Por Helder Lima e Marilu Cabañas, na Rede Brasil Atual:
Crise dos Brics na mídia conservadora
Não me consta que a China esteja em crise, ela está crescendo 7% ao ano, uma taxa expressiva diante dos 2% que crescem os europeus ou os Estados Unidos. Na minha opinião, a questão fundamental dos Brics é que eles colocam em jogo a estrutura de sistemas de controle dos países periféricos pelos países ocidentais, exercidos pelo Banco Mundial e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Os países muitas vezes entram em dificuldades e o banco dos Brics é uma alternativa que permite que os países tenham acesso a recursos sem ter de se submeter (aos organismos tradicionais). Eu acho que a experiência dos Brics não está em crise. Os eternos defensores dos organismos internacionais estão contra os Brics.
Brasil e Estônia são os únicos países que não taxam milionários, afirmou o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, durante gravação do primeiro programa Entrevista Coletiva, parceria do coletivo Jornalistas Livres e da TV dos Trabalhadores – TVT, que deve estrear em breve. O diplomata fez uma análise da conjuntura política econômica do país e criticou o ajuste fiscal. Para ele, o ajuste fiscal promovido pelo governo federal mina as bases do Partido dos Trabalhadores.
Guimarães exerceu cargo de secretário-geral de Relações Exteriores do Itamaraty e foi ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, no governo Lula. No início do primeiro mandato de Dilma Rousseff trabalhou como Alto Representante Geral do Mercosul.
O diplomata critica a injustiça tributária brasileira pelo fato de o sistema de impostos ser condescendente com os detentores de grandes fortunas. E refuta as tentativas dos setores da imprensa de criminalizar o ex-presidente Lula com objetivo de minar seu caminho de volta ao Planalto em 2018. "É um jogo político em que a mídia tradicional participa ativamente. Como não tem outra alegação, vão surgindo alegações totalmente absurdas."
Outra preocupação levantada pelo embaixador, que justifica a insistência do Brasil por um assento no Conselho de Segurança da ONU, é o risco de Amazônia vir a ser usada como argumento para a ruptura de paz firmada em acordos internacionais, que poderia ser usado pelos países desenvolvidos em eventual conveniência.
Participaram da entrevista jornalistas de coletivos de mídias progressistas: Altamiro Borges, do Centro de Estudos de Mídia Barão de Itararé, Kiko Nogueira, do Diário do Centro do Mundo, Manu Thomaziello, da União Estadual dos Estudantes, Marco Aurélio Mello, da TVT, Rodrigo Vianna, do blog Escrevinhador com mediação de Laura Capriglione, do Jornalistas Livres.
Confira a seguir alguns dos temas tratados pelo embaixador e ouça a reportagem.
Guimarães exerceu cargo de secretário-geral de Relações Exteriores do Itamaraty e foi ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, no governo Lula. No início do primeiro mandato de Dilma Rousseff trabalhou como Alto Representante Geral do Mercosul.
O diplomata critica a injustiça tributária brasileira pelo fato de o sistema de impostos ser condescendente com os detentores de grandes fortunas. E refuta as tentativas dos setores da imprensa de criminalizar o ex-presidente Lula com objetivo de minar seu caminho de volta ao Planalto em 2018. "É um jogo político em que a mídia tradicional participa ativamente. Como não tem outra alegação, vão surgindo alegações totalmente absurdas."
Outra preocupação levantada pelo embaixador, que justifica a insistência do Brasil por um assento no Conselho de Segurança da ONU, é o risco de Amazônia vir a ser usada como argumento para a ruptura de paz firmada em acordos internacionais, que poderia ser usado pelos países desenvolvidos em eventual conveniência.
Participaram da entrevista jornalistas de coletivos de mídias progressistas: Altamiro Borges, do Centro de Estudos de Mídia Barão de Itararé, Kiko Nogueira, do Diário do Centro do Mundo, Manu Thomaziello, da União Estadual dos Estudantes, Marco Aurélio Mello, da TVT, Rodrigo Vianna, do blog Escrevinhador com mediação de Laura Capriglione, do Jornalistas Livres.
