Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena:
Quando li a notícia, confesso que ri. O deputado federal Celso Jacob (PMDB-RJ), preso em regime semiaberto, foi mandado para a solitária após ter sido flagrado na volta do final de semana com um saquinho de queijo provolone torrado e dois pacotes de biscoitos na cueca. Vai ficar sete dias no isolamento por causa das guloseimas.
À primeira vista, parecia mais uma notícia da série “não é manchete do Sensacionalista”. Tudo afinal em torno de Jacob é bizarro, a começar do fato de que ele é parlamentar durante o dia e presidiário durante a noite. Nem Dias Gomes seria capaz de criar algo tão surreal nesta Sucupira em que se transformou o Brasil.
Mas a cueca recheada do preso-deputado também é exemplar do estado de miséria humana a que chegamos, em que uma pessoa detrás das grades não pode nem comer bolachas e queijo. E olha que o preso em questão é privilegiado. Imaginem se não fosse?
A sede medieval do brasileiro por “Justiça” diz que não basta o criminoso ser preso. É preciso que ele seja submetido às condições mais humilhantes possíveis. Aquele que cometeu um crime, mesmo que se saiba que um terço deles ainda não foram julgados, deve sofrer o máximo para pagar pelo que fez, se é que fez mesmo.
O preso tem que comer mal, dormir mal e viver na sujeira. Ao mesmo tempo, esta sociedade que exige masmorras da Idade Média afirma desejar que o preso se recupere e seja reintegrado. Mas quem é que vai se recuperar sob condições assim? Pelo contrário, submeter o preso a esta degradação só aumenta a possibilidade de corrupção dentro das cadeias, onde quem paga mais ganha mais.
Já falei aqui sobre como esta ótica Os Miseráveis da Justiça tem sido estimulada pela operação Lava-Jato, até como estratégia para que os presos façam as delações premiadas. O problema é que, ao agir assim, seus mentores ignoram um dos dois pilares da prisão de criminosos: a reinserção à sociedade, além da punição. No fundo, os punitivistas não estão nem aí para a recuperação do preso, por isso se importam tanto que eles comam pessimamente na prisão.
O que estas pessoas não sabem é que a comida é uma das três principais razões para a ocorrência de motins nas cadeias. Um prato de comida estragada pode funcionar como estopim para uma rebelião. A comida também contribui para a auto-estima para os presos: quanto melhor a alimentação, mais eles se sentem valorizados como seres humanos, o que facilita a recuperação. Fazê-los sentir-se como animais não ajuda em nada.
Até por isso, nos países que estes mesmos reacionários que desejam ver os presos brasileiros comendo comida com ratos admiram, a coisa é bem diferente. Nos Estados Unidos, existem prisões com alimentações vegetarianas, veganas e elaboradas em respeito às diversas religiões. Os internos também podem comprar chocolate, carne seca, mel, manteiga de amendoim e salgadinhos dentro da prisão.
Na Inglaterra, os presos podem escolher entre comida normal, vegana, vegetariana, muçulmana, kosher e até com restrições a lactose e farinha de trigo, mas nos últimos anos piorou muito, causando rebeliões. Na Noruega, os apenados podem fazer sua própria alimentação individualmente em cozinhas bem equipadas. Na Suécia, além de refeições saborosas, eles têm direito à fika, o típico café que todo sueco tem, acompanhado de acepipes como rolinhos de canela. Na Áustria, eles têm quartos privativos com cozinha.
Na Alemanha, o sistema prisional enfatiza mais a reabilitação do que a punição e as penitenciárias são pensadas como um espelho da vida exterior, com os presos usando suas próprias roupas, comendo boas refeições e até praticando ioga, e a substituição das refeições por sanduíches do Mc Donald’s em uma só delas causou escândalo no país.
Exigir que um condenado coma mal não é fazer Justiça, é ser mesquinho e desumano. Não importa se ele é um criminoso de alta periculosidade ou um corrupto. Ninguém vai sair melhor da cadeia sendo impedido de comer um saquinho de queijo e dois pacotes de bolachas.
Quando li a notícia, confesso que ri. O deputado federal Celso Jacob (PMDB-RJ), preso em regime semiaberto, foi mandado para a solitária após ter sido flagrado na volta do final de semana com um saquinho de queijo provolone torrado e dois pacotes de biscoitos na cueca. Vai ficar sete dias no isolamento por causa das guloseimas.
À primeira vista, parecia mais uma notícia da série “não é manchete do Sensacionalista”. Tudo afinal em torno de Jacob é bizarro, a começar do fato de que ele é parlamentar durante o dia e presidiário durante a noite. Nem Dias Gomes seria capaz de criar algo tão surreal nesta Sucupira em que se transformou o Brasil.
