quinta-feira, 6 de agosto de 2015

O inacreditável homem forte de Dilma

Por Bepe Damasco, em seu blog:                            

Dois dias depois de a Operação Lava Jato ter avançado algumas casas rumo ao golpe e à criminalização do PT prendendo o ex-ministro José Dirceu, para o delírio da oposição e da mídia, o ministro Aloízio Mercadante, da Casa Civil, compareceu à Câmara dos Deputados para falar numa comissão permanente. E fez história. Um dia os pesquisadores, ao examinarem o discurso de Mercadante, haverão de catalogá-lo como o símbolo da capitulação e a da alienação política que um dia paralisaram um governo.

Conhecido por não ser muito chegado ao debate e de impor suas posições sobre pau e pedra, o ministro é, inegavelmente, um quadro político qualificado. Economista da escola desenvolvimentista da Unicamp, é militante histórico do Partido dos Trabalhadores, pelo qual se elegeu deputado federal e senador. Neste momento de grave crise política e sérias dificuldades econômicas, qual seria o papel do principal conselheiro da presidenta Dilma ?

Na minha opinião, convencê-la a percorrer o país, liderando uma jornada nacional de mobilização do governo, do PT, dos movimentos sociais e dos setores democráticos da sociedade contra o ruptura da ordem constitucional. Essa cruzada cumpriria o objetivo de informar à população sobre os meandros da trama golpista, um verdadeiro quem é quem na cavalgada da intolerância e do ódio que envenena o país.

O chefe da Casa Civil poderia usar seu poder no governo para sensibilizar a presidenta sobre a necessidade de se extirpar do Estado brasileiro braços golpistas que atuam à luz do dia. É o caso da Polícia Federal, repleta de delegados comprometidos até a raiz dos cabelos com articulações golpistas. A partidarização absurda da polícia judiciária brasileira faz com que que suas investigações, ações e prisões visam sempre o PT, enquanto poupa tucanos e seus satélites.

Caso o ministro se desse ao trabalho de examinar os procedimentos adotados por todas as democracias avançadas do planeta para a indicação de ministros de tribunais superiores e procuradores-gerais da República, constataria que a indicação do mais votado em lista tríplice não é jabuticaba, mas só acontece no Brasil. Desde o primeiro governo Lula, o Executivo abdicou da prerrogativa da escolha em nome de um republicanismo sem sentido.

Contudo, acredite se quiser, Mercadante preferiu saudar os inúmeros próceres do golpe que habitam as bancadas do PSDB no Congresso Nacional, tecendo loas às gestões tucanas por terem controlado a inflação ( as taxas de inflação da era tucana foram pelo menos o dobro dos governos Lula e Dilma e o país quebrou três vezes), elogiar o papel fiscalizador da oposição no Congresso (papel fiscalizador ???!!! - um dia antes o Câmara decidira pela urgência para a apreciação das contas de ex-presidentes, abrindo caminho para a reprovação das contas de Dilma e para o impeachment) , reconhecer os erros do governo e pregar a unidade.

Faltou oferecer o Ministério da Fazenda ou a presidência da Petrobras para José Serra. E o mais grave é que, provavelmente, a fala de Mercadante tem o respaldo de sua chefe. É ou não é para sentar e chorar ? Como se mobilizar para defender um governo que se nega a ser defendido ? Melhor ouvir música clássica, pedir mais uma cerveja e sofrer com o Botafogo na Série B do Brasileirão.

6 comentários:

Unknown disse...

Com a fama de mandona da presidenta, esse cara não fez isso por conta própria. Será isso o que entendem como política?

Fernando Aquino disse...

É realmente de envergonhar. Botafogo na série B eu aguento, mesmo resignado, porque futebol não é política. Agora, o que a Dilma tem na cabeça para enviar este M... andante falar o que falou no Congresso?
Isso é traição.

MEDICO57 disse...

