Por Tereza Cruvinel, em seu blog:
Se a segunda denúncia contra Temer chegar à Câmara neste setembro, ele estará bem mais fraco, com a base trincada com disputas e ressentimentos. E haverá o fator Rodrigo Maia, que terá novamente um peso importante na tramitação da denúncia. O presidente da Câmara e sucessor imediato de Temer em casos de ausência ou vacância deixou o cavalo passar selado à sua frente daquela vez mas, agora, sua postura mais distante e independente vem chamando a atenção de seus pares.
Se a segunda denúncia contra Temer chegar à Câmara neste setembro, ele estará bem mais fraco, com a base trincada com disputas e ressentimentos. E haverá o fator Rodrigo Maia, que terá novamente um peso importante na tramitação da denúncia. O presidente da Câmara e sucessor imediato de Temer em casos de ausência ou vacância deixou o cavalo passar selado à sua frente daquela vez mas, agora, sua postura mais distante e independente vem chamando a atenção de seus pares.
Enquanto ele despachava esta semana no Planalto, por conta da viagem de Temer, era corrente na Câmara a avaliação de que ele não irá mais quebrar lanças pela rejeição da denúncia, como da primeira vez. Que não refugará se for novamente tentado a se apresentar como alternativa na eleição indireta que haverá se Temer for afastado. Isso lhe garantiria a possibilidade de disputar a reeleição no cargo, como candidato das forças conservadoras que hoje não têm um nome competitivo para 2018. Ainda mais se Lula conseguir ser candidato pelo PT.
Rodrigo não é um traidor à la Temer, capaz de apunhar pelas costas, como demonstrou na tramitação da primeira denúncia. Se quisesse, poderia ter articulado votos autorizando a abertura de processo contra o presidente denunciado por corrupção passiva. Assumiria provisoriamente e, não havendo absolvição, seria candidato a presidente na eleição indireta, podendo contar até com apoios na oposição. Uma vez no Planalto, concorreria à reeleição montado na máquina. Embora tenha sido bafejado por setores do empresariado, e tenha despertado desconfianças palacianas, usou a força de seu cargo a favor da rejeição da denúncia.
Nestes dias que precedem o lançamento do novo dardo de Rodrigo Janot, ele continua atuando como aliado de Temer mas tem demarcado algumas posições. Como presidente interino da República, selecionou os atos e agendas de seu interesse. Ontem ele foi para o Rio, sua base eleitoral, onde participou de solenidade sobre a retomada de investimentos em moradias populares e anunciou a participação da União em obras de contenção nas encostas da região serrada, onde as chuvas provocam acidentes constantes. Hoje foi ao Espírito Santo participar de inaugurações ao lado do governador Paulo Hartung (PMDB) e terá encontros com empresários locais. Só agendas positivas.
Um dos atos que assinou como presidente interino foi a medida provisória que prorroga o prazo de adesão das empresas ao Refis. Outra medida positiva para sua imagem, que agradou aos empresariado. Mas não quis enviar ao Congresso (onde a recepção não deve ser boa) as medidas que sacrificam os funcionários públicos com aumento da contribuição previdenciária e cortes de benefícios. Isso fica para o Temer, que gosta de baixar medidas impopulares e parece ter prazer em cometer maldades com os mais fracos.
Com Maia no Planalto, as fissuras na base ficaram bem expostas, ao ponto de o governo não ter conseguido concluir a aprovação das mudanças na LDO para legalizar o arrombamento fiscal para R$ 159 bilhões. E como o primeiro vice-presidente Fábio Ramalho, aliado leal de Temer, integra a comitiva que foi à China, a presidência da Casa sobrou para o inacreditável Fufuca, que tem ascendência nula sobre as bancadas governistas.
Os deputados notam em Maia uma nova desenvoltura quando conversam sobre a hipótese de acolhimento da nova denúncia. Em agosto, ele cortava a conversa quando o assunto enveredava para a hipótese de Temer ser afastado. Agora, embora mantendo o discurso da lealdade, ele também aponta as mudanças na conjuntura e na base e avalia que as dificuldades serão maiores.
Antes da votação de 2 de agosto, a eventual troca de Temer por Rodrigo Maia assustou setores da elite, embora alguns empresários tenham flertado com a ideia. Seria mais um cavalo-de-pau político, com graves efeitos sobre a economia, disseram alguns lordes da elite econômica. Agora, entretanto, eles fazem outras contas. Temer não conseguiu entregar as reformas e em vez de crescimento, produziu um baita rombo fiscal. Tentou compensar a frustração (e obter recursos a curto prazo) lançando a improvisada agenda de privatizações. É consenso, entretanto, que seu capital político atual é irrisório para levar a cabo medidas que despertarão tantas resistências, a exemplo do que já ocorre em relação à venda das ações da Eletrobrás e à entrega das reservas minerais da Renca aos mineradores (nacionais e estrangeiros).
