segunda-feira, 4 de maio de 2020

Havan, Smart Fit e a cloaca burguesa

Por Altamiro Borges

Cloaca burguesa-1: Na sexta-feira (1), uma loja da Havan em Rio Branco (AC) foi fechada por descumprir um decreto do governo estadual sobre a quarentena. O bolsonarista Luciano Hang, dono da rede, é defensor do retorno ao trabalho em plena pandemia. O "véio da Havan" só pensa no lucro. Dane-se a vida... dos outros!

Pelas redes sociais, a Havan anunciou que a loja estaria aberta no feriado e que os consumidores deveriam aproveitar a data para fazer as compras do Dia das Mães. Um crime descarado contra a saúde pública. O "véio da Havan" será processado? Até sexta-feira, o Acre já tinha 19 mortes por Covid-19.

Cloaca burguesa-2: Na semana passada, a mídia alardeou a reabertura de um shopping center em Blumenau (SC) ao som de saxofone e com trabalhadores enfileirados – e humilhados. Nos últimos dias, porém, os casos de coronavírus na cidade aumentaram 160%. Santa Catarina pode ser o próximo foco da doença no país.

Saiu na Folha nesta segunda-feira (4): “Depois do colapso de Manaus, Santa Catarina é considerado o próximo local crítico por causa do coronavírus, segundo técnicos do Ministério da Saúde. Em uma semana, o número de casos quase dobrou. Até 24 de abril, 1.200 estavam com Covid-19 oficialmente e agora já são 2.346”.

Comerciários ajoelhados em frente às lojas

Cloaca burguesa-3: A Smart Fit, do megaempresário bolsonarista Edgard Corona, prepara-se para reabrir as suas unidades. Em um vídeo para os clientes, a empresa – a quinta maior rede em academias esportivas do mundo – afirma "que sentiu falta dele e está feliz com a volta", relata o site UOL. Haja cinismo!

Cloaca burguesa-4. O Ministério Público do Trabalho já apura ato ocorrido em Campina Grande (PB) no qual dezenas de trabalhadores se ajoelharam em frente às lojas fechadas em protesto contra um decreto estadual que proibiu abertura de estabelecimentos não essenciais durante a pandemia do coronavírus.

Segundo denúncia do Sindicato dos Comerciários de Campina Grande, os trabalhadores foram forçados a participar da farsa. "O MPT-PB vai apurar se houve algum tipo de coação, se houve violação a direitos sociais com repercussão trabalhista, civil e criminal", garante a vice-procuradora Andressa Lucena.

José do Nascimento Coelho, presidente do sindicato, afirma que os comerciários foram convocados pelos patrões. Ao chegarem às lojas, eles foram coagidos a ficar de joelhos. "Os trabalhadores relataram que se não fossem perderiam o emprego". As imagens viralizadas na internet lembram os escravos no pelourinho!

Lojas dos shoppings seguem vazias

Na área do comércio, os empresários têm feito violenta pressão pela reabertura das lojas – inclusive incentivando as “carreatas da morte”. A iniciativa macabra, porém, é totalmente ineficaz. Segundo reportagem do Estadão deste sábado (2), “lojistas de shoppings reabrem as portas, mas amargam queda de 80% nas vendas”.

De acordo com a matéria, “os shoppings reabrem, as luzes se acendem, lojas levantam as portas e... nada. Os consumidores simplesmente não têm aparecido em boa parte dos centros comerciais que voltaram a funcionar depois que a pandemia de covid-19 se espalhou pelo País”.

Segundo relato de lojistas de diferentes estados ouvidos pelo Estadão, “as vendas médias têm ficado até 80% inferiores às normais. E com alguns agravantes, como a insegurança jurídica e a alta de custos... ‘Ficar aberto não tem pago nem os custos de mercadoria”, diz Emiliano Silva, diretor da rede de restaurante Divino Fogão.

0 comentários: