Beto Albuquerque |
Na cavalgada golpista pelo impeachment de Dilma Rousseff, o PSB abandonou seu passado progressista – construído por Miguel Arraes e tantos outros líderes de esquerda –, uniu-se a direita nativa e ajudou a alçar ao poder a quadrilha de Michel Temer. A sigla chegou até a ocupar um posto no governo ilegítimo, com o “ministro” das Minas e Energia, Fernando Bezerra Filho. Com o anúncio das reformas trabalhista e previdenciária, o partido sinalizou uma volta às origens, criticando as regressões sociais impostas pelos neoliberais no poder. Esta postura errática, porém, cobra seu preço. Nos últimos dias, cresceram os boatos de que o PSB perderá mais de 10 deputados devido à sua incoerência política.
Segundo reportagem da Folha, publicada neste sábado (22), “sexto maior partido da Câmara com 36 deputados em exercício, a bancada do PSB pode voltar ao tamanho que tinha antes das eleições de 2006 caso 14 integrantes se filiem ao DEM e PMDB. Em 2002, foram eleitos 22 deputados pela legenda. A possibilidade de debandada se tornou pública após parte da bancada descumprir decisão da executiva nacional e votar a favor da reforma trabalhista, com anuência da líder Tereza Cristina (MS). As divergências levaram ela a negociar a mudança de sigla, junto a um grupo de dissidentes, com o presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ)”. O risco da debandada tem provocado encarniçados debates no interior da sigla.
“É preferível ter 10 deputados a menos, mas que não nos façam passar vergonha", afirma o ex-deputado Beto Albuquerque (RS). Candidato a vice-presidente na chapa de Marina Silva, ele é um dos que defendem que o PSB não pode deixar de ser uma sigla de centro-esquerda para se tornar um amontoado oportunista. "Estar no PSB e flertar com o DEM é uma esquizofrenia”. Ainda de acordo com a Folha, “o grupo que apoiava diretamente o ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, morto em 2014, segue a mesma linha de pensamento. ‘Você não pode ter uma líder de partido expressando a posição de uma minoria. Há um sentimento de indignação e vexame ao que houve [na Câmara]’, diz o deputado Tadeu Alencar (PE)”.
O trauma vivido pelo PSB confirma que o pragmatismo exacerbado, que beira o oportunismo, não costuma dar bons frutos.
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