Por Altamiro Borges
Incompetência ou genocídio premeditado? O novo ministro da Saúde, o médico bolsonarista Marcelo Queiroga, informou na semana passada que o Brasil terá em abril apenas 25,5 milhões das 47,3 milhões de doses previstas pelo cronograma deixado por seu antecessor – o general Eduardo Pazuello (também batizado de “Eduardo Pesadelo”).
Se não for outra fake news do laranjal bolsonariano, o país terá até o final de abril doses para imunizar apenas 22% da sua população vacinável (acima de 18 anos). Mais de 10 milhões de idosos ficarão ainda sem a proteção, sendo que 72% dos mortos pela Covid-19 no Brasil têm mais de 60 anos.
Jair Bolsonaro e seus ministros-capachos prometem vacinas que nem existem. No caso da indiana Covaxin, o governo sequer apresentou os documentos para importá-la. Já a russa Sputnik ainda depende de liberação da Anvisa. Houve ainda atraso das matérias-primas necessárias para a produção no Butantan e na Fiocruz.
A negligência do presidente negacionista
Como aponta o editorial da Folha desta sexta-feira (2), “o desespero provocado pela escassez contribuiu para a crise política que se desenrola faz duas semanas, agravada por Jair Bolsonaro”. A falta de vacinas também “alimenta ideias casuísticas no Congresso para o estímulo a compras privadas fora das regras que corretamente priorizam a fila do SUS”.
Até agora, o Brasil deu a primeira dose para 8,3% da sua população. França, Alemanha, Espanha já vacinaram 11,5%, Reino Unido (45,5%), Israel (60,6%) e EUA (29,2%). O fiasco brasileiro fica ainda mais evidente na comparação com o Chile (35,6% de vacinados) e Uruguai (17,9%).
Como afirma o editorial da Folha – que não menciona os governos Lula e Dilma, mas faz questão de elogiar o governador tucano João Doria –, “tempos atrás, o Brasil tornou-se um campeão de vacinação, serviço competente no país. Foi rebaixado pela negligência de Bolsonaro”. O “capetão” e seus cúmplices pagarão um alto preço no futuro por esse crime.
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