Por Altamiro Borges
Em entrevista ao SBT (Sistema Bolsonazista de Televisão) na quinta-feira, o capitão-presidente – que bate continência para a bandeira dos EUA – sinalizou que seu governo aceita discutir a instalação de uma base militar ianque em território nacional. O vassalo repetiu que a aproximação com os EUA é uma questão estratégica, que não é “apenas econômica, mas pode ser bélica também”, e insinuou que a base militar seria “até simbólica” desta dependência. O servilismo foi tanto que muita gente achou que seria mais um factoide do bravateiro que adora espalhar fake news para desviar a atenção sobre os temas mais delicados. Neste domingo (6), porém, em entrevista à insuspeita Eliane Cantanhêde, no Estadão, a oferta vexaminosa foi confirmada.
Mike Pompeo, o falcão belicista que ocupa o cargo de secretário de Estado de Donald Trump, expressou a alegria do império: “Essa é uma discussão colocada o tempo todo, e nós ficamos satisfeitos com a oferta do presidente Jair Bolsonaro. Eu estou confiante de que vamos continuar as discussões sobre todo um conjunto de temas com o Brasil, enquanto o novo governo vai colocando seus pés no chão. Isso é algo que nós estamos desejando muitíssimo". Mike Pompeo também falou sobre a base de Alcântara, no Maranhão. “Nós temos muito interesse nessa questão e o Departamento de Estado está negociando esse acordo de salvaguardas tecnológicas com o Brasil, que liberará licenças para lançamentos de veículos espaciais e satélites dos EUA a partir da Base de Alcântara. Estou muito esperançoso de que iremos progredir também nesse tema”.
Rejeição dos generais “patriotas”
É evidente que a instalação de bases militares não se resolve numa canetada de BIC, o que só reforça a sensação de mais uma bravata do presidente-tuiteiro. Até entre os generais nativos, que hoje não são muito chegados às teses nacionalistas, o tema gera tensões, conforme relata a Agência Reuters: “Repercutiu mal entre os militares a sinalização do presidente Jair Bolsonaro sobre a possível instalação de uma base militar norte-americana no território brasileiro, e as Forças Armadas são contra essa possibilidade, disse à Reuters uma alta fonte militar neste sábado (5). A posição desagrada os militares, entre outras questões, por levantar discussões sobre a soberania nacional, de acordo com a fonte que falou sob condição de anonimato”.
Além disso, há também os impactos na geopolítica mundial, como aponta o professor Matias Spektor, vice-diretor da Escola de Relações Internacionais da FGV-SP, em entrevista à revista Época. “Houve uma base militar no Brasil na Segunda Guerra Mundial porque a América do Sul era um teatro da guerra. Os navios americanos se reabasteciam aqui para suas batalhas, e os EUA precisavam disso para seus interesses geopolíticos. Depois disso, não houve nenhuma outra. Desde 1945, o fato é que não houve ameaça externa que demandasse uma construção desta natureza. Hoje, a presença de uma base transformaria de vez a dinâmica regional. Não há outro país latino-americano que vá neste sentido. Criaria suspeitas em relação ao Brasil entre os vizinhos, por um lado, mas, por outro lado, transformaria o Brasil em aliado para os EUA”.
O especialista ainda pondera que “a instalação de uma base americana no Brasil teria enormes custos para os EUA e para o Brasil. Portanto, o único cenário no qual é factível imaginar algo assim é um cenário no qual o governo americano tenta fazer uma intervenção militar num país da região ou então defendê-la do ataque de uma potência extrarregional. Hoje, nenhuma destas duas condições está dada”. Mas ele afirma que não se surpreendeu com a proposta: “Desde a campanha, Bolsonaro promete uma aproximação muito intensa [com Trump] e, desde que foi eleito, vem confirmando isso... Ele faz isso quando o governo americano dá sinais cada vez mais recorrentes de que a América Latina voltou a estar no radar. Até pouco tempo atrás, a região estava fora, e agora está dentro por conta do aumento das presenças chinesa e russa”.
