Apesar da blindagem da mídia rentista, que segue sem dar destaque à grana imoral de Paulo Guedes em paraísos fiscais, a situação do Posto Ipiranga pode se complicar nos próximos dias. Até o Centrão, por motivos pragmáticos, uniu-se aos partidos da oposição para convocar o ministro da Economia do laranjal bolsonariano para explicar a sua offshore na Câmara Federal.
O requerimento foi aprovado por 310 votos a 142. O bloco pragmático do Centrão, que até agora segue alugado para Jair Bolsonaro, rifou o abutre financeiro. Apenas a bancada bolsonarista foi contra a convocação. Paulo Guedes será obrigado a comparecer à sessão sob pena de cometimento de crime de responsabilidade se faltar sem justificativa.
Como aponta reportagem da Folha, a convocação do ministro é “um forte sinal político de insatisfação... Além de representar um novo revés para o titular da equipe econômica após a revelação de que mantém recursos no exterior, o placar da aprovação do requerimento explicita o nível de desgaste do chefe da economia de Bolsonaro com o Congresso”.
Ministro será bombardeado na Câmara
O deputado Marcelo Ramos (PL-AM), que é vice-presidente da Câmara Federal e pertence a uma das principais siglas do Centrão, explicita esse desgaste. “Não temos competência de dizer que ministro cai ou fica, mas está claro que há uma insatisfação do parlamento com um ministro que fecha os olhos para 14 milhões de desempregados, para 19 milhões que passam fome, que combate isenção fiscal para indústrias, mas transfere seu dinheiro ao exterior para não pagar imposto no Brasil".
O requerimento de convocação aprovado indica que o arrogante ministro será bombardeado em seu depoimento. “Há uma vedação explícita de que servidores públicos possam manter aplicações financeiras e investimentos no exterior que possam ser afetadas por políticas governamentais”, afirma o texto.
Como observa Alessandro Molon (PSB-RJ), líder da oposição na Câmara Federal, “é imperativo que Guedes dê explicações sobre a manutenção destas contas no exterior, mesmo após ter assumido uma função pública de enorme relevância, o que é vedado pelo artigo 5º do Código de Conduta da Alta Administração Federal. É inaceitável que, enquanto a economia do país afunda, ele mantenha seus recursos em moeda estrangeira, sendo beneficiado com a desvalorização de nossa moeda, graças à sua desastrosa gestão. Com esta convocação, ele terá que se explicar ao povo brasileiro”.
Os bolsonaristas mais fiéis do PSL, do PSC e de outras siglas de aluguel votaram contra a convocação do czar do laranjal. Já entre as siglas que apoiaram a medida estão o PP de Arthur Lira (presidente da Câmara) e Ricardo Barros (ministro da Casa Civil), o Republicanos do ministro João Roma (Cidadania), e o PL da ministra Flavia Arruda (Secretaria de Governo). Isto pode indicar que o paraíso de Paulo Guedes – não o fiscal – está acabando. A torcida é grande!
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