Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:
Confesso que só posso ficar preocupado quando ouço nossos prefeitos e governadores dizerem que o transporte vive com orçamento apertado, sem margem para cortes no preço da passagem.
E que, por esse motivo, serão obrigados, de coração partido, a cortar gastos em saúde, educação e outras áreas prioritárias.
Confesso que só posso ficar preocupado quando ouço nossos prefeitos e governadores dizerem que o transporte vive com orçamento apertado, sem margem para cortes no preço da passagem.
E que, por esse motivo, serão obrigados, de coração partido, a cortar gastos em saúde, educação e outras áreas prioritárias.
Não quero falar de prefeitos particulares, nem de um governador específico. Mas enxergo um exercício de propaganda nesse movimento. Um esforço para dizer que, no fundo, o reajuste era uma medida boa ou pelo menos aceitável socialmente – pois impedia cortes no dinheiro das escolas e postos de saúde.
Difícil acreditar. Conforme foi amplamente anunciado durante as manifestações, as empresas de ônibus, no país, têm uma margem de lucro acima da média internacional. Divulgou-se durante os protestos que nossas empresas respondem por 10% dos custos do transporte, contra 33% em outros países. Não sei se os dados corretos são estes. Podem ser um pouco mais, quem sabe um pouco menos. Seja como for, o brasileiro gasta 5% de seu orçamento mensal com transporte, contra 2% em outros países. Os gastos com transporte público têm aumentado nos últimos anos, apesar de todo subsídio criado com medidas recentes, como o Bilhete Único. Isso porque o crescimento econômico oferece empregos e oportunidades, que tiram a pessoa de casa e aumentam a procura por transporte coletivo.
A questão real é outra. Sem fazer associações levianas nem suposições erradas, é fácil reconhecer que as empresas de ônibus são uma das grandes fontes de receita de nossas campanhas eleitorais.
É por isso que seus ganhos privados são intocáveis. As empresas recuperam, no dia a dia, aquele investimento feito no financiamento de candidatos. Além de transportar passageiros, elas precisam sustentar grandiosos esquemas de marketing, equipes de propaganda, publicitários, jornalistas, cabos eleitorais e assim por diante.
Está certo? Errado?
A questão não se resolve com falsos moralismos. Do ponto de vista político, esta situação - lamentável - sublinha a necessidade de uma reforma eleitoral para assegurar que campanhas sejam financiadas, exclusivamente, por recursos públicos.
Há outro ponto, também. Os protestos mostraram o caráter prioritário do transporte coletivo na vida social de um país que há muito tempo tornou-se uma nação urbana.
Também mostraram que a população considera que já dá uma imensa contribuição para a cidade e agora quer uma nova repartição de custos e benefícios, em que não seja a única parte a fazer sacrifícios.
Se as empresas de ônibus chegaram a seu limite – oferecendo serviços de péssima qualidade, que continuam entre os mais caros do mundo depois da revogação do último reajuste –, caberá discutir o modelo de transporte adotado pelas grandes cidades brasileiras nos últimos anos.
Cabe planejar e debater grandes mudanças no sistema de transporte, sem hipocrisia nem falsos argumentos.
Concorda?
Difícil acreditar. Conforme foi amplamente anunciado durante as manifestações, as empresas de ônibus, no país, têm uma margem de lucro acima da média internacional. Divulgou-se durante os protestos que nossas empresas respondem por 10% dos custos do transporte, contra 33% em outros países. Não sei se os dados corretos são estes. Podem ser um pouco mais, quem sabe um pouco menos. Seja como for, o brasileiro gasta 5% de seu orçamento mensal com transporte, contra 2% em outros países. Os gastos com transporte público têm aumentado nos últimos anos, apesar de todo subsídio criado com medidas recentes, como o Bilhete Único. Isso porque o crescimento econômico oferece empregos e oportunidades, que tiram a pessoa de casa e aumentam a procura por transporte coletivo.
A questão real é outra. Sem fazer associações levianas nem suposições erradas, é fácil reconhecer que as empresas de ônibus são uma das grandes fontes de receita de nossas campanhas eleitorais.
É por isso que seus ganhos privados são intocáveis. As empresas recuperam, no dia a dia, aquele investimento feito no financiamento de candidatos. Além de transportar passageiros, elas precisam sustentar grandiosos esquemas de marketing, equipes de propaganda, publicitários, jornalistas, cabos eleitorais e assim por diante.
