Por Heloisa Vilella, de New Hampshire, no blog Viomundo:
Algo ficou muito claro depois da consulta no estado de Iowa e das primárias em New Hampshire, ao menos para mim, não foi o favoritismo do ex-governador de Massachusetts, Mitt Romney, ou da força dos independentes, representados pelo deputado texano Ron Paul. O que veio à tona, com força, foi o desânimo geral com o processo político nos Estados Unidos. E dessa vez, dos dois lados da briga.
Há quatro anos, quando surgiu um senador novato, negro, com um perfil diferente o suficiente para provocar curiosidade, ódio e paixão, havia no ar um que de esperança. De vontade de participar e acreditar que a democracia é um processo representativo onde quem quer ter voz é ouvido. Foi um momento, agora, distante na memória do eleitorado geral. Quatro anos depois, não existe nada parecido.
Esta é a primeira eleição presidencial em que vigora a decisão da Suprema Corte americana, de janeiro de 2010, conhecida como “Cidadãos Unidos”. Somente no país onde candidato a presidente diz que empresa também é gente, essa decisão poderia ter título tão enganador. Ela permite que as empresas invistam o quanto desejarem em propaganda política. Autoriza a criação dos Comitês de Ação Política, grupos que levantam dinheiro para produzir e divulgar material de campanha em favor deste ou daquele candidato. E, principalmente, contra os adversários.
Foi o que aconteceu em Iowa. Os grupos comprometidos com a campanha de Mitt Romney inundaram as tevês locais de anúncios para atacar diretamente o ex-deputado Newt Gingrich. Assunto não falta. Entre outros problemas, ele deixou o Congresso em 1999, depois de ser repreendido e multado pelo comitê de ética da Câmara. Milagrosamente, ressuscitou politicamente e está dando o troco esta semana. Com um aporte de US$ 5 milhões de dólares de um empresário do jogo, em Nevada, depositado em um desses Comitês de Ação Política, já está no ar a propaganda contra Romney.
Então, é assim. Com muito dinheiro para gastar, um tenta acabar com a imagem do outro enquanto o Presidente Barack Obama assiste a tudo, provavelmente, sorridente. Essa luta intensa entre os republicanos é capaz de destruir os aspirantes a candidato a presidente. Mas não está sendo capaz de entusiasmar as bases. Eu me lembro do entusiasmo que transbordou nas ruas aqui de Manchester, New Hampshire, há quatro anos. O “fator Obama” realmente mobilizou os eleitores, dos dois partidos. Agora, entre os democratas, existe um sentimento de frustração, de decepção, inegável.
A mudança que se esperava não veio. Os republicanos, empurrados ainda mais para a direita pelos radicais do Tea Party (Sarah Palin, etc.), tentam encontrar alguém “elegível” para enfrentar Obama, mas os eleitores não estão entusiasmados com as opçõesdisponíveis. Com certeza, no momento, já se pode prever um resultado em novembro: baixíssimo índice de comparecimento às urnas.
E mais. Quem saiu de casa para dormir em praça pública nas várias vilas improvisadas do movimento Occupy, não está nem um pouco interessado nesse processo político. Nessa democracia com regras estabelecidas pelo e para o poder do dinheiro. Quanto mais dinheiro as empresas investem na produção e eleição de seus candidatos, menos a população se interessa e participa.
A única cédula eleitoral realmente interessante que encontrei aqui em New Hampshire me foi oferecida no acampamento do Occupy local e nos postos de votação das primárias. Ela é longa. São onze perguntas ao todo. Entre elas, se os Estados Unidos deveriam fechar as mais de 850 bases militares que mantém em outros países. Como deveriam investir o dinheiro economizado, como garantir tratamento médico para a população, como regulamentar a participação do dinheiro na política ou simplesmente eliminar a presença financeira de uma vez, etc. A cédula está aqui.
A votação continua, ao vivo ou pela internet. E este grupo, que continua ocupando as praças do país, está mais preocupado com esta votação e nada interessado nos candidatos, republicanos ou democrata, que vão torrar milhões e milhões de dólares na briga pela Casa Branca.
