Por Marcelo P.F.Manzano, no site da Fundação Perseu Abramo:
Nos países que já realizaram suas experiências de liberalização do mercado de trabalho, esse processo tem produzido consequências diversas que merecem ser estudadas com atenção. É o caso, por exemplo, do crescente endividamento de curto prazo que se tem observado entre os trabalhadores precários nos Estado Unidos.
Depois de mais de três décadas de maciça destruição de postos de trabalho de melhor qualidade, uma grande parte dos trabalhadores estadunidenses que vive de pequenos bicos ou se rodizia entre variadas ocupações precárias acaba por se socorrer no sistema bancário, pendurando-se em dívidas de curtíssimo prazo e juros elevados.
Nos países que já realizaram suas experiências de liberalização do mercado de trabalho, esse processo tem produzido consequências diversas que merecem ser estudadas com atenção. É o caso, por exemplo, do crescente endividamento de curto prazo que se tem observado entre os trabalhadores precários nos Estado Unidos.
Depois de mais de três décadas de maciça destruição de postos de trabalho de melhor qualidade, uma grande parte dos trabalhadores estadunidenses que vive de pequenos bicos ou se rodizia entre variadas ocupações precárias acaba por se socorrer no sistema bancário, pendurando-se em dívidas de curtíssimo prazo e juros elevados.
É o que revela o precioso livro The financial diaries (Princeton University Press, 2017), escrito por Jonathan Morduch e Rachel Scneider que foram acompanhar a vida de famílias que vivem nestas condições em diferentes regiões dos EUA. Sem patrimônio acumulado, sem uma renda fixa ou um trabalho regular, as famílias de renda baixa da maior economia do planeta cada vez mais dependem de dívidas no cartão de crédito para pagar o supermercado ou a consulta no dentista.
A novidade maior, entretanto, está na modernização que as instituições bancárias vêm promovendo para atender a esse novo nicho de mercado, isto é, os trabalhadores pobres lançados à incerteza econômica. Com o desenvolvimento de sofisticados modelos estatísticos, desde a crise de 2007/2008 os bancos aperfeiçoaram tremendamente os sistemas de credit score, viabilizando alternativas de crédito para quem não tem onde cair morto. Como resultado, a despeito da degradação das condições de vida da massa de trabalhadores, o endividamento dessas famílias é cada vez maior, agora não mais para lhes garantir a residência, a universidade para os filhos ou o carro na garagem, mas tão somente para alcançar a semana que vem, quando quem sabe pinte um novo trabalho intermitente ou um novo mergulho no cartão.
Como se não bastasse, da instabilidade e do risco generalizado, o inovador e desregulado sistema financeiro dos EUA acabou criando um baita negócio, emprestando aos que estão no bico do corvo e empacotando estas dívidas para vender em forma de títulos para aqueles mesmos capitalistas que, incomodados com a instabilidade da demanda, torcem o nariz para os investimentos produtivos e se acomodam placidamente no rentismo.
A novidade maior, entretanto, está na modernização que as instituições bancárias vêm promovendo para atender a esse novo nicho de mercado, isto é, os trabalhadores pobres lançados à incerteza econômica. Com o desenvolvimento de sofisticados modelos estatísticos, desde a crise de 2007/2008 os bancos aperfeiçoaram tremendamente os sistemas de credit score, viabilizando alternativas de crédito para quem não tem onde cair morto. Como resultado, a despeito da degradação das condições de vida da massa de trabalhadores, o endividamento dessas famílias é cada vez maior, agora não mais para lhes garantir a residência, a universidade para os filhos ou o carro na garagem, mas tão somente para alcançar a semana que vem, quando quem sabe pinte um novo trabalho intermitente ou um novo mergulho no cartão.
Como se não bastasse, da instabilidade e do risco generalizado, o inovador e desregulado sistema financeiro dos EUA acabou criando um baita negócio, emprestando aos que estão no bico do corvo e empacotando estas dívidas para vender em forma de títulos para aqueles mesmos capitalistas que, incomodados com a instabilidade da demanda, torcem o nariz para os investimentos produtivos e se acomodam placidamente no rentismo.
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