Por Antonio Lassance, no site Carta Maior:
Um escândalo de grandes proporções abala o mundo das finanças.
O assunto envolve ninguém menos que o segundo maior banco do mundo, o HSBC, e políticos, grupos de comunicação, esportistas, artistas e demais celebridades do mundo dos superendinheirados.
Os bacanas, milhares deles brasileiros, cometeram crimes de sonegação fiscal, lavagem de dinheiro e evasão em grandes proporções. Isso sem contar com outros crimes que podem estar associados à origem do dinheiro.
Depósitos milionários foram feitos no banco britânico HSBC, em sua filial na Suíça, para desviar montanhas de dinheiro que deveriam ser pagas em impostos, mas que preferiram fazer um passeio pelos Alpes.
Não se trata de dinheiro privado. É dinheiro público depositado em contas privadas. É corrupção da grossa, mesmo que feita por 'gente fina' - gente diferenciada, pelo menos por suas contas bancárias; e gente educada, pelo menos na arte de sonegar impostos e lavar dinheiro.
Sonegação e lavagem de dinheiro são e devem ser tratados como crimes de assalto aos cofres públicos. Por isso, a tradução exata do escândalo conhecido lá fora como SwissLeaks (*), em bom português, é Suíçalão.
Suíçalão do HSBC, para ficar claro o mentor intelectual do crime e para manter no ar a suspeita, mais que plausível, de que muitos outros bancos possam ter feito o mesmo.
É preciso tratar o caso pelo apelido que ele merece, nem acima, nem abaixo do que se fez com os mensalões, o petrolão e o trensalão.
Chega de camaradagem com a corrupção privada. Sonegação e lavagem de dinheiro são coisas de gente que faz - como dizia a propaganda do finado Banco Bamerindus, doado a esse mesmo gigante das finanças, o HSBC, por um Banco Central que foi sempre muito benevolente com Londres e a Suíça.
O fato de que os crimes relatados vinham sendo cometidos há décadas deixa claro como o mundo dos ricos é mantido em uma zona de conforto por governos - incluíndo-se aí seus bancos centrais -, judiciário e imprensa, mesmo quando as táticas são mais que conhecidas.
O escândalo ainda mostra como os grandes bancos são as maiores lavanderias do planeta. O HSBC não apenas abriu suas portas e seus cofres para os depósitos em dinheiro. O banco orientou clientes a como realizar em segredo práticas sabidamente criminosas.
Para coibir a prática de forma mais eficaz seria preciso estabelecer uma regulação do sistema financeiro internacional que impusesse maior transparência e punições mais duras. Alguém imagina que, sem isso, coisas desse tipo jamais irão se repetir? Claro que não. Ficar à espera de vazamentos é pouco.
Os barões ladrões brasileiros estão na nona colocação entre os que mais surrupiaram dinheiro, com a ajuda do HSBC suíço.
O valor sonegado apenas por esse seleto grupo está estimado, por enquanto, em R$ 20 bilhões.
O valor é próximo aos R$ 18,7 bilhões não pagos em impostos pelo Itaú quando realizou a fusão com o Unibanco, em 2008.
O dinheiro dessas duas 'pequenas' sonegações é maior que o de qualquer outro escândalo de corrupção, mas nem todos se escandalizam em igual proporção.
A corrupção fiscal é hoje o principal inimigo do Estado brasileiro, de suas políticas sociais, como a saúde, há décadas subfinanciada, e até mesmo de suas políticas fiscal e monetária.
Daria para pagar um bom pedaço dos juros da dívida pública com o dinheiro dos ricos, ou melhor, o dinheiro dos pobres que os ricos preferem sonegar.
Apesar de todas essas evidências, o escândalo de corrupção até agora tem merecido apenas notas de rodapé do cartel de mídia aqui presente.
Como na época da ditadura militar, sabemos detalhes do escândalo mais pela mídia internacional do que pelo cartel midiático que nos habita.
A mídia que achincalha a Petrobrás protege indecorosamente o HSBC e os barões ladrões por trás desse grande escândalo financeiro. Todos são tratados com candura ou mantidos em obsequioso segredo.
É que, para nossa mídia orwelliana, todos são iguais, mas alguns são mais iguais do que outros.
(*) A expressão SwissLeaks se refere aos vazamentos ('leaks') que permitiram que investigações sob segredo de justiça se tornassem públicas. A Suíça ('Swiss') foi o destino preferido do dinheiro roubado.
