Por Luciano Martins Costa, no Observatório da Imprensa:
Os jornais recebem com naturalidade a mais recente pesquisa de opinião CNI/Ibope, que mostra o crescimento da popularidade da presidente Dilma Rousseff e da aprovação ao seu governo. Quando um fato surpreende, os redatores de títulos costumam repassar o efeito da novidade aos leitores, como parte da tática para manter o interesse nos textos. Mas nas edições de quarta-feira (20/3), os dados sobre a imagem da presidente e a reputação do seu governo não parecem ter surpreendido as redações, apesar de, na rotina, os jornais andarem na contramão da opinião majoritária da população. Esse evento coloca em evidência, mais uma vez, a questão da falta de alinhamento entre a imprensa e a sociedade, ou pelo menos a maior parte dela.
Os jornais apontam como motivação principal da popularidade da presidente uma de suas medidas mais recentes, a redução da conta de energia. No entanto, um olhar ainda que superficial sobre o desempenho de Dilma Rousseff nas pesquisas desde sua posse mostra que, embora haja causas pontuais influenciando a opinião dos cidadãos em cada consulta, há uma consistente relação de empatia entre os brasileiros e sua presidente e uma sólida aprovação de suas políticas.
Também se pode dizer que a atual chefe do governo retoma o curso de seu antecessor imediato, Luiz Inácio Lula da Silva, e supera os melhores índices de aprovação alcançados pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Embora seja necessário fazer ressalvas a comparações de indicadores em tempos e circunstâncias diferentes, existe uma clara possibilidade de que a massiva popularidade da presidente Dilma e a larga aprovação de seu governo estejam ligadas à permanência de um estado de bem-estar percebido pela maioria dos brasileiros no longo prazo. Paralelamente, segundo os pesquisadores, ela descola sua imagem da de seu antecessor e padrinho político.
De acordo com a mais recente pesquisa do Ibope por encomenda da Confederação Nacional da Indústria, 63% dos consultados consideram o atual governo ótimo ou bom e seu índice de confiança subiu de 73% no ano passado para 75%, na atual consulta.
O detalhamento feito pelos jornais revela que o baixo crescimento do Produto Interno Bruto em 2012 não afetou a avaliação do governo, e que o maior aumento na apreciação se deu na compreensão dos esforços do governo para reduzir impostos, tema considerado complexo para grande número de brasileiros.
Efeito contrário
Os jornais cruzam as respostas da pesquisa, que traduzem a imagem do governo e da presidente, com dados econômicos e sociais. Analisam, por exemplo, os efeitos da queda do desemprego e aumento da renda no período: o nível do desemprego chegou a 5,5% da força de trabalho, o índice mais baixo da história, e a renda média subiu 4,1%, o maior crescimento desde 2004. Além disso, subiu de 45% para 48% o número de pessoas que aprovam as medidas do governo contra a inflação.
Interessante observar como os dados analisados pelos jornais na tentativa de explicar a aprovação do governo e seus reflexos na popularidade da presidente acabam expondo um cenário que contraria o retrato feito diariamente pela imprensa sobre a economia do Brasil. No entanto, os jornais certamente vão continuar apostando na deterioração das condições gerais do país, como fazem há uma década, e procurando brechas para emplacar mensagens negativas, que posteriormente serão utilizadas na campanha eleitoral em favor de candidatos da oposição.
A imprensa não deve aliar-se incondicionalmente a nenhum governo circunstancial e é seu papel manter vivo o espírito crítico da sociedade. No caso do atual governo, há muitas pautas autenticamente críticas a serem desenvolvidas, uma vez que sobram sinais de que o crescimento da economia, a melhoria na distribuição de renda e demais resultados que produzem a popularidade da presidente não compõem um quadro de desenvolvimento sustentável. Além disso, graves problemas sociais e institucionais seguem sem solução.
A popularidade da presidente e a massiva aprovação ao seu governo têm a ver com a percepção do presente, mas não refletem necessariamente uma ampla compreensão sobre o futuro. Pode-se levantar uma série de dúvidas, por exemplo, se o modelo de desenvolvimento adotado pelo Brasil atende às exigências de um sistema sustentável no longo prazo.
