Por Ricardo Kotscho, em seu blog:
“Manda quem pode, obedece quem tem prejuízo” (economista Luiz Gonzaga Belluzo).
É exatamente como podemos definir a nova operação tabajara do desgoverno de Michel Temer para aprovar a reforma da Previdência.
Nos cálculos do governo, os R$ 10 bilhões destinados esta semana à compra da base aliada para conseguir os 308 votos necessários à aprovação da patranha serão economizados já em 2018 com o corte dos benefícios hoje pagos aos próprios aposentados.
Ou seja, quem vai pagar a conta é quem sofrerá os prejuízos da “nova Previdência” apresentada em farta e milionária propaganda na televisão como única forma de garantir o pagamento dos benefícios no futuro.
Seria, vamos dizer, um investimento a longo prazo para garantir agora a reeleição e o foro privilegiado da escória parlamentar ameaçada pela Lava Jato.
Segundo Armando Castelar Pinheiro, do Instituto Millenium, o centro de estudos criado pelos barões da mídia para uniformizar a pauta do pensamento único, “novo normal” é uma expressão criada pelo economista egípcio-americano Mohamed El-Rian “para caracterizar o fato de que esta crise não é como as que vivemos nas últimas décadas, com repercussões basicamente cíclicas, mas uma crise que provocará uma ruptura estrutural: quando ela passar e as coisas voltarem ao normal, esse não vai ser o mesmo normal de antes”.
De fato, nada será como antes. Ou será?
O que antes era tramado no escurinho dos gabinetes agora é escrachado à luz do dia e divulgado como se fosse o “novo normal”.
Tudo que no governo anterior virava escândalo nas manchetes dos jornais agora faz parte da rotina administrativa, não causa mais comoção popular.
Assim ficamos sabendo que o governo vai entregar esta nova bolada bilionária nas mãos do ministro Carlos Marun (aquele ex-chefe da tropa de choque de Eduardo Cunha, agora ocupando a mesma função no governo Temer) como “munição” para convencer as excelências a aprovar a reforma no dia 19 de fevereiro.
Com o corte nos benefícios do INSS propiciado pela “nova Previdência”, o governo calcula que sobrará dinheiro para ser usado na campanha em obras nos redutos eleitorais dos deputados governistas.
É incalculável quanto o governo já gastou para aprovar esta reforma apresentada inicialmente como salvação da lavoura para conter o rombo fiscal.
Só para se ter uma ideia: em levantamento feito pelo Estadão/Broadcast em maio - antes, portanto, das denúncias de corrupção da Procuradoria Geral da República contra o presidente, que obrigaram o governo a abrir os cofres para evitar o seu afastamento - a fatura para aprovar a Previdência já tinha chegado a R$ 54,8 bilhões, apenas com o parcelamento de dívidas de Estados e municípios junto ao INSS e o Super-Refis para empresas.
“Todas as medidas já estavam na mesa de negociações e eram usadas como barganha antes das revelações que abalaram o Palácio do Planalto e a base aliada do governo. Agora, a capacidade de articulação de Temer é colocada em cheque por economistas”.
Para conseguir os votos necessários, o governo perdoou dívidas dos grandes bancos, anistiou ruralistas em débito, manteve e ampliou as isenções fiscais, tudo em vão. Gastou ou deixou de arrecadar recursos à toa: 2017 acabou com o governo fazendo contas de quantos votos faltavam para a aprovação da reforma.
Rara voz no deserto parlamentar que se opôs ao “novo normal”, o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) resumiu a ópera, mas ninguém lhe deu bola:
“Não é normal o deputado receber verbas para votar a favor do governo. É o fisiologismo no poder”.
Aprovada ou não, ao se fazer as contas no final da história, a “nova Previdência” do governo Temer talvez já tenha custado ao país mais do que se pretendia economizar por muitos anos.
Muita gente e muitas empresas saíram no lucro e quem vai pagar as contas, como sempre, são os prejudicados a quem só resta obedecer. E os parlamentares poderão garantir a sua reeleição com dinheiro público, sem falar no fundo eleitoral que eles criaram para se eternizar do poder.
Pois ainda tem coleguinha acreditando em grande renovação no Congresso Nacional depois do tsunami da Lava Jato…
No “novo normal” do nosso país em que uma tal Cristiane Brasil-sil-sil é nomeada ministra do Trabalho e ainda se procura inventar um candidato à presidência, a nove meses da eleição, tudo será como sempre foi. Manda quem pode.
Vida que segue.
É exatamente como podemos definir a nova operação tabajara do desgoverno de Michel Temer para aprovar a reforma da Previdência.
Nos cálculos do governo, os R$ 10 bilhões destinados esta semana à compra da base aliada para conseguir os 308 votos necessários à aprovação da patranha serão economizados já em 2018 com o corte dos benefícios hoje pagos aos próprios aposentados.
Ou seja, quem vai pagar a conta é quem sofrerá os prejuízos da “nova Previdência” apresentada em farta e milionária propaganda na televisão como única forma de garantir o pagamento dos benefícios no futuro.
Seria, vamos dizer, um investimento a longo prazo para garantir agora a reeleição e o foro privilegiado da escória parlamentar ameaçada pela Lava Jato.
Segundo Armando Castelar Pinheiro, do Instituto Millenium, o centro de estudos criado pelos barões da mídia para uniformizar a pauta do pensamento único, “novo normal” é uma expressão criada pelo economista egípcio-americano Mohamed El-Rian “para caracterizar o fato de que esta crise não é como as que vivemos nas últimas décadas, com repercussões basicamente cíclicas, mas uma crise que provocará uma ruptura estrutural: quando ela passar e as coisas voltarem ao normal, esse não vai ser o mesmo normal de antes”.
De fato, nada será como antes. Ou será?
O que antes era tramado no escurinho dos gabinetes agora é escrachado à luz do dia e divulgado como se fosse o “novo normal”.
Tudo que no governo anterior virava escândalo nas manchetes dos jornais agora faz parte da rotina administrativa, não causa mais comoção popular.
Assim ficamos sabendo que o governo vai entregar esta nova bolada bilionária nas mãos do ministro Carlos Marun (aquele ex-chefe da tropa de choque de Eduardo Cunha, agora ocupando a mesma função no governo Temer) como “munição” para convencer as excelências a aprovar a reforma no dia 19 de fevereiro.
Com o corte nos benefícios do INSS propiciado pela “nova Previdência”, o governo calcula que sobrará dinheiro para ser usado na campanha em obras nos redutos eleitorais dos deputados governistas.
É incalculável quanto o governo já gastou para aprovar esta reforma apresentada inicialmente como salvação da lavoura para conter o rombo fiscal.
Só para se ter uma ideia: em levantamento feito pelo Estadão/Broadcast em maio - antes, portanto, das denúncias de corrupção da Procuradoria Geral da República contra o presidente, que obrigaram o governo a abrir os cofres para evitar o seu afastamento - a fatura para aprovar a Previdência já tinha chegado a R$ 54,8 bilhões, apenas com o parcelamento de dívidas de Estados e municípios junto ao INSS e o Super-Refis para empresas.
“Todas as medidas já estavam na mesa de negociações e eram usadas como barganha antes das revelações que abalaram o Palácio do Planalto e a base aliada do governo. Agora, a capacidade de articulação de Temer é colocada em cheque por economistas”.
Para conseguir os votos necessários, o governo perdoou dívidas dos grandes bancos, anistiou ruralistas em débito, manteve e ampliou as isenções fiscais, tudo em vão. Gastou ou deixou de arrecadar recursos à toa: 2017 acabou com o governo fazendo contas de quantos votos faltavam para a aprovação da reforma.
Rara voz no deserto parlamentar que se opôs ao “novo normal”, o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) resumiu a ópera, mas ninguém lhe deu bola:
“Não é normal o deputado receber verbas para votar a favor do governo. É o fisiologismo no poder”.
Aprovada ou não, ao se fazer as contas no final da história, a “nova Previdência” do governo Temer talvez já tenha custado ao país mais do que se pretendia economizar por muitos anos.
Muita gente e muitas empresas saíram no lucro e quem vai pagar as contas, como sempre, são os prejudicados a quem só resta obedecer. E os parlamentares poderão garantir a sua reeleição com dinheiro público, sem falar no fundo eleitoral que eles criaram para se eternizar do poder.
Pois ainda tem coleguinha acreditando em grande renovação no Congresso Nacional depois do tsunami da Lava Jato…
No “novo normal” do nosso país em que uma tal Cristiane Brasil-sil-sil é nomeada ministra do Trabalho e ainda se procura inventar um candidato à presidência, a nove meses da eleição, tudo será como sempre foi. Manda quem pode.
Vida que segue.
0 comentários:
Postar um comentário