Identificado como “Santo” nas planilhas de propinas da Odebrecht e até então alvejado indiretamente por trechos de delações vazados à mídia, o governador paulista, Geraldo Alckmin, foi lançado à correnteza da Lava Jato. Em despacho assinado digitalmente em 4 de abril, mas divulgado em edição extra do Diário da Justiça na noite da terça-feira 11, o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, retirou o sigilo das delações contra o tucano, até então o menos desgastado pré-candidato do PSDB à Presidência da República em 2018.
O caso relaciona-se aos depoimentos de três executivos da construtora, Benedicto Barbosa da Silva Júnior, Carlos Armando Guedes Paschoal e Arnaldo Cumplido de Souza e Silva. Eles relataram que Alckmin recebeu mais de 10 milhões de reais do Grupo Odebrecht em caixa dois para as suas campanhas ao governo paulista. Foram 2 milhões em 2010 e 8,3 milhões em 2014, repasses não registrados pelo candidato na Justiça Eleitoral.
“Referidos repasses seriam implementados por meio do Setor de Operações Estruturadas da companhia, mediante o sistema ‘Drousys’. Menciona-se, inclusive, que Adhemar César Ribeiro, cunhado do governador Geraldo Alckmin, receberia pessoalmente parte desses valores e que, ao lado desses pagamentos, houve também doação oficial de 400 mil reais”, registrou Fachin no despacho, que autoriza a retirada do sigilo das delações, além de remeter o caso ao Superior Tribunal de Justiça, foro adequado para julgar governadores.
Alckmin não aparece sozinho nas delações. Alguns de seus principais colaboradores tornaram-se alvos de novos inquéritos. Secretário de Habitação do governo estadual e deputado federal licenciado, Rodrigo Garcia também é acusado de receber doações de campanha “não contabilizadas” do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht. O repasse foi registrado “no sistema ‘Drousys’ com a identificação do beneficiário com o apelido ‘Suíça’”, observou Fachin em seu despacho.
Presidente da companhia de habitação municipal (Cohab) e ex-secretário da Casa Civil de Alckmin, Edson Aparecido também é alvo de um inquérito. O tucano Fernando Capez, ex-presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, teria recebido 100 mil reais pagos em três parcelas da empreiteira.
O PSDB desguarnecido em 2018
O caso relaciona-se aos depoimentos de três executivos da construtora, Benedicto Barbosa da Silva Júnior, Carlos Armando Guedes Paschoal e Arnaldo Cumplido de Souza e Silva. Eles relataram que Alckmin recebeu mais de 10 milhões de reais do Grupo Odebrecht em caixa dois para as suas campanhas ao governo paulista. Foram 2 milhões em 2010 e 8,3 milhões em 2014, repasses não registrados pelo candidato na Justiça Eleitoral.
“Referidos repasses seriam implementados por meio do Setor de Operações Estruturadas da companhia, mediante o sistema ‘Drousys’. Menciona-se, inclusive, que Adhemar César Ribeiro, cunhado do governador Geraldo Alckmin, receberia pessoalmente parte desses valores e que, ao lado desses pagamentos, houve também doação oficial de 400 mil reais”, registrou Fachin no despacho, que autoriza a retirada do sigilo das delações, além de remeter o caso ao Superior Tribunal de Justiça, foro adequado para julgar governadores.
Alckmin não aparece sozinho nas delações. Alguns de seus principais colaboradores tornaram-se alvos de novos inquéritos. Secretário de Habitação do governo estadual e deputado federal licenciado, Rodrigo Garcia também é acusado de receber doações de campanha “não contabilizadas” do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht. O repasse foi registrado “no sistema ‘Drousys’ com a identificação do beneficiário com o apelido ‘Suíça’”, observou Fachin em seu despacho.
Presidente da companhia de habitação municipal (Cohab) e ex-secretário da Casa Civil de Alckmin, Edson Aparecido também é alvo de um inquérito. O tucano Fernando Capez, ex-presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, teria recebido 100 mil reais pagos em três parcelas da empreiteira.
