domingo, 4 de agosto de 2013

O protesto contra a terceirização

Por Altamiro Borges

Na próxima terça-feira, dia 6, as ruas do país voltam a ser ocupadas. Desta vez, com uma pauta bem definida que desagrada os patrões e a sua mídia. Como de costume, o protesto terá pouco ou nenhum destaque na imprensa patronal. O ato nacional e unitário é organizada pelas centrais sindicais e tem como alvo o projeto de lei (PL) 4330, que regulamenta a terceirização. Estão previstas concentrações em frente às sedes das principais entidades empresariais contra a medida que agrava ainda mais a precarização do trabalho.

Reunidos na semana passada, os dirigentes das centrais sindicais concluíram que a discussão sobre o PL-4330 não avançou no Congresso Nacional e no Palácio do Planalto. "Para as entidades, há retrocesso nas propostas do governo e empresários sobre os seis pontos considerados prioritários pelos trabalhadores: o conceito de atividade especializada; os limites à terceirização; o entrave para a quarteirização; o significado dado à responsabilidade solidária (aquela em que a empresa contratante é responsável por quitar dívidas trabalhistas deixadas pela terceirizada); o caso dos correspondentes bancários; e a organização e representação sindical", relata o jornal Brasil de Fato.

Como as negociações emperraram, o regressivo texto de autoria do empresário e deputado federal Sandro Mabel (PMDB-GO), que já recebeu aval do relator na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania da Câmara (CCJC), poderá ser votado até 13 de agosto. Os protestos da próxima terça-feira visam exatamente frear esta possibilidade. Uma nova rodada de negociação entre governo, empresários, parlamentares e centrais sindicais deve acontecer na manhã desta segunda-feira. Mas não há sinais de recuo das entidades patronais e da sua bancada no parlamento.

Para Maria das Graças Costa, secretária de relações do trabalho da CUT, é urgente intensificar a pressão da sociedade contra este nocivo projeto. "Estamos apostando com muita ênfase no diálogo com a população e com a própria classe trabalhadora. Quem perde com a terceirização não é só o terceirizado, que sem uma regulamentação é discriminado e tem seus direitos negados, mas também o povo, que muitas vezes recebe serviço de má qualidade porque faltam instrumentos de trabalho e condições dignas a esses trabalhadores. Se o PL não mudar, vamos parar o Brasil", garantiu.

Segundo o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o trabalhador terceirizado fica 2,6 anos a menos no emprego, tem uma jornada de três horas a mais semanalmente e ganha 27% a menos. A cada 10 acidentes de trabalho, oito acontecem entre terceirizados. Estima-se que o Brasil tenha 10 milhões de terceirizados, o equivalente a 31% dos 33,9 milhões de trabalhadores com carteira assinada no país.

1 comentários:

Anônimo disse...

É difícil para o trabalhador compreender que a relação entre trabalho e capital é baseada na compra da mão de obra, onde a mercadoria comprada é o próprio trabalhador. Ele se entrega por um pagamento, justo ou não. Nunca será justo e por mais que se conquiste.
Ele não tem participação na produção. A participação que se pode achar que tenha, não lhe pertence. “Está vendo aquela obra seu moço? Eu também trabalhei lá”. A obra está no mercado, o salário foi a comida do mês, não foi a escola porque tempo e dinheiro eram poucos pouco. Não importa se não é qualificado ou se é altamente especializado.
Os avanços ao trabalho podem ser analisados, enquanto o capital cresce, a economia desenvolve, a marmita não pode aumentar.
A criação de novos empregos sempre vai estar atrelada no investimento do capital. É a sociedade subjugada ao capital. Esta discussão precisa acontecer. A redução do emprego é o inverso.
A terceirização é uma aberração social, apresentada e defendida por uma ingenuidade política. Esta aberração será paga pelo grande conjunto da sociedade. Ela avança cruel nos direitos do conjunto dos trabalhadores, rasgando a legislação na simples substituição do efetivo para terceirizado, isentando o capital das suas responsabilidades sociais oferecendo redução de custos com ganhos no mercado.
Desonerando o capital com o sangue da trabalhador. Este não é um pais que vai pra frente.