Em entrevista ao SBT (Sistema Bolsonazista de Televisão) na quinta-feira, o capitão-presidente – que bate continência para a bandeira dos EUA – sinalizou que seu governo aceita discutir a instalação de uma base militar ianque em território nacional. O vassalo repetiu que a aproximação com os EUA é uma questão estratégica, que não é “apenas econômica, mas pode ser bélica também”, e insinuou que a base militar seria “até simbólica” desta dependência. O servilismo foi tanto que muita gente achou que seria mais um factoide do bravateiro que adora espalhar fake news para desviar a atenção sobre os temas mais delicados. Neste domingo (6), porém, em entrevista à insuspeita Eliane Cantanhêde, no Estadão, a oferta vexaminosa foi confirmada.
Mike Pompeo, o falcão belicista que ocupa o cargo de secretário de Estado de Donald Trump, expressou a alegria do império: “Essa é uma discussão colocada o tempo todo, e nós ficamos satisfeitos com a oferta do presidente Jair Bolsonaro. Eu estou confiante de que vamos continuar as discussões sobre todo um conjunto de temas com o Brasil, enquanto o novo governo vai colocando seus pés no chão. Isso é algo que nós estamos desejando muitíssimo". Mike Pompeo também falou sobre a base de Alcântara, no Maranhão. “Nós temos muito interesse nessa questão e o Departamento de Estado está negociando esse acordo de salvaguardas tecnológicas com o Brasil, que liberará licenças para lançamentos de veículos espaciais e satélites dos EUA a partir da Base de Alcântara. Estou muito esperançoso de que iremos progredir também nesse tema”.
Rejeição dos generais “patriotas”
É evidente que a instalação de bases militares não se resolve numa canetada de BIC, o que só reforça a sensação de mais uma bravata do presidente-tuiteiro. Até entre os generais nativos, que hoje não são muito chegados às teses nacionalistas, o tema gera tensões, conforme relata a Agência Reuters: “Repercutiu mal entre os militares a sinalização do presidente Jair Bolsonaro sobre a possível instalação de uma base militar norte-americana no território brasileiro, e as Forças Armadas são contra essa possibilidade, disse à Reuters uma alta fonte militar neste sábado (5). A posição desagrada os militares, entre outras questões, por levantar discussões sobre a soberania nacional, de acordo com a fonte que falou sob condição de anonimato”.
Além disso, há também os impactos na geopolítica mundial, como aponta o professor Matias Spektor, vice-diretor da Escola de Relações Internacionais da FGV-SP, em entrevista à revista Época. “Houve uma base militar no Brasil na Segunda Guerra Mundial porque a América do Sul era um teatro da guerra. Os navios americanos se reabasteciam aqui para suas batalhas, e os EUA precisavam disso para seus interesses geopolíticos. Depois disso, não houve nenhuma outra. Desde 1945, o fato é que não houve ameaça externa que demandasse uma construção desta natureza. Hoje, a presença de uma base transformaria de vez a dinâmica regional. Não há outro país latino-americano que vá neste sentido. Criaria suspeitas em relação ao Brasil entre os vizinhos, por um lado, mas, por outro lado, transformaria o Brasil em aliado para os EUA”.
O especialista ainda pondera que “a instalação de uma base americana no Brasil teria enormes custos para os EUA e para o Brasil. Portanto, o único cenário no qual é factível imaginar algo assim é um cenário no qual o governo americano tenta fazer uma intervenção militar num país da região ou então defendê-la do ataque de uma potência extrarregional. Hoje, nenhuma destas duas condições está dada”. Mas ele afirma que não se surpreendeu com a proposta: “Desde a campanha, Bolsonaro promete uma aproximação muito intensa [com Trump] e, desde que foi eleito, vem confirmando isso... Ele faz isso quando o governo americano dá sinais cada vez mais recorrentes de que a América Latina voltou a estar no radar. Até pouco tempo atrás, a região estava fora, e agora está dentro por conta do aumento das presenças chinesa e russa”.
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