Mas a cueca recheada do preso-deputado também é exemplar do estado de miséria humana a que chegamos, em que uma pessoa detrás das grades não pode nem comer bolachas e queijo. E olha que o preso em questão é privilegiado. Imaginem se não fosse?
A sede medieval do brasileiro por “Justiça” diz que não basta o criminoso ser preso. É preciso que ele seja submetido às condições mais humilhantes possíveis. Aquele que cometeu um crime, mesmo que se saiba que um terço deles ainda não foram julgados, deve sofrer o máximo para pagar pelo que fez, se é que fez mesmo.
O preso tem que comer mal, dormir mal e viver na sujeira. Ao mesmo tempo, esta sociedade que exige masmorras da Idade Média afirma desejar que o preso se recupere e seja reintegrado. Mas quem é que vai se recuperar sob condições assim? Pelo contrário, submeter o preso a esta degradação só aumenta a possibilidade de corrupção dentro das cadeias, onde quem paga mais ganha mais.
Já falei aqui sobre como esta ótica Os Miseráveis da Justiça tem sido estimulada pela operação Lava-Jato, até como estratégia para que os presos façam as delações premiadas. O problema é que, ao agir assim, seus mentores ignoram um dos dois pilares da prisão de criminosos: a reinserção à sociedade, além da punição. No fundo, os punitivistas não estão nem aí para a recuperação do preso, por isso se importam tanto que eles comam pessimamente na prisão.
O que estas pessoas não sabem é que a comida é uma das três principais razões para a ocorrência de motins nas cadeias. Um prato de comida estragada pode funcionar como estopim para uma rebelião. A comida também contribui para a auto-estima para os presos: quanto melhor a alimentação, mais eles se sentem valorizados como seres humanos, o que facilita a recuperação. Fazê-los sentir-se como animais não ajuda em nada.
Até por isso, nos países que estes mesmos reacionários que desejam ver os presos brasileiros comendo comida com ratos admiram, a coisa é bem diferente. Nos Estados Unidos, existem prisões com alimentações vegetarianas, veganas e elaboradas em respeito às diversas religiões. Os internos também podem comprar chocolate, carne seca, mel, manteiga de amendoim e salgadinhos dentro da prisão.
Na Inglaterra, os presos podem escolher entre comida normal, vegana, vegetariana, muçulmana, kosher e até com restrições a lactose e farinha de trigo, mas nos últimos anos piorou muito, causando rebeliões. Na Noruega, os apenados podem fazer sua própria alimentação individualmente em cozinhas bem equipadas. Na Suécia, além de refeições saborosas, eles têm direito à fika, o típico café que todo sueco tem, acompanhado de acepipes como rolinhos de canela. Na Áustria, eles têm quartos privativos com cozinha.
Na Alemanha, o sistema prisional enfatiza mais a reabilitação do que a punição e as penitenciárias são pensadas como um espelho da vida exterior, com os presos usando suas próprias roupas, comendo boas refeições e até praticando ioga, e a substituição das refeições por sanduíches do Mc Donald’s em uma só delas causou escândalo no país.
Exigir que um condenado coma mal não é fazer Justiça, é ser mesquinho e desumano. Não importa se ele é um criminoso de alta periculosidade ou um corrupto. Ninguém vai sair melhor da cadeia sendo impedido de comer um saquinho de queijo e dois pacotes de bolachas.
1 comentários:
TIJOLAÇO: MÍDIA SE TORNOU MAL MUITO MAIOR DO QUE TODOS OS QUE ELA APONTA
> https://gustavohorta.wordpress.com/2017/11/24/tijolaco-midia-se-tornou-mal-muito-maior-do-que-todos-os-que-ela-aponta/
Jornalista Fernando Brito usa a manchete “absolutamente infundada e propagandista” da Folha sobre o deputado Jair Bolsonaro para apontar a responsabilidade da mídia na crise política e econômica pela qual passa o Brasil; “Não é apenas a Folha que não tem autoridade moral para questionar o surto autoritário para o qual contribuiu e ao qual legitimou. Toda a mídia e as instituições judiciais foram cúmplices disso que agora chamam de ‘falência da política'”, diz Brito; “A imprensa brasileira, desde aqueles idos de 2010, quando se proclamou ‘a verdadeira oposição’, tornou-se um mal muito maior do que todos os que ela aponta”
Por Fernando Brito, do Tijolaço –A irreverência carioca incorporou o provérbio português de que “Deus não da asa a cobra”.
Deram.
Por dinheiro e por política que, afinal, é dinheiro.
Como a comunicação é império privado onde não deveria ser – tem...
Postar um comentário