Por Eduardo Maretti, na Rede Brasil Atual:
Os impactos da crise mundial desencadeada na segunda-feira (9) atingem o Brasil em situação mais frágil do que em 2015. O Estado brasileiro está sendo reduzido e a influência negativa do coronavírus no país deve ser considerável, em decorrência dos cortes de orçamento em áreas sociais. Para piorar, os riscos globais tendem a aumentar. Este é o quadro pouco promissor pintado pela economista Laura Carvalho, professora da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP).
“A gente é pego numa situação mais frágil do que aquela que ocorreu em 2015, quando também tivemos uma queda de preço do petróleo, com saída de capitais do país e alta do dólar. Nessa situação atual, estamos num cenário em que a Petrobras está em situação pior do que em 2015, e tende a sofrer os impactos se a queda no preço do petróleo se sustentar”, diz.
A economista discorda das avaliações que vêm minimizando o impacto econômico do coronavírus no Brasil. Em sua opinião, esse fator se soma de maneira importante ao fato de que o Estado brasileiro tem cada vez menos condições de produzir políticas anticíclicas e políticas sociais.
Em outras palavras, o coronavírus não é um mito e realmente afeta a economia. “Sem dúvida, e não só a economia”, diz Laura. “Terá um custo social muito alto, em particular considerando, no Brasil, não só a falta de espaço para políticas anticíclicas, mas os cortes de gastos em programas sociais e no sistema da saúde pública. A gente tende a ver impactos bastante dramáticos dessa epidemia, que nos pega no pior cenário de governo possível.”
A opinião é semelhante à do economista Marco Antonio Rocha, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), para quem “a epidemia do coronavírus já afeta as linhas de produção de certos insumos industriais muito concentradas regionalmente na China”.
Ao mesmo tempo, é notório que as famílias brasileiras também estão numa situação de fragilidade maior, com renda menor e endividadas. “E o Estado brasileiro tem hoje menor capacidade de intervenção, por conta do teto de gastos, e das metas de resultado primário”, avalia a economista da USP. A meta de resultado primário do governo para este ano é de um déficit de R$ 124,1 bilhões, o que equivale a 1,70% do PIB.
Nesse contexto, parece claro que o choque provocado pela crise que eclodiu na segunda-feira pode trazer um custo considerável à economia do país. “Isso já está se refletindo nas previsões para baixo das expectativas de crescimento para o ano. Mas acredito que haverá ainda muitas rodadas de frustração e de revisão para baixo, dada a falta de agenda do governo para estimular a economia.”
No final de fevereiro, o sistema financeiro, leia-se Wall Street, reduziu as projeções de crescimento para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2020. A previsão chegou a ser de 1,8% a 1,9% para algumas instituições financeiras. O governo prevê “mais do que 2%”.
O choque sentido na segunda-feira, na opinião da professora da USP, pode ter duração pelo menos de médio prazo. “Dado o impacto do coronavírus no crescimento chinês, e quanto isso afeta as receitas de exportação brasileiras, e isso somado a um cenário difícil entre Arábia Saudita e Rússia, não parece ser algo fácil de ser solucionado do ponto vista geopolítico. Então, acho que a gente tende a ver os riscos globais aumentando.”
Analistas internacionais têm avaliado que a “guerra de preços” entre Arábia Saudita e Rússia está apenas no início.
“Com tudo isso, como sempre, quando os riscos e a incerteza aumentam, os fluxos de capitais vão todos de volta aos países centrais, em particular aos Estados Unidos, e saem dos países emergentes como o Brasil. Então sempre sofremos esse impacto e até hoje não conseguimos reduzir a volatilidade desses fluxos de capitais”, observa a economista.
Já o presidente Jair Bolsonaro, em Miami, avaliou que a crise no Brasil, em decorrência dos problemas mundiais, é “uma fantasia”. “Alguns da imprensa conseguiram fazer de uma crise a queda do preço do petróleo”, acrescentou o mandatário brasileiro.
“A gente é pego numa situação mais frágil do que aquela que ocorreu em 2015, quando também tivemos uma queda de preço do petróleo, com saída de capitais do país e alta do dólar. Nessa situação atual, estamos num cenário em que a Petrobras está em situação pior do que em 2015, e tende a sofrer os impactos se a queda no preço do petróleo se sustentar”, diz.
A economista discorda das avaliações que vêm minimizando o impacto econômico do coronavírus no Brasil. Em sua opinião, esse fator se soma de maneira importante ao fato de que o Estado brasileiro tem cada vez menos condições de produzir políticas anticíclicas e políticas sociais.
Em outras palavras, o coronavírus não é um mito e realmente afeta a economia. “Sem dúvida, e não só a economia”, diz Laura. “Terá um custo social muito alto, em particular considerando, no Brasil, não só a falta de espaço para políticas anticíclicas, mas os cortes de gastos em programas sociais e no sistema da saúde pública. A gente tende a ver impactos bastante dramáticos dessa epidemia, que nos pega no pior cenário de governo possível.”
A opinião é semelhante à do economista Marco Antonio Rocha, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), para quem “a epidemia do coronavírus já afeta as linhas de produção de certos insumos industriais muito concentradas regionalmente na China”.
Ao mesmo tempo, é notório que as famílias brasileiras também estão numa situação de fragilidade maior, com renda menor e endividadas. “E o Estado brasileiro tem hoje menor capacidade de intervenção, por conta do teto de gastos, e das metas de resultado primário”, avalia a economista da USP. A meta de resultado primário do governo para este ano é de um déficit de R$ 124,1 bilhões, o que equivale a 1,70% do PIB.
Nesse contexto, parece claro que o choque provocado pela crise que eclodiu na segunda-feira pode trazer um custo considerável à economia do país. “Isso já está se refletindo nas previsões para baixo das expectativas de crescimento para o ano. Mas acredito que haverá ainda muitas rodadas de frustração e de revisão para baixo, dada a falta de agenda do governo para estimular a economia.”
No final de fevereiro, o sistema financeiro, leia-se Wall Street, reduziu as projeções de crescimento para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2020. A previsão chegou a ser de 1,8% a 1,9% para algumas instituições financeiras. O governo prevê “mais do que 2%”.
O choque sentido na segunda-feira, na opinião da professora da USP, pode ter duração pelo menos de médio prazo. “Dado o impacto do coronavírus no crescimento chinês, e quanto isso afeta as receitas de exportação brasileiras, e isso somado a um cenário difícil entre Arábia Saudita e Rússia, não parece ser algo fácil de ser solucionado do ponto vista geopolítico. Então, acho que a gente tende a ver os riscos globais aumentando.”
Analistas internacionais têm avaliado que a “guerra de preços” entre Arábia Saudita e Rússia está apenas no início.
“Com tudo isso, como sempre, quando os riscos e a incerteza aumentam, os fluxos de capitais vão todos de volta aos países centrais, em particular aos Estados Unidos, e saem dos países emergentes como o Brasil. Então sempre sofremos esse impacto e até hoje não conseguimos reduzir a volatilidade desses fluxos de capitais”, observa a economista.
Já o presidente Jair Bolsonaro, em Miami, avaliou que a crise no Brasil, em decorrência dos problemas mundiais, é “uma fantasia”. “Alguns da imprensa conseguiram fazer de uma crise a queda do preço do petróleo”, acrescentou o mandatário brasileiro.
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