Está certo? Errado?
A questão não se resolve com falsos moralismos. Do ponto de vista político, esta situação - lamentável - sublinha a necessidade de uma reforma eleitoral para assegurar que campanhas sejam financiadas, exclusivamente, por recursos públicos.
Há outro ponto, também. Os protestos mostraram o caráter prioritário do transporte coletivo na vida social de um país que há muito tempo tornou-se uma nação urbana.
Também mostraram que a população considera que já dá uma imensa contribuição para a cidade e agora quer uma nova repartição de custos e benefícios, em que não seja a única parte a fazer sacrifícios.
Se as empresas de ônibus chegaram a seu limite – oferecendo serviços de péssima qualidade, que continuam entre os mais caros do mundo depois da revogação do último reajuste –, caberá discutir o modelo de transporte adotado pelas grandes cidades brasileiras nos últimos anos.
Cabe planejar e debater grandes mudanças no sistema de transporte, sem hipocrisia nem falsos argumentos.
Concorda?
2 comentários:
Eu continuo não acreditando que naquela massa toda só existem pessoas que só querem baixar o preço da passagem do ônibus...Eu e mais milhões que estamos no Facebook transmitindo ao vivo, a cada instante, de um para o outro....TEM MUITA COISA ACONTECENDO, Pessoal!...De vez em quando venho ao blogs e sites e parece que está tudo muito bem, às mil maravilhas e que a manhã é outro no dia neste surto de repentino de cidadania ESCANDINAVA / INGLESA que acontece no Brasil...A briga é outra!!! Os pitbull da direitona com ex-coronéis milicos estão latindo e se comunicando também com os seus lá das passeatas... É PREOCUPANTE, MESMO!!! Tem MUITO MAIS r$ MILHÕES infiltradodos naqueles R$ 20 CENTAVOS...Deixa eu voltar pra lá...
Ricardo diz:
o Povo Brasileiro está nas ruas exatamente porque o prefeito do PT, ex-ministro da Dilma, apóia, na mídia golpista, o terrorismo da PM do Alckimin contra jovens que diariamente são marginalizados por um governo neoliberal camuflado.
A crise é de confiança.
Afinal, de que lado esse camarada está?
o ministro da justiça da Dilma também apareceu, na mídia golpista, oferecendo a Força Nacional contra os jovens barbarizados pela PM terrorista do PSDB, afinal de que lado está o governo Dilma?
a Crise é de credibilidade.
Depois aparecem, juntos, na mídia golpista, o prefeito do PT e o odiado governador do PSDB, de olhos marejados, de coração partido, brandamente, após a vitória da seleção brasileira, candidamente anunciando o recuo no aumento dos preços das passagens dos transportes coletivos, ambos fazendo ameaças veladas etc, etc... cinismo puro...demagogia...
junte-se a isso as privatizações,
a aliança com os ruralistas, a criação absurda de um ministério para o aliado do Alckimin, a entrega do petróleo aos estrangeiros, o aluguel da nossa soberania a FIFA, o aumento dos juros e a volta da inflação, junte-se também a isso o silêncio criminoso dos aliados de centro esquerda, da falta de uma frente vigorosa e combativa de extrema esquerda, do surgimento de uma misteriosa e oportunista rede que não explica a que veio, e o latido conservador diuturno de uma mídia miserável fascista e golpista,mais preferida pela presidenta, do que apoiar ao projeto de democratização das comunicações no Brasil, isso só poderia gerar uma crise de confiança e credibilidade do Povo Brasileiro a ponto da população sair as ruas e dizer, ela mesma,sem militância, sem partidos, sem mídia,sem pesquisas de opinião, corajosamente enfrentando o terrorismo da PM fascista em todos os estados da federação,esfregando sua autenticidade e legitimidade, na cara da Dilma e seus aliados, que não está aprovando esse neoliberalismo camuflado, esse abandono do projeto progressista para o qual ela e seus aliados foram eleitos e, que, somente a retomada da agenda progressista e o rompimento com a mídia golpista é que vai começar a acabar com essa crise de confiabilidade e credibilidade no governo federal e seus aliados estaduais e municipais. acredito que a popularidade da Dilma, talvez hoje , não chega nem a 20 centavos, digo, 20 pontos percentuais...
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