Por Francisco Bicudo, em seu blog:
Por conta de uma aula em que conversei com os alunos sobre o avanços da extrema-direita nos Estados Unidos e na Europa, acabei revendo o filme "A Onda" (2008, dirigido por Dennis Gansel, 106 minutos de duração). A narrativa já tinha me impressionado à época de seu lançamento (lembro-me que, ao final da trama, um aperto na garganta, fiquei em silêncio por algumas horas, remoendo os acontecimentos nela retratados).
Torna-se ainda mais incômoda e impactante, se considerarmos as mudanças planetárias e as crises vividas nos últimos três anos e o consequente surgimento e a consolidação de movimentos fundamentalistas como o Tea Party estadunidense e as ações intolerantes patrocinadas por governos e agrupamentos políticos conservadores em diversos países europeus. "A Onda" permite ainda identificar registros de discursos e práticas fascistas que infelizmente reverberam com contornos cada vez mais nítidos também no Brasil.
A história começa com um professor de ensino médio na Alemanha bastante desinteressado de sua profissão e desgostoso de suas aulas, que fica ainda mais frustrado quando é informado pela direção do colégio onde leciona que será o responsável por trabalhar em sala o tema "Autocracia" (seu desejo confesso era discutir "Anarquia"). Na outra ponta, encontrará alunos tão acomodados quanto perdidos, para quem estudar tornou-se uma tarefa sem importância ou significados. Para eles, a escola é sinônimo de obrigação enfadonha, um espaço chato e por quem manifestam solene desdém. Há uma cena ilustrativa dessa postura: em uma festa, dois jovens conversam e admitem: "a gente só quer diversão. Contra o que vamos nos revoltar? A falta de perspectivas é a marca da nossa geração".
O debate em classe começa como reflexo dessa dupla negação - um professor sem vontade e um grupo de alunos que só faz chacotas. Burocraticamente, o educador lança a pergunta: o que é autocracia? Continua: corremos risco de reviver na Alemanha um governo com poderes ilimitados? Resposta pronta dos estudantes, ligados no piloto-automático: claro que não, é impossível, aprendemos com o nazismo, estamos além disso, nossa democracia é sólida. Mas, quando cita os pilares fundadores de um regime autoritário - vigilância, disciplina, nacionalismo extremado, liderança, controle - e apresenta as condições sociais que favorecem o surgimento de tais experiências políticas - desemprego, inflação -, o professor percebe que o grupo sai do estado de letargia e começa a debater, com entusiasmo. A isca tinha sido mordida. O professor percebe de imediato o que havia conseguido. Sugere dez minutos de intervalo. Pensa, andando de um lado para outro. A caixa de Pandora estava aberta.
Na volta à sala, os alunos encontram as mesas rigorosamente alinhadas e ordenadas em fileiras. Duplas tinha sido formadas - na imensa maioria das vezes, eram estudantes que não se suportavam. "Somos um grupo. É preciso pensar coletivamente. Um vai ajudar o outro. Espírito de equipe", justifica o educador. Mais uma ordem: ninguém fala sem autorização do professor (eleito pela turma o líder da equipe). Para falar, é preciso estar em pé, sempre. Ao final da aula, os olhos dos jovens brilham. Havia agora um rumo, um farol a seguir, unidade. "Foi uma energia estranha, que pegou todo mundo", comentaram em casa.
O que se segue é a construção da identidade do grupo, os laços de pertencimento: marchas (o som dos sapatos sincronizados e ritmados batendo no chão da sala de aula é ensurdecedor; inevitável não lembrar das apresentações e dos desfiles militares nazistas), uniformes (todos de camisetas brancas e calças jeans), valores e código de conduta, gestos e saudações, símbolos visuais e, claro, o nome do movimento - "A Onda". Para disseminar a ideologia, recorrem às novas tecnologias e às redes sociais (de certa forma, o filme antecipa o potencial de mobilização que mais tarde internet e celulares viriam a desempenhar).
