sexta-feira, 5 de outubro de 2012

A campanha midiática contra Chávez

Por Joanne Mota, no sítio Vermelho:

“Chávez significa uma retomada da soberania nacional, de uma justa distribuição de renda e riqueza, de defesa dos direitos humanos, de apoio à diversidade informativa”. Foi assim que resumiu Dênis de Moraes, professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), ao refletir sobre o papel de Hugo Chávez na América Latina, durante entrevista exclusiva à Rádio Vermelho.

Para o pesquisador, a realidade na Venezuela vem sendo modificada em defesa do interesse público por um conjunto de medidas e providências governamentais que efetivamente visam reorientar o cenário venezuelano, rompendo com a cadeia de malefícios e danos deixada pelo neoliberalismo nos anos anteriores.

Ele ainda falou que a América Latina assume hoje um papel de eixo da esperança no sentido de oferecer ao mundo novos modelos mais democráticos e participativos. Dênis destaca como exemplo de países latino-americanos mais avançados no combate aos monopólios e oligopólios midiáticos a Venezuela, Argentina, Bolívia e Equador.

“Esses países constituem uma espécie de frente para a retomada da ideia de que a comunicação é um direito humano e um bem público. Portanto, essa comunicação não pode ser refém de interesses mercantis, cujo o fim último é o de alijar e silenciar as vozes discordantes e opositoras a modelos de desenvolvimento excludente e perversos”, externou Dênis.

Concentração da mídia na Venezuela

Sobre a mídia, Dênis de Moraes explicou que o governo de Chávez entendeu que o setor de comunicação trata-se de um setor nevrálgico na vida contemporânea. “A Venezuela repete o modelo que existe na ampla maioria dos países latino-americanos. Ou seja, o que existe na Venezuela é um processo perverso de concentração da mídia nas mãos de grupos privados. Estes que não possuem a menor preocupação com os anseios coletivos, pelo contrário, privilegiam o tempo todas as suas ambições mercantis e gananciosas”, dispara o pesquisador.

Segundo ele, essa lógica visa apenas, por um lado, reproduzir a espiral do lucro e da rentabilidade, e por outro, fortalecer a sua influência político ideológica sobre a formação do imaginário social e das mentalidades.

“Nesses 13 anos Chávez combateu justamente esse cenário de concentração monopólica e oligopólica da mídia, seja alterando os marcos regulatórios do campo da comunicação, especialmente a radiodifusão sobre concessão pública, seja intensificando o fomento das mídias alternativas e comunitárias. E esse amplo conjunto de mudanças tem significado uma reestruturação do sistema de comunicação da Venezuela”, enfatiza Dênis.Para Dênis tais mudanças podem ser consideradas um alento não apenas para a democracia na Venezuela, mas para toda América Latina.

Sociedade Interamericana de Imprensa contra Chávez

Em relação a feroz oposição que a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) pratica em relação ao governo de Chávez, Dênis frisou que a SIP funciona como uma espécie de clube privé do patronato da mídia mercantil latino-americana, com um passado e um presente que a condenam.

“Trata-se de uma organização maléfica, que tem tido uma participação deletéria no processo político e social latino-americano desde os anos 1940 e que se notabilizou por defender golpes de estado e ditaduras militares e apoiar governos liberais e antissociais. Do meu ponto de vista, a SIP reúne o que há de pios em termos de jornalismo e forma uma espécie de cadeia de interesses convergentes das corporações midiáticas”, esclareceu.

Papel da mídia no Brasil

Durante a entrevista, Dênis também falou sobre o papel assumido pela mídia brasileira. “Diariamente a chamada grande mídia brasileira se sente estimulada a lutar contra os avanços democratizadores que estão ocorrendo em outros países. E isso ocorre por quê? Porque ela sabe que aqui no Brasil o governo que aqui está há 10 anos nada faz para atualizar, renovar, democratizar a legislação de comunicação que existe no Brasil, principalmente a legislação que diz respeito à radiodifusão pública. O que temos no Brasil são legislações arcaicas anacrônicas e elitistas”, denuncia o pesquisador.

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