Algo ficou muito claro depois da consulta no estado de Iowa e das primárias em New Hampshire, ao menos para mim, não foi o favoritismo do ex-governador de Massachusetts, Mitt Romney, ou da força dos independentes, representados pelo deputado texano Ron Paul. O que veio à tona, com força, foi o desânimo geral com o processo político nos Estados Unidos. E dessa vez, dos dois lados da briga.
Há quatro anos, quando surgiu um senador novato, negro, com um perfil diferente o suficiente para provocar curiosidade, ódio e paixão, havia no ar um que de esperança. De vontade de participar e acreditar que a democracia é um processo representativo onde quem quer ter voz é ouvido. Foi um momento, agora, distante na memória do eleitorado geral. Quatro anos depois, não existe nada parecido.
Esta é a primeira eleição presidencial em que vigora a decisão da Suprema Corte americana, de janeiro de 2010, conhecida como “Cidadãos Unidos”. Somente no país onde candidato a presidente diz que empresa também é gente, essa decisão poderia ter título tão enganador. Ela permite que as empresas invistam o quanto desejarem em propaganda política. Autoriza a criação dos Comitês de Ação Política, grupos que levantam dinheiro para produzir e divulgar material de campanha em favor deste ou daquele candidato. E, principalmente, contra os adversários.
Foi o que aconteceu em Iowa. Os grupos comprometidos com a campanha de Mitt Romney inundaram as tevês locais de anúncios para atacar diretamente o ex-deputado Newt Gingrich. Assunto não falta. Entre outros problemas, ele deixou o Congresso em 1999, depois de ser repreendido e multado pelo comitê de ética da Câmara. Milagrosamente, ressuscitou politicamente e está dando o troco esta semana. Com um aporte de US$ 5 milhões de dólares de um empresário do jogo, em Nevada, depositado em um desses Comitês de Ação Política, já está no ar a propaganda contra Romney.
Então, é assim. Com muito dinheiro para gastar, um tenta acabar com a imagem do outro enquanto o Presidente Barack Obama assiste a tudo, provavelmente, sorridente. Essa luta intensa entre os republicanos é capaz de destruir os aspirantes a candidato a presidente. Mas não está sendo capaz de entusiasmar as bases. Eu me lembro do entusiasmo que transbordou nas ruas aqui de Manchester, New Hampshire, há quatro anos. O “fator Obama” realmente mobilizou os eleitores, dos dois partidos. Agora, entre os democratas, existe um sentimento de frustração, de decepção, inegável.
A mudança que se esperava não veio. Os republicanos, empurrados ainda mais para a direita pelos radicais do Tea Party (Sarah Palin, etc.), tentam encontrar alguém “elegível” para enfrentar Obama, mas os eleitores não estão entusiasmados com as opçõesdisponíveis. Com certeza, no momento, já se pode prever um resultado em novembro: baixíssimo índice de comparecimento às urnas.
E mais. Quem saiu de casa para dormir em praça pública nas várias vilas improvisadas do movimento Occupy, não está nem um pouco interessado nesse processo político. Nessa democracia com regras estabelecidas pelo e para o poder do dinheiro. Quanto mais dinheiro as empresas investem na produção e eleição de seus candidatos, menos a população se interessa e participa.
A única cédula eleitoral realmente interessante que encontrei aqui em New Hampshire me foi oferecida no acampamento do Occupy local e nos postos de votação das primárias. Ela é longa. São onze perguntas ao todo. Entre elas, se os Estados Unidos deveriam fechar as mais de 850 bases militares que mantém em outros países. Como deveriam investir o dinheiro economizado, como garantir tratamento médico para a população, como regulamentar a participação do dinheiro na política ou simplesmente eliminar a presença financeira de uma vez, etc. A cédula está aqui.
A votação continua, ao vivo ou pela internet. E este grupo, que continua ocupando as praças do país, está mais preocupado com esta votação e nada interessado nos candidatos, republicanos ou democrata, que vão torrar milhões e milhões de dólares na briga pela Casa Branca.
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