O PSDB desguarnecido em 2018
Com a inclusão de Alckmin no turbilhão da Lava Jato, o PSDB vê os seus mais proeminentes quadros desgastados para a corrida eleitoral que se avizinha. Além da irrelevante e constrangera passagem pelo Ministério das Relações Exteriores de Michel Temer, o senador José Serra é acusado de receber 23 milhões de dólares no exterior, além de ter negociado outras doações ilegais em troca de favores prestados a empreiteiras responsáveis por obras do governo paulista, entre elas o trecho sul do Rodoanel.
Aécio Neves, principal animador do impeachment de Dilma Rousseff, é o político com maior número de inquéritos autorizados por Fachin, ao lado do peemedebista Romero Jucá (cada um enfrentará cinco investigações). Um dos pedidos de investigação autorizados por Fachin diz respeito às eleições de 2014, quando o senador tucano teria solicitado à Odebrecht ajuda para sua campanha. Em depoimento ao TSE, Marcelo Odebrecht afirmou que o tucano pediu 15 milhões de reais à empreiteira.
Atingido indiretamente pelos vazamentos da Lava Jato até então, Alckmin era o nome mais bem cotado para assumir a candidatura presidencial tucana em 2018. Agora, terá de enfrentar as acusações de repasses milionários da Odebrecht, inclusive com a intermediação de parentes.
O envolvimento em corrupção de tucanos ilustres que até outro dia jogavam pedra na cruz de Dilma Rousseff e dos petistas não passou despercebido pelos eleitores. Não bastasse, o PSDB sofre o desgaste de ser o principal fiador do impopular governo Temer.
Quase um ano após o primeiro passo para o impeachment da presidenta na Câmara dos Deputados, o humor dos brasileiros mudou radicalmente. Em abril de 2016, Lula, apontavam as pesquisas, seria derrotado por qualquer adversário. Agora, o ex-presidente bate todos os concorrentes. Pior: Serra, Aécio e Alckmin despencaram nas preferências do eleitorado e perderiam até para o deputado federal Jair Bolsonaro, o perfil mais bem acabado do que se poderia chamar de extrema-direita no Brasil.
O fenômeno Doria
Aécio Neves, principal animador do impeachment de Dilma Rousseff, é o político com maior número de inquéritos autorizados por Fachin, ao lado do peemedebista Romero Jucá (cada um enfrentará cinco investigações). Um dos pedidos de investigação autorizados por Fachin diz respeito às eleições de 2014, quando o senador tucano teria solicitado à Odebrecht ajuda para sua campanha. Em depoimento ao TSE, Marcelo Odebrecht afirmou que o tucano pediu 15 milhões de reais à empreiteira.
Atingido indiretamente pelos vazamentos da Lava Jato até então, Alckmin era o nome mais bem cotado para assumir a candidatura presidencial tucana em 2018. Agora, terá de enfrentar as acusações de repasses milionários da Odebrecht, inclusive com a intermediação de parentes.
O envolvimento em corrupção de tucanos ilustres que até outro dia jogavam pedra na cruz de Dilma Rousseff e dos petistas não passou despercebido pelos eleitores. Não bastasse, o PSDB sofre o desgaste de ser o principal fiador do impopular governo Temer.
Quase um ano após o primeiro passo para o impeachment da presidenta na Câmara dos Deputados, o humor dos brasileiros mudou radicalmente. Em abril de 2016, Lula, apontavam as pesquisas, seria derrotado por qualquer adversário. Agora, o ex-presidente bate todos os concorrentes. Pior: Serra, Aécio e Alckmin despencaram nas preferências do eleitorado e perderiam até para o deputado federal Jair Bolsonaro, o perfil mais bem acabado do que se poderia chamar de extrema-direita no Brasil.
O fenômeno Doria
O desgaste dos mais proeminentes tucanos alimenta as pretensões eleitorais do prefeito de São Paulo. Alckmin foi o principal fiador político de João Doria, mas o criador preocupa-se com a crescente popularidade da criatura, que tem conquistado uma legião de seguidores na internet com sua estratégia de marketing agressivo e calculado antipetismo.