Confira a seguir alguns dos temas tratados pelo embaixador e ouça a reportagem.
Crise dos Brics na mídia conservadora
Não me consta que a China esteja em crise, ela está crescendo 7% ao ano, uma taxa expressiva diante dos 2% que crescem os europeus ou os Estados Unidos. Na minha opinião, a questão fundamental dos Brics é que eles colocam em jogo a estrutura de sistemas de controle dos países periféricos pelos países ocidentais, exercidos pelo Banco Mundial e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Os países muitas vezes entram em dificuldades e o banco dos Brics é uma alternativa que permite que os países tenham acesso a recursos sem ter de se submeter (aos organismos tradicionais). Eu acho que a experiência dos Brics não está em crise. Os eternos defensores dos organismos internacionais estão contra os Brics.
Investigação do ex-presidente Lula por tráfico de influência
Essa acusação não faz o menor sentido. Todas as autoridades dos Estados, como Estados Unidos, França, Alemanha, Grã-Bretanha, procuram defender os interesses das empresas de sua nacionalidade. Isso é normal, isso ocorre. Autoridades estrangeiras também vem ao Brasil defender a posição de suas empresas. Não há nada de errado nisso. Não sei se o ex-presidente Fernando Henrique faria isso, será? Ou será que ele não defendia o Brasil? Talvez ele não defendesse o Brasil. Que eu entenda, o presidente Lula nunca recebeu recurso para, como presidente e mesmo depois, defender os interesses de empresas brasileiras. Não há nenhum crime nisso.
Nós estamos em um processo político cujo objetivo, vamos deixar claro, é fazer com que as classes tradicionais recuperem o poder que tinham no Brasil durante 500 anos, e que se interrompeu em 2003. O objetivo, naturalmente, é impedir que o presidente Lula volte ao poder, por meio de sua desmoralização, de sua criminalização e assim por diante. É um jogo político em que a mídia tradicional participa ativamente. Como não tem outra alegação, vão surgindo alegações totalmente absurdas.
Conselho de Segurança da ONU
O Conselho detém o monopólio do uso da força ao nível mundial, da força direta e das sanções. Tem cinco membros permanentes. Isso tem uma grande importância porque os membros permanentes estão fora do alcance das decisões do Conselho. Ele nunca examinou a guerra do Vietnã, nem a guerra na Argélia, nem a invasão do Afeganistão à época da União Soviética. Isso não entra na pauta.
O Conselho tem importância à medida que o Brasil, que não é um pequeno país, tem um potencial muito grande, mas não tem uma projeção externa e econômica, nem militar, nem política à altura desse potencial. Isso porque uma grande parte da economia do país não é nacional. Quando você escuta na imprensa sobre a “indústria nacional” estão falando de quem? Da Volkswagen do Brasil? Da General Electric do Brasil? É transnacional, e obedece a outros interesses.
Essa acusação não faz o menor sentido. Todas as autoridades dos Estados, como Estados Unidos, França, Alemanha, Grã-Bretanha, procuram defender os interesses das empresas de sua nacionalidade. Isso é normal, isso ocorre. Autoridades estrangeiras também vem ao Brasil defender a posição de suas empresas. Não há nada de errado nisso. Não sei se o ex-presidente Fernando Henrique faria isso, será? Ou será que ele não defendia o Brasil? Talvez ele não defendesse o Brasil. Que eu entenda, o presidente Lula nunca recebeu recurso para, como presidente e mesmo depois, defender os interesses de empresas brasileiras. Não há nenhum crime nisso.
