domingo, 13 de fevereiro de 2022

Eleição não é opção para Bolsonaro

Charge: Brum
Por Antonio Barbosa Filho

Nunca, na História deste planeta, um candidato em campanha eleitoral aberta esforçou-se tanto para perder votos imprescindíveis. A zombaria de Bolsonaro com as vítimas de enchentes em colégios eleitorais decisivos como Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro; seu desacato ao Supremos Tribunal Eleitora e provocações ao TSE; a liberação de venenos proibidos no mundo; a anistia aos portadores de armas ilegais, de cujo controle o Exército foi alijado há meses - tudo isso e muito mais devem constar dos manuais de marketing político na página dos "Nunca fazer".

Bolsonaro sabe (até o general Heleno deve saber) que é impossível ganhar as eleições com essa estratégia suicida. Nenhum gesto, nenhuma palavra sequer em busca de algum apoio fora das suas milícias armadas com fuzis ou a Bíblia (de preferência juntas). Ele está contando com outros caminhos para permanecer no poder, mesmo contra a vontade da maioria da população. Sabe que ou consegue eternizar-se como ditador (ou colocar algum dos seus generais comprados na posição para que o proteja) ou irá para a cadeia, por vários processos e, se o novo governo quiser atender pedido de extradição, pode acabar seus dias numa cela em Haia. Alguns dos seus crimes são imprescritíveis e universais.

A jornalista Cristina Serra já preveniu que Bolsonaro age em três eixos na preparação de seu próximo golpe, depois do fracasso daquele que tentou em 7 de setembro passado: intensificar a raiva de seus fanáticos; inundar sua turma de armas e alimentar o ódio pelas suas redes sociais, em milhares de blogs e sites que financia; e "propagar ondas de fúria que degradam os valores da civilidade e sedimentam a brutalidade e a estupidez como referências para o convívio social e a resolução de conflitos cotidianos". O aumento extraordinário de assssinatos e agressões a negros, indigenas, lideranças ecológicas, etc. mostra o êxito dessa ação coordenada pelo bolsonarismo civil e militar alojado em pleno Palácio. A sociedade está ficando esterilizada contra o horror da morte proposital.

7 de setembro fracassou por falta de adesão das PMs, com que o esquema contava. Providências tempestivas, como a prisão de um coronel da PM paulista que ameaçava ir armado à Av. Paulista (talvez quisesse alvejar um Van Gogh ou o velho comunista Rembrandt, homiziados no MASP...) e a proibição sob penas do comparecimento de fardados em manifestação política, fora de serviço, esvaziou a sonhada quartelada planejada por Bozo.

Naquela tarde, depois de ofender e provocar o ministro Alexandre Moraes, em São Paulo, o miliciano recebeu ainda em vôo as más notícias. "Desta vez,reagiu aos gritos".

A repórter Monica Gugliano, trouxe na revista Piauí, que mostra bastidores do 7 de setembro dentro do STF, uma foto inédita do presidente Luiz Fux cercado de agentes armados, inclusive do COF, Comando de Operações Táticas, armados para a guerra. Ela cita: "Mesmo os políticos da base governista, parte do empresariado e até de setores militares não estavam dispostos a apoiar 'uma loucura', segundo a expressão usada por um general do Alto Comando".

De lá para cá o grupo golpista palaciano, que contém generais abertamente fascistas, treinados nos EUA e saudosos da ditadura anterior, não parou de trabalhar para aperfeiçoar os métodos e conquistar seu alvo: mais poder e mais riqueza, 'as custas da amorfa "pátria".

* Antonio Barbosa Filho, 65 é jornalista e coordenador do núcleo regional do Centro Barão de Itararé no Vale do Paraíba, Mantiqueira e Litoral Norte Paulista.

3 comentários:

Unknown disse...

Que perspectiva horrível para o nosso país, não? E muito plausível. Espero que preparando o espírito de muitos consigamos evitar isso.

Anônimo disse...

É isso, Barbosa. Essa gente é capaz de tudo pra permanecer aterrorizando a democracia. Que consigamos deter a insanidade.

Anônimo disse...

É isso mesmo! Essa gente é capaz de tudo pra continuar aterrorizando a democracia. Que consigamos deter...