Rodrigo não é um traidor à la Temer, capaz de apunhar pelas costas, como demonstrou na tramitação da primeira denúncia. Se quisesse, poderia ter articulado votos autorizando a abertura de processo contra o presidente denunciado por corrupção passiva. Assumiria provisoriamente e, não havendo absolvição, seria candidato a presidente na eleição indireta, podendo contar até com apoios na oposição. Uma vez no Planalto, concorreria à reeleição montado na máquina. Embora tenha sido bafejado por setores do empresariado, e tenha despertado desconfianças palacianas, usou a força de seu cargo a favor da rejeição da denúncia.
Nestes dias que precedem o lançamento do novo dardo de Rodrigo Janot, ele continua atuando como aliado de Temer mas tem demarcado algumas posições. Como presidente interino da República, selecionou os atos e agendas de seu interesse. Ontem ele foi para o Rio, sua base eleitoral, onde participou de solenidade sobre a retomada de investimentos em moradias populares e anunciou a participação da União em obras de contenção nas encostas da região serrada, onde as chuvas provocam acidentes constantes. Hoje foi ao Espírito Santo participar de inaugurações ao lado do governador Paulo Hartung (PMDB) e terá encontros com empresários locais. Só agendas positivas.
Um dos atos que assinou como presidente interino foi a medida provisória que prorroga o prazo de adesão das empresas ao Refis. Outra medida positiva para sua imagem, que agradou aos empresariado. Mas não quis enviar ao Congresso (onde a recepção não deve ser boa) as medidas que sacrificam os funcionários públicos com aumento da contribuição previdenciária e cortes de benefícios. Isso fica para o Temer, que gosta de baixar medidas impopulares e parece ter prazer em cometer maldades com os mais fracos.
Com Maia no Planalto, as fissuras na base ficaram bem expostas, ao ponto de o governo não ter conseguido concluir a aprovação das mudanças na LDO para legalizar o arrombamento fiscal para R$ 159 bilhões. E como o primeiro vice-presidente Fábio Ramalho, aliado leal de Temer, integra a comitiva que foi à China, a presidência da Casa sobrou para o inacreditável Fufuca, que tem ascendência nula sobre as bancadas governistas.
Os deputados notam em Maia uma nova desenvoltura quando conversam sobre a hipótese de acolhimento da nova denúncia. Em agosto, ele cortava a conversa quando o assunto enveredava para a hipótese de Temer ser afastado. Agora, embora mantendo o discurso da lealdade, ele também aponta as mudanças na conjuntura e na base e avalia que as dificuldades serão maiores.
Antes da votação de 2 de agosto, a eventual troca de Temer por Rodrigo Maia assustou setores da elite, embora alguns empresários tenham flertado com a ideia. Seria mais um cavalo-de-pau político, com graves efeitos sobre a economia, disseram alguns lordes da elite econômica. Agora, entretanto, eles fazem outras contas. Temer não conseguiu entregar as reformas e em vez de crescimento, produziu um baita rombo fiscal. Tentou compensar a frustração (e obter recursos a curto prazo) lançando a improvisada agenda de privatizações. É consenso, entretanto, que seu capital político atual é irrisório para levar a cabo medidas que despertarão tantas resistências, a exemplo do que já ocorre em relação à venda das ações da Eletrobrás e à entrega das reservas minerais da Renca aos mineradores (nacionais e estrangeiros).
Mesmo escapando das denúncias, Temer chegará ao final do mandato ferido e lanhado. Não será candidato à reeleição. De pouco servirá, ao bloco político conservador, o fato de ele ter a máquina do governo federal nas mãos. A máquina é importante para reeleger presidentes. Se Maia chegar ao Planalto por uma eleição indireta, ainda que não consiga aprovar a reforma previdenciária ou implementar as privatizações, poderá ser candidato à reeleição. Ele nunca foi bom de voto, nem nas eleições para deputado federal. Mas disputar a presidência no cargo é uma vantagem enorme, que ninguém pode subestimar. Como a direita não tem um candidato competitivo nem vistoso (Doria e Bolsonaro são expressões de uma extrema direita sem projeto e sem verniz), uma Maia no Planalto, montado na máquina, seria um grande trunfo. Especialmente se Lula puder ser candidato pelo PT.
Mas um porém nestas especulações que aqui resumo. São fortes os sinais de uma conspiração para que o STF resolva manter a delação de Lucio Funaro sob sigilo, retardando o envio da denúncia contra Temer à Câmara. Pois se ela terá base numa delação sigilosa, em sigilo terá que ser mantida. Nada disso aconteceu em relação à denúncia da JBS mas nestes tempos de casuísmo tudo pode acontecer.
Mas um porém nestas especulações que aqui resumo. São fortes os sinais de uma conspiração para que o STF resolva manter a delação de Lucio Funaro sob sigilo, retardando o envio da denúncia contra Temer à Câmara. Pois se ela terá base numa delação sigilosa, em sigilo terá que ser mantida. Nada disso aconteceu em relação à denúncia da JBS mas nestes tempos de casuísmo tudo pode acontecer.
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