Nós estamos em um processo político cujo objetivo, vamos deixar claro, é fazer com que as classes tradicionais recuperem o poder que tinham no Brasil durante 500 anos, e que se interrompeu em 2003. O objetivo, naturalmente, é impedir que o presidente Lula volte ao poder, por meio de sua desmoralização, de sua criminalização e assim por diante. É um jogo político em que a mídia tradicional participa ativamente. Como não tem outra alegação, vão surgindo alegações totalmente absurdas.
Conselho de Segurança da ONU
O Conselho detém o monopólio do uso da força ao nível mundial, da força direta e das sanções. Tem cinco membros permanentes. Isso tem uma grande importância porque os membros permanentes estão fora do alcance das decisões do Conselho. Ele nunca examinou a guerra do Vietnã, nem a guerra na Argélia, nem a invasão do Afeganistão à época da União Soviética. Isso não entra na pauta.
O Conselho tem importância à medida que o Brasil, que não é um pequeno país, tem um potencial muito grande, mas não tem uma projeção externa e econômica, nem militar, nem política à altura desse potencial. Isso porque uma grande parte da economia do país não é nacional. Quando você escuta na imprensa sobre a “indústria nacional” estão falando de quem? Da Volkswagen do Brasil? Da General Electric do Brasil? É transnacional, e obedece a outros interesses.
Política externa do Brasil e protagonismo internacional
O presidente Lula, antes de tomar posse, já tinha feito 110 viagens ao exterior. E recebeu o primeiro mandatário em 1975, na cada dele. Ele criou o Foro de São Paulo, uma organização com reuniões periódicas dos partidos, movimentos de esquerda democráticos, então, ele conhecia muito as pessoas, e dava grande importância à integração sul-americana. Esse foro era odiado pela direita.
Naturalmente, são os movimentos de esquerda democráticos, que eles têm horror absoluto, aliás, do ponto de vista deles, com muita razão (risos). Quando o adversário começa a te elogiar muito é que tem algum problema com você (risos). O presidente Lula tinha um interesse pessoal na questão, e uma compreensão grande da América do Sul para o futuro político, econômico e social do país.
Diga-se de passagem que o presidente Lula lançou a ideia de combater a fome ao nível internacional. Já a presidenta Dilma vem de uma outra trajetória histórica. Em todos os momentos importantes ela tomou a decisão correta. Exemplos: na questão da condenação do golpe no Paraguai, e depois com o ingresso da Venezuela no Mercosul.
É uma decisão que foi combatida, de uma forma extraordinária, e havia pessoas que consideravam que não era necessário. Depois na questão dos Brics, o apoio que ela tem dado, foi criado o banco dos Brics na reunião de Fortaleza, tudo isso dentro de uma burocracia conservadora dos ministérios.
O presidente Lula, antes de tomar posse, já tinha feito 110 viagens ao exterior. E recebeu o primeiro mandatário em 1975, na cada dele. Ele criou o Foro de São Paulo, uma organização com reuniões periódicas dos partidos, movimentos de esquerda democráticos, então, ele conhecia muito as pessoas, e dava grande importância à integração sul-americana. Esse foro era odiado pela direita.
Naturalmente, são os movimentos de esquerda democráticos, que eles têm horror absoluto, aliás, do ponto de vista deles, com muita razão (risos). Quando o adversário começa a te elogiar muito é que tem algum problema com você (risos). O presidente Lula tinha um interesse pessoal na questão, e uma compreensão grande da América do Sul para o futuro político, econômico e social do país.
Diga-se de passagem que o presidente Lula lançou a ideia de combater a fome ao nível internacional. Já a presidenta Dilma vem de uma outra trajetória histórica. Em todos os momentos importantes ela tomou a decisão correta. Exemplos: na questão da condenação do golpe no Paraguai, e depois com o ingresso da Venezuela no Mercosul.
É uma decisão que foi combatida, de uma forma extraordinária, e havia pessoas que consideravam que não era necessário. Depois na questão dos Brics, o apoio que ela tem dado, foi criado o banco dos Brics na reunião de Fortaleza, tudo isso dentro de uma burocracia conservadora dos ministérios.
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