direção da praia. Ela pediu que não fosse, porque tinha visto soldados irem para a praia perseguindo estudantes.
Voltei com o carro prá estrada e levei a Marina até local seguro, longe da repressão e das bombas. Emocionado porque, segundo a nossa Senadora, eu talvez tivesse acabado de salvar sua vida.
Acho bom ela lembrar deste episódio neste momento, para pensar de que lado ela sempre esteve, e de que lado deve estar agora.
Um abraço fraterno
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Serra atropelado: "Anotou a placa?"
Reproduzo artigo de Sônia Correa, publicado no blog Coisas da Soninha:
O debate da Band foi de lavar a alma de qualquer militante de esquerda. Dilma foi um verdadeiro caminhão que passou por cima de Serra. E eles nem conseguiram anotar a placa.
Ontem, bem antes do debate, quando postei o texto abaixo, disse que queria ver Dilma colocar o SimSERRAmente ou o SerraMilCaras no seu devido lugar.
Também ressaltei que queria ver aquela Dilma que é firme, forte, competente, decidida, incisiva na defesa de suas posições. E vi.
Claro que era previsível que o PIG fosse manchetear (como está fazendo hoje) que Dilma teria sido “agressiva”. Notem que nesse item chama a atenção um outro preconceito: o machismo. Se um homem é enfático, ele defendeu com firmeza suas posições. Se isso acontece com uma mulher, então ela é “agressiva” e, muitas vezes “histérica”.
Pois de minha parte e, pelo que acompanhei no Twitter, também de parte da militância de todo o Brasil, a contundência com que Dilma se posicionou no debate foi o melhor que podia ter acontecido. Incendiou a militância, em minha opinião. Deu gás à campanha. Encheu de tesão.
Era necessário mostrar que a campanha dos adversários do povo se baseia na calúnia, na baixaria, na mentira e nas mil caras de José Serra. E eu acho que precisamos elevar ainda mais o tom. Precisamos, por exemplo, desmascarar o programa de Serra onde ele fala sobre educação e valorização dos professores. Mostrem que tipo de valorização defende José Serra, botando a polícia paulista para bater nos professores.
Quanto ao debate do aborto, acho que não temos mais que comer a isca “deles”. Defendemos a vida e ponto. Não aceitamos que milhares de mulheres sejam vítimas de açougueiros mercenários. Assunto encerrado.
Quer falar da Erenice? Pois que Dilma diga mais do estar indignada. Que esclareça que sua posição é exigir apuração e punição de quem quer que seja. Agora, por que não pedirmos também que se apure o motivo pelo qual as empresas brasileiras privatizadas por FHC tenham sido vendidas a troco de banana podre.
O Brasil de Dilma, Lula e do povo brasileiro não é o Brasil do orelhão. É o Brasil da Banda Larga para todos os brasileiros. É o Brasil que tirou milhões de brasileiros da linha da miséria. Que ampliou a classe média, que foi recordista no acesso a diversos bens de consumo, que levou luz para o campo, que está tratando – como nunca antes ocorreu – do imenso déficit habitacional.
Sou mais Dilma e, se é para ser agressivos, sejamos fazendo as comparações entre as incomensuráveis realizações voltadas para o povo brasileiro, iniciadas pelo presidente Lula, e as realizações de FHC/Serra voltadas para os ricos e poderosos. E, é justamente esta diferença que faz com que eles se desesperem como cães famintos pelo osso da presidência do Brasil.
Quanto à nós, seguiremos passando por cima deles no caminhão da esperança, do desenvolvimento e da valorização dessa gente brasileira que constrói nosso gigante verde-amarelo.
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O debate da Band foi de lavar a alma de qualquer militante de esquerda. Dilma foi um verdadeiro caminhão que passou por cima de Serra. E eles nem conseguiram anotar a placa.
Ontem, bem antes do debate, quando postei o texto abaixo, disse que queria ver Dilma colocar o SimSERRAmente ou o SerraMilCaras no seu devido lugar.
