domingo, 10 de março de 2013

Explosão na OAB-RJ exige apuração

Por Altamiro Borges

A Polícia Federal anunciou ontem que investigará a explosão de uma bomba na seccional do Rio de Janeiro da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), ocorrida na última quinta-feira (7). O artefato danificou o 9º andar do edifício Sobral Pinto, sede da entidade. O imóvel foi esvaziado e ninguém ficou ferido. Segundo o advogado Wadih Damous, ex-presidente da OAB-RJ, poucas horas antes do atentado o Disque-Denúncia da polícia carioca recebeu uma ligação informando que ele seria o alvo do atentado.

“Houve uma ligação dizendo que alguns militares da reserva estariam tramando o meu assassinato e que explodiriam três bombas na OAB”, relata. A explosão ocorreu às vésperas da sua nomeação para a presidência da Comissão da Verdade do Rio de Janeiro. Damous não descarta que haja relação entre o atentado e a sua nomeação. “A OAB-RJ já foi vítima de um atentado a bomba à época da ditadura. Agora estouram um artefato. Obviamente que a conclusão vai nesse rumo. Se é verdade ou não, só as investigações vão dizer”.

Em 27 de agosto de 1980, em plena ditadura militar, um atentado com uma carta-bomba na OAB-RJ provocou a morte da funcionária Lydia Monteiro da Silva e feriu outra pessoa. “Se de fato houve uma tentativa de intimidação, ela não vai funcionar. A futura Comissão da Verdade não vai se deixar intimidar por isso”, afirmou o advogado, que comandará as investigações sobre os crimes da ditadura no Rio de Janeiro. Como aponta a nota abaixo da Comissão Nacional da Verdade, o caso é grave e exige rápida e rigorosa apuração:

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Há três décadas, o Brasil e o povo brasileiro decidiram superar o período de violência e medo gerados pelo golpe civil-militar imposto em 1964. A população apostou na democracia e nas liberdades para enfrentar o desafio de construir um país justo e próspero, que gere oportunidades para todos.

Hoje um explosivo foi detonado na sede da OAB, no Rio de Janeiro. Trata-se de um tardio ato de terror dos que não querem viver num país democrático. Criando um clima de confronto e desatino “eles” afetam adversários e a si próprios.

A Comissão Nacional da Verdade, que visa investigar e reconstituir as graves violações de direitos humanos ocorridas em nossa história política recente, repudia com veemência o ato intimidatório cometido na sede da Ordem dos Advogados do Brasil-RJ, e a ameaçadora mensagem recebida no local afirmando que o ato visava matar seu ex-presidente, Wadih Damous, a ser nomeado Presidente da Comissão Estadual da Verdade, na segunda-feira, pelo governador Sérgio Cabral.

A democracia não se constrói com bombas, nem se sustenta com violência. A coragem de defendê-la deve superar o nosso medo do terror.

No ano de 1980 uma bomba matou Lyda Monteiro e feriu outra pessoa na sede da OAB no Rio de Janeiro. Felizmente agora não houve vítimas. Precisamos, contudo, estar atentos aos acontecimentos e solidários na resistência.

As autoridades competentes estão sendo mobilizadas para adotar as providências cabíveis. A Comissão Nacional da Verdade espera que se apure a autoria e se puna os que pretendem  negar ao Brasil o caminho da democracia e das liberdades.

Rio de Janeiro, 7 de março de 2013    

Rosa Maria Cardoso da Cunha - Coordenadora Pro Tempore da CNV

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