quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

Petardo: As reações à provocação fascista

Por Altamiro Borges

Bolsonaro pode ter dado um tiro no pé ao agitar o ato do 'foda-se' ao Congresso e ao STF. De todos os cantos partem críticas ao fascista: das tímidas notas dos presidentes da Câmara e do STF, ao duro rechaço das forças de esquerda. As centrais sindicais e movimentos sociais já organizam atos em defesa da democracia.

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José Dias Toffoli, presidente do STF – um dos alvos do ato fascista – reagiu de forma branda, sem citar Bolsonaro. Após afirmar que não há democracia sem Legislativo atuante e Judiciário independente, ele pregou a "paz para construir o futuro" e "a convivência harmônica entre todos".

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Rodrigo Maia, presidente da Câmara, também reagiu com platitudes: "Só a democracia é capaz de absorver sem violência as diferenças da sociedade e unir a nação pelo diálogo. Acima de tudo e de todos está o respeito às instituições democráticas". Já Davi Alcolumbre, chefão do Senado, sumiu!

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Já o presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, sinalizou que o apoio de Bolsonaro ao ato fascista pode abrir caminho para o impeachment. "Ele está mais uma vez traindo o que jurou ao Congresso em sua posse. A democracia não pode tolerar um presidente que conspira por sua supressão".

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Os jornalões também reagiram. Em editorial, a Folha bateu duro: "Na tentativa de promover o ato, a escória do bolsonarismo difunde mensagens de ataque e insulto ao Congresso e de exaltação a oficiais militares, um apelo a sua intervenção. Trata-se de golpismo de extrema direita, francamente minoritário no país".

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Após detonar o "capetão", a Folha conclui: "Diante das demonstrações de desprezo à institucionalidade e de violações dos requisitos legais de honra, decoro e dignidade para o exercício da Presidência, talvez apenas o medo do impeachment possa deter a perigosa aventura Bolsonaro".

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No mesmo rumo, o editorial de O Globo, intitulado "Bolsonaro atenta contra a Constituição”, afirma que o "capetão" está desesperado. Perdeu "parte de seus eleitores' e "tornou-se um presidente de baixa popularidade, sustentado por milícias digitais e claques de porta de Palácio".

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Isolado e acuado, opina O Globo, Bolsonaro decidiu "esticar a corda em seu comportamento de extremista, sem qualquer preocupação com a importância e decoro do cargo de presidente, agindo como chefe de facção radical, de bando, ultrapassando todos os limites do convívio democrático".

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"Bolsonaro, com as frações radicais que o cercam, parece ter decidido entrar em rota de colisão com as instituições, cujo resultado pode ser uma crise institucional que não interessa a ninguém, inclusive a ele, chefe do Executivo, que depende da estabilidade", conclui O Globo.

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No editorial intitulado "O presidente e os golpistas”, o jornal Estadão também emparedou o chefe do laranjal. "Bolsonaro precisa esclarecer, sem meios termos, que não apoia a convocação de uma manifestação em sua defesa e contra o Congresso Nacional, feita por seus apoiadores".

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Após relembrar que "o menosprezo de Bolsonaro pelo Congresso foi reafirmado diversas vezes" o Estadão alerta: "É muito provável que os bolsonaristas continuem a testar os limites da democracia – e portanto cabe às instituições impedir que eles consigam ir além das bravatas".

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