quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

"A nova ordem" e o bolsonarismo

Por Kjeld Jakobsen, no site da Fundação Perseu Abramo:

Este livro de ficção, A Nova Ordem, é o mais recente de Bernardo Kucinski publicado pela Alameda Casa Editorial e que assim como em obras anteriores, a exemplo de K, de 2011, “tudo no livro é invenção, mas quase tudo aconteceu”. Naquele livro, ele tratou do desaparecimento de militantes de esquerda durante a ditadura militar no Brasil, em particular sua irmã Rosa Kucinski e o marido dela, Wilson Silva, detidos em abril de 1974 e nunca mais vistos.

O livro atual trata de um novo governo brasileiro que institui uma “nova ordem” imposta de cima para baixo, neoliberal na economia a ponto de ajustar o tamanho da população ao tamanho do mercado interno necessário de trinta milhões de pessoas por meio da redução do excesso populacional de noventa milhões, e autoritário na política de modo a perseguir os inimigos que são os “utopistas” e os defensores de visões críticas sobre a “nova ordem”. Incluído neste segundo aspecto, uma nova metodologia científica por meio de um chip implantado no cérebro das pessoas para controlá-las.

O livro foi publicado em fevereiro de 2019, portanto, apenas dois meses após a posse de Jair Bolsonaro na Presidência do Brasil, mas Bernardo foi visionário, pois em sua narrativa menciona uma série de medidas como as privatizações, leilão de reservas minerais e de petróleo e extinção de organismos governamentais que na prática têm ocorrido no atual governo brasileiro. Considerando ainda que no governo Bolsonaro atuam cerca de 2.500 militares em suas diversas instâncias, é impossível não traçar o paralelo entre a ficção e a realidade.

São cerca de 180 páginas que prendem o leitor e o estimulam à uma leitura em um fôlego só.

Serviço
A Nova Ordem
Preço sugerido pela editora: R$ 46

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