Também ressaltei que queria ver aquela Dilma que é firme, forte, competente, decidida, incisiva na defesa de suas posições. E vi.
Claro que era previsível que o PIG fosse manchetear (como está fazendo hoje) que Dilma teria sido “agressiva”. Notem que nesse item chama a atenção um outro preconceito: o machismo. Se um homem é enfático, ele defendeu com firmeza suas posições. Se isso acontece com uma mulher, então ela é “agressiva” e, muitas vezes “histérica”.
Pois de minha parte e, pelo que acompanhei no Twitter, também de parte da militância de todo o Brasil, a contundência com que Dilma se posicionou no debate foi o melhor que podia ter acontecido. Incendiou a militância, em minha opinião. Deu gás à campanha. Encheu de tesão.
Era necessário mostrar que a campanha dos adversários do povo se baseia na calúnia, na baixaria, na mentira e nas mil caras de José Serra. E eu acho que precisamos elevar ainda mais o tom. Precisamos, por exemplo, desmascarar o programa de Serra onde ele fala sobre educação e valorização dos professores. Mostrem que tipo de valorização defende José Serra, botando a polícia paulista para bater nos professores.
Quanto ao debate do aborto, acho que não temos mais que comer a isca “deles”. Defendemos a vida e ponto. Não aceitamos que milhares de mulheres sejam vítimas de açougueiros mercenários. Assunto encerrado.
Quer falar da Erenice? Pois que Dilma diga mais do estar indignada. Que esclareça que sua posição é exigir apuração e punição de quem quer que seja. Agora, por que não pedirmos também que se apure o motivo pelo qual as empresas brasileiras privatizadas por FHC tenham sido vendidas a troco de banana podre.
O Brasil de Dilma, Lula e do povo brasileiro não é o Brasil do orelhão. É o Brasil da Banda Larga para todos os brasileiros. É o Brasil que tirou milhões de brasileiros da linha da miséria. Que ampliou a classe média, que foi recordista no acesso a diversos bens de consumo, que levou luz para o campo, que está tratando – como nunca antes ocorreu – do imenso déficit habitacional.
Sou mais Dilma e, se é para ser agressivos, sejamos fazendo as comparações entre as incomensuráveis realizações voltadas para o povo brasileiro, iniciadas pelo presidente Lula, e as realizações de FHC/Serra voltadas para os ricos e poderosos. E, é justamente esta diferença que faz com que eles se desesperem como cães famintos pelo osso da presidência do Brasil.
Quanto à nós, seguiremos passando por cima deles no caminhão da esperança, do desenvolvimento e da valorização dessa gente brasileira que constrói nosso gigante verde-amarelo.
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Renato Rabelo: "Bravo, Dilma!"
Reproduzo artigo de Renato Rabelo, presidente nacional do PCdoB, publicado no sítio Vermelho:
O primeiro debate do 2º turno entre os candidatos a presidente da República na TV Bandeirantes revelou o melhor momento de Dilma Rousseff nesse tipo de disputa. Ela se portou com veemência, convicção e, aliás, com muita serenidade diante das provocações rasteiras, agressivas e insidiosas de que tem sido alvo. Enfrentou com indignação e altivez a campanha sórdida perpetrada contra ela.
José Serra, em muitos momentos do debate, desde o começo, sentiu-se desnudado, sem respostas. A fim de esconder seu desapontamento, diversiona: vocifera que Dilma está “agressiva”. A contundência de Dilma que tirou a máscara de Serra – as suas “mil caras”, como denominou precisamente nossa candidata – é repercutida pela oposição e a mídia serrista como atitude agressiva. É obvio. É o mote que encontraram, aos vexames, para esconder o impecável desempenho de Dilma e o atônito e rebarbativo desempenho de Serra.
A reação de muitas pessoas do meu convívio fora do meio político – diga-se que alguns votaram em Marina no primeiro turno – foram eloquentes: “Agora entendo por que Lula a escolheu. Ela é de fato destemida e preparada”.