Um levantamento da Fundação Getúlio Vargas e intitulado “Momento Doria” buscou medir a influência do tucano nas redes sociais. Durante duas semanas, pesquisadores da instituição de ensino monitoraram o Facebook e o Twitter de políticos ligados ao espectro da direita. No período, Doria teve mais de 4 milhões de interações nas redes, 13 vezes mais do que aquelas de Alckmin e 50 vezes maiores que as de Aécio.
Doria também ficou à frente de Bolsonaro e do juiz Sergio Moro. Nada mal para um neófito em disputas eleitorais, que completou 100 dias de gestão na última segunda-feira 10. Em resumo, o alcaide paulistano parece ser o populista que os reacionários encontraram para chamar de seu.
Em visita a Seul, capital da Coreia do Sul, Doria afirmou a um jornalista da Folha de S.Paulo que a lista de Fachin desgasta "a classe política de forma geral”, inclusive do próprio PSDB. O prefeito, que não se cansa de repetir que é gestor, e não político, esboçou uma tímida defesa do seu padrinho político. Afirmou que Alckmin é um homem “honesto”, que saberá formular sua defesa. “Tenho absoluta confiança nas suas respostas”.
Embora tenha negado a pretensão de concorrer à Presidência, Doria não perde uma oportunidade de opinar sobre temas de relevância nacional, além de buscar o confronto aberto com Lula. Nos bastidores, fala-se de um acordo com Alckmin para lançar-se candidato a governador em 2018. Resta saber se a lealdade ao padrinho se manterá caso os ventos comecem a soprar em favor do prefeito paulistano, em franca ascensão.
"A discussão sobre a candidatura presidencial de Doria é a pauta dos desesperados”, avalia o cientista político Marcos Coimbra, diretor do instituto Vox Populi. "Se os candidatos treinados e conhecidos do PSDB não estivessem tão desgastados, ninguém falaria dele."
Desesperados ou não, o fato é que os tucanos não conseguem escapar da armadilha. Há quem se pergunte se o “efeito Doria” provocará no PSDB um cataclismo no PSDB semelhante àquele que Donald Trump causou no Partido Republicano, uma guinada definitiva no perfil da legenda.
Treinado em programas de tevê, dono de uma fortuna avaliada em 180 milhões de reais, sócio de uma empresa, o Lide, alicerçada na intermediação de relações entre políticos e empresários, o prefeito paulistano reúne duas características em alta desde a implosão do sistema político pela Lava Jato e as mudanças nas regras eleitorais: capacidade de comunicação e apoio financeiro.
Em 2016, Doria investiu do próprio bolso 2,93 milhões de reais em sua campanha, mais de um terço do total de despesas. Amealhou, ainda, vultosas doações de empresários. Rubens Ometto, presidente do Grupo Cosan, controlador da Comgás, ofereceu 500 mil reais. A mesma quantia foi oferecida por três integrantes da família Salomone, donos da incorporadora imobiliária Savoy, que administra shoppings na capital.
Entre os dez maiores doadores de Doria, oito concentraram suas contribuições exclusivamente nele, e não repassaram recursos a adversários. Desde que assumiu a prefeitura, o empresário deixou clara a sua afinidade com o mercado. Prometeu privatizar o Estádio do Pacaembu, o Centro de Convenções Anhembi e o Autódromo de Interlagos. Em fevereiro, ao viajar para Abu Dabi, nos Emirados Árabes Unidos, apresentou a investidores um pacote de 55 projetos de “desestatização” do município. Na lista, de cemitérios a parques públicos.
Outro lado
Durante a entrega de obras na rodovia Raposo Tavares, na quarta-feira 12, o governador paulista negou as acusações de delatores e disse que prestará todos os esclarecimentos à Justiça. “Houve uma menção e nós vamos prestar todos os esclarecimentos. Todas as nossas campanhas eleitorais foram modestas e rigorosamente dentro da lei", afirmou na ocasião. Na noite anterior, ele já havia se defendido no Jornal Nacional, da TV Globo: "Jamais recebi um centavo ilícito. Da mesma forma, sempre exigi que minhas campanhas fossem feitas dentro da lei".
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