sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Palocci segue acusando sem provar

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Espera-se que Antonio Palocci tenha algo mais que historinhas para negociar sua delação premiada.

O que diz na Veja – ter entregue algumas vezes maços entre R$ 30 e 50 mil a Lula e que o ex-presidente usava verbas do Instituto Lula para despesas pessoais – é do mesmo “pacote” do “pacto de sangue”: algo apenas retórico, destinado a causar impressão nos tolos.

A própria Folha registra que isso é o que Palocci se compromete a dizer, se a oferta do Ministério Público for “boa”. O jornal, que diz ter confirmado a proposta de Palocci, fala que “não há prazo para o compromisso ser fechado nem certeza se a informação será mantida na versão final do acordo”.

Nem precisa, pode não ir para os autos, mas vai para o Jornal Nacional.

1 comentários:

Darcy Brasil Rodrigues da Silva disse...

Sinceramente, quem é que pode ficar surpreso com a atitude de Palocci? Lógico que não seríamos capazes de prever esse desfecho, que não somos pitonisas. Mas, entretanto, não nos surpreendemos. Trata-se de intuição, de sensação desagradável que nos provocam determinados indivíduos que não nos inspiram confiança. Desde que, 2003, Palocci assumiu a condição de Ministro da Fazenda do primeiro governo Lula, muitos foram os que, na esquerda, estranharam o discurso neoliberal, a desenvoltura com que Palocci defendia e implementava medidas que contrariavam as nossas perspectivas. Ajustes fiscais neoliberais, com prosseguimento de elevadas taxas de juros. Dizia-se que não dava para trocar a roda com o carro andando, ou seja, não era possível inverter a política do governo anterior da forma radical que a esquerda defendia. E Palocci seguiu no comando, sempre bem falado e elogiado pelos analistas da grande mídia, incluindo, os da Globo ("se a Globo é a favor", diria Brizola,...). Muito se fala nas alianças do PT com partidos de centro. Para mim, muito pior do que essas alianças foi a acolhida e manutenção em suas próprias fileiras de indivíduos como Palocci. São quinta colunas, gente que ingressa em partidos pretendendo destruí-los de alguma forma, seja ideologicamente, seja, como agora ocorre e como ocorreu durante a ditadura militar, colaborando com a gendarmaria do inimigo. Há muita coisa obscura nos governos petistas, e que me fazem maturar. Quais teriam sido os acordos de bastidores realizados pelos dirigentes petistas para "acalmar o mercado"? A grande verdade, é que o PT sempre agiu se não acreditasse na possibilidade de confrontar as forças do tal mercado, buscando dobra-las com políticas de concessão, adotando programas voltados para os muito pobres, frustrando a classe média, mantendo políticas que transferiam renda para o mercado financeiro. Indivíduos como Palocci colocados em um posto chave, como o Ministério da Fazenda, em detrimento de quadros do PT muito mais competentes e progressistas, me parecem mais um produto destes supostos acordos, ou seja, imposições, indicações feitas pelo tal "mercado", que certamente conhecia Palocci melhor do que nós.

Há muita gente como Palocci circulando no meio da esquerda e exercendo cargos de direção. Se é verdade que não se pode descartar a ampliação das alianças para além da esquerda para enfrentar a unidade da direita que tenta nos aniquilar, é necessário, em contrapartida, que se proceda a uma depuração no nosso campo. Eu não sou do PT. Não concordo com partidos divididos em mil e umas correntes. Tenho formação marxista-leninista e, para mim, partido é sinônimo de unidade de ação e de pensamento. Porém, não gosto de saber que não me basta ouvir de alguém que pertence ao PT para ter certeza de reconhecer suas convicções políticas e ideológicas. Ser do PT pode significar que se trata de mais um Palocci da vida. O PT fundou-se para ser um partido dos Trabalhadores, diziam, para ajudar o povo a se organizar e não para abrigar carreristas, oportunistas e quinta colunas infiltrados, talvez, pela CIA. A verdade é que a tese dos fundadores do PT que acreditam ter fundado um partido de novo tipo revela que cometiam todos os erros que Lênin apontava nos mencheviques e que ele buscou combater formulando a sua inovadora concepção de organização partidária.