domingo, 24 de junho de 2018

Fachin e os capitães do mato do império

Por Fernando Rosa, em seu blog:

O judiciário brasileiro assumiu definitivamente, e sem qualquer constrangimento, o vergonhoso papel de tribunal de exceção, nesta sexta-feira. Da forma que agiram, o TRF-4 e o ministro Edson Fachin cumpriram o papel de “capitães do mato” do Império. Em jogo combinado, impediram o julgamento do pedido de liberdade de Lula no Supremo Tribunal Federal previsto para terça-feira, 26.

Além de manter Lula na prisão, a medida tem por objetivo não confesso “limpar” a área política da próxima semana. Exatamente na terça-feira, 26, chega ao Brasil o vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, trazendo na pauta temas estratégicos, principalmente, na área da segurança. Ou seja, vem pressionar Temer para que o Brasil corrompa definitivamente sua soberania aliando-se em futuro ataque à Venezuela.

Para reforçar a urgência da ação, nesta sexta-feira o jornal Folha de S. Paulo trazia manchete afirmando que “Lula é o mais preparado para acelerar o crescimento da economia”. Segundo pesquisa Datafolha, 32% dos entrevistados citaram o ex-presidente como capaz de tirar o Brasil do buraco. Então, a ordem é que se mantenha Lula na prisão, mesmo que a custo da desmoralização do judiciário brasileiro.

Ainda, a contra-ofensiva dos golpistas do judiciário se deu na sequência de vitória dos setores que defendem a legalidade. A absolvição da senadora e presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, veio acompanhada de contundentes questionamentos de ministros à Lava Jato pelo uso de delações sem provas. As duas acusações contra Lula, assim como contra a senadora Gleisi, baseiam-se apenas na palavra de delatores.

Para completar o quadro, a ação combinada não deixou o juiz Sérgio Moro e a Rede Globo fora do jogo, dando-lhes munição para atacar Lula. Também coincidentemente nesta sexta-feira, o mesmo TRF-4 homologou a delação do ex-ministro Antônio Palocci que, aliás, já tinha deixado clara sua vontade de mentir. Com base nas delações de Palocci, sem provas, Moro alimentará o Jornal Nacional à exaustão para seguir criminalizando Lula.

Na nova etapa da guerra imperialista contra o Brasil, Fachin parece assumir a linha de frente da perseguição implacável ao ex-presidente Lula e ao PT. Se existem disputas internas no STF, que explodam de vez, ou a instituição terminará por afundar-se em descrédito. As instituições no Brasil estão falidas e, se não reagirem, levarão a sociedade a adotar outras soluções para resgatar a soberania popular sobre os destinos da Nação.

1 comentários:

Anônimo disse...

Na verdade, as instituições não faliram. Elas apenas estão revelando seu caráter de classe. Jamais houve exercício real de "soberania popular sobre os destinos da nação". Houve,sim, uma correlação de forças que simulou uma demoracia, ou melhor, uma ditadura de classe menos intensa, mais complacente com as classes dominadas. Não pode haver democracia em uma sociedade dividida em classes antagônicas. A democracia burguesa é incompatível com a efetivação da soberania popular. As próprias expressões revelam seu antagonismo. Não a "sociedade", mas as classes dominadas precisam, de fato, "adotar outras soluções", não para resgstar, mas, sim, para efetivar a verdadeira soberania popular, edificando outras instituições. Não devemos sentir saudades do que não existia. Creio que essa deveria ser a principal lição do Golpe: a revelação do fetiche das instituições plutocráticas. Um fetiche exaustivamente denunciado pela literatura marxista-leninista. Se tivéssemos consciência dos limites de classe das instituições, certamente os golpistas teriam tido muito mais dificuldades para nos derrotar. Estamos a 105 dias das eleições, e não dá para fazer nada além de uma política de redução de danos. Os golpistas podem ser derrotados eleitoralmente, mas isso não é o mesmo que um retorno ao estado de coisas que existiu antes do Golpe. Conudo, a luta de classes, a luta revolucionária,não é datada pelos rituais da democracia burguesa. Esse é o efeito mais perverso do fetiche dessa pseudo democracia, a prisão representada pela sua legalidade seletiva. Precisamos edificar uma Frente Ampla Democrática e Popular
para conquistar, através de uma luta de massas, uma Revolução Democrática. Mas precisamos também usar a força que acumulamos para modificar a correlação de forças daqui a 105 dias. Entretanto, independentemente do resultado eleitoral, em 1°de janeiro de 2019 ainda estaremos vivendo sob o domínio de uma democracia burguesa, buscando construir pacientemente uma Frente Democrática e Popular, que possa finalmente "adotar outras soluções", jogando as instituições plutocráticas que nos oprimem e reprimem, na lata de lixo da História. Darcy Brasil Rodrigues da Silva.