Reproduzo artigo de Rodrigo Vianna, publicado no blog Escrevinhador:
Não tenho simpatia alguma por Gilberto Kassab. Fruto do marketing (lembram dos bonecos do “Kassabão” na campanha para a Prefeitura, em 2008?) e de espertezas urdidas nos bastidores da política, ele virou prefeito num golpe de sorte – depois de ser escolhido vice de Serra.
Kassab tem trajetória parecida à de Sarney: o ex-presidente era um líder de segunda linha no antigo PDS. Ajudou a criar a dissidência que daria origem ao PFL (apesar de não ter entrado no PFL, mas ido diretamente ao PMDB), e assim virou o vice de Tancredo. Com a morte de Tancredo, virou presidente. Estava no lugar certo, na hora certa. Sarney sobrevive, desde então, como uma espécie de camaleão que sabe fazer as escolhas corretas nas horas exatas: apoiou FHC, depois apoiou Lula.
Kassab parece ter escolhido caminho semelhante. O que não chega a ser novidade na política brasileira. O engraçado é o desespero da imprensa serrista. Enquanto Kassab mantinha-se fiel ao bloco PDSB/DEM, era tratado como um “gerentão”, como um prefeito bom de trabalho, o prefeito da “Cidade Limpa” (que, diga-se, é um bom projeto). Tratado sempre com a condescendência merecida, já que era um protegido de Serra. Nada da pancadaria sofrida por Erundina ou Marta.
Agora, que resolveu migrar rumo à base lulista, Kassab virou um pária. Um colunista da “Folha” escreveu essa semana: “Serra levou Kassab aonde ele jamais imaginaria chegar”.
Hehe. Está dado o recado: “Kassab, seu ingrato, Serra abriu o caminho para você. E agora você trai o nosso chefe?”
Kassab queria chamar seu “novo” partido de PDB. Foi logo carimbado de “Partido Da Boquinha”. Ok. Mas quando a boquinha é pra ser vice de um tucano, aí pode?
Hehe. Essa “Folha”… Cada vez mais óbvia. A história é a seguinte: Kassab é apenas um político conservador, que tenta sobreviver. Vai aprender que a vida, longe da proteção oferecida pela mídia serrista, não é fácil. Kassab apanha sem parar desde que anunciou o movimento de aproximação com a base lulista. O mesmo colunista da “Folha” (o diário extra-oficial do serrismo) agora carimbou o partido do prefeito de “partido comercial”. Isso por agregar muitas lideranças ligadas às associações comerciais que tradiconalmente apóiam Afif – isso desde que ele foi candidato a presidente em 89. A “Folha” ainda chamou o prefeito de “macunaímico”. E disse que o PSD de Kassab é “filho do pragmatismo maroto”.
Ou seja: a “Folha” descobriu que Kassab é Kassab! Mas só descobriu agora, quando ele rompeu com o condomínio PSDB/DEM. E olhe que ele nem rompeu oficialmente com Serra. Mas ameaça costear o alambrado…
A “Folha” também só descobriu agora que Afif tem ligações sólidas com associações comerciais de todo o Brasil? Quando Afif foi eleito vice-governador de Alckmin isso não importava, certo? Boquinha e associação comercial, quando se trata de fazer aliança com os tucanos, são bemvindas.
Verdade que Kassab expõe-se ao ridículo com a tentativa de “resgatar a memória de JK”. Kassab não tem nada de JK. Isso soa falso, estranho. Até a neta de Juscelino já apareceu pra reclamar, como eu li no IG.
Quando resolveu apoiar Lula, especialmente após a crise de 2005, Sarney passou a ser tratado pela velha mídia brasileira como um “oligarca do Maranhão”. Ok. Isso ele já era há muito tempo. Mas enquanto esteve à disposição dos tucanos, o oligarca era um “estadista”.
Nesse ponto, parece-me que Sarney é muito mais esperto, e muito mais bem preparado do que Kassab. Sarney nunca tentou ser o que não era. Sarney nunca tentou apresentar-se como “herdeiro de Juscelino”. Se Kassab assumisse que é apenas um típico político conservador de São Paulo, mas disposto a dialogar com a base lulista, seria levado mais a sério. Pelo eleitor, pelas lideranças da sociedade.
Não pela “Folha” – porque essa escolheu o caminho do serrismo. Em todas as “operações jornalísticas” que interessam a Serra, está o dedo da “Folha”: na defesa do Ferreira Pinto (secretário de Segurança filmado a confratermnizar com jornalista da “Folha”), nos ataques ao presidente da Assembléa Legislativa de Saão Paulo Barros Munhoz (um tucano que bandeou-se mais pro lado de Alckmin, irritando Serra), e agora nos ataques contra Kassab.
Kassab merece apanhar. Mas a “Folha” – que o bajulou e protegeu enquanto esteve no serrismo – não tem moral para o ataque. Curioso como o jornal aceita um papel cada vez menor. Já foi o “jornal das diretas”. Depois, assumiu o papel de jornal a serviço dos tucanos. Agora, aceitou um papel ainda mais “recuado”: o de defender uma das facções do tucanato que lutam para manter o controle do PSDB de São Paulo.
Essa é a escolha da “Folha”. Por isso, Kassab vai apanhar da “Folha”. “Serra levou Kassab aonde ele jamais imaginaria chegar” – disse o colunista. Agora, o jornal pretende devolver Kassab ao lugar de onde não deveria ter saído. Falta combinar com a realidade.