Surgem os confrontos de rua com grupos anarquistas. Adesivos de A Onda são grudados em carros, nas vitrines de lojas, bancos e supermercados. Invadem a cidade. Na calada da noite, sem temer a polícia, um aluno escala os andaimes da prefeitura em reforma e, no topo do edifício, desenha uma gigantesca onda estilizada (assumida como o símbolo do grupo). Não há mais limites para o movimento, consolida-se a sensação de que são invencíveis, de que tudo podem e está ao alcance deles.
O professor, o líder (o führer?), conquista finalmente não apenas o respeito, mas a reverência e admiração de seus comandados. Manipula para tirar vantagem e aproveita os dias de fama, já que o projeto que desenvolve com os estudantes é elogiado até mesmo pela direção da escola. Sim, há quem perceba que "a Onda se transformou em algo muito estranho". As duas alunas são imediatamente ignoradas, excluídas e perseguidas pelos adeptos do movimento, que cresce sem parar, conquistando inclusive o apoio de crianças.
As cenas finais são arrebatadoras - lentamente, a porta se abre e o professor-líder entra em um auditório lotado pelos camisas-brancas de A Onda. Ele lê trechos de textos e impressões produzidas pelos próprios alunos a respeito do movimento, que afirmam que "saímos do tédio, alcançamos significados para nossas vidas, somos todos iguais, temos ideais pelos quais lutar". O espetáculo lembra as gigantescas manifestações nazistas - em clima de histeria coletiva, em êxtase, a plateia explode em gritos e aplausos de aprovação a um contundente discurso anti-globalização do professor, que vocifera: "Podemos tudo. Podemos escrever a história. A Onda é a resposta". Ele pára, repentinamente. E surpreende: "pois acabou. Não há mais A Onda. Fomos longe demais. Recriamos o fascismo". Arrependido, pede desculpas. Mas era tarde demais. A Onda tinha saído de seu controle. Não lhe pertencia mais.
Importante lembrar que tudo isso acontece em apenas uma semana - é o que basta para o professor conseguir despertar o sentimento reacionário adormecido e chocar o ovo da serpente. Certamente não há modelos prontos e a simples transposição para a realidade seria um exercício intelectual reducionista, mas o filme é fonte de inspiração e referência obrigatória para refletir sobre o fundamentalismo, o racismo, a aversão aos imigrantes, o nacionalismo exacerbado que representa a negação de todos os diferentes, o ódio aos homossexuais, a intolerância e os preconceitos de todas as naturezas - discursos e práticas que se amplificam perigosamente nos Estados Unidos (onde o Tea Party defende que o Estado obedeça a preceitos bíblicos), em países europeus (proibição de uso de véus islâmicos na França, restrições aos imigrantes africanos na Itália, atirador norueguês a rechaçar e condenar o multiculturalismo) e também no Brasil (onde nem mesmo a economia em expansão e a estabilidade política conseguem mascarar suásticas pintadas nos muros de escolas, violência contra casais de homossexuais e ojeriza a negros e nordestinos).
E para quem acha que há exageros em minhas preocupações, que não há mesmo mais espaço para experiências fascistas no mundo (era o que os jovens de A Onda defendiam no início da história, não?), cumpre destacar que o filme é baseado em uma experiência real, ocorrida em uma escola de Palo Alto, na Califórnia, em 1967.
Por conta de uma aula em que conversei com os alunos sobre o avanços da extrema-direita nos Estados Unidos e na Europa, acabei revendo o filme "A Onda" (2008, dirigido por Dennis Gansel, 106 minutos de duração). A narrativa já tinha me impressionado à época de seu lançamento (lembro-me que, ao final da trama, um aperto na garganta, fiquei em silêncio por algumas horas, remoendo os acontecimentos nela retratados).
Torna-se ainda mais incômoda e impactante, se considerarmos as mudanças planetárias e as crises vividas nos últimos três anos e o consequente surgimento e a consolidação de movimentos fundamentalistas como o Tea Party estadunidense e as ações intolerantes patrocinadas por governos e agrupamentos políticos conservadores em diversos países europeus. "A Onda" permite ainda identificar registros de discursos e práticas fascistas que infelizmente reverberam com contornos cada vez mais nítidos também no Brasil.
