segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Prisão de Dirceu: agosto começou

Por Ricardo Kotscho, no blog Balaio do Kotscho:

Ex-ministro José Dirceu preso pela Operação Lava Jato em Brasília, acusado de ser o mentor e organizador do sistema de corrupção na Petrobras. Greves de ônibus no Recife e em Porto Alegre. Invasões do Movimento dos Sem Terra em prédios do Ministério da Fazenda em Brasília e no Recife.

No primeiro dia útil de agosto, antes da hora do almoço, já tivemos uma ideia do que nos espera. E o Congresso Nacional ainda nem tinha voltado a funcionar.

No Palácio do Planalto, a coordenação política fez a sua habitual reunião das segundas-feiras com a Presidente Dilma Rousseff para discutir as pautas-bomba anunciadas por Eduardo Cunha na Câmara e o julgamento das contas do governo no TCU, previsto para os próximos dias, mas a vida real se antecipou para tornar as nuvens da crise ainda mais carregadas em dia de sol.

O dólar subindo e o dólar caindo, enquanto Dirceu era levado para a sede da Polícia Federal, com o noticiário interrompido a todo momento por novas revelações da Operação Lava Jato e ondas de protestos, que iam dos motoristas de táxi de Brasília contra o aplicativo Uber, aos funcionários públicos do Rio Grande do Sul, que tiveram seus pagamentos parcelados pelo governo estadual por falta de dinheiro.

José Dirceu estava cumprindo prisão domiciliar quando a PF chegou logo cedo para lhe dar nova ordem de prisão assinada pelo juiz Sergio Moro. "Dirceu foi o responsável pela instituição do esquema de pagamento de propina enquanto ainda era ministro da Casa Civil, dando início ao esquema de corrupção na estatal", disse o procurador da República Carlos Fernando Lima, em entrevista coletiva convocada para explicar a ação da força-tarefa.

Segundo os investigadores, a PF identificou pagamentos para Dirceu através de sua empresa de consultoria e por pagamento de despesas pessoais do ex-ministro, como reforma de imóveis. "Nós entendemos que o DNA, como diz o ministro Gilmar Mendes, é o mesmo do mensalão e da Lava Jato. No caso do José Dirceu, nós temos provas de enriquecimento pessoal, não mais do dinheiro somente para o partido", acrescentou Lima após a coletiva.

No começo da tarde, a Polícia Federal ainda aguardava autorização para levar o ex-ministro a Curitiba, para onde foram encaminhados os demais presos da "Operação Pixuleco", como foi batizada a 17ª fase da Lava Jato.

Perguntado pelos repórteres sobre o ex-presidente Lula, Carlos Fernando Lima disse que "neste momento não existe nenhum indicativo de necessidade de prisão de quem quer que seja que não esteja preso", mas acrescentou que "nenhuma pessoa num regime republicano está isenta de ser investigada".

Os últimos acontecimentos aumentam a expectativa em torno do programa de televisão do PT, na quinta-feira, e dos protestos contra o governo marcados em todo o país para o próximo dia 16. A crise política está saindo dos gabinetes para as ruas com desdobramentos imprevisíveis.

1 comentários:

KIQ disse...

Desta vez inovaram. Não prenderam o preso na 6ª-feira, como de costume. Deixaram para prender no dia da reabertura dos trabalhos do Congresso.
Porque será??????

Carlos