Não tenho simpatia alguma por Gilberto Kassab. Fruto do marketing (lembram dos bonecos do “Kassabão” na campanha para a Prefeitura, em 2008?) e de espertezas urdidas nos bastidores da política, ele virou prefeito num golpe de sorte – depois de ser escolhido vice de Serra.
Kassab tem trajetória parecida à de Sarney: o ex-presidente era um líder de segunda linha no antigo PDS. Ajudou a criar a dissidência que daria origem ao PFL (apesar de não ter entrado no PFL, mas ido diretamente ao PMDB), e assim virou o vice de Tancredo. Com a morte de Tancredo, virou presidente. Estava no lugar certo, na hora certa. Sarney sobrevive, desde então, como uma espécie de camaleão que sabe fazer as escolhas corretas nas horas exatas: apoiou FHC, depois apoiou Lula.
Kassab parece ter escolhido caminho semelhante. O que não chega a ser novidade na política brasileira. O engraçado é o desespero da imprensa serrista. Enquanto Kassab mantinha-se fiel ao bloco PDSB/DEM, era tratado como um “gerentão”, como um prefeito bom de trabalho, o prefeito da “Cidade Limpa” (que, diga-se, é um bom projeto). Tratado sempre com a condescendência merecida, já que era um protegido de Serra. Nada da pancadaria sofrida por Erundina ou Marta.
Agora, que resolveu migrar rumo à base lulista, Kassab virou um pária. Um colunista da “Folha” escreveu essa semana: “Serra levou Kassab aonde ele jamais imaginaria chegar”.
Hehe. Está dado o recado: “Kassab, seu ingrato, Serra abriu o caminho para você. E agora você trai o nosso chefe?”
Kassab queria chamar seu “novo” partido de PDB. Foi logo carimbado de “Partido Da Boquinha”. Ok. Mas quando a boquinha é pra ser vice de um tucano, aí pode?
Hehe. Essa “Folha”… Cada vez mais óbvia. A história é a seguinte: Kassab é apenas um político conservador, que tenta sobreviver. Vai aprender que a vida, longe da proteção oferecida pela mídia serrista, não é fácil. Kassab apanha sem parar desde que anunciou o movimento de aproximação com a base lulista. O mesmo colunista da “Folha” (o diário extra-oficial do serrismo) agora carimbou o partido do prefeito de “partido comercial”. Isso por agregar muitas lideranças ligadas às associações comerciais que tradiconalmente apóiam Afif – isso desde que ele foi candidato a presidente em 89. A “Folha” ainda chamou o prefeito de “macunaímico”. E disse que o PSD de Kassab é “filho do pragmatismo maroto”.
Ou seja: a “Folha” descobriu que Kassab é Kassab! Mas só descobriu agora, quando ele rompeu com o condomínio PSDB/DEM. E olhe que ele nem rompeu oficialmente com Serra. Mas ameaça costear o alambrado…
A “Folha” também só descobriu agora que Afif tem ligações sólidas com associações comerciais de todo o Brasil? Quando Afif foi eleito vice-governador de Alckmin isso não importava, certo? Boquinha e associação comercial, quando se trata de fazer aliança com os tucanos, são bemvindas.
Verdade que Kassab expõe-se ao ridículo com a tentativa de “resgatar a memória de JK”. Kassab não tem nada de JK. Isso soa falso, estranho. Até a neta de Juscelino já apareceu pra reclamar, como eu li no IG.
Quando resolveu apoiar Lula, especialmente após a crise de 2005, Sarney passou a ser tratado pela velha mídia brasileira como um “oligarca do Maranhão”. Ok. Isso ele já era há muito tempo. Mas enquanto esteve à disposição dos tucanos, o oligarca era um “estadista”.
Nesse ponto, parece-me que Sarney é muito mais esperto, e muito mais bem preparado do que Kassab. Sarney nunca tentou ser o que não era. Sarney nunca tentou apresentar-se como “herdeiro de Juscelino”. Se Kassab assumisse que é apenas um típico político conservador de São Paulo, mas disposto a dialogar com a base lulista, seria levado mais a sério. Pelo eleitor, pelas lideranças da sociedade.
Não pela “Folha” – porque essa escolheu o caminho do serrismo. Em todas as “operações jornalísticas” que interessam a Serra, está o dedo da “Folha”: na defesa do Ferreira Pinto (secretário de Segurança filmado a confratermnizar com jornalista da “Folha”), nos ataques ao presidente da Assembléa Legislativa de Saão Paulo Barros Munhoz (um tucano que bandeou-se mais pro lado de Alckmin, irritando Serra), e agora nos ataques contra Kassab.
Kassab merece apanhar. Mas a “Folha” – que o bajulou e protegeu enquanto esteve no serrismo – não tem moral para o ataque. Curioso como o jornal aceita um papel cada vez menor. Já foi o “jornal das diretas”. Depois, assumiu o papel de jornal a serviço dos tucanos. Agora, aceitou um papel ainda mais “recuado”: o de defender uma das facções do tucanato que lutam para manter o controle do PSDB de São Paulo.
Essa é a escolha da “Folha”. Por isso, Kassab vai apanhar da “Folha”. “Serra levou Kassab aonde ele jamais imaginaria chegar” – disse o colunista. Agora, o jornal pretende devolver Kassab ao lugar de onde não deveria ter saído. Falta combinar com a realidade.
1 comentários:
O novo partido do Kassab é o PSD, Partido dos Sumidos do Dem.
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