A história começa com um professor de ensino médio na Alemanha bastante desinteressado de sua profissão e desgostoso de suas aulas, que fica ainda mais frustrado quando é informado pela direção do colégio onde leciona que será o responsável por trabalhar em sala o tema "Autocracia" (seu desejo confesso era discutir "Anarquia"). Na outra ponta, encontrará alunos tão acomodados quanto perdidos, para quem estudar tornou-se uma tarefa sem importância ou significados. Para eles, a escola é sinônimo de obrigação enfadonha, um espaço chato e por quem manifestam solene desdém. Há uma cena ilustrativa dessa postura: em uma festa, dois jovens conversam e admitem: "a gente só quer diversão. Contra o que vamos nos revoltar? A falta de perspectivas é a marca da nossa geração".
O debate em classe começa como reflexo dessa dupla negação - um professor sem vontade e um grupo de alunos que só faz chacotas. Burocraticamente, o educador lança a pergunta: o que é autocracia? Continua: corremos risco de reviver na Alemanha um governo com poderes ilimitados? Resposta pronta dos estudantes, ligados no piloto-automático: claro que não, é impossível, aprendemos com o nazismo, estamos além disso, nossa democracia é sólida. Mas, quando cita os pilares fundadores de um regime autoritário - vigilância, disciplina, nacionalismo extremado, liderança, controle - e apresenta as condições sociais que favorecem o surgimento de tais experiências políticas - desemprego, inflação -, o professor percebe que o grupo sai do estado de letargia e começa a debater, com entusiasmo. A isca tinha sido mordida. O professor percebe de imediato o que havia conseguido. Sugere dez minutos de intervalo. Pensa, andando de um lado para outro. A caixa de Pandora estava aberta.
Na volta à sala, os alunos encontram as mesas rigorosamente alinhadas e ordenadas em fileiras. Duplas tinha sido formadas - na imensa maioria das vezes, eram estudantes que não se suportavam. "Somos um grupo. É preciso pensar coletivamente. Um vai ajudar o outro. Espírito de equipe", justifica o educador. Mais uma ordem: ninguém fala sem autorização do professor (eleito pela turma o líder da equipe). Para falar, é preciso estar em pé, sempre. Ao final da aula, os olhos dos jovens brilham. Havia agora um rumo, um farol a seguir, unidade. "Foi uma energia estranha, que pegou todo mundo", comentaram em casa.
O que se segue é a construção da identidade do grupo, os laços de pertencimento: marchas (o som dos sapatos sincronizados e ritmados batendo no chão da sala de aula é ensurdecedor; inevitável não lembrar das apresentações e dos desfiles militares nazistas), uniformes (todos de camisetas brancas e calças jeans), valores e código de conduta, gestos e saudações, símbolos visuais e, claro, o nome do movimento - "A Onda". Para disseminar a ideologia, recorrem às novas tecnologias e às redes sociais (de certa forma, o filme antecipa o potencial de mobilização que mais tarde internet e celulares viriam a desempenhar).
Surgem os confrontos de rua com grupos anarquistas. Adesivos de A Onda são grudados em carros, nas vitrines de lojas, bancos e supermercados. Invadem a cidade. Na calada da noite, sem temer a polícia, um aluno escala os andaimes da prefeitura em reforma e, no topo do edifício, desenha uma gigantesca onda estilizada (assumida como o símbolo do grupo). Não há mais limites para o movimento, consolida-se a sensação de que são invencíveis, de que tudo podem e está ao alcance deles.
O professor, o líder (o führer?), conquista finalmente não apenas o respeito, mas a reverência e admiração de seus comandados. Manipula para tirar vantagem e aproveita os dias de fama, já que o projeto que desenvolve com os estudantes é elogiado até mesmo pela direção da escola. Sim, há quem perceba que "a Onda se transformou em algo muito estranho". As duas alunas são imediatamente ignoradas, excluídas e perseguidas pelos adeptos do movimento, que cresce sem parar, conquistando inclusive o apoio de crianças.