Dilma, no transcorrer das duas horas de debate, procurou demonstrar que Serra não apresentou nenhum projeto para o país, esconde o desastre do passado governo tucano de FHC – e ele foi destacado defensor do que diziam os documentos dessa época: “O maior plano de privatizações da história no mundo”.
Dilma reagiu com justeza à situação em que Serra, sem projeto a apresentar, agindo com seu sistema de apoio, apelou para o nível da baixaria, da mentira e deturpação grosseira, explorando valores caros ao povo, para incitá-lo vergonhosamente contra a sua candidatura. É tudo isso que Dilma, numa nova atitude, procurou responder nesse debate de domingo.
Logo no primeiro bloco do debate, em face da pergunta lançada de qual o maior desafio para o futuro governo nacional, Serra revelou o seu limite: reduziu essa questão central para o futuro da nação a algumas medidas mal alinhavadas para educação. Dilma foi direta na questão do desafio central para o Brasil: desenvolvimento robusto com distribuição de renda e crescimento sustentado.
Este é o caminho a ser perseguindo. Porque, sem um desenvolvimento acelerado do país, não iremos alcançar uma educação para todos de qualidade, assim também no caso da saúde e outras exigências sociais fundamentais. É certo que, no projeto nacional de desenvolvimento, a educação ocupa papel nodal. Dilma enfocou o desafio no seu verdadeiro contexto, demonstrando o caminho e um horizonte para o Brasil.
O debate sustentado por Dilma trouxe a lume que o candidato tucano não tem um projeto explícito e apenas apresenta receitas pontuais demagógicas (salário mínimo de R$ 600, sendo que antes os tucanos não conseguiram sequer elevar o salário mínimo a mais de 80 dólares), ou “pré-projetos pilotos”, sem dimensão em relação ao tamanho do problema a ser enfrentado – clínica de 90 leitos para atender população de mais de 400 mil dependentes químicos. Mostrou que ele esconde o desastre do passado governo tucano de FHC, com investimentos reduzidos e contidos pela tutela ao FMI tornando a infra-estrutura sucateada, hoje sem nenhuma autoridade para criticar as inúmeras obras dos ambiciosos PAC 1 e PAC 2 iniciadas pelo governo Lula.
Também Dilma denunciou que ela, quando assumiu a presidência do Conselho da Petrobras, no primeiro governo Lula, encontrou planos de “esquartejamento” desta empresa estatal, dividindo-a em fatias, preparando sua privatização por partes. Dilma também acentuou a posição defendida pelo esquema de Serra, e sem uma orientação nítida da parte dele, em mudar o projeto apresentado pelo governo sobre o pré-sal, dando-lhe uma natureza privatista, entregando aos grandes monopólios internacionais a exploração de tamanha riqueza, componente essencial para o alcance de uma nação moderna e próspera.
Dilma teve o protagonismo durante o transcorrer de todos os blocos, demonstrando profundo conhecimento do governo nacional e do Brasil.
Bravo, Dilma!
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O primeiro debate do 2º turno entre os candidatos a presidente da República na TV Bandeirantes revelou o melhor momento de Dilma Rousseff nesse tipo de disputa. Ela se portou com veemência, convicção e, aliás, com muita serenidade diante das provocações rasteiras, agressivas e insidiosas de que tem sido alvo. Enfrentou com indignação e altivez a campanha sórdida perpetrada contra ela.
José Serra, em muitos momentos do debate, desde o começo, sentiu-se desnudado, sem respostas. A fim de esconder seu desapontamento, diversiona: vocifera que Dilma está “agressiva”. A contundência de Dilma que tirou a máscara de Serra – as suas “mil caras”, como denominou precisamente nossa candidata – é repercutida pela oposição e a mídia serrista como atitude agressiva. É obvio. É o mote que encontraram, aos vexames, para esconder o impecável desempenho de Dilma e o atônito e rebarbativo desempenho de Serra.
A reação de muitas pessoas do meu convívio fora do meio político – diga-se que alguns votaram em Marina no primeiro turno – foram eloquentes: “Agora entendo por que Lula a escolheu. Ela é de fato destemida e preparada”.
