domingo, 15 de julho de 2012

Chávez não derrubou o Supertucano

Por Luiz Carlos Azenha, no blog Viomundo:

Eu achei que tinha visto Hugo Chávez escondido sob uma cadeira naquelas imagens divulgadas pelo governo do Paraguai, aquelas imagens que “provavam” que o chanceler da Venezuela, Nicolás Maduro, tinha feito uma “arenga” diante dos comandantes militares paraguaios, com o intuito de promover uma rebelião contra a deposição de Fernando Lugo.


Ah, sim, depois o vídeo divulgado pela Ultima Hora/Telesur provou tratar-se de uma reunião à qual estavam presentes outros integrantes da missão da Unasur e gente ligada ao presidente àquela altura ainda em exercício, Fernando Lugo.

Era, afinal, a missão oficial da Unasur fazendo o que se propôs a fazer em Assunção: alertar para as consequências do golpe.

Os próprios militares paraguaios desmentiram o factóide, que teve ampla repercussão mundial.

[Quando se trata de Hugo Chávez, o padrão de manipulação é basicamente o mesmo, desde o golpe que o afastou do poder em 2002. Naquela ocasião, Chávez teria ordenado que militantes chavistas atirassem contra oposicionistas desarmados, causando um banho de sangue em Caracas. A "notícia" correu o mundo, justificativa perfeita para o golpe. Foi desprovada posteriormente pelos documentários A Revolução Não Será Televisionada - que só em nosso canal já teve 78 mil acessos - e Ponte Laguno, as Chaves de um Massacre, que você pode ver aqui com legendas em português graças ao Jair de Souza].

Quanto ao Supertucano “derrubado” pelas FARC na Colômbia, a título de pedir ‘cautela’ aos leitores, aFolha de S. Paulo destacou que a “Venezuela é alvo de suspeitas”.

Isso na mesma página em que abriu espaço para o general Douglas Fraser, chefe do Comando Sul dos Estados Unidos, justificar interferência de seu país na região, em nome do combate ao crime: “O crime traz instabilidade no Caribe e na America Central e pode descer para cá. Como a Colômbia focou nisso, traficantes de lá estão indo para o Peru e a Bolívia. É um problema que nenhum país pode resolver sozinho”.

Mas, voltando às suspeitas sobre a Venezuela:

“Assim, os olhos se virariam para o governo de Hugo Chávez, que apoia as Farc e, incidentalmente, possui grandes estoques de SA-24 Igla-S, o mais moderno modelo russo de míssil portátil”, diz o texto.

Se a Folha lesse jornal, teria descoberto que às 5 da tarde do dia da queda o piloto avisou à torre de controle que enfrentava problemas no motor. Às 5h10 a torre perdeu contato com o piloto.

Ou seja, nem mesmo o respeitável Professor Hariovaldo seria capaz de testar a hipótese de que um míssil russo fornecido por Hugo Chávez derrubou o Supertucano brasileiro antes de saber se o avião de fato foi derrubado.

Depois, cada um testa a hipótese que quiser.

A perícia nos corpos dos dois tripulantes, “incidentalmente”, não descobriu sinais de projéteis ou explosões.

Mas isso tive de ler no diário colombiano El Tiempo. Incidentalmente.

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