As cenas finais são arrebatadoras - lentamente, a porta se abre e o professor-líder entra em um auditório lotado pelos camisas-brancas de A Onda. Ele lê trechos de textos e impressões produzidas pelos próprios alunos a respeito do movimento, que afirmam que "saímos do tédio, alcançamos significados para nossas vidas, somos todos iguais, temos ideais pelos quais lutar". O espetáculo lembra as gigantescas manifestações nazistas - em clima de histeria coletiva, em êxtase, a plateia explode em gritos e aplausos de aprovação a um contundente discurso anti-globalização do professor, que vocifera: "Podemos tudo. Podemos escrever a história. A Onda é a resposta". Ele pára, repentinamente. E surpreende: "pois acabou. Não há mais A Onda. Fomos longe demais. Recriamos o fascismo". Arrependido, pede desculpas. Mas era tarde demais. A Onda tinha saído de seu controle. Não lhe pertencia mais.
Importante lembrar que tudo isso acontece em apenas uma semana - é o que basta para o professor conseguir despertar o sentimento reacionário adormecido e chocar o ovo da serpente. Certamente não há modelos prontos e a simples transposição para a realidade seria um exercício intelectual reducionista, mas o filme é fonte de inspiração e referência obrigatória para refletir sobre o fundamentalismo, o racismo, a aversão aos imigrantes, o nacionalismo exacerbado que representa a negação de todos os diferentes, o ódio aos homossexuais, a intolerância e os preconceitos de todas as naturezas - discursos e práticas que se amplificam perigosamente nos Estados Unidos (onde o Tea Party defende que o Estado obedeça a preceitos bíblicos), em países europeus (proibição de uso de véus islâmicos na França, restrições aos imigrantes africanos na Itália, atirador norueguês a rechaçar e condenar o multiculturalismo) e também no Brasil (onde nem mesmo a economia em expansão e a estabilidade política conseguem mascarar suásticas pintadas nos muros de escolas, violência contra casais de homossexuais e ojeriza a negros e nordestinos).
E para quem acha que há exageros em minhas preocupações, que não há mesmo mais espaço para experiências fascistas no mundo (era o que os jovens de A Onda defendiam no início da história, não?), cumpre destacar que o filme é baseado em uma experiência real, ocorrida em uma escola de Palo Alto, na Califórnia, em 1967.
8 comentários:
A "Onda" do olipólio midiático no Brasil é a "corrupção". A coisa já está beirando o patológico: á uma espécie de histeria coletiva! Como se fosse possível "apagar" a maldade do mundo!!! Assumindo que não pode revelar suas verdadeiras intenções fascistas, propagam discurssos odiosos, como se "eles" fossem os "puros". A hiprocrisia é candente. Cega as mentes. Querem fazer uma "limpeza étnica";não promover a ética!! Tentam disfarçar o ódio por não estarem no poder central. Sem poder atacar diretamente os "diferenciados" que ocupam e ocuparam a presidência, inventam farrapos e esbravejam contra a "corrupção". O que eles mais temem é que o povo continue a votar! Que medo eles têem!!!!
Eu assisti há um tempo atrás ao filme americano que trata da experiência. Gostaria de saber o nome para usar para debate em minha sala de aula.Alguém sabe me dizer?
Muito bom o texto.
Além dos blogs eu costumo ler nas mídias de grande circulação (Folha, Estadão etc) e, eu fico impressionado ao ler os comentários dos leitores, pois o espaço é aberto a comentários.
Existe muita gente, que talvez por não perceber, tem um pensamento muito próximo de um pensamento fascista, isso se não for completamente fascista. São ideias carregadas de preconceito e racismo.
Isso é triste, mas é verdade, infelizmente, o grande mal que é o fascismo não está próximo do fim
Muito bom o texto.
Além dos blogs eu costumo ler nas mídias de grande circulação (Folha, Estadão etc) e, eu fico impressionado ao ler os comentários dos leitores, pois o espaço é aberto a comentários.
