Por Mauricio Dias, na revista CartaCapital:
No domingo 13, por volta das 16 horas, uma menina de 7 anos foi baleada dentro de casa, no Morro do Gambá, no bairro de Lins de Vasconcelos, zona norte da cidade. Mais uma vítima do confronto entre polícia e traficantes.
Tanto essa tragédia quanto a violência que se seguiu fazem parte da rotina de insegurança nessas localidades mais pobres. A população quase sempre reage e, mais uma vez, reagiu. Durante a manifestação, uma base avançada da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) foi atacada e incendiada ao ser atingida por um coquetel molotov.
Há sinais visíveis de que os traficantes se rearticularam. Embora a ocupação das favelas não leve em conta o combate específico à venda de drogas, e sim a conquista do que chamam de “território”, os traficantes retornaram com mais cautela sem perder a agressividade. Nos últimos meses, três UPPs já foram atacadas, provocando algumas baixas na PM.
Em dezembro de 2014, completa cinco anos o início do que foi chamado de “guerra contra o tráfico”. Esse apelido favoreceu as ações. Mesmo as ilegais como, por exemplo, a utilização do Exército e da Marinha sem seguir os rituais previstos na Constituição. A segurança adotou um modelo em execução. Desde então, 37 favelas foram invadidas pelas forças policiais e nelas, instalados os postos de proteção (UPPs). Os cariocas aplaudiram a iniciativa e o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, virou celebridade. Chegou a ser chamado de “Rei do Rio”. Evitou a tentação do apelo político. Recusou os convites.
Com parte dos morros ocupada pela Polícia Militar, baixou uma sensação de segurança na cidade. A qualquer custo. Havia, no entanto, gente de olho aberto no que significava o “processo de ocupação”. É o caso da socióloga Vera Malaguti, professora de criminologia da Universidade Candido Mendes e secretária-geral do Instituto Carioca de Criminologia (ICC). Ela observa em texto difundido e aplaudido nas redes sociais: “As UPPs viraram um macabro consenso, através de um intenso bombardeio midiático. Aliás, como peça publicitária é muito benfeito”.
Finda a tempestade nasce o sol, lembra a música de Cartola, talentoso compositor brasileiro, expressão do Morro da Mangueira. Essa melodia poderia ser o tema dos quase cinco anos em que o governo do estado e os cariocas festejaram o que parecia ser a retomada definitiva do controle de alguma das favelas cariocas dominadas por traficantes.\
Com o apoio das Forças Armadas, comunidades foram ocupadas e nelas implantadas as UPPs. Dos 46 mil soldados há quase 10 mil (quase 20% do efetivo) absorvidos pelas UPPs.
O custo do modelo em prática, copiado essencialmente da Colômbia, é elevado. Parte substancial do Orçamento da Segurança custeia as ações de ocupação dos morros (tabela). Entre 2012 e a previsão para 2014 houve um aumento de verba para o setor de quase 50%. Isso significa 12% do Orçamento e é quase o dobro do dinheiro para a Saúde.
Por quanto tempo o governo poderá bancar esse modelo?
No domingo 13, por volta das 16 horas, uma menina de 7 anos foi baleada dentro de casa, no Morro do Gambá, no bairro de Lins de Vasconcelos, zona norte da cidade. Mais uma vítima do confronto entre polícia e traficantes.
Tanto essa tragédia quanto a violência que se seguiu fazem parte da rotina de insegurança nessas localidades mais pobres. A população quase sempre reage e, mais uma vez, reagiu. Durante a manifestação, uma base avançada da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) foi atacada e incendiada ao ser atingida por um coquetel molotov.
Há sinais visíveis de que os traficantes se rearticularam. Embora a ocupação das favelas não leve em conta o combate específico à venda de drogas, e sim a conquista do que chamam de “território”, os traficantes retornaram com mais cautela sem perder a agressividade. Nos últimos meses, três UPPs já foram atacadas, provocando algumas baixas na PM.
Em dezembro de 2014, completa cinco anos o início do que foi chamado de “guerra contra o tráfico”. Esse apelido favoreceu as ações. Mesmo as ilegais como, por exemplo, a utilização do Exército e da Marinha sem seguir os rituais previstos na Constituição. A segurança adotou um modelo em execução. Desde então, 37 favelas foram invadidas pelas forças policiais e nelas, instalados os postos de proteção (UPPs). Os cariocas aplaudiram a iniciativa e o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, virou celebridade. Chegou a ser chamado de “Rei do Rio”. Evitou a tentação do apelo político. Recusou os convites.
Com parte dos morros ocupada pela Polícia Militar, baixou uma sensação de segurança na cidade. A qualquer custo. Havia, no entanto, gente de olho aberto no que significava o “processo de ocupação”. É o caso da socióloga Vera Malaguti, professora de criminologia da Universidade Candido Mendes e secretária-geral do Instituto Carioca de Criminologia (ICC). Ela observa em texto difundido e aplaudido nas redes sociais: “As UPPs viraram um macabro consenso, através de um intenso bombardeio midiático. Aliás, como peça publicitária é muito benfeito”.
Finda a tempestade nasce o sol, lembra a música de Cartola, talentoso compositor brasileiro, expressão do Morro da Mangueira. Essa melodia poderia ser o tema dos quase cinco anos em que o governo do estado e os cariocas festejaram o que parecia ser a retomada definitiva do controle de alguma das favelas cariocas dominadas por traficantes.\
Com o apoio das Forças Armadas, comunidades foram ocupadas e nelas implantadas as UPPs. Dos 46 mil soldados há quase 10 mil (quase 20% do efetivo) absorvidos pelas UPPs.
O custo do modelo em prática, copiado essencialmente da Colômbia, é elevado. Parte substancial do Orçamento da Segurança custeia as ações de ocupação dos morros (tabela). Entre 2012 e a previsão para 2014 houve um aumento de verba para o setor de quase 50%. Isso significa 12% do Orçamento e é quase o dobro do dinheiro para a Saúde.
Por quanto tempo o governo poderá bancar esse modelo?
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