quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Escândalo em SP e a mídia seletiva

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

Pela primeira vez neste século, há exposição na mídia da corrupção que tornou o Estado mais rico e desenvolvido da Federação em um dos que menos se desenvolvem. Contudo, a cobertura que a imprensa local vem fazendo das denúncias do deputado estadual Roque Barbieri (PTB-SP) de que o governo do Estado compra apoio legislativo liberando emendas ao orçamento não lembra, nem de longe, a cobertura do “mensalão do PT”.


Não se sabe por que Barbieri passou a denunciar o “suposto” esquema de compra de apoio legislativo pelo governo paulista depois de permanecer calado por tanto tempo. Segundo ele, a liberação de emendas ao orçamento estadual – “suposta” moeda de troca entre Executivo e Legislativo – passou a existir após a eleição de Geraldo Alckmin em 2002 e permaneceu durante o governo estadual de José Serra, perdurando até hoje. Contudo, isso não fica claro na cobertura jornalística do caso.

Não há indignação midiática como houve em relação ao “mensalão do PT”, igualmente denunciado por parlamentar governista (ironicamente, também do PTB – Roberto Jefferson) que, como Barbieri, teve acesso de moralismo e denunciou que o governo do qual era aliado “supostamente” compraria apoio no Legislativo através de pagamentos aos legisladores. Não há “teste de hipóteses” ou perguntas constrangedoras a Alckmin ou Serra sobre se um deles “sabia” ou “não sabia”.

Onde estão os colunistas da Folha, do Estadão ou da Veja “indignados com a corrupção”?

Cadê os editoriais furiosos culpando todo o PSDB por “supostos” atos de corrupção de seu governador, de seus parlamentares e de partidos e parlamentares aliados?

Aliás, será que a “Juventude do PSDB” de São Paulo não fará nenhuma “marcha contra a corrupção”?

Inexiste uma só opinião nesses veículos de comunicação ou entre os habituais indignados com a “corrupção” que diga que o PSDB inteiro é corrupto e que usa dinheiro público em benefício próprio. Muito menos opinião disfarçada de reportagem ou de discurso de cidadãos que se dizem “neutros”…

O partidarismo da mídia, assim, resume-se à falta de indignação e de suposições – ou, se preferirem, de “teste de hipóteses” – nos veículos que passaram a última década produzindo, em vez de falta, excesso de opiniões e suposições de que não restaria dúvida sobre as acusações de “compra de parlamentares” pelo governo Lula, dando como “prova” do crime simplesmente o fato de que tais acusações partiram “de dentro do esquema”.

Que diferença há entre a denúncia de Roberto Jefferson contra o PT e a de Roque Barbieri contra o PSDB? Ambos não denunciaram que governos desses partidos conseguiam que o Legislativo aprovasse tudo o que queriam “convencendo-o” a apoiá-los por meio de suborno com dinheiro público?

Ao dizer que até o governo Mario Covas não havia liberação de emendas a parlamentares e o conseqüente esquema de corrupção entre eles e empreiteiras, Barbieri disse sobre governo do PSDB o mesmo que Jefferson disse sobre governo do PT. Só falta que Alckmin e Serra digam que “não sabiam” e que a mesma imprensa que não acreditou em Lula tampouco acredite neles. Alguém acredita mesmo que isso pode vir a ocorrer?

2 comentários:

Unknown disse...

O mensalão da Alesp

Sob o prestimoso silêncio da mídia demotucana e o peculiar conformismo da esquerda local, a Assembléia Legislativa de São Paulo começou a enterrar a denúncia de que os deputados recebem propinas para incluir emendas no Orçamento. Como em qualquer CPI que se ameaça no Estado, tudo será decidido sob sigilo e cairá no esquecimento antes de chegar a domínio público.

O deputado Roque Barbiere pertence ao mesmo PTB de Roberto Jefferson, a primeira e maior fonte do escândalo que em 2005 ganhou a alcunha “mensalão”. O paralelo também ajuda a perceber as semelhanças entre as supostas irregularidades das duas épocas, além de adicionar mais um episódio vexatório às reputações dos fariseus.

Mas agora as coisas transcorrerão de maneira um pouco diferente. Embora sejam fáceis de averiguar, as inconfidências de Barbiere não causarão investigações por parte dos jornais e revistas sediados em São Paulo, nem o deputado concederá aquelas entrevistas dedurando nomes e cifras, e muito menos surgirão bravos procuradores dispostos a perseguir as “quadrilhas” legislativas que desviam verbas públicas para os financiadores de suas campanhas.

Cadê a turma das passeatas? Cansou?

http://guilhermescalzilli.blogspot.com/

Luis R disse...

Não acredito, o psdb pode e assim, sob tudo o que foi colocado no texto, é responsável e conivente com a criação de um monstro psicológico no inconsciente das pessoas, uma patologia doida, uma doença, uma química tóxica paulista.