Existe muita gente, que talvez por não perceber, tem um pensamento muito próximo de um pensamento fascista, isso se não for completamente fascista. São ideias carregadas de preconceito e racismo.
Isso é triste, mas é verdade, infelizmente, o grande mal que é o fascismo não está próximo do fim
Muito bom o texto.
Além dos blogs eu costumo ler nas mídias de grande circulação (Folha, Estadão etc) e, eu fico impressionado ao ler os comentários dos leitores, pois o espaço é aberto a comentários.
Existe muita gente, que talvez por não perceber, tem um pensamento muito próximo de um pensamento fascista, isso se não for completamente fascista. São ideias carregadas de preconceito e racismo.
Isso é triste, mas é verdade, infelizmente, o grande mal que é o fascismo não está próximo do fim
Após ter lido o texto, baixei o filme da Internet e fui vê-lo. Com toda sinceridade, não achei a mensagem muito boa. Eu creio que a visão que o filme transmite é uma de fazer-nos aceitar que todas as lutas por igualdade, por colocar fim nas situações de desigualdades sociais extremas (grandes capitalistas financeiros x povo despossuído), de combate à globalização capitalista e ao capitalismo propriamente possam ser consideradas como atitudes fascistas. O filme coloca como características do nazi-fascismo, de ditaduras, certas coisas que são fundamentais para que se possa ao menos pensar em transformações de cunho popular profundas. A pretexto de combater o nazi-fascismo, o filme condena a organização como um elemento fundamental para que o povo possa ter força para realizar transformações estruturais. Qualquer luta neste sentido poderá ser apontada como "fascista". Aliás, é o que as oligarquias entreguistas da Venezuela dizem em relação às forças bolivarianas que apoiam o governo de Hugo Chávez. Algo semelhante ocorre na Bolívia em relação com o movimento popular que apoia Evo Morales. O filme não questiona as forças reais que podem estar por trás de movimentos fascistas (geralmente, interesses de grandes corporações econômicas), deixando no ar a ideia de que qualquer tipo de organização que busque unidade, que empregue símbolos unificadores necessariamente tem características ditatoriais fascistas. Eu penso que é possível trabalhar proveitosamente com este material, mas o trabalho deve ser muito crítico e criterioso. Do contrário, estaremos contribuindo para a alienação e passividade de nossos jovens, e não para a formação de consciência transformadora.
Após ter lido o texto, baixei o filme da Internet e fui vê-lo. Com toda sinceridade, não achei a mensagem muito boa. Eu creio que a visão que o filme transmite é uma de fazer-nos aceitar que todas as lutas por igualdade, por colocar fim nas situações de desigualdades sociais extremas (grandes capitalistas financeiros x povo despossuído), de combate à globalização capitalista e ao capitalismo propriamente possam ser consideradas como atitudes fascistas. O filme coloca como características do nazi-fascismo, de ditaduras, certas coisas que são fundamentais para que se possa ao menos pensar em transformações de cunho popular profundas. A pretexto de combater o nazi-fascismo, o filme condena a organização como um elemento fundamental para que o povo possa ter força para realizar transformações estruturais. Qualquer luta neste sentido poderá ser apontada como "fascista". Aliás, é o que as oligarquias entreguistas da Venezuela dizem em relação às forças bolivarianas que apoiam o governo de Hugo Chávez. Algo semelhante ocorre na Bolívia em relação com o movimento popular que apoia Evo Morales. O filme não questiona as forças reais que podem estar por trás de movimentos fascistas (geralmente, interesses de grandes corporações econômicas), deixando no ar a ideia de que qualquer tipo de organização que busque unidade, que empregue símbolos unificadores necessariamente tem características ditatoriais fascistas. Eu penso que é possível trabalhar proveitosamente com este material, mas o trabalho deve ser muito crítico e criterioso. Do contrário, estaremos contribuindo para a alienação e passividade de nossos jovens, e não para a formação de consciência transformadora.
O filme americano também se chama "A Onda" (The Wave) e é de 1981.
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