Dilma, no transcorrer das duas horas de debate, procurou demonstrar que Serra não apresentou nenhum projeto para o país, esconde o desastre do passado governo tucano de FHC – e ele foi destacado defensor do que diziam os documentos dessa época: “O maior plano de privatizações da história no mundo”.
Dilma reagiu com justeza à situação em que Serra, sem projeto a apresentar, agindo com seu sistema de apoio, apelou para o nível da baixaria, da mentira e deturpação grosseira, explorando valores caros ao povo, para incitá-lo vergonhosamente contra a sua candidatura. É tudo isso que Dilma, numa nova atitude, procurou responder nesse debate de domingo.
Logo no primeiro bloco do debate, em face da pergunta lançada de qual o maior desafio para o futuro governo nacional, Serra revelou o seu limite: reduziu essa questão central para o futuro da nação a algumas medidas mal alinhavadas para educação. Dilma foi direta na questão do desafio central para o Brasil: desenvolvimento robusto com distribuição de renda e crescimento sustentado.
Este é o caminho a ser perseguindo. Porque, sem um desenvolvimento acelerado do país, não iremos alcançar uma educação para todos de qualidade, assim também no caso da saúde e outras exigências sociais fundamentais. É certo que, no projeto nacional de desenvolvimento, a educação ocupa papel nodal. Dilma enfocou o desafio no seu verdadeiro contexto, demonstrando o caminho e um horizonte para o Brasil.
O debate sustentado por Dilma trouxe a lume que o candidato tucano não tem um projeto explícito e apenas apresenta receitas pontuais demagógicas (salário mínimo de R$ 600, sendo que antes os tucanos não conseguiram sequer elevar o salário mínimo a mais de 80 dólares), ou “pré-projetos pilotos”, sem dimensão em relação ao tamanho do problema a ser enfrentado – clínica de 90 leitos para atender população de mais de 400 mil dependentes químicos. Mostrou que ele esconde o desastre do passado governo tucano de FHC, com investimentos reduzidos e contidos pela tutela ao FMI tornando a infra-estrutura sucateada, hoje sem nenhuma autoridade para criticar as inúmeras obras dos ambiciosos PAC 1 e PAC 2 iniciadas pelo governo Lula.
Também Dilma denunciou que ela, quando assumiu a presidência do Conselho da Petrobras, no primeiro governo Lula, encontrou planos de “esquartejamento” desta empresa estatal, dividindo-a em fatias, preparando sua privatização por partes. Dilma também acentuou a posição defendida pelo esquema de Serra, e sem uma orientação nítida da parte dele, em mudar o projeto apresentado pelo governo sobre o pré-sal, dando-lhe uma natureza privatista, entregando aos grandes monopólios internacionais a exploração de tamanha riqueza, componente essencial para o alcance de uma nação moderna e próspera.
Dilma teve o protagonismo durante o transcorrer de todos os blocos, demonstrando profundo conhecimento do governo nacional e do Brasil.
Bravo, Dilma!
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Aos que me cobram uma posição…
Reproduzo artigo da jornalista Hildegard Angel, publicado em seu blog:
Aos que me cobram por nada ter falado neste blog a respeito da eleição, desde o último domingo das urnas, eis o que tenho a dizer. Por enquanto...
Para superar Dilma Rousseff, como pretendem os tucanos, José Serra tem um caminho longo e difícil a percorrer, passando dos 33% que mereceu no primeiro turno para 51% nas urnas do segundo. Para isso, o que já se percebe é que sua campanha deverá jogar ainda mais pesado junto à ala conservadora que deu a Marina os 6% a mais que ela não tinha. E o jogo pesado já começou, trazendo de volta à pauta o mesmo “discurso do aborto” que tirou uma eleição de Lula no último minuto do segundo tempo, com aquela acusação de Miriam Cordeiro, hoje sabidamente falsa, mas que na época serviu aos propósitos dos opositores...