Um escândalo de grandes proporções abala o mundo das finanças.
O assunto envolve ninguém menos que o segundo maior banco do mundo, o HSBC, e políticos, grupos de comunicação, esportistas, artistas e demais celebridades do mundo dos superendinheirados.
Os bacanas, milhares deles brasileiros, cometeram crimes de sonegação fiscal, lavagem de dinheiro e evasão em grandes proporções. Isso sem contar com outros crimes que podem estar associados à origem do dinheiro.
Depósitos milionários foram feitos no banco britânico HSBC, em sua filial na Suíça, para desviar montanhas de dinheiro que deveriam ser pagas em impostos, mas que preferiram fazer um passeio pelos Alpes.
Não se trata de dinheiro privado. É dinheiro público depositado em contas privadas. É corrupção da grossa, mesmo que feita por 'gente fina' - gente diferenciada, pelo menos por suas contas bancárias; e gente educada, pelo menos na arte de sonegar impostos e lavar dinheiro.
Sonegação e lavagem de dinheiro são e devem ser tratados como crimes de assalto aos cofres públicos. Por isso, a tradução exata do escândalo conhecido lá fora como SwissLeaks (*), em bom português, é Suíçalão.
Suíçalão do HSBC, para ficar claro o mentor intelectual do crime e para manter no ar a suspeita, mais que plausível, de que muitos outros bancos possam ter feito o mesmo.
É preciso tratar o caso pelo apelido que ele merece, nem acima, nem abaixo do que se fez com os mensalões, o petrolão e o trensalão.
Chega de camaradagem com a corrupção privada. Sonegação e lavagem de dinheiro são coisas de gente que faz - como dizia a propaganda do finado Banco Bamerindus, doado a esse mesmo gigante das finanças, o HSBC, por um Banco Central que foi sempre muito benevolente com Londres e a Suíça.
O fato de que os crimes relatados vinham sendo cometidos há décadas deixa claro como o mundo dos ricos é mantido em uma zona de conforto por governos - incluíndo-se aí seus bancos centrais -, judiciário e imprensa, mesmo quando as táticas são mais que conhecidas.
O escândalo ainda mostra como os grandes bancos são as maiores lavanderias do planeta. O HSBC não apenas abriu suas portas e seus cofres para os depósitos em dinheiro. O banco orientou clientes a como realizar em segredo práticas sabidamente criminosas.
Para coibir a prática de forma mais eficaz seria preciso estabelecer uma regulação do sistema financeiro internacional que impusesse maior transparência e punições mais duras. Alguém imagina que, sem isso, coisas desse tipo jamais irão se repetir? Claro que não. Ficar à espera de vazamentos é pouco.
Os barões ladrões brasileiros estão na nona colocação entre os que mais surrupiaram dinheiro, com a ajuda do HSBC suíço.
O valor sonegado apenas por esse seleto grupo está estimado, por enquanto, em R$ 20 bilhões.
O valor é próximo aos R$ 18,7 bilhões não pagos em impostos pelo Itaú quando realizou a fusão com o Unibanco, em 2008.
O dinheiro dessas duas 'pequenas' sonegações é maior que o de qualquer outro escândalo de corrupção, mas nem todos se escandalizam em igual proporção.
A corrupção fiscal é hoje o principal inimigo do Estado brasileiro, de suas políticas sociais, como a saúde, há décadas subfinanciada, e até mesmo de suas políticas fiscal e monetária.
Daria para pagar um bom pedaço dos juros da dívida pública com o dinheiro dos ricos, ou melhor, o dinheiro dos pobres que os ricos preferem sonegar.
Apesar de todas essas evidências, o escândalo de corrupção até agora tem merecido apenas notas de rodapé do cartel de mídia aqui presente.
Como na época da ditadura militar, sabemos detalhes do escândalo mais pela mídia internacional do que pelo cartel midiático que nos habita.
A mídia que achincalha a Petrobrás protege indecorosamente o HSBC e os barões ladrões por trás desse grande escândalo financeiro. Todos são tratados com candura ou mantidos em obsequioso segredo.
É que, para nossa mídia orwelliana, todos são iguais, mas alguns são mais iguais do que outros.
(*) A expressão SwissLeaks se refere aos vazamentos ('leaks') que permitiram que investigações sob segredo de justiça se tornassem públicas. A Suíça ('Swiss') foi o destino preferido do dinheiro roubado.
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