Por Bepe Damasco, em seu blog:
Está difícil arrancar do governo federal uma sinalização concreta para a esquerda, um gesto que contemple o contingente do eleitorado que levou Dilma à vitória no segundo turno de 2014. Mesmo colocando na balança a crise econômica, agravada pela sensível piora no panorama internacional, é difícil compreender a volúpia do Planalto em incorporar projetos e programas derrotados nas urnas, em detrimento das propostas e compromissos assumidos pela presidenta no palanque da reeleição.
Depois da nomeação de Joaquim Levy, veio um ajuste fiscal através do qual somente os trabalhadores estão pagando a conta, gerando um enorme desgaste entre os apoiadores da presidenta nos movimentos sociais e no conjunto da população, que não engoliu também os aumentos nas tarifas de energia elétrica e dos combustíveis.
Acrescente-se a tudo isso o massacre midiático diário com base no uso seletivo e calhorda da operação Lava jato. Resultado: a erosão da popularidade do governo, que em seis meses virou pó. Contudo, pairava no ar a esperança de que em algum momento o governo teria que compensar o sacrifício de sua base de apoio com medidas que, ao menos, fizessem com que os ricos compartilhassem com os trabalhadores o ônus da crise, na forma da taxação de heranças, das grandes fortunas e dos ganhos abusivos do capital financeiro.
Ledo engano. Nesta segunda-feira, 24 de agosto, o ministro Nelson Barbosa, do Planejamento, primeiro, e própria presidenta Dilma, em seguida, anunciaram a incorporação de mais uma proposta que teria a assinatura de qualquer tecnocrata tucano ou analista de mercado: o corte de dez dos atuais 39 ministérios do governo federal.
Como se sabe essa diminuição de ministérios está na ponta da língua há tempos dos próceres da doutrina neoliberal, dos articulistas do monopólio da mídia, dos grandes banqueiros e homens de negócios. O candidato derrotado Aécio Neves inclusive fez disso uma mantra na campanha eleitoral.
Em um vídeo que circula na internet há meses, no qual Ciro Gomes aplica uma autêntica surra intelectual no neoconservador yuppie Rodrigo Constantino, o ex-governador do Ceará prova com números e riqueza de argumentos conceituais que a redução de ministérios teria efeito insignificante na melhoria das contas públicas, especialmente se comparada com a montanha de dinheiro gasta pelo governo para rolar sua trilionária dívida pública. Ou seja, está há anos luz de ser a panaceia apregoada pela direita.
Se indica ser de eficácia zero como instrumento de ajuste da máquina pública, terá efeito deletério sobre o protagonismo político a duras penas conquistado por setores da sociedade, provocando a diluição do encaminhamento de suas políticas específicas. Não é preciso ter o dom da adivinhação para saber que a fusão, por exemplo, das atuais secretarias das Mulheres e de Igualdade Racial na Secretaria de Direitos Humanos trará prejuízos tanto à luta pela emancipação das mulheres quando à causa do combate ao racismo.
É de se prever a mesma coisa com as fusões da Pesca com a Agricultura e do Desenvolvimento Agrário com Desenvolvimento Social e assim por diante. Como o ministro Barbosa disse na coletiva de imprensa que o governo ainda está concluindo os estudos para a reforma administrativa, que deve ser anunciada oficialmente no fim de setembro, ainda há tempo para a reação dos movimentos sociais e dos partidos de esquerda a esses cortes, que certamente serão aplaudidos pelos endinheirados e reacionários.
Está difícil arrancar do governo federal uma sinalização concreta para a esquerda, um gesto que contemple o contingente do eleitorado que levou Dilma à vitória no segundo turno de 2014. Mesmo colocando na balança a crise econômica, agravada pela sensível piora no panorama internacional, é difícil compreender a volúpia do Planalto em incorporar projetos e programas derrotados nas urnas, em detrimento das propostas e compromissos assumidos pela presidenta no palanque da reeleição.
Depois da nomeação de Joaquim Levy, veio um ajuste fiscal através do qual somente os trabalhadores estão pagando a conta, gerando um enorme desgaste entre os apoiadores da presidenta nos movimentos sociais e no conjunto da população, que não engoliu também os aumentos nas tarifas de energia elétrica e dos combustíveis.
Acrescente-se a tudo isso o massacre midiático diário com base no uso seletivo e calhorda da operação Lava jato. Resultado: a erosão da popularidade do governo, que em seis meses virou pó. Contudo, pairava no ar a esperança de que em algum momento o governo teria que compensar o sacrifício de sua base de apoio com medidas que, ao menos, fizessem com que os ricos compartilhassem com os trabalhadores o ônus da crise, na forma da taxação de heranças, das grandes fortunas e dos ganhos abusivos do capital financeiro.
Ledo engano. Nesta segunda-feira, 24 de agosto, o ministro Nelson Barbosa, do Planejamento, primeiro, e própria presidenta Dilma, em seguida, anunciaram a incorporação de mais uma proposta que teria a assinatura de qualquer tecnocrata tucano ou analista de mercado: o corte de dez dos atuais 39 ministérios do governo federal.
Como se sabe essa diminuição de ministérios está na ponta da língua há tempos dos próceres da doutrina neoliberal, dos articulistas do monopólio da mídia, dos grandes banqueiros e homens de negócios. O candidato derrotado Aécio Neves inclusive fez disso uma mantra na campanha eleitoral.
Em um vídeo que circula na internet há meses, no qual Ciro Gomes aplica uma autêntica surra intelectual no neoconservador yuppie Rodrigo Constantino, o ex-governador do Ceará prova com números e riqueza de argumentos conceituais que a redução de ministérios teria efeito insignificante na melhoria das contas públicas, especialmente se comparada com a montanha de dinheiro gasta pelo governo para rolar sua trilionária dívida pública. Ou seja, está há anos luz de ser a panaceia apregoada pela direita.
Se indica ser de eficácia zero como instrumento de ajuste da máquina pública, terá efeito deletério sobre o protagonismo político a duras penas conquistado por setores da sociedade, provocando a diluição do encaminhamento de suas políticas específicas. Não é preciso ter o dom da adivinhação para saber que a fusão, por exemplo, das atuais secretarias das Mulheres e de Igualdade Racial na Secretaria de Direitos Humanos trará prejuízos tanto à luta pela emancipação das mulheres quando à causa do combate ao racismo.
É de se prever a mesma coisa com as fusões da Pesca com a Agricultura e do Desenvolvimento Agrário com Desenvolvimento Social e assim por diante. Como o ministro Barbosa disse na coletiva de imprensa que o governo ainda está concluindo os estudos para a reforma administrativa, que deve ser anunciada oficialmente no fim de setembro, ainda há tempo para a reação dos movimentos sociais e dos partidos de esquerda a esses cortes, que certamente serão aplaudidos pelos endinheirados e reacionários.
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