Por Ricardo Kotscho, no blog Balaio do Kotscho:
Demorou, mas caiu a ficha do governador Geraldo Alckmin, que decidiu trocar o comando da Segurança Pública em São Paulo no momento em que a guerra entre a PM e o PCC já estava fugindo ao controle, deixando mais de 300 mortos.
Na mesma quarta-feira em que anunciava a troca de Antonio Ferreira Pinto pelo ex-procurador geral de Justiça Fernando Grella Vieira, o governo estadual divulgou os dados da violência em outubro: os assassinatos na capital praticamente dobraram em relação ao mesmo mês do ano anterior, passando de 78 para 150.
A situação de Ferreira Pinto, um linha-dura que Alckmin herdou do governo de José Serra, já estava insustentável desde o início da escalada da violência em junho, mas havia dois problemas para substituí-lo.
Homem público cordato e conciliador, o governador não queria tirar o secretário em meio à crise para não dar demonstração de fragilidade diante da ofensiva do PCC, e estava esperando uma trégua para agir.
Mais difícil do que este momento chegar, com os índices de criminalidade não parando de subir, foi encontrar alguém que aceitasse pegar o rabo de foguete que é a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, conflagrada por conflitos entre as polícias civil e militar.
Fernando Grella Vieira, que chefiou o Ministério Público de 2008 a 2012, tem um perfil completamente oposto ao de Antonio Ferreira Pinto, que resolveu enfrentar o PCC, a maior organização criminosa do país, colocando "a Rota na rua" com licença para matar, relembrando os tempos do governo Paulo Maluf no início dos anos 1980.
Ao contrário do ex-secretário, Vieira é um negociador, tem boa relação com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e pretende trabalhar em conjunto com o governo federal, em especial na área de inteligência da investigação policial, que foi abandonada nos últimos tempos.
Em suas primeiras declarações após ser indicado, aos repórteres Bruno Paes Manso e Marcelo Godoy, do "Estadão", o novo secretário definiu qual vai ser a sua política de combate ao crime organizado: "Haverá enfrentamento dentro da lei e do respeito aos preceitos institucionais".
Fica a pergunta: quer dizer que antes não havia?
Alckmin chegou ao nome de Grella Veiria depois de muitas consultas e sondagens, fez o convite na quinta-feira passada e recebeu a resposta positiva na segunda, quando chamou Ferreira Pinto para finalmente lhe dar o cartão vermelho.
Nesse meio tempo, mais 10 pessoas foram mortas na noite de terça para quarta-feira, e outras 14 assassinadas e 8 feridas na última madrugada.
Se até Israel e o Hamas chegaram a um acordo de cessar-fogo nos conflitos na Faixa de Gaza, só nos resta esperar que o governo paulista retome o controle do aparelho de segurança. Pelo menos, agora o governador Alckmin já admite a gravidade da situação, que Ferreira Pinto sempre quis negar:
"Reconhecemos as dificuldades que estamos passando e vamos nos empenhar de forma redobrada neste trabalho".
Boa sorte ao governador, ao novo secretário e para todos nós paulistanos que esperamos um cessar-fogo também na nossa cidade.
Na mesma quarta-feira em que anunciava a troca de Antonio Ferreira Pinto pelo ex-procurador geral de Justiça Fernando Grella Vieira, o governo estadual divulgou os dados da violência em outubro: os assassinatos na capital praticamente dobraram em relação ao mesmo mês do ano anterior, passando de 78 para 150.
A situação de Ferreira Pinto, um linha-dura que Alckmin herdou do governo de José Serra, já estava insustentável desde o início da escalada da violência em junho, mas havia dois problemas para substituí-lo.
Homem público cordato e conciliador, o governador não queria tirar o secretário em meio à crise para não dar demonstração de fragilidade diante da ofensiva do PCC, e estava esperando uma trégua para agir.
Mais difícil do que este momento chegar, com os índices de criminalidade não parando de subir, foi encontrar alguém que aceitasse pegar o rabo de foguete que é a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, conflagrada por conflitos entre as polícias civil e militar.
Fernando Grella Vieira, que chefiou o Ministério Público de 2008 a 2012, tem um perfil completamente oposto ao de Antonio Ferreira Pinto, que resolveu enfrentar o PCC, a maior organização criminosa do país, colocando "a Rota na rua" com licença para matar, relembrando os tempos do governo Paulo Maluf no início dos anos 1980.
Ao contrário do ex-secretário, Vieira é um negociador, tem boa relação com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e pretende trabalhar em conjunto com o governo federal, em especial na área de inteligência da investigação policial, que foi abandonada nos últimos tempos.
Em suas primeiras declarações após ser indicado, aos repórteres Bruno Paes Manso e Marcelo Godoy, do "Estadão", o novo secretário definiu qual vai ser a sua política de combate ao crime organizado: "Haverá enfrentamento dentro da lei e do respeito aos preceitos institucionais".
Fica a pergunta: quer dizer que antes não havia?
Alckmin chegou ao nome de Grella Veiria depois de muitas consultas e sondagens, fez o convite na quinta-feira passada e recebeu a resposta positiva na segunda, quando chamou Ferreira Pinto para finalmente lhe dar o cartão vermelho.
Nesse meio tempo, mais 10 pessoas foram mortas na noite de terça para quarta-feira, e outras 14 assassinadas e 8 feridas na última madrugada.
Se até Israel e o Hamas chegaram a um acordo de cessar-fogo nos conflitos na Faixa de Gaza, só nos resta esperar que o governo paulista retome o controle do aparelho de segurança. Pelo menos, agora o governador Alckmin já admite a gravidade da situação, que Ferreira Pinto sempre quis negar:
"Reconhecemos as dificuldades que estamos passando e vamos nos empenhar de forma redobrada neste trabalho".
Boa sorte ao governador, ao novo secretário e para todos nós paulistanos que esperamos um cessar-fogo também na nossa cidade.
1 comentários:
Ué! Mas, o governador Alckmin não espalhava aos quatro ventos que não havia crise, que as mortes diárias de 10, 12, pessoas era "comum"!
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