No recente primeiro turno, vimos coisas de arrepiar, como jornalistas, ditos liberais, da grande imprensa irem ao Clube Militar no Rio defender a 'democracia' unidos aos milicos de pijama, os mesmos daquele tempo negro do país; vimos Cesar Maia, em seu blog, defender como 'tática' de ataque apontar o risco de 'chavenização' do Brasil com Dilma; vimos uma saraivada de e-mails ofensivos, com mentiras e covardias, construindo uma falsa imagem da candidata Dilma, identificando-a com a truculência, quando ser truculento é participar sem nenhum escrúpulo de uma tal campanha difamatória, habilmente pensada, construída e orientada. Um verdadeiro vale-tudo...
Nessa estratégia de matar ou morrer, vemos agora, com ainda mais escândalo, um manifesto com diretrizes do Comando de Caça aos Comunistas ser distribuído em reunião do PSDB; vemos o aborto na ordem do dia; vemos o Estadão demitir articulista porque emitiu opinião diferente da voz de comando da redação 100% pró-Serra – e justamente o jornal que levantou sua voz contra uma suposta 'censura' (!!)...
É a campanha do mata-mata, do salve-se quem puder, numa violência de dar inveja até aos mais raivosos momentos do lacerdismo. Ética, bons costumes, palavra, honradez, tudo isso posto de lado por um tempo, justamente por aqueles que se arvoram de donos da moral...
Resta saber se o eleitor concorda que tudo seja mesmo válido até se alcancar o objetivo do poder; até se conseguir destronar a possibilidade de continuidade de um governo que dá certo, que é sucesso em todas as áreas, que tira o miserável da miséria, o pobre da pobreza, que faz o rico produzir, que gera empregos, que enriquece o país, que nos levou ao tão anunciado, desde sempre, fim do túnel onde enfim encontramos a tal luz tão falada...
Um governo que nos retirou da escuridão da ausência de perspectivas, que faz jovens que haviam partido em busca de oportunidades retornarem ao Brasil, que atrai os investidores estrangeiros...
Temos, com tristeza e vergonha, presenciado uma maratona de maldades e artimanhas patrocinadas por parte da grande mídia em conluio, uma lavagem cerebral nos eleitores querendo convencê-los de que o amarelo é verde, distorcendo a realidade...
Mas não é apenas essa campanha vexatória que ameaça Dilma. O entorno da candidata também tem deixado bastante a desejar. Quando, na última semana da campanha, foi detectado o estrago da 'bala de prata' do aborto, eles deveriam ter mudado seu programa de TV. E não mudaram. Ficaram engessados dentro de uma agenda previamente estabelecida, sem qualquer agilidade...
A campanha apócrifa do medo contra Dilma, através de e-mails e boatos, prosperou sem contra-ataques, sem desmentidos incisivos, sem praticamente qualquer reação dos petistas. Outro erro fatal que impediu a vitória no primeiro turno...
Fizeram falta, também, nos programas da campanha na TV, os depoimentos de personalidades que formam opinião, conhecem Dilma e podem falar sobre ela com propriedade. E esses depoimentos existem, como aquele magnífico dado por Maria da Conceição Tavares, que permanece restrito aos blogs da internet. A cantora Alcione também gravou um depoimento muito bom, que o grande público da TV não viu...
E a última falha foi da própria Dilma, que não ganhou o debate da Globo, empatou, quando poderia ter saído vencedora se, em vez de se retrair, tivesse abordado diretamente, por sua iniciativa, o caso Erenice, a questão do aborto e a própria campanha de medo que a apresentava e ainda a apresenta como uma 'Chavez de saias', o que ela definitivamente não é...
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Aos que me cobram por nada ter falado neste blog a respeito da eleição, desde o último domingo das urnas, eis o que tenho a dizer. Por enquanto...