O problema é que os jornais parecem presos aos dogmas da economia de mercado e insistem em fazer a crítica justamente onde as coisas estão funcionando. Mas não deixa de ser irônico que, quanto mais a imprensa se posiciona contra o governo, maior sua aprovação.
Os jornais apontam como motivação principal da popularidade da presidente uma de suas medidas mais recentes, a redução da conta de energia. No entanto, um olhar ainda que superficial sobre o desempenho de Dilma Rousseff nas pesquisas desde sua posse mostra que, embora haja causas pontuais influenciando a opinião dos cidadãos em cada consulta, há uma consistente relação de empatia entre os brasileiros e sua presidente e uma sólida aprovação de suas políticas.
Também se pode dizer que a atual chefe do governo retoma o curso de seu antecessor imediato, Luiz Inácio Lula da Silva, e supera os melhores índices de aprovação alcançados pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Embora seja necessário fazer ressalvas a comparações de indicadores em tempos e circunstâncias diferentes, existe uma clara possibilidade de que a massiva popularidade da presidente Dilma e a larga aprovação de seu governo estejam ligadas à permanência de um estado de bem-estar percebido pela maioria dos brasileiros no longo prazo. Paralelamente, segundo os pesquisadores, ela descola sua imagem da de seu antecessor e padrinho político.
De acordo com a mais recente pesquisa do Ibope por encomenda da Confederação Nacional da Indústria, 63% dos consultados consideram o atual governo ótimo ou bom e seu índice de confiança subiu de 73% no ano passado para 75%, na atual consulta.
O detalhamento feito pelos jornais revela que o baixo crescimento do Produto Interno Bruto em 2012 não afetou a avaliação do governo, e que o maior aumento na apreciação se deu na compreensão dos esforços do governo para reduzir impostos, tema considerado complexo para grande número de brasileiros.
Efeito contrário
Os jornais cruzam as respostas da pesquisa, que traduzem a imagem do governo e da presidente, com dados econômicos e sociais. Analisam, por exemplo, os efeitos da queda do desemprego e aumento da renda no período: o nível do desemprego chegou a 5,5% da força de trabalho, o índice mais baixo da história, e a renda média subiu 4,1%, o maior crescimento desde 2004. Além disso, subiu de 45% para 48% o número de pessoas que aprovam as medidas do governo contra a inflação.
Interessante observar como os dados analisados pelos jornais na tentativa de explicar a aprovação do governo e seus reflexos na popularidade da presidente acabam expondo um cenário que contraria o retrato feito diariamente pela imprensa sobre a economia do Brasil. No entanto, os jornais certamente vão continuar apostando na deterioração das condições gerais do país, como fazem há uma década, e procurando brechas para emplacar mensagens negativas, que posteriormente serão utilizadas na campanha eleitoral em favor de candidatos da oposição.
A imprensa não deve aliar-se incondicionalmente a nenhum governo circunstancial e é seu papel manter vivo o espírito crítico da sociedade. No caso do atual governo, há muitas pautas autenticamente críticas a serem desenvolvidas, uma vez que sobram sinais de que o crescimento da economia, a melhoria na distribuição de renda e demais resultados que produzem a popularidade da presidente não compõem um quadro de desenvolvimento sustentável. Além disso, graves problemas sociais e institucionais seguem sem solução.
A popularidade da presidente e a massiva aprovação ao seu governo têm a ver com a percepção do presente, mas não refletem necessariamente uma ampla compreensão sobre o futuro. Pode-se levantar uma série de dúvidas, por exemplo, se o modelo de desenvolvimento adotado pelo Brasil atende às exigências de um sistema sustentável no longo prazo.
O problema é que os jornais parecem presos aos dogmas da economia de mercado e insistem em fazer a crítica justamente onde as coisas estão funcionando. Mas não deixa de ser irônico que, quanto mais a imprensa se posiciona contra o governo, maior sua aprovação.
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