Por Maurício Dias, na revista CartaCapital:
Não é comum no Brasil o debate sobre a imprensa e seus derivados. A mídia, tradicionalmente, protege a mídia pelo horror à critica e autocrítica. O Grupo Globo, com a característica de império, tangencia o monopólio dos meios de comunicação e tenta agora reinventar o trabalho jornalístico.
A empresa esconde novas proibições sustentadas em supostas necessidades das redes sociais, livres e públicas. Para isso foram inseridas nas regras já existentes para o trabalho dos jornalistas mais regras embutidas no “Artigo 5”, de péssima lembrança com o Ato Institucional nº 5, uma criação da ditadura militar sob a qual a casa dos Marinho cresceu e se fortificou.
Um regime que durante todo o tempo apoiou. Anos depois, o Grupo Globo desculpou-se pelo comportamento adotado ao sustentar o golpe contra o presidente Jango Goulart.
Ali o sapato aperta. O uso de redes sociais por jornalistas globais põe sobre eles a responsabilidade, pois, “caso tal atividade manchar a sua reputação, manchará também a do veículo. Isso não é admissível, uma vez que a isenção é o principal pilar do jornalista”.
Diz mais: “Perder a reputação de que é isento inabilita o jornalista (...) Isto se aplica a todas as redes – Twitter, Instagram, Facebook, WhatsApp ou qualquer outra que exista ou venha a existir”.
O longo texto foi assinado por João Roberto Marinho, que se apresenta também como jornalista, conforme hábito do País dos diretores de redação por direito divino.
Ele equilibra-se inúmeras vezes na utopia e alerta o empregado profissional. Ele tem “o dever de evitar tudo o que comprometa a percepção de que o Grupo Globo é isento” (...). “Por esse motivo, nas redes sociais, esses jornalistas devem se abster de expressar opiniões (...) defender ideologias...”.
Fica esquecido, ou escondido, o princípio da honestidade. Para encobrir esta ausência, Marinho descerra o pano do mundo da fantasia onde ninguém, ninguém mesmo, defende ideologias. Isso faz parte de uma luta feroz contra a história complexa, sinuosa, do Grupo Globo. Roberto Marinho, o criador de tudo, nunca tentou esconder como, para ele, o jornal O Globo funcionava.
Trechos rápidos da carta pública dirigida a Lula, escrita pouco antes de morrer: “A orientação que imprimo aos veículos que me cabe dirigir visa estritamente a defesa do que julgo serem os reais interesses do País (...). Nunca tive dúvida sobre o dever de cada cidadão e de cada jornal de posicionar-se segundo as suas convicções...”.
A imposição de proibir o repórter de ter “ideologia”, somada à imposição da “isenção”, é uma galhofa. Nenhum jornal, pelo que se sabe, trocou a opinião editorial e se manteve em circulação. O Globo sabe disso.
A empresa esconde novas proibições sustentadas em supostas necessidades das redes sociais, livres e públicas. Para isso foram inseridas nas regras já existentes para o trabalho dos jornalistas mais regras embutidas no “Artigo 5”, de péssima lembrança com o Ato Institucional nº 5, uma criação da ditadura militar sob a qual a casa dos Marinho cresceu e se fortificou.
Um regime que durante todo o tempo apoiou. Anos depois, o Grupo Globo desculpou-se pelo comportamento adotado ao sustentar o golpe contra o presidente Jango Goulart.
Ali o sapato aperta. O uso de redes sociais por jornalistas globais põe sobre eles a responsabilidade, pois, “caso tal atividade manchar a sua reputação, manchará também a do veículo. Isso não é admissível, uma vez que a isenção é o principal pilar do jornalista”.
Diz mais: “Perder a reputação de que é isento inabilita o jornalista (...) Isto se aplica a todas as redes – Twitter, Instagram, Facebook, WhatsApp ou qualquer outra que exista ou venha a existir”.
O longo texto foi assinado por João Roberto Marinho, que se apresenta também como jornalista, conforme hábito do País dos diretores de redação por direito divino.
Ele equilibra-se inúmeras vezes na utopia e alerta o empregado profissional. Ele tem “o dever de evitar tudo o que comprometa a percepção de que o Grupo Globo é isento” (...). “Por esse motivo, nas redes sociais, esses jornalistas devem se abster de expressar opiniões (...) defender ideologias...”.
Fica esquecido, ou escondido, o princípio da honestidade. Para encobrir esta ausência, Marinho descerra o pano do mundo da fantasia onde ninguém, ninguém mesmo, defende ideologias. Isso faz parte de uma luta feroz contra a história complexa, sinuosa, do Grupo Globo. Roberto Marinho, o criador de tudo, nunca tentou esconder como, para ele, o jornal O Globo funcionava.
Trechos rápidos da carta pública dirigida a Lula, escrita pouco antes de morrer: “A orientação que imprimo aos veículos que me cabe dirigir visa estritamente a defesa do que julgo serem os reais interesses do País (...). Nunca tive dúvida sobre o dever de cada cidadão e de cada jornal de posicionar-se segundo as suas convicções...”.
A imposição de proibir o repórter de ter “ideologia”, somada à imposição da “isenção”, é uma galhofa. Nenhum jornal, pelo que se sabe, trocou a opinião editorial e se manteve em circulação. O Globo sabe disso.
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