Para superar Dilma Rousseff, como pretendem os tucanos, José Serra tem um caminho longo e difícil a percorrer, passando dos 33% que mereceu no primeiro turno para 51% nas urnas do segundo. Para isso, o que já se percebe é que sua campanha deverá jogar ainda mais pesado junto à ala conservadora que deu a Marina os 6% a mais que ela não tinha. E o jogo pesado já começou, trazendo de volta à pauta o mesmo “discurso do aborto” que tirou uma eleição de Lula no último minuto do segundo tempo, com aquela acusação de Miriam Cordeiro, hoje sabidamente falsa, mas que na época serviu aos propósitos dos opositores...
No recente primeiro turno, vimos coisas de arrepiar, como jornalistas, ditos liberais, da grande imprensa irem ao Clube Militar no Rio defender a 'democracia' unidos aos milicos de pijama, os mesmos daquele tempo negro do país; vimos Cesar Maia, em seu blog, defender como 'tática' de ataque apontar o risco de 'chavenização' do Brasil com Dilma; vimos uma saraivada de e-mails ofensivos, com mentiras e covardias, construindo uma falsa imagem da candidata Dilma, identificando-a com a truculência, quando ser truculento é participar sem nenhum escrúpulo de uma tal campanha difamatória, habilmente pensada, construída e orientada. Um verdadeiro vale-tudo...
Nessa estratégia de matar ou morrer, vemos agora, com ainda mais escândalo, um manifesto com diretrizes do Comando de Caça aos Comunistas ser distribuído em reunião do PSDB; vemos o aborto na ordem do dia; vemos o Estadão demitir articulista porque emitiu opinião diferente da voz de comando da redação 100% pró-Serra – e justamente o jornal que levantou sua voz contra uma suposta 'censura' (!!)...
É a campanha do mata-mata, do salve-se quem puder, numa violência de dar inveja até aos mais raivosos momentos do lacerdismo. Ética, bons costumes, palavra, honradez, tudo isso posto de lado por um tempo, justamente por aqueles que se arvoram de donos da moral...
Resta saber se o eleitor concorda que tudo seja mesmo válido até se alcancar o objetivo do poder; até se conseguir destronar a possibilidade de continuidade de um governo que dá certo, que é sucesso em todas as áreas, que tira o miserável da miséria, o pobre da pobreza, que faz o rico produzir, que gera empregos, que enriquece o país, que nos levou ao tão anunciado, desde sempre, fim do túnel onde enfim encontramos a tal luz tão falada...
Um governo que nos retirou da escuridão da ausência de perspectivas, que faz jovens que haviam partido em busca de oportunidades retornarem ao Brasil, que atrai os investidores estrangeiros...
Temos, com tristeza e vergonha, presenciado uma maratona de maldades e artimanhas patrocinadas por parte da grande mídia em conluio, uma lavagem cerebral nos eleitores querendo convencê-los de que o amarelo é verde, distorcendo a realidade...
Mas não é apenas essa campanha vexatória que ameaça Dilma. O entorno da candidata também tem deixado bastante a desejar. Quando, na última semana da campanha, foi detectado o estrago da 'bala de prata' do aborto, eles deveriam ter mudado seu programa de TV. E não mudaram. Ficaram engessados dentro de uma agenda previamente estabelecida, sem qualquer agilidade...
A campanha apócrifa do medo contra Dilma, através de e-mails e boatos, prosperou sem contra-ataques, sem desmentidos incisivos, sem praticamente qualquer reação dos petistas. Outro erro fatal que impediu a vitória no primeiro turno...
Fizeram falta, também, nos programas da campanha na TV, os depoimentos de personalidades que formam opinião, conhecem Dilma e podem falar sobre ela com propriedade. E esses depoimentos existem, como aquele magnífico dado por Maria da Conceição Tavares, que permanece restrito aos blogs da internet. A cantora Alcione também gravou um depoimento muito bom, que o grande público da TV não viu...
E a última falha foi da própria Dilma, que não ganhou o debate da Globo, empatou, quando poderia ter saído vencedora se, em vez de se retrair, tivesse abordado diretamente, por sua iniciativa, o caso Erenice, a questão do aborto e a própria campanha de medo que a apresentava e ainda a apresenta como uma 'Chavez de saias', o que ela definitivamente não é...
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