Roberto Requião é, provavelmente, o último petista da vida real. Por Kiko Nogueira



O senador Roberto Requião, do PMDB do Paraná, é provavelmente o último petista vivo. Tem sido uma voz contra o golpismo, colocando-se ao lado de um governo calado e sem ação.


Apela frequentemente para a fanfarronice e o histrionismo, mas não tem medo de ir para cima quando julga preciso.

Há dias, no lançamento do livro “Cultura do silêncio e democracia no Brasil: Ensaios em defesa da liberdade de expressão”, falou de Sérgio Moro — a quem admira — e criticou a prisão de José Dirceu.

“Dirceu cumpre pena domiciliar pela condenação da AP 470, logo ele não poderia ser preso. No máximo seria uma condução coercitiva para depoimento em Curitiba”, afirmou. “É um espetáculo para a mídia”.

Declarou que Moro votou em Dilma, o que tem todas as chances do universo de ser uma mentira. Afirmou, por fim, que coloca a mão no fogo pela presidente.

O impeachment, acha ele, não interessa a Cunha. “O partido de Eduardo Cunha chama-se Eduardo Cunha. Cunha não vai facilitar nada para o PSDB tomar o poder”, diz.

Classificou a comitiva de senadores oposicionistas que foi à Venezuela de “usar a viagem partidariamente”. Ronaldo Caiado costuma apanhar gostoso de Requião.

Quando Caiado usou politicamente uma cubana do Mais Médicos que queria encontrar o namorado na Flórida, tascou: “Quer encontrar seu namorado? Procure o Caiado. Deputado é consultor amoroso de cubanos”.

Acha que o ajuste de Levy foi um tiro no pé. Sua briga com a Globo é antiga. “Na homenagem à Globo tinha muitos leitõezinhos vesgos, mamando na teta do PT de olhinho na dos Marinhos?”, escreveu no Twitter a respeito da recente sessão de sabujice dos parlamentares nos 50 anos da emissora.

Numa entrevista, deu sua versão para a briga. “Em visita de Lula ao Paraná, contei a ele, então presidente, sobre a TV Educativa e o fato de cortarmos toda a verba publicitária para a grande mídia”, afirmou. “O ‘erro brutal’ do governo foi acreditar que abastecendo os meios tradicionais de comunicação com dinheiro teria apoio e tranquilidade. Os interesses da mídia estão muito acima do que o estado pode pagar”.

Compare com a atitude do ministro Aloizio Mercadante, da Casa Civil, que se manteve quieto nos últimos sete meses até resolver, na quarta passada, elogiar as “experiências importantes” do PSDB.

“Eu senti uma oposição fiscalizando, cobrando, exigindo, mas muito elegante no debate”, prosseguiu Mercadante, talvez se referindo à Islândia ou à Nova Zelândia, uma semana após o ataque ao Instituto Lula.

Requião não é santo, evidentemente, e tem sobre a cabeça, por exemplo, acusações de nepotismo em seus oito anos de mandato no Paraná. Já vinculou a ocorrência de câncer de mama em homens às paradas gays. “Para evitar a extinção da espécie pelo menos 50% dos homens e mulheres deveriam compor a COTA de casamento hetero”, escreveu dia desses.

RR, é certo, tem uma licença para falar que a administração petista não tem — por diversas razões, do famoso e inexplicável republicanismo ao puro e simples medo.

É igualmente corajoso e irresponsável. Num momento em que a pancadaria come solta e o silêncio do governo é ensurdecedor, está sobrando no cenário como o derradeiro petista da vida real.


Anônimo disse...

UMA LÁSTIMA! Não acreditei quando lí. Capituação mesmo e como não vejo o governo capitulado, ele tem que sair do ministério.

Jbmartins-Contra o Golpe disse...

Ele esta forte por que faz o serviço que os abutres querem.

Mário Silva disse...

Vamos esperar, parece que Mercadante só massageou o ego dos tucanos. Aqueles, do bicão grande e QI pequeno...