Por Jeferson Miola, em seu blog:
Uma “guerra de bugios” é travada entre as facções da extrema-direita – a Globo/Moro-lavajatista e a bolsonarista – desde que Sérgio Moro se demitiu do ministério da Justiça.
Nesta guerra entre as duas facções criminosas, o bando do Sérgio Moro ganhou pontos com a revelação de que a Abin e o GSI agiram para acobertar a milícia Escritório do Crime e salvar Flávio Bolsonaro dos processos nos quais ele responde por crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro, peculato e corrupção.
O escândalo confirma que a obsessão de Bolsonaro em aboletar o diretor da Abin Alexandre Ramagem na direção da Polícia Federal tinha como fundamento a proteção do clã miliciano e dos seus múltiplos negócios criminosos.
Bolsonaro e os militares que colonizaram o aparelho de Estado, deslumbrados com o poder, já não distinguem o público do privado; o legal do criminoso. Aparelharam o Estado brasileiro num nível inaudito – muito mais profundo, até mesmo, que durante a ditadura de 1964/1985.
Eles mantêm controle total das instituições e manietam órgãos de investigação, influenciam nomeações nos MPs estaduais, controlam o procurador-geral da República e recebem toda sorte de “deferências” nos tribunais, como na esdrúxula decisão do ex-presidente do STJ que livrou da prisão preventiva o sócio do clã miliciano Queiroz e sua esposa.
Casos escabrosos, como o tráfico internacional de 39 kg de cocaína no AeroCoca da FAB; os atentados à Constituição e a ameaça de intervenção militar; o laranjal do PSL; o atentado terrorista contra o Porta dos Fundos; o assassinato da Marielle; a espionagem de opositores; o depósito de R$ 89 mil do Queiroz na conta da 1ª-miliciana Michele; casos como dos familiares de milicianos empregados nos gabinetes do clã miliciano, da vizinhança tinhosa do Bolsonaro no condomínio Vivendas da Barra etc, são abduzidos do noticiário e engavetados com notável rapidez pelos órgãos judiciais e de investigação.
A “face visível” da atuação dos militares no governo – maioria dos ministérios, quase 7 mil cargos públicos, controle de estatais etc – é catastrófica. A gestão genocida da pandemia, o colapso energético no Amapá e o desmanche econômico do país e da soberania nacional são evidências muito vivas disso.
A “face oculta” da atuação dos militares citada acima, contudo, que se reflete na tutela das instituições e na orquestração da guerra híbrida, não é menos catastrófica e não é menos letal à democracia e ao Estado de Direito que a barbárie, o racismo e o extermínio que suas políticas produzem.
O governo [militar] do Bolsonaro age da mesma maneira que a ditadura agia: espiona, fabrica dossiês e persegue professores, ativistas, servidores públicos, intelectuais, jornalistas e opositores do regime.
O governo militar rompe o estatuto republicano, controla e aparelha as instituições de Estado e as direciona para atender interesses particulares e dos autocratas no poder.
Neste contexto, a ABIN e o GSI não funcionam como órgãos de Estado, porque com a tomada de assalto do poder pelo clã miliciano com os militares, estas instituições foram convertidas em verdadeiras repartições do Escritório do Crime no Estado brasileiro – funcionam como órgãos auxiliares da milícia Escritório do Crime.
A oligarquia dominante, canalha na sua essência, que golpeou a democracia para impedir a eleição do Lula para conseguir finalmente tomar o poder com milicianos e militares porque através da via eleitoral foi derrotada, tem nas suas mãos a responsabilidade de tomar a única decisão que este escândalo comporta, que é o impeachment do genocida Bolsonaro e a prisão de todos envolvidos neste crime contra a República e a democracia.
Afinal, é esta oligarquia – canalha na sua essência, vale repetir – que detém o poder total: tem poderes plenos para dar o destino que os criminosos merecem, porque domina o parlamento, a política, a mídia, as finanças e o judiciário.
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