quarta-feira, 2 de maio de 2018

Temer cancela viagem. Bateu o desespero?

Por Altamiro Borges

O golpista Michel Temer anda preocupado. Com o fracasso vergonhoso da sua pretensa “candidatura à reeleição” – sendo que ele nunca foi eleito presidente, mas sim assaltou o poder graças a um golpe midiático-judicial- parlamentar –, o odiado teme pelo futuro. Sem mandato para protegê-lo, a cadeia pode ser seu destino após deixar o Palácio do Planalto. Nesta semana, Michel Temer cancelou mais uma viagem ao exterior. Em nota oficial, ele alegou compromissos com o “calendário eleitoral” e com “votações de projetos no Congresso”. Mas, segundo a revista Época, que apoiou o golpe dos corruptos, o motivo foi bem outro:

“Pesou na decisão de cancelar a viagem à Ásia a necessidade de responder de pronto a eventuais vazamentos de informação do inquérito da Polícia Federal que apura os supostos benefícios ao presidente por conta da edição do decreto dos portos. Auxiliares de Temer ponderaram que dez dias fora do país é muito tempo, ainda mais quando o fuso é inverso do de Brasília. Qualquer resposta seria demorada para o presidente do outro lado do mundo. Outra questão para Temer é sua irritação com a informação de que uma das suspeitas da PF é a de que ocultou dinheiro de propina em troca de negócios imobiliários de sua família”, informa Nonato Viegas, em matéria postada nesta segunda-feira (30).

Nesta quinta-feira (3), a sua filha, Maristela Temer, será interrogada. Como aponta o Jornal do Brasil, “será a primeira vez na história do país que a filha de um presidente em exercício de mandato prestará depoimento à Polícia Federal. Maristela foi convocada por suspeita de ter tido sua casa reformada com dinheiro de propina paga pela JBS. Segundo as investigações, os repasses teriam sido feitos pelo coronel João Baptista de Lima, amigo de Temer. O alvo da investigação é, na verdade, o próprio presidente, acusado de irregularidades na edição do Decreto dos Portos. A suspeita é de que Temer tenha lavado dinheiro de propina com reformas e compras de imóveis para familiares”.

Com o depoimento de Maristela Temer, o cerco vai se fechando contra o usurpador e ele anda irritado e apavorado. Na última sexta-feira (27), em entrevista coletiva à imprensa, ele bateu duro “na perseguição criminosa disfarçada de investigação” que atinge a sua família. “Qualquer contador, qualquer pessoa de bem, qualquer professor de matemática consegue concluir que, ao longo do tempo, eu obtive recursos suficientes para comprar os imóveis que comprei e reformar os imóveis que reformei. Só um irresponsável, mal intencionado, ousaria tentar me incriminar, a minha família, minha filha, meu filho, de nove anos de idade, como lavadores de dinheiro”, reagiu descontrolado o golpista, que agora teme ser engolido pelo próprio golpe.

Segundo a coluna Painel da Folha, “a forte irritação externada por Michel Temer em seu pronunciamento traduz apenas uma fração da fúria que ele demonstrou logo no início da manhã, em reunião com aliados. O presidente chamou de ‘canalhada’ a suspeita da PF de que poderia ter lavado dinheiro em transações de um imóvel que doou ao filho de nove anos. Chegou a dizer que tentavam ‘enlamear o nome de uma criança’ e que os investigadores haviam perdido ‘o limite da falta de respeito’. Temer se exaltou após ler reportagem publicada pela Folha. O texto apontou as principais suspeitas da PF no inquérito sobre a atuação do emedebista no porto de Santos. Os investigadores desconfiam que ele pode ter branqueado capitais em reformas e empreendimentos hoje em nome de familiares”.

Pelo andar da carruagem, o usurpador tende a ficar cada dia mais acuado no Palácio do Planalto – relembrando o triste fim do reinado de José Sarney. Em meados de abril, pressionado por caciques do MDB, ele se comprometeu em viajar pelo país para alavancar sua campanha e para tentar sair do 1% de intenção de votos das pesquisas eleitorais. Segundo reportagem da Folha, “diante de uma reprovação de 70% indicada pelo Datafolha, Temer passou a ser cobrado por aliados, inclusive pelo presidente nacional do MDB, senador Romero Jucá (RR), para que começasse a viajar. Mesmo que a candidatura não vá adiante, a ideia do partido é manter o discurso de que terá uma candidatura própria para defesa do legado do governo”. Mas pelo jeito não foi só a viagem à Ásia que dançou. O usurpador está morto! Só falta enterrar... ou prender!

Em tempo: O desespero do MDB com o isolamento de Michel Temer é justificado. Apesar de controlar os cofres públicos e de não vacilar em usar os recursos da forma mais criminosa, a sigla foi a que mais encolheu na Câmara Federal nos últimos anos. Com o encerramento em abril da chamada janela partidária, que permitiu a livre migração de deputados entre as legendas, o MDB despencou de 65 para 51 vagas. Com isso, perdeu o status de maior bancada para o PT, que tem 60 das 513 cadeiras, e agora divide com o PP de Paulo Maluf, que também tem 51 deputados, a segunda colocação. O partido, que abriga inúmeros oportunistas com forte senso de sobrevivência, sabe que Michel Temer caminha para o cadafalso.

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